Os celtas foram um grupo de povos indo-europeus que se espalharam por grande parte da Europa durante a Idade do Ferro, aproximadamente a partir de 1200 a.C., deixando um legado cultural e linguístico que influenciou profundamente a história do continente. Eles não formavam um único império ou nação, mas sim uma série de tribos que compartilhavam uma língua comum, crenças religiosas, tradições culturais e estruturas sociais semelhantes. A área de influência dos celtas abrangia desde as Ilhas Britânicas até a Península Ibérica, a França, partes da Alemanha, e até mesmo a região dos Balcãs e da Anatólia.
Origens e Expansão
Acredita-se que os celtas tenham se originado na região conhecida como **Cultura de Hallstatt**, que floresceu por volta de 1200 a.C. nas áreas que hoje correspondem à Áustria e à Suíça. Essa cultura é associada à primeira fase da Idade do Ferro na Europa, marcada por avanços em metalurgia, especialmente no trabalho com ferro, e por práticas funerárias que incluíam o uso de grandes túmulos e carruagens para enterrar os mortos.
Por volta de 600 a.C., os celtas começaram a se expandir pela Europa, formando a **Cultura de La Tène**, conhecida por sua arte elaborada, armas e artefatos de metal. Eles estabeleceram-se em várias regiões da Europa, formando tribos independentes, mas com laços culturais comuns. No auge de sua expansão, os celtas controlavam vastas áreas da Europa central, ocidental e até partes da Ásia Menor (Anatólia), onde a tribo dos **gálatas** se estabeleceu.
Sociedade e Cultura
A sociedade celta era organizada em tribos, cada uma liderada por um chefe ou rei, e caracterizava-se por um sistema hierárquico. Os celtas eram conhecidos por sua classe de guerreiros, que valorizavam o combate e a coragem, e também por sua classe sacerdotal, os **druidas**. Os druidas desempenhavam um papel central na sociedade celta, atuando como líderes religiosos, juízes, conselheiros e guardiões do conhecimento. Eles tinham profundo respeito pela natureza e pelos ciclos da vida, e suas crenças religiosas estavam fortemente ligadas ao mundo natural, com ênfase em deuses e espíritos ligados a rios, árvores, montanhas e outros elementos da natureza.
Os celtas não tinham um sistema de escrita próprio para registrar sua história ou mitologia; a maior parte de seu conhecimento foi transmitida oralmente, especialmente pelos druidas. Isso significa que muito do que se sabe sobre os celtas vem de fontes externas, como os relatos romanos e gregos, ou de tradições posteriores preservadas nas Ilhas Britânicas.
Religião
A religião celta era politeísta, com um panteão diversificado de deuses e deusas, muitos dos quais estavam ligados à guerra, à fertilidade, à natureza e à vida após a morte. Entre os deuses mais importantes estavam **Dagda**, o "bom deus" associado à abundância e à sabedoria, e **Brigid**, uma deusa da cura, da poesia e das artes. Eles também acreditavam em um mundo espiritual que coexistia com o mundo físico, e em rituais religiosos que incluíam sacrifícios de animais e, em alguns casos, de seres humanos.
Os celtas também acreditavam na vida após a morte, com a ideia de que a alma continuava sua jornada em outro mundo. Essa crença é refletida nos seus rituais funerários, que frequentemente incluíam o enterro de objetos pessoais com os mortos para que eles pudessem usá-los em sua próxima vida.
Arte e Tecnologia
A arte celta é notável por seu estilo abstrato e intrincado, com padrões geométricos, espirais, formas de animais estilizados e motivos vegetais. Eles eram artesãos talentosos, trabalhando com metais como ouro, prata, ferro e bronze, criando desde armas e joias até objetos cerimoniais. A Cultura de La Tène é especialmente famosa por sua arte decorativa e armamentos avançados, como espadas e escudos.
Em termos de tecnologia, os celtas eram mestres no uso do ferro para a fabricação de ferramentas e armas, o que lhes dava uma vantagem militar em relação a muitos de seus vizinhos. Eles também foram pioneiros na construção de fortificações e assentamentos conhecidos como **oppida**, que eram grandes cidades muradas localizadas em colinas, usadas como centros políticos, econômicos e religiosos.
Conflitos com os Romanos
Os celtas entraram em conflito com os romanos em várias ocasiões. No século IV a.C., os celtas atacaram e saquearam Roma, um evento que deixou uma impressão duradoura nos romanos. No entanto, à medida que o poder de Roma cresceu, os celtas começaram a perder terreno. No século I a.C., Júlio César liderou as **Guerras Gálicas** (58-50 a.C.), nas quais conquistou grande parte da Gália (atual França), integrando-a ao Império Romano.
Com a expansão romana, muitas tribos celtas foram assimiladas, e sua cultura passou por uma romanização. No entanto, em regiões mais isoladas, como a Irlanda, a cultura celta sobreviveu por mais tempo, preservando tradições que continuaram a influenciar a arte, a religião e a sociedade dessas áreas.
Legado
Apesar da conquista romana, o legado dos celtas perdurou, especialmente nas Ilhas Britânicas. Em lugares como Irlanda, Escócia e País de Gales, as tradições e a língua celta continuaram a florescer, e influenciaram a cultura da Idade Média. Hoje, as línguas celtas, como o gaélico irlandês, o escocês e o galês, ainda são faladas, e muitas tradições e festivais celtas, como o **Samhain** (antecessor do Halloween), são celebrados até hoje.
Os celtas deixaram uma marca indelével na história europeia, com suas contribuições culturais, artísticas e religiosas sendo lembradas como parte fundamental da herança europeia.F.t Sidcley Jamaica.
