sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Ney Aminthas de Barros Braga (Lapa, 25 de julho de 1917 — 16 de outubro de 2000)

 Ney Aminthas de Barros Braga (Lapa25 de julho de 1917 — 16 de outubro de 2000)


Ney Aminthas de Barros Braga
Ney Braga em 1974
Presidente da Itaipu Binacional
Período1985
até 1990
Antecessor(a)José Costa Cavalcanti
Sucessor(a)Fernando Xavier Ferreira
45.º Governador do Paraná
Período15 de março de 1979
até 14 de maio de 1982
Antecessor(a)Jaime Canet Júnior
Sucessor(a)José Hosken de Novais
Ministro da Educação do Brasil
Período15 de março de 1974
até 30 de maio de 1978
Antecessor(a)Jarbas Passarinho
Sucessor(a)Euro Brandão
Senador pelo Paraná
Período1968
até 1974
Ministro da Agricultura do Brasil
Período19 de novembro de 1965
até 12 de agosto de 1966
Antecessor(a)Hugo de Almeida Leme
Sucessor(a)Severo Fagundes Gomes
37.º Governador do Paraná
Período31 de janeiro de 1961
até 17 de novembro de 1965
Antecessor(a)Moisés Lupion
Sucessor(a)Antônio Ferreira Rüppel
Deputado federal pelo Paraná
Período15 de março de 1959
até 31 de janeiro de 1961
55.º Prefeito de Curitiba
Período15 de novembro de 1954
até 15 de novembro de 1958
Antecessor(a)Ernani Santiago de Oliveira
Sucessor(a)Aristides Simão
Dados pessoais
Nascimento25 de julho de 1917
LapaParaná
Morte16 de outubro de 2000 (83 anos)
Nacionalidadebrasileiro
PartidoPL (1950-1958)
PDC (1958-1965)
ARENA (1966-1979)
PDS (1980-1984)
PFL (1985-2000)
Profissãomilitar

Ney Aminthas de Barros Braga (Lapa25 de julho de 1917 — 16 de outubro de 2000) foi um militar e político brasileiro. Foi prefeito de Curitibadeputado federalsenador e governador do estado do Paraná. Foi também ministro da Agricultura, ministro da Educação e Presidente da Itaipu Binacional.


Entre 1922-1923 iniciou o curso primário no Colégio São José, aos cinco anos. Aos seis anos, ainda no município de Lapa vai para o Grupo Escolar Dr. Manuel Pedro. Entre 1928 e 1934 fez o curso secundário. Fez uma passagem rápida pelo Colégio Novo Ateneu, da cidade de Curitiba. Depois de ganhar bolsa de estudos dos padres lazaristas iniciou estudos no internato do Ginásio Paranaense (atual Colégio Estadual do Paraná), onde foi colega de Jânio Quadros, que mais tarde veio a ser presidente do Brasil.[1]

Formação militar

Entre 1935 e 1937 ingressou na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, com dezoito anos. Em seu primeiro ano do curso eclodiu a Intentona Comunista. A Escola Militar recebeu ordens para lutar contra rebeldes e bloquear a saída para São Paulo pela estrada do Realengo. Graduou-se em Artilharia. Enquanto isso, em 1935, inicia-se a construção da Estrada do Cerne no Paraná. O pai de Ney Braga, Sr. Antônio Braga, ex-empregado de uma padaria na Lapa, cria uma empreiteira construtora de obras, a Aranha S.A, com outros sócios, visando participar de construção e obras. O convite foi do então governador Manuel Ribas. Em 1938 volta a Curitiba como aspirante a oficial e, aos 22 anos, casa-se com Maria José Munhoz da Rocha, filha do ex-governador Caetano Munhoz da Rocha (1920-1928) e irmã de Bento Munhoz da Rocha Neto (futuro governador do estado do Paraná entre 1951 a 1955). Maria José faleceu precocemente em 1944.

Em fins de 1940 foi promovido a primeiro-tenente. Foi instrutor de Educação Física e de Topografia e técnica de tiro de Artilharia no terceiro regimento de artilharia montada de Curitiba (sediado na praça Osvaldo Cruz, bairro Batel). Também foi instrutor do Centro de Preparação de Oficiais de Reserva (CPOR) nessa primeira metade dos anos 40. Em 1944 foi promovido a capitão. Entre 1945 e 1948, seguindo a recomendação do major Henrique Geisel (irmão do futuro presidente do Brasil Ernesto Geisel (1974-1978)), voltou para o Rio de Janeiro para estudar na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Realengo) para fazer o curso de aperfeiçoamento de oficiais. O diretor de ensino era o então Coronel Humberto de Alencar Castelo Branco (futuro Presidente do Brasil em 1964-1967). Nos anos 40 e 50 a Empreiteira Aranha S.A de seu pai, Sr. Antônio Braga, vai prosperar a ponto de participar da construção da estrada que liga Joinville (estado de Santa Catarina) a Curitiba. Em 1949 retorna a Curitiba e casa, pela segunda vez, com Nice Camargo Riesemberg com quem viverá até seus últimos dias. Em 1950 no terceiro Regimento de Artilharia Montada de Curitiba (agora com sede no B. Boqueirão) foi promovido a major.

Vida pública

Em 1951 seu ex-cunhado, com 46 anos, o Sr. Bento Munhoz da Rocha Neto, do então Partido Republicano (PR) elege-se o novo Governador do Paraná (1951-1955). Ney Braga é nomeado, por ato do novo Governador, membro integrante do Conselho Regional de Desportos do Paraná. Em 1952, no mês de março Ney Braga apóia formalmente a criação da “Cruzada Democrática”, movimento formado por oficiais militares que venceu as eleições do Clube Militar naquele ano. A “Cruzada” era um grupo que defendia o "nacionalismo sadio" em oposição aos militares “nacionalistas”, aos quais Getúlio Vargas estava aliado.[2]

O momento era de discussão sobre o ingresso, ou não, do capital internacional no setor petrolífero brasileiro. Esse também é o ano da Comissão Mista Brasil-EUA e da criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico. Ney Braga foi designado o representante da Cruzada Democrática no Estado do Paraná. No Rio Grande do Sul, Estado vizinho, o representante era o Cel. Emílio Garrastazu Médici, futuro Presidente do Brasil (1970-1974). Faziam parte da Cruzada Democrática também Humberto de Alencar Castelo BrancoErnesto GeiselGolbery do Couto e Silva, Jurandir Mamede, todos personagens de primeira grandeza do futuro regime militar instalado no Brasil. Em agosto de 1952 o major Ney Braga recebe, da presidência da República, o grau de “Cavaleiro” da ordem do mérito militar.

Em dezembro de 1952 Ney Braga aceita o convite do cunhado e ao mesmo tempo governador Bento Munhoz da Rocha Neto (Partido Republicano), para substituir o tenente-coronel do Exército Albino Silva (futuro Chefe do Gabinete Militar do presidente João Goulart e futuro presidente da Petrobrás, 1963-1964) e assumir a antiga chefatura de polícia do estado do Paraná (equivalente secretaria de estado da Segurança Pública). Tem 35 anos. Nesse cargo conhece e tem de enfrentar de perto o grave problema de posse de terras no sudoeste e oeste do Paraná. Um problema sério, causador de muitas atrocidades, que há mais de 30 anos não encontrava solução. Este cargo lhe abriu contato direto com autoridades políticas importantes e também para o tornar conhecido em todo o Estado do Paraná. A partir de então, Ney Braga deixará de ser apenas um militar e começa a construir sua longa trajetória de liderança na política.

Primeiro prefeito eleito pelo voto direto

Em 1953 recebe o convite de três vereadores de Curitiba (Mylto Anselmo da Silva, Edward de Menezes Caldas e João Stival) para ser candidato a prefeito da capital do estado do Paraná. A indicação foi do então prefeito Ernani Santiago de Oliveira e obteve o importante apoio do governador Bento Munhoz da Rocha Neto. Ney Braga não era filiado a qualquer partido político. Afasta-se da chefatura de Polícia do Estado e aceita ser candidato a prefeito, mesmo sem filiação partidária. O partido que o lançou foi o Partido Social Progressista (PSP), do então governador de São Paulo, Ademar de Barros (interventor durante o Estado Novo e eleito governador do estado de São Paulo em 1947). Ademar de Barros também foi responsável pela indicação de João Café Filho para ser o vice-presidente de Getúlio Vargas (Partido Trabalhista Brasileiro) nas eleições de 1950.

Getúlio Vargas, então presidente do Brasil, vem a Curitiba em 19 de dezembro de 1953 e anuncia a criação da Eletrobrás. Na questão da Petrobrás, Ney Braga pertence ao grupo de militares que apóia o monopólio nacional do Petróleo. Em 3 de outubro Getúlio Vargas cria a Petrobrás. Nesse mesmo ano o colega de ginásio de Ney Braga, Jânio Quadros, se elege Prefeito do município de São Paulo pelo PDC (Partido Democrata Cristão). Em 1954, 24 de agosto, suicida-se o presidente Getúlio Vargas (PTB). Enfraquece-se com isto a União Democrática Nacional (UDN) por ter sido o Partido que mais duramente se opunha ao presidente. O suicídio do Presidente revela-se, entre outras coisas, um golpe na força crescente da oposição ao regime varguista. Abrem-se os caminhos para a vitória eleitoral de Juscelino Kubitschek de Oliveira (Partido Social Democrata) à presidência.

Mesmo sem estar filiado a qualquer partido, Ney Braga vence as primeiras eleições diretas para prefeito de Curitiba em 1954. O município tinha aproximadamente 200 mil habitantes. Obteve 18.327 votos (28,7% do total). Antes dele os prefeitos eram nomeados pelo Governador. O segundo colocado foi Wallace Tadeu de Melo e Silva (PST). Ney Braga assume a prefeitura de Curitiba em 15 de novembro.

Com a morte de Getúlio, a presidência do Brasil passa para João Café Filho (PSP), que convidará, no ano seguinte, o então Governador do Paraná, o Sr. Bento Munhoz da Rocha Neto (PR) para assumir o Ministério da Agricultura, onde ficará por um ano. Em 1955, depois de resolvidas as discussões públicas sobre sua eventual candidatura à vice-presidência da República, Bento Munhoz da Rocha Neto renuncia ao Governo do Paraná (3 de abril) e em 7 de maio assume o Ministério da Agricultura do Presidente João Café Filho. Jânio Quadros, agora sem partido, mas apoiado pelo PTN e PSB vence o grande líder paulista Ademar de Barros (PSP) nas eleições estaduais e assume o governo do estado de São Paulo. No mesmo ano o já deputado federal Leonel de Moura Brizola (PTB) elege-se prefeito de Porto Alegre. O ministro da Guerra, Henrique Lott, dá um golpe preventivo para garantir a posse do Presidente eleito Juscelino Kubitschek de Oliveira. A situação é de crise institucional.

Moysés Lupion (PSD-UDN) vence as eleições de 1955 e assume a governadoria do estado do Paraná. Lupion era oposição a Bento Munhoz da Rocha e este será seu segundo mandato como governador do Paraná. Juscelino Kubitschek, também do (PSD) assume a Presidência da República em 1956. Este é o segundo ano de mandato do prefeito Ney Braga. A partir de então Ney Braga terá partidos opositores tanto no estado quanto no Governo Federal e, além disso, seu principal apoio político (Bento Munhoz da Rocha) ocupa-se com o Ministério da Agricultura.

Em 1956, a prefeitura de São Paulo assinará termo de contrato com a SAGMACS (Sociedade de Análises Gráficas e Mecanográficas Aplicadas aos Complexos Sociais), fundada em 1947 e coordenada pelo padre Lebret (1897-1966) para realizar a primeira análise da aglomeração paulistana e dar início a um projeto de planejamento do desenvolvimento urbano de São Paulo. A pesquisa da SAGMACS foi um dos estudos mais profundos e complexos realizados sobre a metrópole paulista. A SAGMACS era formada por uma equipe multidisciplinar, interessada em aplicar ao urbanismo brasileiro as ideias do movimento Economia e Humanismo, do Padre Lebret, dominicano francês que teve grande influência sobre o pensamento social católico brasileiro até meados daquela década. Esta mesma empresa terá um papel decisivo na criação do Plano de Desenvolvimento Econômico do Paraná, no primeiro mandato de Ney Braga como Governador pelo Partido Democrata Cristão.

Ações, prêmios e projeção nacional

Em 1957 o Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM), homenageia Curitiba com o primeiro lugar no prêmio “Os dez municípios brasileiros de maior progresso”. Ney Braga foi a Brasília, capital federal, receber das mãos do Presidente Juscelino Kubitschek a homenagem. É o primeiro grande destaque de sua carreira política.

Dentre suas ações na prefeitura de Curitiba, destacam-se: reorganização do cadastro fiscal e a identificação de 35 mil propriedades que nunca haviam sido tributadas. Divisão da cidade em cinco zonas fiscais concêntricas. Criação do Mapa de Valores Tributários. Criação do Departamento de Planejamento e Urbanismo, depois transformado em IPPUC pelo Prefeito Ivo Arzua Pereira (62-67). (Estava nesse departamento o Sr. Saul Raiz [prefeito de Curitiba – 75-79].

Ney Braga assinou a lei que cria o Mercado Municipal de Curitiba (14 de outubro de 1955). O projeto é de Saul Raiz e a obra foi inaugurada em 1958, quando Ney Braga estará afastado da Prefeitura para participar das eleições a deputado federal.

Eletrificação nos bairros. Regulamentação do transporte urbano com a renovação da frota, implantação da tarifa social, criação de linhas e horários fixos e a pavimentação dessas linhas que ligavam o centro aos bairros, em especial a ligação do centro com o bairro de Santa Felicidade. Construção da Estação Rodoviária.

Organizou o 1º Festival do Cinema Nacional e criou a 1ª Comissão Cultural da Cidade. Reativou o Fundo de Educação, que previa a aplicação de parte da receita do município na construção de escolas municipais nos bairros.

Enfrentou grupos econômicos poderosos que queriam obter privilégios na ampliação da rede telefônica, mas com o apoio das principais lideranças da cidade conseguiu preservar os interesses da população e instalar o sistema automático de telefones, abolindo a central de chamadas.

Seu mandato na prefeitura foi de 15 de novembro de 1954 a 15 de novembro de 1958.[3][4][5]

Ascensão de um novo líder político

Em 1958 elegeu-se deputado federal pelo Partido Democrata Cristão (PDC). É o segundo deputado mais votado, só perdendo para Jânio Quadros, que se elege Deputado Federal pelo PTB do Paraná. Nesse mesmo ano rompe relacionamento com o ex-governador e cunhado Bento Munhoz da Rocha Neto. Daí em diante Ney Braga começará a construir sua liderança incontrastável. Formará um novo grupo político em torno de ideais democráticos e cristãos e com vistas à modernização econômica do Estado do Paraná. Seu primo, João António Braga Côrtes, morando em Apucarana, foi fundador de dezenas de sédes regionais do PDC - Partido Democrata Cristão no Norte do Paraná, Vale do Ivaí, o qual estruturou sua candidatura naquela Região a qual na época era a de maior densidade populacional do Estado. Em 1961 elege-se governador do Estado do Paraná e governará entre 1961 e 1965, agora já como uma das maiores lideranças políticas nacionais, do Partido Democrata Cristão. Em 1963 atinge o posto de general do Exército.

Construtor do Paraná moderno

Ney Braga inaugurando estação da Sanepar em 1965.

De 1961 a 1964 Ney Braga transforma o Estado do Paraná numa economia moderna. O estado viverá seu momento de maior prosperidade e de criação da infra-estrutura econômica que o caracterizará nos trinta anos seguintes. Ney Braga foi o responsável pela criação do Plano de Desenvolvimento Econômico do Paraná, projeto ousado de industrialização baseando em financiamento com recursos próprios do Estado.

Criou as seguintes empresas como instrumentos de apoio ao gigantesco projeto de modernização: Companhia de Desenvolvimento do Paraná (Codepar), depois de 1968 convertida em Banco de Desenvolvimento do Paraná (Banep); Companhia Agropecuária de Fomento Econômico do Paraná (Café do Paraná); Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar); Companhia de Informática do Paraná (Celepar); Telecomunicações do Paraná S/A (Telepar); e Fundação de Desenvolvimento Educacional do Paraná (Fundepar) para implementar o plano paranaense de educação.

Ney também fortaleceu a Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel); reestruturou o Banco do Estado do Paraná (Banestado); e asfaltou a Rodovia do Café, concretizando o primeiro importante esforço de ligação rodoviária do norte cafeeiro ao litoral do Estado, o que permitiu a efetiva ativação do Porto de Paranaguá e a integração física de “dois Paranás”: o norte cafeeiro e o litoral e planalto curitibano.[5][6][7][8]

Em palestra proferida no evento “70 anos de Serviço Social no Brasil”, realizado em 24 de outubro de 2006 na Universidade Estadual de Londrina, a professora Myrian Veras Baptista deu seu testemunho quanto a importância da Rodovia do Café para a integração do Estado nos anos 60:

"Bem, o meu marido é engenheiro construtor de estradas e, na década de 1960 nós viemos para o Paraná para a construção da Rodovia do Café, que liga o norte do Paraná com o porto de Paranaguá. Primeiro eu fui morar em Ponta Grossa, porque estava sendo feito aquele trecho da estrada. Quando nós tivemos que mudar para Londrina, para fazer este outro trecho, estávamos em março, nos finais das chuvas, quase à entrada do outono... Quando viemos, tinha havido um “chuvão”, e como não havia estrada asfaltada, o caminho estava intransitável. Para chegarmos em Londrina o caminhão da mudança teve que ir para São Paulo e entrar no Paraná por Jacarezinho - porque o norte do Paraná era ligado por rodovia asfaltada a São Paulo e, conseqüentemente, ao porto de Santos. Todo escoamento da produção do norte do Paraná se fazia pelo porto de Santos. O governador do Paraná, na época, Ney Braga, assumiu como uma das primeiras medidas, o projeto da Rodovia do Café. Nós viemos para cá por causa dela - eu morei um ano em Ponta Grossa e, depois, vim para Londrina."[9]

Regime militar e afirmação política

Em 1964 cai o regime democrático no Brasil. As forças armadas assumem os destinos políticos do Brasil. Ney Braga, como poucos, pode conciliar sua formação militar ao seu carisma e talento político. Desde o início do regime militar ocupará postos chaves na nova estrutura de poder do Estado brasileiro trazendo amplos benefícios ao Estado. Será o escolhido para assumir o Ministério da Agricultura do presidente e marechal Humberto de Alencar Castelo Branco e lá ficará de 19 de novembro de 1965 a 12 de agosto de 1966. Nesse período, assinou o regulamento da lei que institucionalizou o Crédito Rural e a lei que estabeleceu normas para a implantação da Reforma Agrária.[10][11]

No ano seguinte (1967) foi eleito senador do Paraná pela ARENA (Aliança Renovadora Nacional). Esse é um período crítico na vida política brasileira. Em 1968, Ney faz parte de um grupo de senadores da ARENA que se manifesta publicamente contra o Ato Institucional n. 5 (AI-5). Mesmo sendo militar, Ney era convicto democrata, e, por sua oposição ao AI-5, foi inclusive ameaçado de cassação, permanecendo no ostracismo político durante o governo de Emílio Médici.[6][7][12][13][14] Foi senador até 1974, quando assumiu o Ministério da Educação do Governo Ernesto Geisel, de 15 de março de 1974 a 30 de maio de 1978, tendo criado o Crédito Educativo, o Fundo de Assistência ao Atleta Profissional, o Conselho Nacional de Direitos Autorais, a Lei do Estágio, o Concine, a Funarte e diversos incentivos às artes e cultura brasileiras, com total reconhecimento do meio artístico nacional.[15][16][17][18] Ney Braga volta a ser governador do Estado do Paraná por eleições indiretas, de 1979 a 1982.[7]

Segundo Governo

Ney voltou ao governo do Paraná em 1979 para um novo período de operosa administração voltada para o aumento da renda per capita do paranaense e para o desenvolvimento social do Estado. Sua segunda gestão dedicou particular atenção à interiorização do apoio à produção, a melhorias do setor de transportes, a reativação do porto de Antonina, a definição do traçado da Ferrovia da Soja, a legalização de 46 mil propriedades rurais e a construção de 26 mil casas populares. Em seu segundo governo, também tiveram início o Programa de Ação Municipal (Pram), no qual a sociedade organizada e os poderes municipais decidiam quais investimentos de infra-estrutura urbana seriam financiados pelo programa, e o Projeto Integrado de Apoio ao Pequeno Produtor Rural(Pró-rural).[7]

A criação da Secretaria da Cultura e do Esporte, da Secretaria do Desenvolvimento Urbano (primeira do Brasil), assim como do Programa do Voluntariado Paranaense (PROVOPAR) foram outros pontos altos de seu segundo governo.[19][20]

Ney Braga inaugurando creche em 1980.

Entre os espetáculos teatrais produzidos por sua administração, está “O Grande Circo Místico”, com trilha sonora composta por Chico Buarque e Edu Lobo para o Balé Teatro Guaíra. Preparada durante todo o ano de 1982, a produção estreou em março de 1983.[21][22][23]

Nesse período, o Paraná também se destacou pelo seu programa de vacinação contra a poliomielite e pelos seus programas de saúde materno-infantil (mais especialmente o planejamento familiar, a prevenção do câncer ginecológico, a saúde escolar e o aleitamento materno) coordenados pela Dra. Zilda Arns a convite do então Secretário da Saúde Oscar Alves, que também organizara o Programa Estadual de Combate ao Fumo.[24][25] E foi criado o Centro de Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (HEMEPAR).[26][27]

Durante a segunda gestão Ney Braga, o governo do estado do Paraná lançou a campanha “Zequinha - O ICM das Crianças” com a intenção de aumentar a arrecadação de impostos.[28][29] Postos autorizados distribuíam álbuns e figurinhas ao público em troca da primeira via de notas fiscais ao consumidor. Aqueles que completavam o álbum recebiam um cupom numerado para concorrer a vários prêmios.

Ainda no segundo governo Ney Braga, a Copel idealizou um programa de eletrificação rural com custos razoavelmente baixos para os proprietários rurais. Batizado de Clic Rural, o programa foi financiado pelo Banco Mundial e implantado pelos governos que o sucederam.[30][31][32] Foi conquistada para a Copel a concessão e iniciadas as atividades de projeto da então Usina de Segredo, hoje Usina Hidrelétrica Governador Ney Aminthas de Barros Braga.[33] E, um ano e meio depois de iniciado o segundo governo Ney Braga, foi inaugurada e começou a operar a então denominada Usina Hidrelétrica de Foz do Areia.[34]

Em abril de 1982, o Paraná conquistou o domínio de uso da Ilha do Mel através da Portaria nº160/82 e desde então, a administração da Ilha é responsabilidade do Governo do Estado.[35]

Candidatura ao Senado e presidência da Itaipu

Em 1982, Ney Braga tenta mais uma vez eleger-se senador. Seu vínculo com as forças armadas é a principal causa de não ter sido eleito. Ao se desincompatibilizar para concorrer ao senado, Ney passa o cargo de governador a seu vice-governador, José Hosken de Novaes. Ao contrário do que ocorre muito frequentemente na política, Hosken de Novaes apoiou os candidatos da situação sem favorecê-los com recursos públicos e entregou as contas do governo do estado perfeitamente em ordem, fato esse que é reconhecido publicamente por seus adversários políticos.[36]

Governador Ney Braga e Presidente Tancredo Neves

Em 1984, Ney Braga apoiou a Emenda Dante de Oliveira, das Diretas Já, como então coordenador da campanha de Aureliano Chaves para a presidência. Segundo Ney, a aprovação da Dante de Oliveira era uma cartada decisiva para Aureliano, que não teria chance alguma pela via indireta. Naquele mesmo ano, ajuda a fundar junto com Aureliano a Frente Liberal, que depois se tornou o Partido da Frente Liberal, para apoiar Tancredo Neves para Presidente da República.[37]

Em 1985, Tancredo Neves convida Ney Braga para assumir a presidência da Itaipu Binacional, maior usina hidrelétrica do mundo, onde ele encerra sua carreira política em 1990.[7] Quando o ex-governador assumiu, Itaipu supria menos de 5,0% da energia que era consumida nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Quando saiu, a usina supria sózinha 28% de todo o consumo daquelas regiões. Além da criação do Ecomuseu, a gestão Ney Braga preocupou-se com a reprodução em cativeiro de aves e animais a fim de repovoar as matas com essas espécies. A margem brasileira do lago foi reflorestada para proteger suas águas e seus peixes da ação dos agrotóxicos das lavouras vizinhas assim como para proteger as lavouras da ação dos ventos e neblina do lago.[38] Ney Braga também assinou o ato de constituição da Fundação Itaipu – BR de Previdência e Assistência Social (FIBRA), assegurando a qualidade de vida dos funcionários e de seus familiares assim como amparando-os ao final da sua carreira profissional.[39]

Seu nome nunca esteve ligado a nenhum escândalo. Apesar de todo seu contato com o poder, encerrou sua carreira política residindo na mesma casa onde sempre morou em Curitiba, modestamente e sem fortuna.[40][41][42]

Ney Braga não deixou sucessores políticos mas é considerado o principal formador de lideranças políticas no estado, dentre governadores, prefeitos, deputados, senadores e ministros da República.[43] É comum ouvir a expressão "braguismo" para se referir a um grupo político e intelectual ligado ao modelo desenvolvimentista e cristão que se desenvolveu em torno de sua autêntica liderança. Seu maior legado foi a ética na política e a disposição para modernizar o estado do Paraná, tendo liderado um movimento de defesa dos interesses do estado do Paraná, conhecido como paranismo. Não há dúvidas que há um Paraná de antes e um Paraná após Ney Braga.[44][5][45]

Morte

Sua morte ocorreu em consequência de um câncer ósseo.[46]

Referências

  1.  Câmara Municipal de Castro. «Homenagem a Ney Braga». Consultado em 5 de março de 2016. Arquivado do original em 3 de março de 2016
  2.  Celso Castro. «Os militares e o segundo governo Vargas»FGV CPDOC. Consultado em 5 de março de 2016
  3.  Prefeitura Municipal de Curitiba. «Relação dos Prefeitos de Curitiba». Consultado em 5 de março de 2016
  4.  Cidades do Brasil (abril de 1999). «Curitiba, 306 anos»Cidades do Brasil. Consultado em 5 de março de 2016. Arquivado do original em 12 de janeiro de 2015
  5. ↑ Ir para:a b c Aline Peres (28 de dezembro de 2008). «Ney Braga, ou a arte de fazer amizades»Gazeta do Povo. Consultado em 5 de março de 2016
  6. ↑ Ir para:a b Rhodrigo Deda (21 de junho de 2009). «Ex-governador Ney Braga recebe homenagem da Fiep»Gazeta do Povo. Consultado em 5 de março de 2016
  7. ↑ Ir para:a b c d e Governo do Estado do Paraná. «Governadores do Estado do Paraná». Consultado em 5 de março de 2016
  8.  Copel (outubro de 1969). «Copel completa 15 anos» (PDF)Boletim da Copel. Consultado em 5 de março de 2016
  9.  Myrian Veras Baptista (24 de outubro de 2006). «Relembrando Histórias»Serviço Social em Revista. Consultado em 5 de março de 2016
  10.  República Federativa do Brasil (10 de maio de 1966). «Aprova o Regulamento da Lei que Institucionaliza o Crédito Rural»Decreto nº 58.380, de 10 de maio de 1966. Consultado em 5 de março de 2016
  11.  República Federativa do Brasil (6 de abril de 1966). «Dispõe sobre o Sistema de Organização e Funcionamento do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária»Lei nº 4.947, de 6 de abril de 1966. Consultado em 5 de março de 2016
  12.  Elio Gaspari (6 de agosto de 2014). «Dilma Roussef, mulher de sorte»O Globo. Consultado em 5 de março de 2016
  13.  «Ney Braga, marco de uma era»O Paraná. 19 de julho de 2009. Consultado em 5 de março de 2016
  14.  «Senado lança biografia de Ney Braga»Bem Paraná. 14 de março de 2008. Consultado em 5 de março de 2016
  15.  República Federativa do Brasil (7 de dezembro de 1977). «Dispõe sobre o Estágio de Estudantes»Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977. Consultado em 5 de março de 2016
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  17.  República Federativa do Brasil (16 de março de 1976). «Cria o Conselho Nacional de Cinema - CONCINE»Decreto nº 77.299, de 16 de março de 1976. Consultado em 5 de março de 2016
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  19.  Arquivo Público do Paraná. «Seleção Cronológica de Leis, Decretos e Regulamentos do Paraná (1853 - 2002)». Consultado em 5 de março de 2016
  20.  Paola Carriel (28 de abril de 2010). «Ex-primeira-dama Nice Braga é enterrada»Gazeta do Povo. Consultado em 5 de março de 2016
  21.  Aramis Millarch (9 de maio de 1989). «O circo místico (e mágico) na maturidade de um ballet»Estado do Paraná. Consultado em 5 de março de 2016
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  26.  SESA (20 de novembro de 2012). «No aniversário do Hemepar, Amyr Klink destaca o valor da solidariedade»Notícias da SESA. Consultado em 5 de março de 2016
  27.  Agência da Notícias do Paraná (6 de maio de 2014). «Ônibus de coleta de sangue do Hemepar recebe doações de funcionários do governo». Consultado em 5 de março de 2016
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Erasto Gaertner (Curitiba, 24 de abril de 1900 — 19 de maio de 1953)

 Erasto Gaertner (Curitiba24 de abril de 1900 — 19 de maio de 1953)


Erasto Gaertner
Erasto Gaertner
Deputado federal pelo Paraná
Período5 de fevereiro de 1946
26 de março de 1951
49.º Prefeito de Curitiba
Período29 de dezembro de 1951
19 de maio de 1953
Dados pessoais
Nascimento24 de abril de 1900
CuritibaPR
Morte19 de maio de 1953 (53 anos)
CuritibaPR
PartidoUDN
Profissãomédico

Erasto Gaertner (Curitiba24 de abril de 1900 — 19 de maio de 1953) foi um médico e político brasileiro. Foi deputado federal constituinte em 1946 e prefeito de Curitiba entre 1951 e 1953, ano em que faleceu no exercício do cargo.[1][2][3] Foi o idealizador do Hospital Erasto Gaertner, batizado em sua homenagem em 1955 e hoje considerado o maior centro de tratamento de câncer no Sul do Brasil.[


Neto do pastor teuto-brasileiro Johann Friedrich Gaertner (1808-1869), fundador da Igreja Luterana no Paraná[5], e filho de Luís Gaertner e Maria Tertuliana Fagundes dos Reis, Erasto Gaertner concluiu o curso secundário em 1917, e logo após foi nomeado para trabalhar nos Correios e Telégrafos.[1]

Em 1920, Gaertner ingressou na Faculdade de Medicina do Paraná. Em 1923 transferiu-se para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, formando-se em 1925.[1]

Carreira médica

Gaertner especializou-se em Cirurgia Geral, efetuando o aperfeiçoamento médico em cursos na Europa. Aos 27 anos tornou-se professor da Faculdade de Medicina em Curitiba. Além de professor universitário, foi diretor do Departamento Médico Legal do Paraná e do Leprosário São Roque. Fundou o Instituto de Medicina do Paraná e a Liga Paranaense de Combate ao Câncer.[1]

Carreira política

Em 1934 foi eleito deputado estadual, cargo este que ocupou até 1937, quando ocorre o Estado Novo de Getúlio Vargas. Ajudou a fundar a União Democrática Nacional e com este partido foi eleito deputado federal em 1945. Ao terminar o mandato na Câmara dos Deputados, ocupou uma das pastas de secretário de estado do governador Bento Munhoz da Rocha Neto.[1]

Em 3 de outubro de 1951, tornou-se prefeito da cidade de Curitiba[1]. Em seu mandato, idealizou o Hospital do Câncer (que atualmente é denominado de "Hospital Erasto Gaertner"[6]). Outro benefício para a cidade, foi a importação, direto da Alemanha, da primeira usina de asfalto da cidade, montada onde hoje fica o Teatro Paiol.[7]

Além do hospital, batizado em 1955 com o seu nome, a antiga avenida Nossa Senhora da Luz (em Curitiba) teve sua denominação alterada para "Avenida Professor Erasto Gaertner"[8], como homenagem do povo curitibano ao médico e político paranaense.

Colaboração com Gilberto Freyre

Erasto Gaertner colaborou com o sociólogo brasileiro Gilberto Freyre na obra "Ordem e Progresso", publicada em 1957. Freyre destaca o testemunho de Gaertner como "interessantíssimo para o estudo da aculturação, no Brasil do princípio do século XX, de um neto de pastor luterano".[9]

Em "Ordem e Progresso", o médico paranaense destaca que sua trajetória profissional na medicina e depois na política partidária foi sempre pautada pelo combate às desigualdades sociais, bem como pela promoção da educação e da saúde pública universal como elementos-chave do desenvolvimento econômico e social do Brasi[10].

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c d e f Erasto Gaertner: Um lutador incansável por nobres causasALVES, Ernani Simas. Curitiba: Fundação Santos Lima, 1990. XXXV, 471p., il., 22cm. (Galeria médica do Paraná; v. 12). ISBN 8585132507
  2.  Relação dos Prefeitos de Curitiba Arquivado em 12 de outubro de 2010, no Wayback Machine. Casa da Memória - visitado em 10 de junho de 2011
  3.  Biografias dos Prefeitos de Curitiba de 1693 a 201 Site RedeCeape - visitado em 10 de junho de 2011
  4.  «Paraná apoia ação de motociclistas em prol do Hospital Erasto Gaertner»/
  5.  FREYRE, Gilberto. "Ordem e Progresso". São Paulo: Global, 2004.
  6.  Lei Ordinária nº 1363/1956 Site da Câmara Municipal de Curitiba - visitado em 10 de junho de 2011
  7.  Biografias dos Prefeitos de Curitiba de 1693 a 201 Site RedeCeape - visitado em 10 de junho de 2011
  8.  Lei Ordinária nº 1713/1958 Site da Câmara Municipal de Curitiba - visitado em 10 de junho de 2011
  9.  FREYRE, Gilberto. Op.cit.
  10.  FREYRE, Gilberto. Op.cit.

Comendador José Borges de Macedo (Castro, 1791 – Curitiba, 4 de agosto de 1851)

 Comendador José Borges de Macedo (Castro1791 – Curitiba4 de agosto de 1851)


José Borges de Macedo
Litografia de José Borges de Macedo, primeiro prefeito de Curitiba
CidadaniaBrasil
Ocupaçãopolítico,

Comendador José Borges de Macedo (Castro1791 – Curitiba4 de agosto de 1851) foi um comerciante e político brasileiro. É considerado o primeiro prefeito de Curitiba e o único a exercer o cargo no período em que a cidade e o Brasil estiveram sob o regime monárquico.

Biografia

Vida e obra

José Borges de Macedo foi o segundo filho do capitão Cirino Borges de Macedo e d. Rosa Maria e Silva e seu nascimento ocorreu na cidade de Castro (interior do Paraná) sendo batizado no dia 1º de setembro de 1791. Fez seus primeiros estudos em sua cidade natal e na infância viu o pai ser camarista da cidade em várias oportunidades entre os anos de 1795 a 1800. O capitão Cirino chegou a ocupar o cargo de Juiz Presidente da cidade (na época, cargo equivalente ao de prefeito) em 1814.

Seguindo os passos de seu pai, José é eleito vereador da Câmara Municipal de Castro no ano de 1814 e pouco depois transfere residência para a cidade de Curitiba.

Homem de vida agitada e intensa, José exerceu, na então pequena “Villa de Coretiba”, vários cargos públicos e paralelamente possuiu um pequeno comércio de secos e molhados no edifício localizado, na atualidade, no largo da ordem (Centro Histórico de Curitiba) e que já foi conhecido por “Casa Vermelha”.

Sua primeira atividade pública em Curitiba foi na condição de Procurador da Câmara Municipal, sendo nomeado em 20 de março de 1819.

No dia 1º de setembro de 1822 o então Procurador da Câmara casou-se com d. Maria Rosa Floriano de Lima e deste casamento nasceram nove filhos.

José teve, ao todo, onze filhos, sendo que os dois primeiros (duas meninas) foram em sua época de solteiro e consta que não houve problemas de reconhecimento, já que em seu testamento é citados o nome de ambas.

Sua esposa faleceu em 2 de novembro de 1844.

Em 11 de março de 1833 fez juramento, com a mão direita sobre os Evangelhos, na condição de cumprir as obrigações assumidas no cargo de Juiz de Paz e no desempenho desta função fez crescer, entre os curitibanos, o apreço e a imagem de homem correto e justo. Entre 1833 e 1835 fez parte da comissão que delimitou as divisas das cidades de Campo Largo, Curitiba e Palmeira.

A Assembléia Legislativa Provincial de São Paulo, reorganizando as administrações municipais, criou o cargo de Prefeito ao decretar a lei n° 18 de 11 de abril de 1835. Este cargo, inexistente no período monárquico, sobrepunha ao de Juiz Presidente na condição que o Prefeito tinha mais poderes e status.

Em 21 de julho de 1835 a Câmara Municipal de Curitiba enviou ofício ao governo provincial informando da escolha do então Juiz de Paz, José Borges de Macedo, como novo Prefeito da “Villa de Coretiba”. Sua posse ocorreu em 27 de julho na presença de seis camaristas e alguns fiscais em cerimônia desigual aos atuais dias em virtude da simplicidade que revestiu-se o ato de posse.

O primeiro prefeito curitibano exerceu o mandato até 24 de março de 1838, data que a Câmara Municipal recebeu ofício do governo provincial informando que a Lei n° 4 de 29 de janeiro de 1838 revogava a lei que criou o cargo nos municípios da província. O último ato do Prefeito Borges de Macedo foi ao dia 23 de março quando este enviou ofício para o prefeito da Lapa informando da remessas de armas e munições à cidade para o reforço e devidos cuidados na defesa do município em face às ameaças dos revolucionários Farrapos em invadir as fronteiras da província.

Em 24 de fevereiro de 1840 José assumiu o cargo de Juiz Municipal, interinamente, e também ficou como 1° suplente de Juiz de Órfãos.

Em 9 de janeiro de 1841 assumiu, pela segunda vez, o cargo de Juiz de Paz da vila, exercendo esta função até março de 1842. Em 8 de março de 1842 assumiu a administração dos Correios, exercendo a função até 16 de agosto deste mesmo ano.

Em 14 de junho de 1842, quando ainda estava na administração dos Correios, assumiu uma cadeira na Câmara Municipal de Curitiba. Como vereador, ficou até outubro de 1844, quando pediu afastamento para exercer novo desafio que lhe fora oferecido. Em 8 de outubro de 1844 assumiu o cargo de Delegado de Polícia da cidade.

Em 17 de março de 1846 voltou a frequentar as sessões da Câmara e logo assumiu a presidência da mesma.

Com a morte do Juiz de Órfãos e sendo o seu 1° suplente, assumiu em 12 de setembro de 1846 este cargo, bem como, nesta mesma data também assumiu o cargo de Inspetor Escolar sem se afastar da presidência da Câmara.

Em dezembro de 1848 novo afastamento da Câmara e do cargo de Juiz para assumir a função de Coletor de Impostos e em negociações de bastidores, reassumiu o seu cargo de vereador e ao mesmo tempo a Presidência da Câmara, em 30 de julho de 1849.

A influência política que José exercia na Curitiba de 1850 (sendo ele do antigo Partido Libertador, de oposição) era tamanha que o partido de situação (o Partido Conservador), preocupado com as eleições daquele ano, articulou uma maneira de afastá-lo da cidade neste período e assim o Partido Conservador moveu uma ação judicial contra o Presidente da Câmara e quatro camaristas. José, que era o Presidente nesta ocasião, foi afastado do cargo e transferido, sob escolta da Cavalaria de 1° Linha do Rio de Janeiro, até a cidade de Morretes, em 3 de setembro de 1850, ficando sob a responsabilidade do delegado de polícia local. Seu retorno a Curitiba só se deu alguns dias depois, em 16 de setembro e justamente após as eleições. Desta ação judicial nada foi comprovado que desabonasse a sua imagem.

Falecimento e homenagens

Durante a década de 1840, José e outros ilustres políticos de Curitiba, Paranaguá e região, lutaram, intensamente, em prol da emancipação da província. Esta reivindicação só ocorreu no ano de 1853, porém, sem um dos seus ferrenhos articuladores, pois José Borges de Macedo faleceu na segunda feira, 4 de agosto de 1851, aos 60 anos de idade, conforme consta em seu documento de óbito (em português da época):

“Aos quatro dias do mes d’Agosto de mil oitocentos e cincoenta e hum, falleceu da Vida prezente “de molestia interna” o Alferes José Borges de Macedo, viúvo de Dona Maria Rosa de Lima, natural da Villa de Castro, e freguez desta Parochia de Curytiba, idade de cincoenta años; não reçebeo Sacramento por morrer subitamente; foi sepultado na Ordem Terceira de São Francisco, fez testamento; disse Missa de Corpo Presente; findo Officio, foi solemnemente recomendado. Do que fiz assento. O vig.° Encomend.° Mathias Carneiro Mendes”.[3]

Em vida José foi agraciado com a Comenda da Ordem de Cristo, por determinação do Barão de Mont’Alegre, (então presidente da província de São Paulo) em 1842.

No ano de 1879 a Câmara Municipal de Curitiba concedeu homenagem póstuma quando denominou uma das vias centrais de Rua Borges de Macedo, porém, com a aprovação da Lei n° 155 de 9 de outubro de 1905 a Rua Borges de Macedo é renomeada para Rua Ébano Pereira (em homenagem ao fundador de Curitiba) e assim o primeiro prefeito da capital paranaense ficou esquecido por longos 60 anos.

Somente em 4 de agosto de 1965 a Câmara Municipal de Curitiba, por proposição de seu Presidente Erondy Silvério, que insere na Ata da Sessão um voto de homenagem à memória do Comendador José Borges de Macedo no dia do seu 114° aniversário de falecimento. Este voto de homenagem na Câmara propiciou uma nova lei que ao ser sancionada determinou que o nome do primeiro prefeito de Curitiba batizasse um logradouro e em 13 de dezembro de 1965 foi inaugurada a placa de bronze na nova Praça José Borges de Macedo, praça esta localizada ao lado da Praça Tiradentes (antigo Largo da Matriz).

Referências

  1.  Relação dos Prefeitos de Curitiba de 1835 a 2004 Casa da Memória Arquivado em 12 de outubro de 2010, no Wayback Machine.
  2.  CARNASCIALI, Juril. O que se passa na sociedade. Gazeta do Povo, Curitiba, 25 jul, 1965
  3.  Livros de óbitos n° 4, fl 102 - Catedral Metropolitana de Curitiba (em grafia arcaica)

Década de 40 - Passaúna Nas primeiras décadas de construção de Araucária, enquanto havia grupos de imigrantes chegando para povoar o Município recem emancipado, duas indústrias eram a mola mestra de nosso progresso: as primeiras foram as serrarias, devido ao grande número de árvores derrubadas para limpeza dos terrenos e em consequência para construção de casas e celeiros, a outra foram as Olarias, que também sempre souberam como utilizar a matéria prima oferecido em abundância pela propria natureza. Uma das Olarias estabelecidas em Araucária, que mantinha um grande número de empregados tinha como seu primeiro proprietário o Sr.Gabriel Pires. Esta indústria durante muitos anos manteve grande número de empregados e atendeu ao comércio local e outras cidades do Estado. Na década de 40 após a chegada da Família Michel, o Sr.Gabriel Pires vendeu a olaria para a Família que até hoje mantem este patrimônio, que muitos conhecem como a Olaria dos Michel em Passauna. Foto do acervo do Arquivo Fotográfico Municipal Archelau de Almeida Torres

 Década de 40 - Passaúna
Nas primeiras décadas de construção de Araucária, enquanto havia grupos de imigrantes chegando para povoar o Município recem emancipado, duas indústrias eram a mola mestra de nosso progresso: as primeiras foram as serrarias, devido ao grande número de árvores derrubadas para limpeza dos terrenos e em consequência para construção de casas e celeiros, a outra foram as Olarias, que também sempre souberam como utilizar a matéria prima oferecido em abundância pela propria natureza.
Uma das Olarias estabelecidas em Araucária, que mantinha um grande número de empregados tinha como seu primeiro proprietário o Sr.Gabriel Pires. Esta indústria durante muitos anos manteve grande número de empregados e atendeu ao comércio local e outras cidades do Estado.
Na década de 40 após a chegada da Família Michel, o Sr.Gabriel Pires vendeu a olaria para a Família que até hoje mantem este patrimônio, que muitos conhecem como a Olaria dos Michel em Passauna.
Foto do acervo do Arquivo Fotográfico Municipal Archelau de Almeida Torres


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"Obras de canalização do Rio Belém, no terreno da atual Estação Rodoferroviária, em setembro de 1949. Um pouco mais adiante deste local, embaixo do viaduto Colorado, encontra-se a foz do Rio Ivo, desaguando suas águas turvas no curso do Belém". Fotografo: Arthur Júlio Wischral Coleção: Fundo Casa da Memória de Curitiba/PR (FCC)

 "Obras de canalização do Rio Belém, no terreno da atual Estação Rodoferroviária, em setembro de 1949.
Um pouco mais adiante deste local, embaixo do viaduto Colorado, encontra-se a foz do Rio Ivo, desaguando suas águas turvas no curso do Belém".


Fotografo: Arthur Júlio Wischral
Coleção: Fundo Casa da Memória de Curitiba/PR (FCC)

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Enchente do rio Belém, na Av. Cândido de Abreu, altura da firma Müeller Irmãos e Cia. (atual Shopping Müller), em 1911. Fotógrafo: não identificado. Fonte: Casa da Memória de Curitiba/PR – FCC. Coleção Júlia Wanderley – Inst. Histórico Geográfico e Etnográfico do Paraná.

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Fotógrafo: não identificado.
Fonte: Casa da Memória de Curitiba/PR – FCC.
Coleção Júlia Wanderley – Inst. Histórico Geográfico e Etnográfico do Paraná.

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*Desde a inauguração do Passeio Público de Curitiba, em 1886, até 1965, seu lago era abastecido pelas águas do rio Belém. Em razão do alto índice de poluição desse rio, seu curso foi desviado - e canalizado - para a rua Luiz Leão, ao lado do parque. A partir de 1965 - até os dias atuais - as águas de um poço artesiano preenchem o volume da lagoa que integra o mais antigo parque da capital.

 *Desde a inauguração do Passeio Público de Curitiba, em 1886, até 1965, seu lago era abastecido pelas águas do rio Belém. Em razão do alto índice de poluição desse rio, seu curso foi desviado - e canalizado - para a rua Luiz Leão, ao lado do parque. A partir de 1965 - até os dias atuais - as águas de um poço artesiano preenchem o volume da lagoa que integra o mais antigo parque da capital.


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Rio Belém. Bairro São Lourenço e Ahú, 1995 Foto aérea das obras de canalização. Fotógrafo: Carlos Ruggi Fonte: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

 Rio Belém.
Bairro São Lourenço e Ahú, 1995
Foto aérea das obras de canalização.
Fotógrafo: Carlos Ruggi
Fonte: Arquivo Público Municipal de Curitiba.


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Rio Belém Curso d´água antes de sua canalização. Av. Mariano Torres, centro da cidade, em 1960. Fotógrafo: Arthur Julio Wischral Fonte: Casa da Memória de Curitiba - FCC

 Rio Belém
Curso d´água antes de sua canalização.
Av. Mariano Torres, centro da cidade, em 1960.
Fotógrafo: Arthur Julio Wischral
Fonte: Casa da Memória de Curitiba - FCC


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Avenida Presidente Kennedy 1964, lá no fundo a igreja ucraniana.

 Avenida Presidente Kennedy 1964, lá no fundo a igreja ucraniana.


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