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Empreendedorismo e Tradição: O Paraná em Construção na Década de 1950
Nestas páginas históricas, revela-se o rosto do Paraná em plena transformação — uma terra de visão, trabalho e tradição, onde bancos internacionais, indústrias locais, exportadores de erva-mate e farmácias centenárias escreviam, lado a lado, os primeiros capítulos do seu desenvolvimento moderno. Mais do que registros institucionais, os cinco documentos aqui reunidos são testemunhos vivos da energia empreendedora que impulsionou o estado nos anos posteriores à Segunda Guerra Mundial.
Cada página é uma janela aberta para Curitiba, Colinas e outras cidades paranaenses onde o progresso não era apenas sonhado, mas fabricado, exportado, financiado e cuidado com mãos firmes e corações dedicados.
Página 1: Bank of London & South America Limited — Enraizado no Paraná, Conectado ao Mundo
A abertura deste conjunto celebra a presença do Bank of London & South America Limited, instituição financeira de origem britânica cuja atuação no Brasil ganhou notável destaque justamente em Curitiba, onde instalou uma de suas sedes mais importantes.
O Que Vemos:
- Um logotipo marcante, com leões e escudo coroado, simbolizando estabilidade e tradição.
- A fachada imponente do edifício na Rua 13 de Novembro, 217 — coração financeiro da capital paranaense.
- O retrato de Anacleto Theophoro Carli, diretor do banco e figura central no desenvolvimento econômico do Paraná.
O Que Lêmos:
Embora o banco operasse nacionalmente — com agências no Rio de Janeiro, São Paulo, Belém e outras capitais — e internacionalmente (Argentina, Peru, Venezuela etc.), foi em Curitiba que concentrou sua liderança regional. Com capital de Cr$ 4.000.000 e ligação direta com o Lloyd’s Bank Limited, oferecia serviços bancários completos, incluindo depósitos com juros e operações de câmbio.
A biografia de Anacleto Carli merece destaque: imigrante italiano, tornou-se presidente da Federação do Comércio do Paraná, diretor de empresas estratégicas e conselheiro atuante no desenvolvimento regional. Sua trajetória personifica a união entre ética empresarial, liderança comunitária e visão de futuro.
Por Que Importa:
O banco não apenas trazia capital externo, mas também legitimava o Paraná como polo de negócios confiável. Sua escolha por Curitiba como sede regional reforçava a vocação do estado para o comércio, a logística e a indústria em ascensão.
Página 2: Moniks Unidos Brasil - Mate S/A — O Ouro Verde do Paraná
A segunda página homenageia um ícone da identidade sul-brasileira: a erva-mate, cultivada, industrializada e exportada por empresas como a Moniks Unidos Brasil - Mate S/A, radicada em Colinas, Paraná.
O Que Vemos:
- Um grupo de empresários e colaboradores em frente a um prédio institucional, celebrando um marco da empresa.
- A imagem de José Luís Pallini, recebendo um troféu por ter sido o maior transportador de erva-mate para o porto de Paranaguá em 1949 — um símbolo do orgulho regional e do valor do trabalho.
O Que Lêmos:
A empresa, sucessora de Fábio Carvalho & Cia. e R. M. de Azevedo & Cia., produzia cerca de 3.000 toneladas anuais de erva-mate, armazenando até 10.000 sacas. Seus produtos abasteciam o mercado interno e eram exportados principalmente para Argentina e Uruguai.
O texto reconhece o papel central dessa indústria na geração de empregos, na valorização do campo e na integração do interior paranaense ao comércio internacional — tudo impulsionado por uma rede de agricultores, transportadores e industriais unidos por um mesmo propósito.
Por Que Importa:
A erva-mate era — e ainda é — muito mais que uma bebida: é cultura, economia e identidade. Empresas como a Moniks Unidos transformaram essa riqueza natural em um motor de desenvolvimento regional, com raízes profundas no solo paranaense.
Página 3: Metalografia — Oficina da Indústria Paranaense
A terceira página destaca a Metalografia, empresa curitibana que encarnava a versatilidade industrial do estado. Com capital registrado de Cr$ 1.200.000, era uma das mais sólidas de seu setor.
O Que Vemos:
Seis fotografias mostram seus setores operacionais:
- Transporte Cliente
- Corte de Papel
- Cartuchos
- Estofaria e Cristal
- Impressão Offset
- Oficina Mecânica
Cada imagem transmite movimento, precisão e organização — marcas da indústria paranaense em crescimento.
O Que Lêmos:
Localizada na Rua Saldanha Marinho, 1130, sob a gerência de Cid Princíb Parará, a Metalografia fabricava latas litografadas em grande escala e oferecia serviços industriais diversificados, desde embalagens até reparos mecânicos.
Por Que Importa:
A empresa era um elo essencial na cadeia produtiva local, fornecendo embalagens, impressos e apoio técnico a outras indústrias — um verdadeiro pilar do ecossistema fabril de Curitiba.
Página 4: «Pradi» — Da Litografia à Linha de Produção Moderna
A quarta página apresenta a Fábrica Pradi, fundada em 1912 em Curitiba por Guizo Pradi, Maria de Glória Pradi Barcetti e Carlos Pradi — uma das pioneiras no setor gráfico e de embalagens do Paraná.
O Que Vemos:
Fotos de suas seções produtivas:
- Litografia
- Montagem de latas
- Linhas de prensas
- Oficinas
- Armazém
Destaque para a menção a sua “moderna seção de litografia”, capaz de produzir rótulos, etiquetas, cartazes e embalagens em diversos materiais (papel cristal, celofane, acetinado etc.).
O Que Lêmos:
A Pradi tornou-se referência na fabricação de latas litografadas para produtos líquidos ou sólidos, combinando tradição familiar com inovação tecnológica. Sua trajetória de mais de quatro décadas ilustra a evolução da indústria gráfica e de embalagens no sul do Brasil.
Por Que Importa:
Empresas como a Pradi foram fundamentais para a profissionalização da comunicação visual e da embalagem comercial — elementos-chave para a competitividade das marcas paranaenses no mercado nacional.
Página 5: Uma Tradição Gloriosa do Paraná — Três Gerações de Farmacêuticos
A última página é uma homenagem emocionante à família Stiffeld, cujo legado na farmácia paranaense se estende por três gerações.
O Que Vemos:
Retratos de:
- Edgard Stiffeld Senior — fundador da primeira farmácia do Paraná em 1852, em Curitiba.
- Augusto Stiffeld — seu filho, que expandiu o negócio com visão moderna.
- Camilo Stiffeld — neto, representante da terceira geração, que manteve viva a tradição familiar.
O Que Lêmos:
O texto celebra não apenas o empreendedorismo, mas o compromisso com a saúde pública, a ética profissional e o bem-estar coletivo. A farmácia Stiffeld foi mais que um comércio: foi um ponto de referência na vida da comunidade curitibana por mais de um século.
Por Que Importa:
Essa história resgata o papel do farmacêutico como figura de confiança, cuidado e saber — e demonstra como famílias inteiras dedicaram suas vidas à construção de instituições que moldaram a sociedade paranaense.
Conclusão: Um Legado de Coragem, Visão e Pertencimento
Estas cinco páginas são muito mais que registros comerciais. São crônicas do Paraná em movimento — um estado que, na década de 1950, apostava no trabalho, na inovação e na união entre tradição e modernidade.
Das salas do Bank of London às plantações de erva-mate em Colinas, das oficinas da Metalografia aos balcões da farmácia Stiffeld, vemos um território se afirmando como polo de desenvolvimento, com personalidade própria e vocação para o futuro.
Hoje, ao revisitar esses documentos, não apenas honramos o passado — mas reacendemos o espírito de quem acreditou, construiu e deixou raízes profundas no chão paranaense.