domingo, 9 de maio de 2021

História de Pontal do Paraná

 

PERÍODO 1500 – 1820

As únicas informações concisas sobre o início da colonização do litoral paranaense devem-se a Vieira dos Santos (1850), segundo o qual os primeiros povoadores da Baía de Paranaguá vieram de Cananéia (transformada em vila em 1587) através de pequenas embarcações pelo Varadouro Velho, chegando até Superagui.

A expedição de Gonçalo Coelho, de 1501, havia deixado portugueses e castelhanos na região de Cananéia, que logo começaram a conviver com os índios ali existentes, os Carijós, e a explorar as áreas vizinhas (provavelmente bem conhecida pelos índios). Supõe-se que estes europeus se miscigenaram com os índios, pois até a chegada de Martim Afonso de Souza, o primeiro colonizador oficial em 1531, “bem poderia haver para mais de 100 pessoas mestiças, entre filhos e netos que aqueles colonos ali propagaram” (Vieira dos Santos1850).

A ocupação inicial do litoral paranaense ocorreu na Ilha da Cotinga na Baía de Paranaguá, no lado voltado para a Ilha Rasa da Cotinga (chefiados por Domingos Gonçalves Peneda). Índios também vindos de Cananéia serviram de intérpretes entre os europeus e os povos que viviam nessa região.

PERÍODO 1820 – 1950

A ligação entre Paranaguá e demais localidades ao sul provavelmente era efetuada através de barcos até Pontal do Sul, seguindo-se de carro de boi pela praia até Matinhos, como descrito pelo naturalista francês August de Saint-Hilaire (1978) em 1820:
“Partimos de Paranaguá no dia 3 de abril, em duas canoas, uma com dois remadores e a outra com três. Depois de deixarmos o Rio de Paranaguá (Itiberê, N.A.), entramos num canal que segue mais ou menos na direção do sul da baía e é limitado de um lado pela terra firme e do outro por uma série de ilhas. Em breve perdemos de vista a cidade.

Ao longe avistávamos a Serra coroada de nuvens, que passam céleres, ora deixando à mostra os picos, ora ocultando-os.Nossas canoas avançavam velozmente, deixamos para trás a parte montanhosa da Ilha da Cotinga e fomos costeando a sua extremidade que dá para o mar, onde as terras são baixas e cobertas por mangues. Após essa ilha vem a Ilha Rasa, plana, como o seu nome indica.

A Ilha do Mel, que vem em seguida, avança até a entrada da baía. É na ponta dessa ilha que foi construído o fortim que defende a barra. À medida que avançamos, o canal de navegação se alarga. Assim como a Ilha Rasa e a Ilha do Mel, a terra firme é orlada por mangues, mas se vêem nelas, de vez em quando, quase à beira da água, pequenos sítios cobertos de telhas, diante dos quais se acham várias canoas.A ponta de terra sobre a qual já disse algumas palavras, que é chamada de Pontal, foi o lugar onde desembarcamos.

Fui recebido por um cabo de milícia que comandava um destacamento acantonado nas imediações. Esse homem recebera ordem de cuidar para que chegassem a tempo as carroças que iriam levar a mim e ao meu pessoal a Caiobá. Todos foram pontuais. As carroças pertenciam a alguns fazendeiros das vizinhanças, eram grandes e puxadas por duas juntas de bois, sendo cobertas por um trançado feito de varas de bambu sobre o qual havim sido colocadas algumas folhas de bananeira amarradas em cipó.

Não havia em Pontal nem casas, nem vegetação; nada mais existia ali a não ser areia pura. Logo que desembarcamos acendemos um fogo para cozinhar o feijão e o arroz, que juntamente com água e farinha iriam constituir o nosso jantar. A bagagem foi colocada nos carros-de-boi, e quando partimos o sol já havia se posto fazia muito tempo.

Os moradores do lugar têm o hábito de viajar à noite, beirando o mar, porque os bois andam muito mais depressa no escuro do que à claridade do dia.Instalei-me com Laruotte em um dos carros-de-boi, José e Firmiano subiram num outro e Manuel acomodou-se no terceiro. Laruotte pusera uma esteira no chão e estendera sobre ela um cobertor e o meu poncho. Deitei-me, e em breve o marulho das ondas me fez adormecer, mas acordava de vez em quando e percebia, à luz do luar, que seguíamos por uma praia de areia pura, com as ondas vindo lamber de vez em quando as rodas dos carros.”

Loureiro Fernandes (1946/1947) deixou um importante relato quando acompanhou o desenvolver da construção da Estrada da Praia, descrevendo a geografia da planície de Praia de Leste.

Descreveu os traços geológicos fundamentais, os sambaquis e os povos que contribuíram para a formação do homem caboclo litorâneo, no caso os brancos, os índios e os negros, sendo que para este autor a contribuição negra foi insignificante. Em seu trabalho, Loureiro Fernandes fotografou a praia, onde podiam ser constatadas a presença do gado, introduzido pelos europeus, e habitações na praia visando a pesca, cujo aspecto revela que a contribuição indígena perdurou por muitos séculos

Nenhum comentário:

Postar um comentário