O PRIMEIRO CARRO A VAPOR NO BRASIL
O PRIMEIRO CARRO A VAPOR NO BRASIL
Em maio de 1871, a cidade de Salvador, na Bahia, recebia o primeiro carro brasileiro que se movia, sem depender de tração humana ou animal. O doutor Francisco Antonio Pereira Rocha, pessoa abastada da cidade, importou da Europa um veiculo que, segundo alguns escritos da época, era uma "máquina enorme, pesada e barulhenta", parecia com os atuais rolos compressores de pavimentação, mas com uma quinta roda na frente, responsável pela sua direção. Era movido a vapor e estava ligado a um carro destinado a acomodar os passageiros. Causava espanto do povo, que enchia as ruas para ver a novidade.
Um dia alguém desafiou o Dr. Rocha, dizendo que aquele monstrengo só andava no plano, queria ver se ele subia a ladeira. Dr. Francisco aceitou o desafio e, então, foi fechada uma aposta: ele iria à praça do Mercado, subiria a Ladeira da Conceição da Praia e chegaria à Praça do Palácio. No dia combinado, ele partiu em direção à ladeira, o povo comprimia-se nas calçadas vendo o monstrengo rodar e, lá chegando, a geringonça pôs-se a subir vagarosamente, sem demonstrar qualquer sinal de fadiga, até que despontou no alto da ladeira, na Praça do Palácio. O doutor Rocha ganhou a aposta e muita popularidade.
O veículo era escocês, um "Thomson Road Steamer", o primeiro carro a usar rodas com borracha no Brasil. Rocha também tornou-se o primeiro motorista do Brasil.
Umas das coisas que mais impressionaram o baiano, foi o fato de ele ter as rodas cobertas de borracha. Tanto assim que logo surgiu uma quadrinha popular, que ficou no folclore baiano, durante muito tempo:
"Havemos de ver dos dois
O que aperta ou afrouxa:
Do Lacerda o 'parafuso'
Ou a 'borracha' do Rocha"
O parafuso do Lacerda era, em Salvador, o ascensor (elevador) da época, ligando a Cidade Baixa à Cidade Alta.
Rocha, bom empreendedor, recebeu uma concessão, por 15 anos, para explorar o transporte por máquinas a vapor, na Província da Bahia, através do Decreto Imperial N.4588, de 31/08/1870. Em seguida, fechou contrato com o governo da Província do Rio Grande do Sul para a construção de uma estrada, segundo a lei provincial n. 774 de 04/05/1871, em que se previa usar veículos Thomson road steamers.
Paulo Grani