domingo, 2 de maio de 2021

A GUERRA DO PENTE

 




Importante acontecimento de desordem pública ocorrido na bem comportada Curitiba em 09 de dezembro de 1959. Tudo teve início quando então governador do Estado do Paraná - Moyses Lupion - iniciou a campanha de aumento da arrecadação tributária chamada de "Seu Talão Vale um Milhão". 

A promoção consistia em juntar comprovantes fiscais de compra no valor de três mil cruzeiros e trocar por um cupom que daria o direito ao sorteio de um milhão de cruzeiros. Cabe ressaltar que só era obrigatório a emissão de Notas Fiscal para compras a partir de 50 cruzeiros. 

O comerciante sírio Ahmad Najar, proprietário do Bazar Centenário, situado na Praça Tiradentes (local da praça conhecido como Largo da Turquia), negou-se a emitir nota fiscal referente a venda de um pente (15 cruzeiros) e entrou em briga corporal o comprador, Antonio Haroldo Tavares, subtenente de polícia aposentado por problemas emocionais, que exigia o comprovante. Na briga, o comprador quebra a perna...

A loja passou a ser apedrejada por pedestres e o quebra-quebra prosseguiu durante toda a madrugada e pelos 3 dias seguintes em quase todo o centro da cidade. Foram 120 lojas de árabes, judeus, italianos e brasileiros, mas todos conhecidos como "turcos", foram depredadas, na região onde hoje fica a Praça Tiradentes. 

Mesmo com a ação policial e de uma guarnição do Corpo de Bombeiros houve quebra-quebra generalizado por todo o centro curitibano. No segundo dia do levante, muitos dos "desordeiros" haviam sido presos. O Exército assumiu o comando de controle do tumulto, que parecia fugir das mãos da Polícia Civil e Militar. Uma ação organizada de forte aparato bélico, com pelotões de soldados armados de baionetas e metralhadoras esvaziaram o centro da cidade. Foi utilizado até tanques de guerra.

No terceiro e último dia do protesto, o Exército controlou a cidade. Pontos de ônibus foram alterados de local, realizou-se toque de recolher às 20h00min. O Exército, sob comando do General Oromar Osório, manteve patrulhas que circulavam pelas ruas na tentativa de evitar a desordem. A interferência do Exército determinou o encerramento da baderna predatória.

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