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terça-feira, 26 de setembro de 2023

EXPLOSÃO DE CAMINHÃO COM DINAMITE EM CURITIBA - 1976 Por volta das 16h15 um homem de estatura mediana entra correndo na loja de roupas da empresária Lieselotte Gunther

 EXPLOSÃO DE CAMINHÃO COM DINAMITE EM CURITIBA - 1976
Por volta das 16h15 um homem de estatura mediana entra correndo na loja de roupas da empresária Lieselotte Gunther


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EXPLOSÃO DE CAMINHÃO COM DINAMITE EM CURITIBA - 1976
Por volta das 16h15 um homem de estatura mediana entra correndo na loja de roupas da empresária Lieselotte Gunther, no bairro Cabral, em Curitiba, e grita: “Preciso usar seu telefone para ligar para os bombeiros. Meu caminhão, lotado de dinamite, está pegando fogo”. O dia era 2 de setembro de 1976. O veículo, parado a cerca de 50 metros do estabelecimento, explode minutos depois. “Escutei um barulho ensurdecedor e vi um ‘cogumelo de chamas’. Assustada, fechei os olhos. Quando abri, todas as roupas estavam caídas e os vidros estavam quebrados. Foi terrível”, relata Lieslotte.
EXPLOSÃO
A explosão abriu uma cratera de quatro metros de diâmetro por dois de profundidade na Rua São Luiz, nas proximidades da Avenida Anita Garibaldi. Além da loja, outras 90 casas, localizadas nas quadras ao redor, foram afetadas. Havia vidro e madeira por todo lado. Uma das portas do Mercedes-Benz foi encontrada presa no fio de luz, a três quadras do local do acidente.
O motor foi parar em cima do antigo prédio da Telepar, que tem pouco mais de 20 metros de altura. Os vidros da antiga fábrica de bolachas Lucinda, localizada na Rua Belém, ficaram despedaçados. A empresa teve de fechar suas portas por cinco dias.
CAUSA
O caminhão carregava 1,5 mil quilos de dinamite e 600 quilos de cola, um produto inflamável. No veículo da empresa Expresso Catarinense Transportadora havia outros dois ajudantes. Quando o caminhão pegou fogo – causado, segundo as autoridades, pela cola aquecida pela fumaça do escapamento –, eles desceram e tentaram avisar aos moradores da região sobre a possível catástrofe que estava prestes a ocorrer.
VÍTIMAS
Duas pessoas morreram atingidas por destroços do caminhão: o agente penitenciário João Mateus dos Santos e o motorista Irani Oliveira da Silva, do Hospital Veterinário São Bernardo. Silva, ao ver o caminhão pegando fogo, tentou apagar as chamas.
Cerca de 80 feridos foram levados para o Hospital de Clínicas e para o Hospital São Lucas
DESABRIGADOS
Os desabrigados, com ajuda da Igreja das Mercês, foram encaminhados ao Ginásio do Clube Atlético Paranaense.
DESTRUIÇÃO
O caminhão desintegrou-se abrindo uma enorme cratera que se formou no local, tendo os estilhaços e o deslocamento do ar atingindo mais de 90 residências, além de um ônibus que passava pelo local ferindo alguns passageiros. Uma fábrica de bolacha foi atingida e vários de seus funcionários ficaram feridos. Os efeitos da explosão destruíram totalmente a Central Telefônica do bairro, deixando sem comunicações os bairros de Juvevê, Cabral e Nau de Baixo.
O Presídio Provisório do Ahu, teve 30% do prédio danificado
No Alto do Cabral, o raio da explosão segundo os peritos foi de três quilômetros em todas as direções. Onde havia construções menos resistentes, o impacto e a destruição foram maiores.
A EXPLOSÃO SERIA CATASTRÓFICA SE FOSSE NO CENTRO
Segundo os peritos da Polícia Técnica, os danos seriam incalculáveis. Se a explosão ocorresse na área central, o caminhão iria para lá. No local onde ocorreu a explosão, após o vácuo, os efeitos da explosão espalharam-se, porque havia espaço livre para todos os lados. Se este caminhão explodisse no centro de Curitiba, teríamos uma catástrofe muito maior, teríamos destruições por quatro ou cinco quarteirões, para todos os lados.
AÇÃO JUDICIAL
A empresa encarregada do transporte dos explosivos foi inteiramente responsabilizada pelo trágico acidente, pois cometeu a incriminadora irregularidade de não receber autorização do Exército para entrar na cidade.
Somente um ano depois a Promotoria de Justiça formulou a denúncia contra a Expresso Catarinense, que foi apontada como negligente, pois levava dinamite sem as medidas de segurança estipuladas pelo Exército. Uma delas, por exemplo, era utilizar caminhão com baú de alumínio. A empresa, por sua vez, alegou que, como o fogo teve início na carga, quem deveria ser responsabilizada era a fabricante de dinamite.
CONDENAÇÃO
O tempo passou e só na década de 1990 a transportadora foi condenada na Justiça. Ela teve de indenizar os moradores da região. A empresária Lieselotte Gunther, por exemplo, recebeu 3.500 cruzeiros. Os familiares das vítimas também foram indenizados. “O caso, no entanto, levou muito tempo. Finalizou dois anos atrás. Ainda falta um saldo que estamos tentando receber”, relata o advogado José César Valeixo Neto, que atuou em prol dos familiares das duas vítimas fatais. A empresa, após o acidente, foi desfeita. Nenhum dos herdeiros foi encontrado para comentar o assunto.
DEFESA CIVIL
A explosão do caminhão foi um dos motivos para a criação da Defesa Civil de Curitiba. O órgão, que não existia em 1976, foi estabelecido pela Lei Municipal nº 6725, de 18 de setembro de 1985.
(Fonte: zonaderisco blogspot)