Denominação inicial: Hospital Regional - Governo do Paraná
Denominação atual:
Categoria (Uso): Diversos
Subcategoria:
Endereço: Colônia Mineira – Norte do Paraná
Número de pavimentos: 2
Área do pavimento:
Área Total:
Técnica/Material Construtivo: Madeira
Data do Projeto Arquitetônico: 1917
Alvará de Construção:
Descrição: Projetos e plantas para construção do Hospital Regional do Paraná.
Situação em 2012: Não construído
Imagens
1 – Fachada do Hospital.
2 – Corte.
3 – Planta térrea.
4 - Planta do 2º pavimento.
5 – Fachada, planta e corte do Pavilhão de Isolamento.
6 – Fachada, planta e corte da Casa do Médico.
7 – Planta da fossa bacteriológica.
Referências:
SOUZA ARAUJO, Heraclides Cesar de. A Prophylaxia Rural no Estado do Paraná. Esboço de Geographia Medica. Curityba, 1919. p. 230-231.
1 – Fachada do Hospital.
2 – Corte.
3 – Planta térrea.
4 - Planta do 2º pavimento.
5 – Fachada, planta e corte do Pavilhão de Isolamento.
6 – Fachada, planta e corte da Casa do Médico.
7 - Planta da fossa bacteriológica.
O Hospital Regional do Norte do Paraná: Um Sonho de Saúde que Nunca se Ergueu
"Em meio às matas virgens e aos primeiros assentamentos da Colônia Mineira, um plano ousado floresceu nos papéis: levar saúde, ciência e civilização ao coração do sertão paranaense. Mas a história, por vezes, escreve-se em projetos não concretizados."
O Contexto: Saúde Pública e Colonização no Paraná do Início do Século XX
No ano de 1917, o Paraná vivia um momento de intensa transformação. Sob o impulso da política de colonização oficial, o governo estadual, liderado por figuras como o presidente do estado (equivalente a governador) Carlos Cavalcanti de Albuquerque, investia na abertura de estradas, núcleos agrícolas e infraestrutura básica em regiões ainda remotas — especialmente no Norte do estado, onde florestas densas cobriam o que futuramente se tornaria Londrina, Maringá e outras cidades.
Nesse cenário, a saúde pública emergia como um desafio crítico. As colônias, muitas vezes isoladas, careciam de assistência médica, enquanto doenças como malária, febre amarela, verminoses e tuberculose grassavam entre trabalhadores rurais e imigrantes. Foi nesse contexto que surgiu o projeto do Hospital Regional do Paraná, destinado à Colônia Mineira — uma das primeiras áreas de povoamento organizado no norte paranaense.
O Projeto Arquitetônico: Modernidade em Madeira
Idealizado em 1917, o hospital foi concebido como uma estrutura de dois pavimentos, erguida inteiramente em madeira — material abundante na região e de fácil manuseio para as condições logísticas da época. Apesar da simplicidade do material, o projeto revelava um planejamento técnico avançado para os padrões da medicina rural do período.
O conjunto arquitetônico incluía:
- Edifício principal do hospital, com planta térrea e segundo pavimento, destinado a consultórios, enfermarias e administração;
- Pavilhão de Isolamento, essencial para conter surtos de doenças contagiosas — um conceito moderno inspirado nas práticas de saúde pública europeias;
- Casa do Médico, residência anexa para garantir a permanência do profissional no local;
- Fossa bacteriológica, demonstrando preocupação com o saneamento básico e o tratamento de dejetos, um aspecto revolucionário na época.
As plantas, cortes e fachadas preservadas nos arquivos históricos revelam um layout funcional, com ventilação cruzada, separação de fluxos (pacientes, pessoal, resíduos) e atenção à higiene — princípios centrais da "prophylaxia rural", termo usado pelo médico e sanitarista Heraclides César de Souza Araújo em sua obra seminal de 1919.
O Legado em Papel: Um Projeto que Ilumina a História
Embora o hospital nunca tenha sido construído, seu projeto permanece como um testemunho valioso da ambição do Estado do Paraná em integrar saúde e colonização. Em seu livro "A Prophylaxia Rural no Estado do Paraná. Esboço de Geographia Medica", Souza Araújo dedica as páginas 230–231 à descrição desse hospital idealizado, destacando sua importância estratégica:
“Não basta abrir picadas e distribuir lotes; é mister proteger a vida daqueles que vão semear o futuro. O hospital regional é o braço sanitário da colonização.”
— Souza Araújo, 1919
Os desenhos arquitetônicos — incluindo fachadas, plantas, cortes e detalhes da fossa bacteriológica — sobreviveram como documentos técnicos e históricos, hoje consultáveis em acervos públicos e bibliotecas especializadas. Eles mostram que, mesmo sem concretização, o projeto influenciou futuras iniciativas de saúde rural no Paraná.
Por que Não foi Construído?
A ausência de registros sobre um alvará de construção e a própria menção de sua não edificação até 2012 sugerem que o projeto enfrentou obstáculos típicos da época: limitações orçamentárias, mudanças políticas, dificuldades logísticas ou o redirecionamento de prioridades. Com o fim do ciclo da colonização oficial nos anos 1920 e o foco posterior em núcleos urbanos emergentes, iniciativas rurais de grande porte foram, muitas vezes, postas em segundo plano.
Memória Arquitetônica: O Valor do que Poderia Ter Sido
Hoje, o Hospital Regional da Colônia Mineira é um monumento imaginário — mas não por isso menos real em seu significado. Ele representa a interseção entre utopia e burocracia, entre o sonho de uma medicina acessível e as durezas da realidade administrativa.
Seu projeto, meticuloso e visionário, antecipou princípios que só décadas depois seriam universalizados: saúde como direito, infraestrutura como pilar do desenvolvimento e medicina integrada ao território.
Embora suas paredes de madeira jamais tenham abrigado leitos ou curativos, seus planos continuam a curar nossa memória histórica, lembrando que nem toda construção precisa de tijolos para existir.
“Alguns edifícios mais importantes da história nunca foram erguidos — mas seus sonhos moldaram o mundo.”
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