terça-feira, 30 de janeiro de 2018

A foto e a pintura (de Czeslaw Lewandowski) do chafariz da Praça Zacarias , feito em 1871, pelo Engenheiro Antônio Rebouças, que com o seu irmão André, dão nome a Rua Engenheiros Rebouças.A imagem pode conter: atividades ao ar livre

Travessa Oliveira Belo. A direita o Palácio Avenida e o Edifício João Alfredo (em construção). A direita os comércios "Ao Mundo das Casimiras", "Café Alvorada", Loja Humberto" e "Casa Combate". A esquerda, "Calçados D'aquino" e "Panificadora Berberi".


1937. O Gordo e o Magro, no Cine Avenida.

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Início da Fábrica Mueller, onde está o Shopping Mueller. Até 1909 a Fábrica se chamava Mueller & Filhos. A foto inferior é esquina da Rua Cândido de Abreu (Rua da Graciosa) com Barão de Antonina
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domingo, 28 de janeiro de 2018

FERROVIA PARANAGUÁ - CURITIBA

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Paranaguá nos anos 1940

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Guaratuba Década de 60.

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Guaratuba em 1969:

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Travessia de Guaratuba em 1965.

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Caiobá

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Paranaguá , Rua da Praia 1918

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Quando um dirigível passou por Guaratuba.

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Edifício Caiobá. Em construção. Anos 50.

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Morro do Cristo em Guaratuba nos anos 50 Fotógrafo - Armin Henkel

FERROVIA PARANAGUÁ - CURITIBA,

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Demolição do portão da cidade em 1967.

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Br 116 no Atuba, em Curitiba, no ano de 1956. Saída para São Paulo

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Caiobá 1939, esse avião um Rearwin Sportster, provavelmente pertenceu a Família Gomm.

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Ilha do Mel - Anos 30

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Barca na Ilha - 1935

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Farol das Conchas, início da década de 50

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Inicio da década de 50, foto de Geroldo Hauer.

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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Estação Rodoviária de Maringá ( anos 60 )

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Propriedade da família Matsubara-1954 Mandaguari

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Guaratuba - 1906

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1948. Aspecto parcial da praça principal de CAMPO MOURÃO onde as habitações eram ainda pouco numerosas. Foto: Nilo Bernardes. Fonte: Revista Brasileira de Geografia - Jan-Dez 2006

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Livro antigo sobre Apucarana PR

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Trem para Morretes - Ao fundo Serra do Marumbi.

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Rua Barão do Rio Branco em Curitiba ( sem data ) Fotógrafo - Armin Henkel

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SERRA DO MAR EM 1916 , FOTO DE ARTHUR WISCHRAL

Farol das Conchas, Ilha do Mel. S/D

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sábado, 13 de janeiro de 2018

UM OLHAR PARA A ARQUITETURA RESIDENCIAL: OS DESEJOS DAS ELITES PELOS PALACETES (1897-1906)

O enriquecimento das elites ervateiras no período compreendido como Belle Époque curitibana (fim do século XIX e início do XX) exacerbou uma preocupação que já as incomodava havia algum tempo - queriam uma moradia que se diferenciasse daquela dos casarões e chácaras do início do século XIX. Mesmo que continuasse sendo um espaço familiar, a casa também deveria ser um novo espaço de convivência política e cultural urbana, ornado com traços arquiteturais europeizantes dos palacetes e solares de linhas ecléticas. Com esse intuito, os senhores do mate contrataram arquitetos brasileiros e estrangeiros sintonizados com as últimas tendências de cunho moderno, em especial italianos, alemães e franceses, adeptos do que hoje denominamos ecletismo, por acreditarem ser essa uma linguagem que se anunciava no Brasil como a última vanguarda que vinha do mundo civilizado.
Polêmicas à parte sobre o papel do ecletismo na arquitetura urbana brasileira, o certo é que vários escritórios de arquitetura adotaram esse tipo de gramática para atender os anseios das elites brasileiras que se espelhavam nas elites estrangeiras, em especial aquelas do ocidente europeu. Em São Paulo, por exemplo, foi contundente para a mudança da paisagem urbana a ação de Ramos de Azevedo na difusão desse estilo.2 Dentre esses arquitetos e engenheiros, Cândido de Abreu se destaca por sua contribuição na propagação do ecletismo em Curitiba, em especial, nos projetos que desenhou para residências de parentes e amigos da elite da capital paranaense.
O primeiro exemplo é o palacete encomendado pelo ervateiro Ascânio Miró (Figura 1). Essa bela residência foi erguida na antiga Estrada do Mato Grosso, região do atual bairro Batel, uma das preferidas para casas monumentais que atendiam as elites locais curitibanas, longe dos infortúnios do centro da cidade. Quando projetou e construiu o Palacete Ascânio Miró, entre 1897 e 1898, Cândido de Abreu estava no exercício do cargo de secretário de Obras Públicas do governador Pereira Passos.
Acervo: Casa da Memória/Curitiba.
Figura 1 Palacete Ascânio Miró 
Com esse exemplo é possível perceber elementos que ressaltam a linguagem do estilo adotado, como o torreão cilíndrico que cumpre a função de organizar toda a gramática eclética de sua linguagem arquitetônica, o que valorizou a esquina onde foi edificado (designação atual como rua Comendador Araújo esquina com a rua Presidente Taunay). Também o uso do ferro batido para compor as varandas laterais fica por conta da influência de certa modernização na forma de construir utilizando diferentes materiais.
A sofisticação e a imponência que compõem sua fachada também estiveram presentes no interior dessa residência.
Os requintes no interior do palacete eram dados com os tetos de estuque decorados de forma diferente em cada compartimento e com ornamentação variando conforme o ambiente. Destacavam-se na sala de jantar, nos quatro cantos, anjos trepados em macieiras, guirlandas ao redor do lustre de cristal completavam os ornamentos. Na sala de visitas, a pintura representava rosas e, na saleta, flores miúdas. (Mendonça, 1975, p.3)
Passados mais de cem anos desde a sua construção, precisamente no ano 2000, tem início na imprensa uma campanha de conscientização para impedir a paulatina demolição de parte do casario localizado na rua Comendador Araújo pela especulação imobiliária que assolou aquele lado da cidade (Gazeta do Povo, 13 jun. 2000). Um dos resultados dessa campanha foi a ação do Conselho Estadual do Patrimônio Histórico Artístico (Cepha) do Paraná que levou adiante o processo de tombamento da paisagem urbana daquela região. A decisão final se deu em reunião extraordinária do Cepha, em abril de 2004, que tornou o palacete de Ascânio Miró, com outros 37 casarões, Unidades de Interesse de Preservação (Diário Oficial do Paraná, 17 mar. 2004). Essa decisão foi posteriormente sacramentada pelo Ofício nº 259/03 da Coordenação do Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura do Paraná que anunciou a decisão do Cepha (Termo de Encerramento, 2004). Atualmente, o palacete é patrimônio do Banco Itaú Unibanco, e lá funciona uma de suas agências.
Cândido de Abreu continuou atendendo o mesmo grupo econômico e familiar. O segundo exemplo (Figura 2) é o palacete que desenhou para o cunhado e ervateiro espanhol Manoel Miró (irmão de Ascânio Miró), que nomeou a construção. Esse projeto iniciou-se logo após a saída do governo de Pereira Passos, em 1900, e foi entregue à família Miró 2 anos depois, quando ainda exercia o mandato de deputado estadual.3
Acervo: Casa da Memória/Curitiba.
Figura 2 Palacete Manoel Miró 
Notadamente a opção pelo ecletismo se manifesta na adoção da simetria do seu volume, no uso das linhas ornamentais e adereços na sua elevação (fachada). Um gradil e portão trabalhados em ferro e um muro separavam a esfera privada do palacete da rua Comendador Araújo.4 O exíguo espaço frontal levou Cândido de Abreu a adotar a solução pelo jardim lateral como forma de garantir um local de lazer e requinte à família Miró e convidados nas manhãs e tardes ensolaradas. Os alpendres ressaltados por arcos que destacam as entradas laterais também se tornaram um símbolo das residências de elite. Concomitante à construção do Palacete Manoel Miró, a outra irmã de Cândido de Abreu (Maria Clara de Abreu Leão), com seu esposo, o ervateiro Agostinho Ermelino de Leão Júnior, solicitaram-lhe um projeto de residência. Continuando na mesma rede de sociabilidades, o terceiro exemplo é o mais refinado palacete projetado por Cândido de Abreu (Figura 3).
Acervo: IBM.
Figura 3 Palacete Leão Júnior 
Entregue à família Leão em 1902, mesmo ano do palacete da família Miró, está localizado no Boulevard Dois de Julho (atual rua João Gualberto) no bairro Alto da Glória, outra área bastante procurada e valorizada para as residências da elite ervateira.
Dotado de porão habitável, com ampla escadaria em mármore levando à entrada principal, onde há uma sucessão de portas em arco pleno, intercaladas por pilastras, a construção adquiriu um ar palaciano, em muito favorecido pelos jardins que a cercam e pelos pináculos em forma de jarro, dispostos sobre a platibanda. A simetria marca suas formas, e a inspiração de Cândido de Abreu, para o projeto, foi renascentista, permitindo, porém, em alguns momentos, manifestações barrocas. No auge e fausto da economia ervateira, a residência de Leão Júnior foi considerada um dos mais modernos e requintados solares de Curitiba; os recursos plásticos empregados e a monumentalidade da construção eram até então inéditos. (Sutil, 2009, p.5)
Considerada pela imprensa como uma peça arquitetônica de sobrelevado interesse, o Palacete dos Leões esteve presente nas páginas dos jornais quando noticiavam acontecimentos fugazes dos mais diversos da sociedade curitibana que ali aconteciam, como por exemplo, quando nele ficou hospedado o presidente da República e parte de sua comitiva em visita ao Paraná.
O nosso prestigioso amigo Sr. Capitão Agostinho Ermelino de Leão e sua Exma. Família, que tão fidalgamente cederam seu luxuoso palacete para a instalação do Sr. Afonso Penna e de algumas ilustres pessoas de sua companhia, foi um extraordinário obséquio que jamais será olvidado. (A República, 9 ago. 1906)
Ao cabo de 10 anos (1897-1906), a experiência de Cândido de Abreu como projetista de residências nobres obrigou-o a racionalizar sua agenda de arquiteto com a de político, dividido entre a prancha de desenho de seu escritório, a escrivaninha do cargo de diretor geral de Obras Públicas do Estado do Paraná e os palanques que utilizou para os seus discursos durante os mandatos de deputado estadual e senador da República.
Depois de entregues os palacetes da família Miró (Ascânio e Manoel) e Leão Júnior, chegou a vez de projetar a Casa das Ferraduras,5 solar que desenhou para si e sua família, em 1906.
Próxima ao palacete da irmã (também no Boulevard Dois de Julho, Alto da Glória), o estilo que encontrou para a Casa das Ferraduras (Figura 4) foi diferente daquele adotado nos palacetes.
Acervo: Casa da Memória/Curitiba.
Figura 4 Casa das Ferraduras 
Desta vez sua morfologia emprega algumas características ornamentais e decorativas do Art Nouveau, especialmente vistos no desenho das janelas e nos recortes do portão de acesso à casa. Por um olhar, os telhados com inclinação acentuada lembram a arquitetura dos chalés europeus, mas por outro, o torreão octogonal medievalístico sugere uma leitura que imita a torre de um castelo, cuja função será semelhante àquela observada no Palacete Manuel Miró, de organizar as elevações laterais e os pisos que compõem a edificação.
UM OLHAR PARA A ARQUITETURA PÚBLICA: O PAÇO MUNICIPAL DE CURITIBA (1914-1916)
Se com a Casa das Ferraduras Cândido de Abreu utilizou pela primeira vez alguns poucos traços do Art Nouveauem sua arquitetura, foi com o projeto do Paço Municipal (Figura 5) e com o Belvedere6 que esse uso foi profundamente adotado em sua semântica. A encomenda havia sido um pedido pessoal do governador Carlos Cavalcanti, e o local para o novo palácio do governo municipal (prefeito e camaristas) deveria ser a praça Generoso Marques, exatamente onde estava instalado o Mercado Municipal que teve de ser transferido provisoriamente para a praça Dezenove de Dezembro. O Paço foi construído entre 1914 e 1916, período em que foi nomeado prefeito da cidade, desta vez em seu segundo mandato.
Acervo: Casa da Memória/Curitiba.
Figura 5 Paço Municipal de Curitiba 
As referências ao Art Nouveau nesse edifício são múltiplas e diversas, perceptíveis desde a sua fachada e adentrando em seu interior.7 Os elementos decorativos - guirlandas, ninfas, caneluras e ornamentos orgânicos no gradil - estão espalhados por toda a obra. No mês anterior à sua inauguração oficial (24 de fevereiro de 1916), Cândido de Abreu abriu excepcionalmente o prédio para uma visita guiada aos jornalistas, com o objetivo de apresentar o resultado do empreendimento. Vejamos breve trecho de um desses relatos sobre o novo Paço Municipal:
Conforme já temos noticiado a inauguração do elegante palácio deverá ser realizada no próximo dia 24 de fevereiro, data da Promulgação da Constituição Federal ... o aspecto geral externo é grandioso; as fachadas têm o cunho da elegância impressionante onde a vista se entretém sem cansaço a admirar a nota artística que o gênio esculpiu e modelou em uma plástica de real merecimento. Os degraus são talhados em bom granito. Os Hércules que fingem suportar a torre estão realmente majestosos. Na torre, a figura central que é de uma bela jovem, tendo vestido peplum e túnica, e que se encontra assentada, representa a cidade de Curitiba, presidindo aos destinos do seu povo e cuja execução é digna de merecimento. Completa a ornamentação da torre, um escudo com as armas do município, cabeças de leão, símbolos de força; a cúpula de superfície curvilínea coberta a eternite e sobre esta um foco de luz elétrica com a intensidade de mil velas ... Nas diversas frentes há mais a notar os 2 bouvoirs8 laterais de forma semicircular e cuja ornamentação está corretamente disposta. A marquise colocada na fachada posterior de forma elíptica é toda coberta com vitraux de um efeito agradável. (Diário da Tarde, 17 jan. 1916, p.1)
Segundo o Diário da Tarde, para a execução do projeto do Paço Municipal contratou-se uma equipe formada por vários profissionais: os trabalhos de marcenaria ficaram sob a responsabilidade dos artesãos da oficina Maderna & Bonne; o arquiteto paulista Roberto Lacombe esculpiu os ornamentos e as estátuas decorativas; artistas portugueses e italianos trataram das cantarias; o curitibano João Guelffi e o italiano João Ortolani criaram as pinturas que enfeitam o interior. A supervisão geral era de responsabilidade direta de Cândido de Abreu, entretanto, seu cargo de prefeito pedia outros assuntos, de modo que o auxiliou nessa empreita o engenheiro Adriano Goulin. Delegou-se aos arquitetos Angelo Bottechia e André Petrelli a direção dos trabalhos (Diário da Tarde, 18 jan. 1916, p.1).
Na interpretação da linguagem empregada no Paço Municipal de Curitiba, a partir da noção de espaço discursivo decorrente das preocupações epistêmicas de Michel Pêcheaux, em especial daquelas de seus últimos escritos, é possível admitirmos a circulação de diferentes sentidos e formações discursivas de apreensão daqueles sujeitos que conviviam e interagiam com a arquitetura de edifícios para uso da máquina pública, distanciando-se, portanto, de uma única forma de enxergar e interpretar os referentes e os dispositivos linguísticos que lhe dizem respeito. Nesse sentido, para concluir este item, nos ajuda Pêcheaux quando aborda as condições de produção discursiva ao afirmar que "todo o enunciado é intrinsecamente suscetível de tornar-se outro, diferente de si mesmo, se desloca discursivamente de seu sentido para derivar para um outro" (Pêcheaux, 1997, p.53).
UM OLHAR PARA A ARQUITETURA ESCOLAR: O GRUPO ESCOLAR DR. XAVIER DA SILVA (1903)
Dentre os vários objetos que emergem das investigações acerca da cultura material escolar, um que tem contribuído para o avanço da pesquisa histórica nesse campo é o próprio edifício que abriga a instituição educacional (Bencostta, 2013a). Para além da importância de tais edifícios projetados e/ou utilizados para fins educacionais terem sido artefatos plenamente incorporados ao universo da cultura material escolar, é preciso problematizar os discursos gerados pelas linguagens arquitetônicas que auxiliam na construção de explicações acerca da historicidade dos usos e das funções do edifício escolar.
Podemos enxergar em tais estudos como se deu a construção de novos edifícios específicos para as escolas primárias públicas espalhadas pelo Brasil republicano, o qual investiu no urbano como o espaço privilegiado para a sua edificação. Para valorizar a escala arquiteturológica geográfica e de visibilidade, sua localização deveria funcionar como ponto de destaque na cena urbana, enquanto signo de ideal republicano de uma gramática discursiva arquitetônica que enaltecesse o novo regime.
Assim, a cultura material escolar faz parte de uma estrutura teórica mais ampla, com largas potencialidades para a investigação histórica. Nesse sentido, os estudos que tratam da cultura material escolar têm conquistado paulatinamente seu espaço de reconhecimento na historiografia educacional brasileira:
em boa parte viceja no ecletismo das teorias, recompondo quadros de entendimento do nacional referenciados por literatura estrangeira. Não diríamos, como alguns autores, que estamos presos a um cenário de colonização do pensamento. Ao contrário, acreditamos que o ecletismo de nossa produção espelha os limites da incorporação da bibliografia internacional, constituída por trajetórias sócio-históricas específicas e na resposta a problemas de pesquisas singulares de cada uma das realidades históricas tomadas. Nesse sentido, parece-nos, no amadurecimento das fusões estabelecidas e no enfrentamento ao desafio de teorizar "em português" caminharemos para o desejável movimento de elaboração de referenciais, construídos no diálogo com autores de outros países, sim, mas assentados em problemáticas que nos são específicas. (Bencostta; Vidal, 2010, p.300)
A respeito da criação dos grupos escolares no Brasil, suas origens têm início com o debate estabelecido entre intelectuais, políticos e educadores paulistas que defendiam um tipo de escola primária que pretendia ser moderna e diferente daquela existente no Império: carente de edifícios, livros didáticos e mobiliário, precária em pessoal docente qualificado para o ensino de crianças e distante dos modernos métodos pedagógicos (Bencostta, 2009). Nesse sentido, para a recém-instalada República brasileira, a experiência inovadora das escolas primárias graduadas - ou grupos escolares, como vieram a ser denominados - foi entendida como um investimento que contribuiria para a consolidação de uma intencionalidade que procurava, por sua vez, esquecer a experiência do Império e apresentar um novo tipo de educação que pretendia ser popular e universal.
O Brasil se apoiou fortemente nas experiências americana e europeia de escolas graduadas ao propor uma nova modalidade de organização do ensino primário, interpretada como uma alternativa mais conveniente aos cofres do Estado por possuir qualidades pedagógicas e benefícios econômicos, tais como a melhor divisão do trabalho do professor e o aumento da oferta da instrução popular que atendesse a um maior número de crianças. Portanto, sintetiza Rosa Fátima de Souza, "as representações sobre a escola graduada buscavam articular o ideal da renovação do ensino com o projeto político de disseminação da educação popular aliado às vantagens econômicas" (Souza, 1998, p.44).
Segundo os estudos de Antonio Viñao sobre a escola graduada, esse tipo de organização implicava uma determinada ordenação do espaço, das atividades, dos ritmos e dos tempos, assim como uma distribuição de usos desses espaços e objetos, e uma classificação-valorização de professores e alunos, ou seja, não se tratava apenas de uma divisão horizontal e vertical do trabalho, mas, sobretudo, uma cultura ou modo de vida específico (Viñao, 1990, p.7).
No contexto paranaense, quando Francisco Xavier da Silva, ao fim de mais um mandato como governador do Paraná (1900-1904), convidou o deputado estadual Cândido de Abreu - seu amigo pessoal e ex-secretário de Negócios de Obras Públicas em sua primeira governança, ainda no século XIX - para desenhar um grande edifício escolar, deu-lhe liberdade de criação tutelada, desde que a obra adotasse uma escala arquiteturológica funcional, mas também simbólica, que compusesse o conjunto de celebrações do Cinquentenário de Emancipação Política do Paraná (19 de dezembro de 1903).9 Nesse momento, temos, portanto, a interferência política no processo de concepção do edifício, definindo escala e estilo, o que nos reporta ao estudo de Carlos Ortega-Ibarra no qual "a arquitetura escolar é entendida como um ato técnico projetado por atores técnicos em circunstâncias históricas particulares" (Ortega-Ibarra, 2015, p.164). O fato de a concepção de um edifício ser conduzida por escolhas, intenções e decisões que admitem uma ideia ou remetem a ela nos autoriza a colocar em relação intelecto e produção material: "a ideia, em qualquer lugar, opera no mundo do arquiteto" (Boudon, 2001, p.18).
Mesmo não conseguindo cumprir o cronograma, o prédio em fase final de construção foi inaugurado na data cívica paranaense de 19 de dezembro de 1903. Esse edifício abrigaria o primeiro grupo escolar do estado (Figura 6), que não por mero acaso recebeu o nome de Dr. Xavier da Silva.10
Acervo: Casa da Memória/Curitiba.
Figura 6 Grupo Escolar Dr. Xavier da Silva 
A escala arquiteturológica morfológica adotada por Cândido de Abreu no desenho dessa escola está expressa na sua forma monumental, em um eixo longitudinal paralelo às ruas Marechal Floriano Peixoto e Silva Jardim, que vislumbra a mesma escala simbólica empregada no Palacete Manoel Miró e na Casa das Ferraduras. O resultado é uma conveniente relação entre construção e terreno, que sobressai a ponto de registrar a imagem de um monumento que se consolidou na memória dos curitibanos ao longo das transformações urbanas. Distante da opção Art Nouveau que Cândido de Abreu incorporará em 1914 no Paço Municipal, a morfologia aplicada no frontispício do edifício do Grupo Escolar Dr. Xavier da Silva é ornamentada, em especial, por um conjunto de elementos decorativos do neoclassicismo, contendo, em destaque, um medalhão em alto-relevo com a data de sua inauguração (1903), embutido na cornija de um típico frontão triangular, e as duplas de colunas coríntias que protegem a janela (Figura 7).
Acervo: Núcleo de Estudos e Pesquisas em História da Arquitetura Escolar (NEPHArqE/UFPR).
Figura 7 Desenho do Frontispício do Grupo Escolar Dr. Xavier da Silva 
Logo acima dela, a inscrição em relevo com o nome daquele estabelecimento de ensino. Observando as elevações laterais (Figuras 8 e 9) é possível examinar a estrutura dessa obra arquitetônica. O resultado harmonioso é decorrente, sobretudo, de sua simetria volumétrica e sua unidade de tratamento formal.
Acervo: Núcleo de Estudos e Pesquisas em História da Arquitetura Escolar (NEPHArqE/UFPR).
Figura 8 Perspectiva do edifício do Grupo Escolar Dr. Xavier da Silva 
Acervo: Núcleo de Estudos e Pesquisas em História da Arquitetura Escolar (NEPHArqE/UFPR).
Figura 9 Desenhos das elevações do edifício do Grupo Escolar Dr. Xavier da Silva 
Podemos inferir que quando pensou o espaço desse grupo escolar, Cândido de Abreu entendeu perfeitamente que para além de um local de ensino, ele deveria ser também um lugar de guarda das crianças que ali iam se alfabetizar sob a proteção do Estado. Portanto, não foi por mero acaso que o plano original arquitetônico em L estava voltado para o seu interior (Figura 10).11
Acervo: Núcleo de Estudos e Pesquisas em História da Arquitetura Escolar (NEPHArqE/UFPR).
Figura 10 Desenho da planta baixa do edifício do Grupo Escolar Dr. Xavier da Silva 
O plano indica na sua fachada, rente à rua, a função de resguardar o pátio interno em torno do qual estão interligadas as dependências do edifício. Esse jogo combinatório entre as salas, o vestíbulo, os pátios cobertos e o pátio externo colocam um limite à liberdade visual e espacial do observador externo. O vestíbulo que futuramente desempenharia a função de sala da direção da escola12 é responsável por interligar os demais espaços internos.13 As salas de aulas e os pátios cobertos para as atividades de ginástica estavam rigorosamente separados por sexo: a ala masculina, localizada na face da rua Silva Jardim, mantinha distância segura da ala feminina, localizada na rua Marechal Floriano, e a passagem por onde circulavam os alunos, quando de sua entrada e saída da instituição, não escapava a essa lógica espacial e, muito menos, aos olhos dos adultos.
NOTAS FINAIS
Questões acerca da importância da arquitetura como portadora e transmissora de mensagens de sentidos múltiplos não deixam de lado, evidentemente, os sujeitos que a projetaram, mas também a quem se destina: os primeiros receptores de seus significados e que fazem uso do espaço enquanto indivíduo-destinatário.
A importância dos estudos acerca da arquitetura para a pesquisa histórica demonstra que a gramática espacial insere-se no tempo, assim como o edifício se insere em um espaço. Tempo e espaço dialogam com as transformações do tecido urbano e, mais proximamente, com as políticas e interesses que determinam sua construção. Por exemplo, no caso da arquitetura escolar, é preciso considerar como os discursos arquiteturais repercutiam diante das concepções de escola, pensados por arquitetos e autoridades de ensino, procurando, na medida do possível, verificar tipologias adotadas por certas correntes artísticas e culturais com o objetivo de identificar modos construtivos, elementos decorativos e programas iconográficos, e sua relação com os modos pedagógicos sobre o espaço escolar: "A participação dos arquitetos se fez presente no mundo da educação pelos diversos projetos de edifícios e casas destinados para fins de ensino, quer fossem eles escolas primárias, liceus, ginásios, escolas normais ou universidades" (Bencostta, 2013b, p.20).
Ao propor sua concepção teórica denominada arquiteturologia (architecturologie), Philippe Boudon (2003) leva-nos a pensar a arquitetura como pensamento do espaço da linguagem que expressa o conhecimento teórico da arquitetura. Por essa teoria entendemos que a criação dos projetos de Cândido de Abreu foi fortemente influenciada pela relação que ele estabeleceu entre a sua capacidade de compreensão dos modelos arquiteturais vigentes de sua preferência e as dimensões dos edifícios instalados no espaço real. Nessa perspectiva, consideramos que os espaços que ele projetou (residenciais, públicos e escolares) apresentam similitude à parte do espaço de concepção explicada e determinada pela modelização arquiteturológica, qual seja, é a arquiteturologia responsável por tornar visível a todos o espaço de concepção de modo que o edifício seja interpretado como resultado real de hipóteses, pensamentos e ideias decorrentes de seu contexto de criação, aquele onde é delimitada a experiência do objeto arquitetônico.
Ao tratarmos desse personagem da cena política paranaense e de seu desempenho como engenheiro e arquiteto, é preciso reconhecer que, de todas as suas atuações, aquela que menos contribuiu para torná-lo conhecido é a do projetista de uma arquitetura escolar. Se por um lado, enquanto autoridade do Estado, ele soube lidar com questões orçamentárias que destinavam recursos para o financiamento da educação, em especial, a construção de prédios escolares, por outro, esteve atento ao discurso de enaltecimento da educação republicana como estratégia de visibilidade das ações do governo.
FONTES
A REPÚBLICA, 9 ago. 1906 e 18 set. 1912. [ Links ]
DIÁRIO OFICIAL DO PARANÁ, 17 mar. 2004. [ Links ]
GAZETA DO POVO, 13 jun. 2000. [ Links ]
DIÁRIO DA TARDE, 17 e 18 jan. 1916. [ Links ]
RELATORIO apresentado ao Exmo., Snr. Dr. Carlos Cavalcanti, Presidente do Estado do Paraná pelo Secretario d'Estado dos Negocios de Obras Publicas, Terras e Viação, Dr. Marins Alves de Camargo, Anno de 1913. Curytiba: Imprensa Paranaense, 1913. [ Links ]
RELATORIO apresentado ao Dr. José Pereira Santos Andrade, Governador do Estado do Paraná, pelo Engenheiro Civil Cândido Ferreira de Abreu, Secretario dos Negocios de Obras Publicas e Colonizasão, em 1 de setembro de 1896. Curytiba: Typ. A Vapor Modelo, 1896. [ Links ]
RELATÓRIO apresentado ao Governador do Estado do Paraná pelo Engenheiro Cândido Ferreira de Abreu, Secretario dos Negocios de Obras Publicas e Colonizasão, 1892. [ Links ]
TERMO de Encerramento dos Autos do Processo nº 03/2000, 11 de novembro de 2004. Curitiba: Coordenadoria do Patrimônio Cultural - Secretaria de Cultura do Estado do Paraná, 2004. [ Links ]
REFERÊNCIAS
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WESTPHALEN, Maria C. Avenida Cândido de Abreu. Estado do Paraná, 15 ago. 1959. [ Links ]
1 Professor Titular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com atuação na Linha de História e Historiografia da Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação. Coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em História da Arquitetura Escolar (NEPHArqE) e bolsista Produtividade em Pesquisa do CNPq. Pesquisa financiada com recursos do CNPq.
2Ramos de Azevedo iniciou sua experiência no mundo do trabalho em 1872, quando participou na condição de aprendiz na construção de ferrovias das Companhias Paulista e Mogyana de Estradas de Ferro, até partir para a Bélgica, em 1875, para realizar seus estudos superiores. De retorno ao Brasil, após alguns anos atuando em Campinas, estabelece na cidade de São Paulo o escritório F. P. Ramos de Azevedo e Cia., que, em pouco tempo, torna-se famoso, principalmente por ter em seu quadro jovens arquitetos e engenheiros que embelezaram aquela cidade e outras do interior paulista (BENCOSTTA, 2007, p.105).
3O Palacete Manoel Miró foi demolido na década de 1970 para construção de uma agência do Banco Bamerindus (extinto). Naquele local funcionou uma agência do Banco HSBC e, atualmente, sua posse pertence ao Banco Bradesco.
4Construído na mesma quadra da rua do palacete Ascânio Miró, o palacete Manuel Miró é uma edificação que foi demolida no século XX (cf. RIZZI, 2003).
5As janelas em formato de ferradura popularizaram o nome da residência de Cândido de Abreu.
6Cândido de Abreu projetou na Praça João Cândido o observatório astronômico e meteorológico da Faculdade de Engenharia da Universidade do Paraná. Essa obra, concluída em 1916, é tida por muitos como o mais genuíno exemplar de Art Nouveau de Curitiba (SUTIL, 2009).
7Com a última restauração do prédio, concluída em março de 2009, o Paço Municipal, que em épocas diferentes foi sede do Poder Legislativo com o Executivo, apenas Prefeitura e Museu Paranaense, é atualmente o Espaço Cultural Paço da Liberdade - Sesc Paraná.
8Janela saliente que se projeta para fora do edifício. Em arquitetura é comumente conhecida pela expressão inglesa bay window.
9As fontes que apontam a inauguração do prédio no final de 1903 não se contrapõem àquelas que confirmam sua entrega à comunidade no início de 1904, já na gestão do sucessor de Xavier da Silva, o governador Vicente Machado. De qualquer modo, o Grupo Escolar Dr. Xavier da Silva tornou-se o "embrião" dessa nova modalidade de ensino primário que seria implantada anos mais tarde em todo o estado do Paraná (cf. BENCOSTTA, 2001).
10Polêmicas acerca da localização do Grupo Escolar Dr. Xavier da Silva em bairro distante do centro da cidade (Rebouças) e do espaço escolar foram registradas em relatórios da própria administração pública. (cf. BENCOSTTA, 2005).
11Anos mais tarde, a Secretaria de Obras Públicas autorizou a construção de mais uma ala na face da rua Marechal Floriano, modificando seu formato de L para U e tornando-a uma planta ainda mais fechada.
12O diretor, além de ter suas funções administrativas, deveria ser o responsável por atualizar o corpo docente sobre os conteúdos discutidos nas escolas normais (cf. BENCOSTTA, 2009).
13No caso do Grupo Escolar Dr. Xavier da Silva, somente com a reforma do prédio, em 1913, parte do vestíbulo foi transformada em sala de direção (cf. RELATÓRIO, 1913).

historias

HISTORISMO

Data: 06/05/1891
Neste dia, em 1891, foi assinado contrato com o engenheiro Ernesto Guaita para a construção do Palácio do Congresso, atual Palácio Rio Branco da Câmara Municipal. Foi inaugurado em 1896, para sediar a Assembleia Legislativa do Estado. Durante a ditadura de Getúlio Vargas, a Assembleia foi fechada, dando espaço para o Conselho Deliberativo do Estado. Passou a ser utilizado pela Câmara em 1963. O prédio é considerado o primeiro exemplar da arquitetura oficial republicana do Paraná.
 
Na foto, o Palácio à direita e a estação de bondes de mulas à esquerda. Ao fundo, a estação de trem. (Foto – Arquivo Câmara)
Os dados contidos nesta coletânea foram extraídos das atas manuscritas existentes na Câmara; dos Boletins do Archivo Municipal de Curitiba (B.A.M.C.), de Francisco Negrão; do livro Curitiba 1900, de Valério Hoerner Junior e do livro 300 Anos - Câmara Municipal de Curitiba 1693-1993. As leis coletadas a partir de 1948 foram pesquisadas no sistema SPL do site da Câmara.

Data: 14/04/1959

Em 14/04 de,1959, o município de Curitiba firmou um convênio com o Ministério da Saúde para realizar obras de saneamento e uma campanha contra verminoses.

Enchente na Praça Zacarias na década de 1950. O rio Ivo corriqueiramente alagava o centro de Curitiba, trazendo doenças. Foto: Acervo Casa da Memória.
**Esta foto pertence ao acervo da Casa da Memória. Cópia com maior resolução deve ser solicitada à Diretoria de Patrimônio Cultural da Fundação Cultural de Curitiba.
Os dados contidos nesta coletânea foram extraídos das atas manuscritas existentes na Câmara; dos Boletins do Archivo Municipal de Curitiba (B.A.M.C.), de Francisco Negrão; do livro Curitiba 1900, de Valério Hoerner Junior e do livro 300 Anos - Câmara Municipal de Curitiba 1693-1993. As leis coletadas a partir de 1948 foram pesquisadas no sistema SPL do site da Câmara.
Data: 12/11/1924
Neste dia, em 1924, lei  aprovava o decreto número 3, de 10 de abril daquele ano, que declarava de utilidade pública a área necessária ao conveniente alargamento da rua XV de Novembro, entre a alameda Dr. Muricy e a Avenida Luiz Xavier. O decreto dizia que “o estrangulamento resultava no congestionamento do trânsito, como atualmente se faz sentir nessa quadra, onde por vezes já se tem verificado acidentes. Considerando que esse melhoramento além de favorecer as condições de viabilidade concorrerá para beneficiar a estatística da principal artéria desta capital.

A Rua XV de Novembro em 1920 (Foto – Acervo Casa da Memória)
Data: 03/11/1927
Neste dia, em 1927, ficava estabelecido para hotéis, restaurantes, cafés, botequins e barbearias, que guardanapos e toalhas seriam de uso individual, sendo guardados em caixas completamente fechadas até  a lavagem. Louças, talheres e copos deveriam vir para a mesa perfeitamente limpos, sendo proibido o uso de pano para enxugá-los, sob pena de multa. Era uma medida para melhorar a higiene e evitar a proliferação de pestes e doenças.

Curitiba da década de 1920 definia padrões de higiene para receber pessoas. (Foto – Acervo Casa da Memória)
**Esta foto pertence ao acervo da Casa da Memória. Cópia com maior resolução deve ser solicitada à Diretoria de Patrimônio Cultural da Fundação Cultural de Curitiba.
 
História do Matadouro Municipal e da formação do bairro Guabirotuba é tema de livro e site

Obra, resultado de minuciosa pesquisa, relata processo de urbanização da região de Curitiba.

A ocupação da região do Guabirotuba, leste de Curitiba, teve início no final do século 19, e foi fortemente influenciada pela instalação de um Matadouro Municipal no bairro.

Os matadouros eram (e ainda são, em algumas cidades pequenas) importantes equipamentos urbanos que, apesar de serem considerados “perigosos, insalubres e incômodos”, mantinham longe dos centros urbanos o abate de animais para o consumo da população. O Matadouro Municipal funcionou entre 1899 e 1974. Durante esta trajetória, muita coisa aconteceu em Curitiba e no Guabirotuba. Essa história é o tema do livro “Os 75 anos do Matadouro Municipal do Guabirotuba – Arquitetura, Urbanização e Higienismo”, e do site “O Matadouro Municipal e o Guabirotuba”, resultados de estudo realizado pelas professoras da UFPR Zulmara Clara Sauner Posse (Departamento de Antropologia) e Elizabeth Amorim de Castro (Departamento de Arquitetura e Urbanismo).

Link: omatadouromunicipaleoguabirotuba.wordpress.com

De arrabalde, distante do centro urbano e constantemente alagado pelo Rio Belém, a região transformou-se em bairro, com mais de 11 mil moradores e tomada por residências unifamiliares, congregações religiosas, um comércio consistente e escolas, públicas e particulares, de todos os níveis de ensino.

No site, são encontradas informações preciosas e inéditas, acompanhadas por fotografias e mapas que mostram de forma simples, dinâmica e consistente como ocorreu a ocupação da região leste da cidade, ultrapassando os limites impostos pelo Rio Belém e contrariando as recomendações dos planos Agache (1943) e Diretor (1967).

“Os 75 anos do Matadouro Municipal do Guabirotuba – Arquitetura, Urbanização e Higienismo” analisa as instalações físicas do Matadouro do Guabirotuba e revela sua total inadequação aos preceitos higienistas vigentes, suas intermináveis reformas e a grande insatisfação da população com este equipamento urbano. O trabalho apresenta um texto consistente, baseado em uma pesquisa de mais de três anos que levantou uma extensa documentação, oficial e oficiosa. A narrativa é enriquecida por projetos arquitetônicos e urbanísticos, mapas, fotos, matérias em periódicos, legislações, relatórios e discursos. Também reúne e analisa a vasta legislação voltada para a higiene pública, o funcionamento do matadouro e todo o processo de transporte e comercialização da carne.

Os três temas – o edifício do Matadouro Municipal, as normas e o bairro do Guabirotuba – estão presentes no livro e no site e resultam da pesquisa das professoras da UFPR, que foi viabilizada pelo Programa de Apoio e Incentivo à Cultura da Fundação Cultural de Curitiba e incentivada pelas empresas Celepar, Higiserv Limpeza e Conservação S/A e Best Way Trips Agência de Viagens e Turismo Ltda. Fruto de renúncia fiscal, o trabalho retorna à sociedade com a disponibilização integral do livro Os 75 anos do Matadouro Municipal do Guabirotuba – Arquitetura, Urbanização e Higienismo no site O Matadouro Municipal e o Guabirotuba.

Este é o quarto trabalho da dupla de pesquisadoras, que já revelou a extensa produção arquitetônica do engenheiro Eduardo Fernando Chaves e o processo de urbanização de Curitiba nas primeiras quatro décadas do século XX (ver “As Virtudes do Bem Morar“ asvirtudesdobemmorar.wordpress.com); analisou os Ginásios, Escolas Normais e Profissionais do Paraná e esmiuçou a conturbada história do Matadouro Modelo de Curitiba. Com uma perspectiva multidisciplinar, os trabalhos da antropóloga Zulmara e da arquiteta Elizabeth mostram uma Curitiba pouco conhecida, que cresce e urbaniza-se, é movida por inúmeros interesses, encontra-se repleta de conflitos, mas busca a modernização
Data: 19/10/1951
Neste dia, em 1951, a Câmara Municipal aprovou projeto que definia a nova delimitação urbana e as zonas fiscais correspondentes para a cidade. A “zona urbana” de Curitiba ficava dividida em quatro zonas fiscais, com cada um de seus limites previstos na lei.

A Praça Rui Barbosa em 1950, na zona urbana de Curitiba. (Foto – Acervo Casa da Memória)
**Esta foto pertence ao acervo da Casa da Memória. Cópia com maior resolução deve ser solicitada à Diretoria de Patrimônio Cultural da Fundação Cultural de Curitiba.
Os dados contidos nesta coletânea foram extraídos das atas manuscritas existentes na Câmara; dos Boletins do Archivo Municipal de Curitiba (B.A.M.C.), de Francisco Negrão; do livro Curitiba 1900, de Valério Hoerner Junior e do livro 300 Anos - Câmara Municipal de Curitiba 1693-1993. As leis coletadas a partir de 1948 foram pesquisadas no sistema SPL do site da Câmara.

 

Data: 01/09/1853
Neste dia, em 1853, chega à Câmara a notícia de que a lei que elevava a Comarca do Paraná à categoria de Província havia sido aprovada na Assembléia Geral da Província de São Paulo (a quem Curitiba era subordinada até então). O então presidente da Câmara, vereador Francisco de Paula Guimarães, convoca todos os cidadãos a iluminarem suas casas por três dias e, no dia 4, comparecerem todos à Matriz para assistirem a um “solemne The-Deum de acção de graças”.

Igreja Matriz, anterior à Catedral de hoje. (Foto – Acervo Casa da Memória)
**Esta foto pertence ao acervo da Casa da Memória. Cópia com maior resolução deve ser solicitada à Diretoria de Patrimônio Cultural da Fundação Cultural de Curitiba.

Data: 11/09/1843
Neste dia, em 1843, chegavam à Câmara as “Authenticas da Elleição de Deputados a Assembléa Provincial”, ocorrida cinco dias antes, na celebração da Independência do Brasil.  Tais documentos foram encaminhados ao “Ministro do Império, Câmara da Capital e Exmo. Presidente da Província”, de acordo com a ata da sessão do dia 11 de setembro de 1843.

Rua XV no século XIX. (Foto – Acervo Casa da Memória)
**Esta foto pertence ao acervo da Casa da Memória. Cópia com maior resolução deve ser solicitada à Diretoria de Patrimônio Cultural da Fundação Cultural de Curitiba
Data: 11/09/1843
Neste dia, em 1843, chegavam à Câmara as “Authenticas da Elleição de Deputados a Assembléa Provincial”, ocorrida cinco dias antes, na celebração da Independência do Brasil.  Tais documentos foram encaminhados ao “Ministro do Império, Câmara da Capital e Exmo. Presidente da Província”, de acordo com a ata da sessão do dia 11 de setembro de 1843.

Rua XV no século XIX. (Foto – Acervo Casa da Memória)
**Esta foto pertence ao acervo da Casa da Memória. Cópia com maior resolução deve ser solicitada à Diretoria de Patrimônio Cultural da Fundação Cultural de Curitiba

 

Data: 24/08/1960
Neste dia, em 1960, tornava-se lei o projeto que instituía prêmios para os mais belos edifícios construídos em Curitiba a cada dois anos. Os proprietários receberiam a quantia equivalente ao dobro do seu imposto predial anual e os engenheiros e arquitetos receberiam diplomas honoríficos.

Curitiba na década de 1960. Em primeiro plano, a Marechal Deodoro sendo aberta. O prédio do Cine Luz foi demolido para dar passagem à nova avenida. (Foto – Acervo Casa da Memória)
**Esta foto pertence ao acervo da Casa da Memória. Cópia com maior resolução deve ser solicitada à Diretoria de Patrimônio Cultural da Fundação Cultural de Curitiba
Data: 13/08/1921
Neste dia, em 1921, era fixada em oito mil réis por metro linear a taxa de calçamento a ser cobrada dos proprietários da Rua XV de Novembro. A arrecadação só seria efetuada após a conclusão do novo calçamento.

A Rua XV na década de 1920. (Foto – Acervo Casa da Memória)

 

Data: 29/07/1850
Neste dia, em 1850, os vereadores reclamavam do mau estado em que se achava a parte superior do edifício onde eram realizadas as sessões, por conta da fumaça que subia do térreo. A Câmara funcionava na parte superior da antiga cadeia da capital, prédio que hoje não existe mais. O presidente da Câmara oficiou o delegado de polícia e não obteve nenhuma resposta. O delegado alegou que já havia tomado providências, ordenando ao carcereiro para proibir o fogo.

Antiga Casa de Câmara e Cadeia de Curitiba. (Foto - Acervo Casa da Memória)
Data: 03/08/1861
Neste dia, em 1861, a Câmara regula o comércio de “pólvora e armas offensivas”. Os comerciantes deveriam obter licença da Câmara Municipal e não poderiam vendê-las “a escravos ou pessoas reconhecidamente suspeitas e não afiançadas por pessoas idôneas”. Os contraventores seriam multados e presos por oito dias.

Curitiba no século XIX. (Foto – Acervo Casa da Memória)
**Esta foto pertence ao acervo da Casa da Memória. Cópia com maior resolução deve ser solicitada à Diretoria de Patrimônio Cultural da Fundação Cultural de Curitiba.
Os dados contidos nesta coletânea foram extraídos das atas manuscritas existentes na Câmara; dos Boletins do Archivo Municipal de Curitiba (B.A.M.C.), de Francisco Negrão; do livro Curitiba 1900, de Valério Hoerner Junior e do livro 300 Anos - Câmara Municipal de Curitiba 1693-1993. As leis coletadas a partir de 1948 foram pesquisadas no sistema SPL do site da Câmara.
A princesa Isabel veio a Curitiba em 1884 para a primeira viagem oficial da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá. Não foram encontrados registros fotográficos da família real na capital paranaense, portanto, tentamos reproduzir a cena. (Foto das crianças e conde d'Eu: Alberto Henschel; Foto da Princesa Isabel: Joaquim Insley Pacheco; Montagem: Marcio Silva/CMC e Andressa Katriny/CMC)