sábado, 31 de dezembro de 2022

A CASA DA NONA

 

A CASA DA NONA







Para começar bem o ano vou falar um pouquinho sobre uma família, cujo patriarca veio da Itália e que escolheu Curitiba para fincar raízes e ajudar à construí-la.

O post de hoje e amanhã terá como base a maravilhosa casa de madeira da primeira foto e a família que nela morou.

A casa foi construída em (acredita-se) 1907, no que hoje seria o número 2130 da Avenida Silva Jardim, sobre dois terrenos conjugados que permitia manter um parreiral de uvas tintas, brancas e rosê, com as quais se produziam vinhos para consumo próprio e presenteados a ilustres visitantes da família. Os vinhos eram mantidos na adega subterrânea da casa, com alçapão de acesso interno, onde a menor temperatura ajudava preservar sua qualidade e longevidade. O terreno era cuidado como se fosse um pequeno sítio e possuía uma horta completa.

Essa casa foi a residência do casal Tarquínio Todeschini (1885) e Angela Italia Pazinatto Sartori (1889). Ele o 4º de 8 filhos de Giuseppe Todeschini (1851) e Domenica Cemin (1858).

Tarquínio trabalhou na Indústria Todeschini, fundada por seu pai. Teve seis filhos com Angela, cujo casamento se deu em outubro de 1907. Todos os seus filhos residiram nessa casa até se casarem, sendo eles José Adriano Todeschini (1908), Constância Todeschini (1911), Diomira Todeschini (1913), Natália Todeschini (1916), Irene Todeschini (1920) e Maria Alva Todeschini (1927.

A Casa da Nona (como é carinhosamente citada pelos netos) foi recebendo melhorias ao longo dos anos e repaginada na década de 1940, tendo a frente reconstruída em alvenaria.

Os detalhes internos da casa podem ser observados nos registros de casamentos (amanhã poderão ver duas dessas fotos). As paredes de madeira tinham uma decoração pintada à mão, antecipando o estilo “papel de parede”. O piso era de madeira em taboas largas. O Sótão era largo e tinha o comprimento da casa sem divisórias. Esse enorme sótão era o dormitório das cinco irmãs.

A casa sobreviveu até 1972 quando o terreno foi vendido ao Grupo Canet da Habitação para a construção do prédio ainda lá existente.

Tarquínio, além de atuar na gestão da indústria de massas, biscoitos e balas, gostava muito de viajar, caçar e pescar com os amigos. Tinha 2 cães de caça, um deles chamado Lampo. Numa de suas viagens, trouxe um filhote de Jaguatirica órfão para a filha menor.

A convivência com a família nas horas de lazer permitiu idealizar com diversos amigos um clube para acolher as famílias nos fins de semana. Este Clube foi fundado em 1914 e originou o Savóia Futebol Clube, hoje Paraná Clube, onde foi seu primeiro Diretor-Presidente. Outra grande história viva criada pelos emigrantes italianos.

Todas as informações e fotos foram muito gentilmente cedidas por João Carlos Domanski, filho de Maria Alva Todeschini , neto de Tarquínio e Angela Italia..

Amanhã mais imagens e a história da Todeschini Alimentos.

Legendas das fotos:

Foto 1 – feita em 08 de janeiro de 1923, uma segunda-feira, mostra a família e vizinhos reunidos nas férias após o almoço. As roupas iguais das crianças podem induzir a pensar em uniformes, mas era usual de um mesmo corte de tecido fazer diversas roupas iguais usadas na mesma família.

Foto 2 – Tarquínio Todeschini em 1914, posando como primeiro presidente do Clube Savóia.

Foto 3 – feita em 08 de janeiro de 1923 pela manhã. Mostra a família sob a sombra do parreiral da casa. No verso da foto lê-se que ali estão Tarquinio aos 38 anos de “edade”, Itália aos 33, Adriano aos 14, Constância (Lila) aos 11, Diomira aos 9 anos, Natália aos 6 anos, Irene aos 3 e Barbina aos 18. Diz ainda que Barbina era filha adotiva, à quem todos queriam muito bem e que do parreiral saiam as uvas das quais se produziam os vinhos para família e amigos.

Foto 4 – foto de estúdio feita em de 1923, mostrando os cinco filhos mais velhos de Tarquinio e Angela Itália. O motivo da foto é a formatura do filho mais velho, Adriano.

Foto 5 – foto de 1929 de Maria Alva Todeschini. No verso lê-se “Offereçe a sua photographia a querida vovozinha Marietta Sartori. Albinha Todeschini. 23.7.1929”.

Foto 6 – foto do prédio que hoje ocupa a casa da família Tarquinio Todeschini e Angela Itália Pazinatto Sartori.

A VILLA SOPHIA

 

A VILLA SOPHIA















Em 1896 o casal Sophia e Guilherme Lindroth, ele sueco e ela filha do suíço Gotilieb Mueller, inaugura o palacete em estilo eclético na hoje esquina das ruas Mateus Leme e Barão de Antonina, com três pavimentos e 750 metros quadrados de área. A casa recebe o nome de Villa Sophia em homenagem à esposa de Guilherme Lindroth.

O casal viveu na casa por mais de 40 anos com seus filhos. A casa contava com diversos espaços de convivência, como uma sala de música com um piano e gramofone. Vários membros da família tocavam algum tipo de instrumento.

O jardim era tomado por plantas e muitas flores, especialmente rosas. Como não haviam floriculturas na época, era muito comum as famílias plantarem as suas próprias flores, criando uma espécie de competição para ter as flores mais bonitas da vizinhança.

Depois de décadas de uso pela família Lindroth, a Villa Sophia foi vendida para a Mitra Diocesana de Curitiba, servindo de morada para seminaristas, dentre eles Dom Pedro Fedalto entre 1954 e 1957, que seria mais tarde nomeado arcebispo de Curitiba. Nessa época a Villa Sophia foi conhecida como a casa do bispo e ainda hoje no topo da fachada principal, encontramos as armas do arcebispo Dom Ático Euzébio da Rocha.

Nos anos 70 o palacete abrigou também o pensionado das Irmãs Passionistas, como bem lembrou uma leitora desse blog.

Mais tarde, com a mudança da Mitra para outro local, o uso comercial da Villa Sophia e a poquíssima manutenção, impôs uma degradação severa ao conjunto, culminando com invasões e pichação de toda a casa. Parecia que o destino da casa seria a demolição.

Num vídeo produzido pelos atuais ocupantes da casa (a VG&P Advogados), a arquiteta Ivilyn Weigert que trabalhou no restauro da casa e a considera uma obra de arte, explica que o projeto de restauro da Vila Sophia iniciou em 2010, com um levantamento minucioso das partes que compunham o edifício, as estruturas, as técnicas construtivas, no caso uma edificação de alvenaria alto portante, sem vigas e pilares, o que exigiria um cuidado acima do normal para abrir qualquer vão para portas e janelas. Este local guarda a historia e o desvelamento de obras de arte que estava por debaixo das camadas das pinturas.

No mesmo vídeo Tatiana Zanelatto Domingues, restauradora, comenta sobre o ineditismo do deslocamento de uma parede erguida na década de 30 que contém uma pintura da Nossa Senhora Imaculada Conceição, baseada na obra do pintor espanhol Bartolomé Esteban Murillo, que originalmente fechava a sacada do terceiro andar do palacete, transformando o cômodo em capela bispal. O deslocamento da parede foi necessário para atender à duas exigências do Ippuc: a preservação da pintura e a liberação da sacada.

Um trabalho minucioso de restauro trouxe de volta à vida a santa e um estudo foi feito, definindo pela divisão da parede em 9 partes, deslocadas para o local onde hoje no primeiro piso a santa encontra-se em exposição.

Todo o trabalho brilhante de restauro foi acompanhado de perto pelo Ippuc, que fez uma série de exigências quanto a preservação de elementos originais da casa, tais como o piso, escadarias, portas e janelas.

Um ano e meio de obra e cerca de R$ 2 milhões foi investido no restauro pelo escritório de advocacia Vernalha Guimarães & Pereira em parceria com o proprietário do Palacete Villa Sophia para a revitalização do espaço, que faz parte do patrimônio histórico de Curitiba, considerada uma Unidade de Interesse de Preservação.

Tive o privilégio de poder fotografar a Villa Sophia e além da beleza externa do prédio, lá dentro encontrei as pinturas originais da casa reveladas, as escadarias preservadas, um lustre do qual existem apenas dois exemplares em Curitiba (o outro está na Mitra), isso tudo harmonizado com a decoração moderna do escritório de advocacia e com dezenas de obras de arte espalhadas por todas as salas.

Sem dúvida alguma a iniciativa de restauro e ocupação dessa casa é o caminho mais inteligente para preservação da memória e do patrimônio histórico de Curitiba.

Fonte: Video produzido pela VG&P Advogados, exibido durante nossa visita. Esse video está disponível na internet.

CAPELA SÃO JUDAS TADEU

 

CAPELA SÃO JUDAS TADEU




No tradicional bairro da Cascatinha, num recanto bucólico e aconchegante, numa elevação cercada de coqueiros, cedros e azaléas, localiza-se a Capela São Judas Tadeu.

A capela existe desde 1956, quando em julho daquele ano, o Sr. Pedro Trevisan, morador do bairro, (já falecido), manifestou ao então pároco de Santa Felicidade, padre Maximiliano Sanavio, a ideia de se construir uma pequena igreja no bairro, conforme desejo do próprio pároco, já manifestado anteriormente.

Escolheu-se o local, uma pequena elevação, com uma bela vista para a rua Manoel Ribas. Contataram os donos do terreno, os irmãos Ernesto e Isidoro Durigan, que, movidos pelo espírito cristão, imediatamente apoiaram a ideia e cederam o terreno.
O capitão Antônio Pedri, morador do bairro, ultimou os preparativos junto à Prefeitura de Curitiba, legalizando-se a doação.

Toda a comunidade do bairro, e também de Santa Felicidade, movimentaram-se para dar início à construção. Todos ajudaram com o que dispunham, com a maior boa vontade, muitos doando pinheiros para fazer o vigamento.

O Sr. Alfredo Vendramim, dono da Carpintaria São Judas Tadeu, doou toda a madeira para fazer a capela; foram contratados os serviços de carpintaria do Sr. Gumercindo Benato e do falecido Venuto Culpi; os irmãos Roberto, Félix e Sigismundo Jocoski contribuíram com o seu trabalho de pedreiros; o Sr. Vicente Costa fez a instalação elétrica; os bancos foram doados por várias famílias da comunidade; enfim, todos deram sua parcela de colaboração, seja com dias de trabalho, com outras doações pertinentes, e com palavras de incentivo e orações para que o projeto fosse executado com a maior rapidez possível.

Conforme palavras do Sr. Pedro Trevisan, desde a ideia inicial, até a conclusão da obra, passaram-se somente pouco mais de três meses, o que comprova a determinação e religiosidade deste povo, herdados de seus antepassados vindos da Itália, que sempre mantiveram a devoção à religião, o amor ao trabalho e o espírito de fraternidade como principais objetivos de suas vidas.

Em pouco tempo a igrejinha já estava pronta para ser coberta: “Foi uma verdadeira festa o dia de se colocarem as telhas, havia mais de sessenta pessoas trabalhando”, segundo depoimento do Sr. João Raimundo Costa e conforme atestam históricas fotografias do evento.

Assim, num domingo, dia 28 de outubro de 1956, dia de São Judas Tadeu, inaugurava-se a capela com a primeira missa celebrada pelo padre Maximiliano Sanavio, e participação de toda a comunidade da Cascatinha e moradores de Santa Felicidade.

A capela mantém a mesma aparência original, desde que foi construída, graças à cuidadosa manutenção que sempre mereceu das variadas comissões que trabalharam ao longo destes anos. Inclusive, devido à sua aparência simples, mas de arquitetura originalíssima e romântica, recentemente recebemos informações de setores ligados à Prefeitura Municipal de Curitiba, quanto ao desejo de num futuro próximo a capela seja "tombada” como patrimônio histórico de Curitiba.

Atualmente, várias benfeitorias foram acopladas ao patrimônio da capela: uma cancha de esportes para atender à juventude do bairro, como também aos alunos da vizinha Escola Ângelo Trevisan. A cancha também serve como ponto de encontro de lazer para os “nonos” do bairro, que se reúnem todo final de semana para jogar tradicionais jogos de cartas de herança italiana, como o “cinqüilio”, o “treis-sete”, o “truco”... e procuram passar para os mais jovens estas saudáveis tradições italianas.

Recentemente também foi construída uma cancha de bocha, que também serve como lazer para os frequentadores do ambiente.

A comunidade também é muito conhecida em Santa Felicidade pelos já famosos “almoços italianos”, que são promovidos trimestralmente no barracão de festas, e que alcançaram fama graças à comida de excelente qualidade e ao extraordinário atendimento do povo do bairro, sempre alegres, solícitos e simpáticos com todos os que visitam a comunidade.

Assim nasceu e assim vive um dos recantos mais acolhedores de Santa Felicidade: a comunidade da Capela São Judas Tadeu, na Cascatinha.

Texto de Cláudio Parise – 18/02/2015 encontrado no site da paróquia.

A capela na rua Angelo Trevisan, 166 - Cascatinha.

A RESIDÊNCIA GRABOWSKI

 

A RESIDÊNCIA GRABOWSKI

















Ao chegarmos nessa linda casinha de madeira, percebi que as janelas estavam abertas, revelando suas belas cortinas de renda. Tive quase certeza de que a presença de um grupo de pessoas, alguns em pé, outros sentados no chão, circulando pela calçada em frente à casa num domingo de manhã, logo chamaria a atenção das pessoas que ali moram.

Dito e feito. Uma pessoa saiu à janela para perguntar o que estava acontecendo. Esclarecido que ali estávamos para registrar em fotos e desenhos a bela casa, ganhamos a confiança da Regina, que veio ao jardim para conversar um pouco.

Disse ela que seu pai, Pedro Grabowski, filho de poloneses, foi e ainda é o primeiro morador da casa, construída há 67 anos. Mais tarde, pude conversar com o Sr. Pedro, um simpático senhor de 96 anos que me contou que a casa fora construída por seu pai e seu tio. Disse que sua amada esposa Paulina faleceu no ano passado aos 92 anos de idade, deixando-o solitário (senti pesar e nostalgia nas suas palavras). Comentei que felizmente ele tem saúde e a companhia de seus filhos e netos e também, que sua casa é uma beleza.

A oportunidade de permanecer por algumas horas ao redor da casa, permitiu que eu observasse detalhes e os registrasse para postar hoje aqui, tais como o belo lustre na entrada, as muitas flores no jardim, um pé de limão, pequenas figuras de pedra no jardim, as cortinas e o muro cuja trama em concreto imita a trama da palha de um cesto. Fiz uma foto da santinha na capelinha, que protege a casa e seus moradores, mas a foto não ficou muito boa.

Certamente a casa ainda está um primor porque seu morador original ainda vive nela e certamente o amor por suas memórias mantém a casa igualmente viva. Que assim permaneça por muitos anos ainda seu Pedro, para o deleite de quem por ela passa, para um pouquinho e pensa como a vida pode ser simples e bela ao mesmo tempo.

O EDIFÍCIO PEDRO DEMETERCO

 

O EDIFÍCIO PEDRO DEMETERCO







Com sua cor rosa e uma cúpula em tom esverdeado posicionada de forma descentralizada no seu topo, o Edifício Pedro Demeterco se tornou um marco na paisagem curitibana.

Construído entre 1949 e 1953 pela conceituada Pedro Bergonse & Cia Ltda, este singular edifício de 15 pavimentos e 230 escritórios encontra-se na esquina da Alameda Doutor Muricy com a Rua Marechal Deodoro, no centro, quase em frente a movimentada Praça Zacarias.

O nome do edifício é uma homenagem ao patriarca da família. Nascido no Império Austro-Húngaro, na região da Galícia que hoje pertence a Ucrânia, Pedro Dmeterko chegou ao Brasil ainda criança, acompanhado de seus pais José e Victoria, e dos irmãos mais velhos, Nicolau e Miguel, em 1895.

Inicialmente, a família se estabeleceu em Thomas Coelho, na zona rural de Araucária onde se dedicavam a agricultura. Aos 16 anos de idade, Pedro começou a trabalhar fora de casa. O jovem imigrante usava carroças para transportar sacas de sal da estação ferroviária de Curitiba até a Refinaria Emílio Romani, situada na Praça Tiradentes.

Em seguida, passou a trabalhar no armazém Fortunato & Paiva, localizado na mesma praça. Pouco tempo depois, foi convidado a participar dessa empresa e, em 1918, após o falecimento do sócio, adquiriu as quotas remanescentes tornando-se o único titular. Assim surgiu a Pedro Demeterco & Cia.

Entre os diversos produtos vendidos, o café era um dos destaques. O processo de torrefação adotado pela firma chegou a ser tema de matéria do Diário da Tarde, em 7 de março de 1932.

Em maio de 1944, com pouco mais de 50 anos de idade, ocorreu o precoce falecimento de Pedro. Daquele momento em diante, seus filhos José Luiz Demeterco e Antenor Demeterco assumiram as atividades da empresa.

Com a sucessão, muitas mudanças ocorreram. Os irmãos criaram a Casa do Aço Ltda, que tinha como finalidade a importação de materiais de construção, ferragens, ferramentas e utensílios domésticos dos mais variados países. Em 1951, o antigo armazém da família foi remodelado e se tornou um dos primeiros estabelecimentos a operar no sistema de auto serviço, como hoje funcionam os supermercados. Esse foi o embrião da conhecida rede de supermercados Mercadorama.

Investimentos no segmento imobiliário também foram realizados. Nesse sentido, os filhos José Luiz e Antenor idealizaram a construção de um edifício comercial. Com essa intenção, adquiriram casarões antigos na Alameda Doutor Muricy para, na sequência, iniciar a construção do prédio nomeado em homenagem a Pedro. Coube a Antenor o acompanhamento da obra.

Para a construção do edifício, a maior parte dos materiais foi importada por intermédio da Casa do Aço Ltda. Ferro, mármore, elevadores, tudo foi trazido de fora, inclusive o cimento que vinha da extinta Tchecoslováquia. Somente após a instalação da fábrica da Votorantim, em Rio Branco do Sul, o cimento deixaria de ser importado.

Finalmente, em 19 de dezembro de 1953, o Edifício Pedro Demeterco foi inaugurado. Por ali passaram inúmeras empresas e repartições públicas. O 11º andar foi sede do Fórum Cível de Curitiba, enquanto a sobreloja recebeu o 2º Cartório de Protestos de Títulos. A Associação dos Municípios do Paraná, assim como as superintendências do Ministério do Trabalho e do Ministério da Agricultura também se instalaram no local.

Entre as empresas, destacam-se a Companhia Paranaense de Energia (Copel), a Atlantic Petroleum, a imobiliária Cilar, e o escritório da fábrica paulista de bicicletas Monark. O 10º pavimento foi a sede da Direção do Jornal Correio do Paraná, do jornalista Abdo Aref Kudri. O edifício também abrigou muitas óticas, entre elas o Laboratório Ótico Especialista e a Ótica Visão, que lá permanece até hoje.

Entre os atributos da obra, dois são os aspectos que mais chamam a atenção. A pintura rosa e a cúpula esverdeada no terraço.

O que poucos sabem é que o tom em rosa que tanto diferencia o edifício surgiu do tipo de reboco escolhido na época da construção, que era finalizado com pó de mármore roseado. Somente décadas depois, devido ao desgaste natural da fachada, é que foi usada, de fato, tinta de cor rosa.

No terraço, a cúpula está posicionada no lado do edifício que acompanha o ângulo da esquina. O adereço foi fabricado sob medida no Rio de Janeiro. Infelizmente, a referência sobre quem a produziu se perdeu no tempo. Para resultar na atual cor esverdeada, optou-se pelo uso do cobre na sua confecção, que com o passar dos anos vai adquirindo esse tom naturalmente.

Embora outras narrativas circulem a respeito dela, a verdade é que a cúpula foi feita em homenagem a Basílica de São Pedro, em Roma, em face da ligação da família Demeterco com a religião católica.

UM POUCO DA HISTÓRIA DA VILLA CAMPO LARGO

 

UM POUCO DA HISTÓRIA DA VILLA CAMPO LARGO




Nada como falar com quem sabe (e muito) sobre a cidade. Perguntei ao Marcelo Sutil, da Diretoria do Patrimônio Cultural da Prefeitura de Curitiba, se ele teria alguma informação sobre a Villa Campo Largo e como ele me retornou um material precioso, faço mais essa postagem sobre o belíssimo casarão, que está num estado de conservação que começa a beirar o crítico, para contar um pouco da sua história.

O texto a seguir foi retirado do documento enviado à mim pelo Marcelo Sutil, sendo esse de autoria da  historiadora Maria Luiza Gonçalves Baracho da Fundação Cultural de Curitiba. Agradeço à ambos pelas informações.

A imponente casa, denominada Vila Campo Largo, sobressai na paisagem desde a época de sua construção.

Segundo planta aprovada pela então Directoria de Obras e Viação, em 4 de agosto de 1929, com conclusão até 20 de agosto de 1931, tratava-se de um projeto de residência para o Sr. Lucas Sovierzoski. Ele e a esposa ocuparam o imóvel até o final da vida, sendo que o mesmo permaneceu com a filha, única herdeira, até aproximadamente 1970, época de seu falecimento.

Sem que hovessem herdeiros diretos, o imóvel passou a pertencer, em diferentes frações, a familiares dos ramos Sovierzoski e Guiraud, como atesta a documentação. A casa começou, então, a ser alugada, servindo para diferentes usos ao longo do tempo.

Ao longo de todas essas décadas, e ainda hoje, o imóvel compõe, com destaque, a paisagem da Avenida Iguaçu e da Praça Ouvidor Pardinho. Com seu porte e volumetria, suas linhas de influência inglesa, suas primorosas pinturas internas e da varanda, seu acabamento esmerado, desde a edificação o sobrado constituiu-se num marco da paisagem, importante elemento da memória afetiva dos curitibanos que viveram e vivem na região, e dos que por ali circulam diariamente.

Em fotografias do início dos anos 1930, ela já está presente e remete a uma época em que a expansão da cidade era direcionada para a região sul, com a melhoria e a implantação de largas avenidas e ruas, como a própria Iguaçu e a Nunes Machado. Na Iguaçu e imediações, além de energia elétrica, já havia água canalizada e os sanitários ficavam dentro das casas; comodidades que, no final dos anos 1920, já motivavam a construção de casas mais confortáveis, como a Vila Campo Largo. Aquela era também uma época de grandes quintais, resultantes de um arruamento planejado, o que propiciava o cultivo de belos jardins e de hortas bem cuidadas. Embora próxima a inúmeras fábricas que, desde o final do século 19 foram se instalando na região, os proprietários podiam usufruir da Praça Ouvidor Pardinho. Antigo Campo da Cruz, a praça propiciava uma paisagem marcada pela presença da Igreja do Imaculado Coração de Maria e seus prédios anexos; igreja cuja construção, iniciada em 1917, foi concluída no final dos anos 1920.

A denominação Vila Campo Largo, presente numa placa decorativa no alto da fachada, e que hoje, à primeira vista parece deslocada, na verdade indica um estilo de morar, quando a cidade se expandia para espaços considerados mais distantes da então área central. Trata-se de uma tipologia arquitetônica que, segundo o historiador Marcelo Saldanha Sutil, era “bastante comum na cidade entre as décadas de 1930 e 1950. Época em que se construíam as chamadas vilas, ou seja: residências espaçosas, em meio a lotes generosos e cercadas por jardins. Assobradadas ou não, foram comuns em bairros próximos ao centro, como Batel, Alto da Glória e Juvevê, e caracterizaram a paisagem destes lugares até há poucos anos”.

Esta, certamente foi uma das fortes razões que justificaram sua inserção e manutenção na listagem de Unidades de Interesse de Preservação do Município, além da  relevância de suas qualidades arquitetônicas. 

COLÔNIA FARIA E A PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA SAÚDE

 

COLÔNIA FARIA E A PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA SAÚDE




A Colônia Presidente Faria no município de Colombo foi fundada em 1886 pelo Presidente da Província do Paraná, Dr. Joaquim de Almeida Faria Sobrinho e inaugurada pelo mesmo no dia 21 de agosto de 1887.

A administração do Presidente Faria amparou as indústrias madeireira e ervamateira e estimulou a exportação de seus produtos. Fomentou a criação de gado, deu atenção à plantação de trigo e de arroz. Teve também um carinho especial à política imigratória, motivo pelo qual o núcleo colonial Presidente Faria leva o seu nome.

Uma vez no Brasil, os imigrantes recebiam do governo uma pequena casa de madeira, coberta de tabuinhas, tendo uma porta e duas janelas, sem forro e piso de chão batido. As famílias vinham de Morretes e Paranaguá, onde aguardavam por alguns dias o transporte para Curitiba.

As terras da Colônia Faria com área total de 4.934.330m2 foram divididas em 50 lotes rurais e um lote reservado e doado para a Igreja e à escola. Cada família assentada pagava pelo seu lote.

Aqui viveram da extração de pinheiros, imbuias e a exploração da erva mate. Também o plantio de milho, mandioca, batata, parreiras e tudo relacionado à lavoura.

Toda a produção era levada à Curitiba e Antonina para serem vendidas em suas carroças e de lá traziam o açúcar, o trigo, o sal, etc.

Na colônia existia um moinho de fubá movido a água, uma serraria e uma estrutura para a exploração de erva-mate. Também se produzia o vinho, pois existiam grandes vinhedos.

Dois anos depois de inaugurada a Colônia, os imigrantes iniciaram a construção de uma capela, pois até 1888 a reza do “terço” acontecia nas casas.

Em 1917 foi feito um abaixo-assinado comprometendo os assinantes a darem sua oferta para a construção da nova e atual igreja. Os trabalhos se iniciaram em 07 de janeiro de 1924 e foram concluídos em 09 de setembro de 1926.

A imagem de Nossa Senhora da Saúde veio da cidade de Lucca, Itália, sendo liturgicamente benzida e oficialmente entronizada Padroeira da Colônia Presidente Faria no dia 21 de novembro de 1930. Em 1934 é iniciada a construção da torre, sendo concluída em 1936.

Ainda hoje muitas das tradições são mantidas e passadas para as futuras gerações. A Colônia ainda vive da agricultura, vinicultura, criação de animais, o comércio e de muitas outras atividades.

Uma cidade pacata, de gente simples, mas hospitaleira e que gosta de uma boa prosa sentados nas varandas de suas casas, ou nas grandes mesas, saboreando um bom vinho com “formaio” e a famosa polenta.

O texto acima de autoria de Maurício Ferrarini foi extraído do site Amici Della Bici.