domingo, 9 de maio de 2021

História de Guaraqueçaba

 

Até a primeira metade do século XVI, os únicos habitantes da região eram os grupos indígenas, que se distribuíam pelos estuários e baías do litoral paranaense, principalmente às margens da baía de Paranaguá.

Inicialmente, a região era habitada por tupiniquins, tendo, mais ao sul do litoral paranaense e norte catarinense, a frequente presença de índios carijós, hábeis em descer do planalto à planície litorânea pelo caminho de Peabiru e seus ramais.

Esse antigo caminho indígena ligava o Império Inca localizado nas cordilheiras dos Andes ao litoral paulista, com ramificações para o litoral paranaense e catarinense. Por meio dessas ramificações, as nações indígenas nômades iam do litoral para o planalto e vice-versa.

No começo do século XVI, os carijós pertencentes ao tronco Tupi-Guarani, ocupavam toda a costa sul do Brasil, desde a barra de Cananéia até o Rio Grande do Sul. Registros históricos estimam que havia de 6 a 8 mil Carijós no litoral paranaense desenvolvendo atividades de lavoura e pesca. No litoral, as atividades cotidianas incluíam a caça, a pesca, coleta de ostras, mexilhões, bacucus, caranguejos, etc. Prova da presença desses povos antigos, são os vestígios deixados, chamados de sambaquis (Depósito natural de cascas de ostras e outras conchas) encontrados ora na costa, ora em lagoas ou rios. Em Guaraqueçaba, ainda se encontram vários sambaquis em bom estado de conservação.

Com o achamento do Brasil, pelos portugueses, em 22 de Abril de 1500, e a fundação da colônia de São Vicente, em 1532, no litoral paulista, partiram as primeiras expedições de exploração ao complexo estuarino de Cananéia, Iguape e Paranaguá. A história refere-se à presença, em 1545, de colonos lusos estabelecidos em Superagui e, entre 1550 a 1560, na Ilha da Cotinga.

No dia 18 de Novembro de 1547, ao tentar esconder-se de uma tempestade, o navegador alemão, Hans Staden, se abriga no canal do Superagui, onde encontrou ali índios tupiniquins e dois portugueses náufragos. Esse navegador descreveu o que viu: índios usando peles de animais ferozes para se proteger do frio. Seu relato de viagem, do ano de 1556, apresenta a primeira carta da baía de Paranaguá.

Posteriormente, na intenção de capturar índios para escravizá-los, portugueses, vindos do litoral paulista, chegaram à BAÍA DE GUARAQUEÇABA e ali descobriram ouro nos rios Ribeira, Açungui e Serra Negra; fixaram-se na região, iniciando assim, as atividades de mineração no Brasil.

Em 1614, Diogo de Unhatte, tabelião da ouvidoria de São Vicente, obteve, de Pero Cubas, a sesmaria, denominada Paranaguá, localizada entre os rios Ararapira e Superagui – atual município de Guaraqueçaba. Povoamento mais efetivo, pelos europeus, se deu no século XVII, através da atuação do capitão-mor, Gabriel de Lara.

Outro grupo de portugueses, os chamados bandeirantes, vindo de São Paulo, instalou-se às margens dos rios da baía de Guaraqueçaba. Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, nesse mesmo século, encerra-se o ciclo de mineração nessa região e as comunidades se mantiveram por meio da agricultura de subsistência. A população foi crescendo e o cultivo e comércio de arroz, cana-de-açúcar, aipim, banana, café, milho e feijão se intensificaram.

No século XVIII, fazendas de comercialização de produtos agrícolas e madeira cresceram com o trabalho escravo, inclusive, os produtos eram exportados para a Argentina e o Paraguai, sendo transportados, pelo rio, em canoas e pequenas embarcações, até o porto de Guaraqueçaba ou Paranaguá, onde eram comercializados. Nesse período, a região sofreu a influência cultural de europeus e africanos.

Em 1838, Cypriano Custódio de Araujo e Jorge Fernandes Corrêa, antigos proprietários de terras, construíram a Capela do Bom Jesus dos Perdões, na encosta do Morro Quitumbê. Em torno da capela surgiram habitações e, em pouco tempo, a povoação nascente ganha direito e privilégios. Elevado à freguesia em 1854, mas somente gozando do predicamento de Vila, no ano de 1880. Em 1938, a Vila foi extinta e anexada como Distrito ao Município de Paranaguá. Voltou a figurar como município autônomo, em 1947.

Em meados do século XIX, quando o Paraná elevou-se a categoria de Estado, muitos imigrantes europeus, principalmente suíços, italianos e franceses, instalaram-se em Superagui, onde desenvolveram agricultura com uso de canais de irrigação. Produziram arroz, uva para fabricação de vinho, café e mandioca.

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