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domingo, 15 de janeiro de 2023

Círculo de Estudos Bandeirantes

 

Círculo de Estudos Bandeirantes


Círculo de Estudos Bandeirantes

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Círculo de Estudos Bandeirantes

Círculo de Estudos Bandeirantes

Sic itur ad astra. Assim se vai aos astros (ou, assim se vai aos céus, em uma tradução mais livre) é o lema do Circulo de Estudos Bandeirantes, instituição cultural fundada em 12 de setembro de 1929, por um grupo de intelectuais paranaenses, sendo eles: Antonio Rodrigues de Paula, Benedito Nicolau dos Santos,  Bento Munhoz da Rocha Netto, Carlos Augusto de Brito Pereira, José Farani Mansur Guérios, Padre Luis Gonzaga Miele, José Loureiro Fernandes, José de Sá Nunes, Liguarú Espírito Santo, Pedro Ribeiro Macedo da Costa e Waldomiro Augusto Teixeira de Freitas.

Com fortes ligações com a Igreja Católica, o CEB era “associação civil, científica e literária de duração ilimitada, que mira produzir trabalhos, especialmente de cultura nacional, por meio de estudos, conferências, palestras e investigações”

As ligações com duas universidades


A Universidade do Paraná havia sido fundada em 1912. Em 1915 em função de um decreto do governo federal - que dizia que a cidade sede de universidade deveria ter no mínimo cem mil habitantes - foi desmembrada em diversas faculdades, para poder continuar funcionando.
Em 1946 a lei foi alterada novamente e iniciou-se o pleito de federalização da Universidade, o que acabou ocorrendo em 1951.
A partir de um curso de quatro anos de filosofia ministrado no Círculo, um grupo de professores com membros do CEB fundaram em 1937 a a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Paraná, que mais tarde (1940) passou a ser mantida pela UBEE - União Brasileira de Educação e Ensino, ligada aos Irmãos Maristas. Quando iniciaram o pleito para federalizar a Universidade do Paraná, faltava uma faculdade e aí a Faculdade de Filosofia foi transferida em 1946 dos Irmãos Maristas para a Universidade do Paraná, para ajudar no processo de federalização.
Em 1950 os Irmãos Maristas fundaram a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Curitiba, que mais tarde faria parte da atual Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Em 14 de março de 1959, quando foi fundada a PUCPR, conforme consta no Termo de fundação, “A Universidade Católica do Paraná é inicialmente constituída pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Curitiba, Faculdade de Ciências Médicas do Paraná, Faculdade Católica de Direito, Faculdade de Ciências Econômicas, pelas Escolas de Enfermagem Madre Léonie, e de Serviço Social do Paraná e pelo Círculo de Estudos Bandeirantes.”

O Círculo de Estudos Bandeirantes, além de ter uma participação no processo de federalização da Universidade Federal do Paraná e ter sido a instituição idealizadora da Universidade Católica do Paraná, foi também uma espécie de “fornecedor” de professores para as duas universidades, exercendo um papel essencial nas primeiras gerações de professores de diversos cursos. Grande número de professores e dirigentes das duas escolas eram membros do CEB.

O Círculo de Estudos Bandeirantes e outras entidades culturais


Nos primeiros anos da PUCPR a Reitoria era localizada nas instalações do Círculo.
A sede do Circulo foi local de diversos cursos e também abrigou em suas instalações diversas entidades educacionais e culturais, tais como: Legião Paranaense da Boa Imprensa, Associação dos Geógrafos Brasileiros (Núcleo de Curitiba), Aliança Franco-Brasileira do Paraná, Núcleo de Estudos Indigenistas, Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, Representação da Comissão Nacional de Moral e Civismo, Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural do Paraná, Comissão Paranaense de Folclore, Escola de Serviço Social do Paraná, Coordenação de Educação Moral e Cívica do Paraná, Coordenação da Enciclopédia Simbológica Municipalista Paranaense, Mobilização Estadual contra o Analfabetismo, Sociedade Paranaense de Matemática e diversas outras. Atualmente, abriga a Academia de Cultura de Curitiba e a Academia Sul Brasileira de Letras - Seção do Paraná.

A incorporação definitiva à PUCPR


No início dos anos 1960 o Círculo inicia um período de gradual decadência. Isso ocorreu também com outras sociedades com características semelhantes.
Foram feitas diversas tentativas de acordos com o município e com o estado, mas todas implicavam em perda de autonomia e, em alguns casos, do patrimônio.
A solução encontrada foi a incorporação definitiva à Pontifícia Universidade Católica do Paraná, o que ocorreu em 2 de abril de 1987, quando passou a se uma unidade complementar da PUCPR na qualidade de órgão cultural.

A sede própria


No início as reuniões do Circulo eram realizadas aos domingos no porão da casa do casal Manoel Ascenção Fernandes e Julieta Fernandes, na Rua José Loureiro, 20. O local era chamado pelos primeiros associados de “catacumba”.
A segunda sede, alugada em 1938, foi na Rua Pedro Ivo, 523.
Em janeiro de 1939 o Círculo mudou para o número 384 da Rua XV de Novembro, onde ficou até a mudança para a sede definitiva.

Em janeiro de 1942, depois de pleitearem muito, o CEB recebeu em doação o terreno na Rua XV de Novembro para a construção da sua sede. O doador foi o então interventor federal do Estado do Paraná, Manoel Ribas.
Um primeiro projeto para o prédio foi feito sem ônus para o Circulo pelo engenheiro arquiteto Ernesto Guimarães Máximo. Depois de discussões e alterações o projeto definitivo foi feito pelo engenheiro Benjamin Mourão, pelo qual foi pago 35$000 (trinta e cinco mil réis).
Para a construção foi contratado o imigrante italiano João de Mio, construtor importante na época e responsável por diversas obras na cidade, muitas delas na lista de Unidades de Interesse de Preservação. A pedra fundamental foi lançada no dia 29 de março de 1943 e as obras começaram efetivamente em 25 de maio seguinte. A fachada do prédio foi também muito discutida e o projeto aprovado foi o do construtor João de Mio.
A construção foi custeada por doações de associados, de outras pessoas físicas e jurídicas, do governo municipal, estadual e federal. Para a conclusão foi necessária a realização de empréstimos. Um deles foi feito com União Brasileira de Educação e Ensino, dos Irmãoss Maristas, que emprestou a longo prazo e sem juros o valor de Cr$ 50 mil. Os Irmãos Maristas também fizeram doações ao longo da construção. O segundo empréstimo foi feito junto a Caixa Econômica Federal em 1945, no valor de Cr$ 70 mil, com juros de 8% a.a. e amortização em 20 anos e foi quitado em 1953. Um terceiro empréstimo também foi feito em 1946, também junto a CEF e no valor de Cr$ 30 mil e foi quitado em junho de 1950.
A inauguração da sede própria (que vemos nas fotos) ocorreu em 12 de setembro de 1945. Ele foi restaurado em março de 1994.

A produção intelectual dos associados


A produção intelectual dos associados do Círculo de Estudos Bandeirante foi grande nas mais diversas áreas do conhecimento humano, contribuindo de forma significativa ao desenvolvimento do Estado do Paraná e da Cidade de Curitiba.

Este texto ficou bem maior que o normal do blog. Mesmo assim, é apenas uma panorâmica muito rápida do Circulo. Depois de ler diversos materiais sobre o assunto, fiquei pensando cá com os meus botões, qual seria uma instituição atual com atuação semelhante a que o CEB já teve no seu passado. Não me ocorreu alguma.

Referências: