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segunda-feira, 17 de abril de 2023

RADIOFÔNICAS FUTEBOLÍSTICAS

 RADIOFÔNICAS FUTEBOLÍSTICAS


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RADIOFÔNICAS FUTEBOLÍSTICAS
" Iniciei no jornalismo esportivo em Ponta Grossa e, em 1965, vim para Curitiba, contratado como repórter da antiga Rádio Guairacá. No meu primeiro jogo, no estádio 'Orestes Thá', o Ferroviário venceu o Água Verde por 2 a 0 e, ao final, fui ao vestiário fazer a cobertura da equipe derrotada.
Indaguei ao goleiro Antoninho como é que ele explicava os dois gols sofridos. Suado, abatido, o goleiro foi sincero na análise: 'No primeiro gol eu reconheço que falhei, mas o segundo foi cagada do Titure...". Titure formava com 'Ferramenta' e 'Fonti' a defesa do chamado time "hidro-esmeraldino".
Na semana seguinte, fui escalado para cobrir o jogo Primavera e Átlético, no velho estádio 'Loprete Frega', no Taboão. Seria a primeira partida do técnico Adão Plínio da Silva no comando do Primavera. Perguntei ao famoso treinador da época como é que se sentia no dia da estréia. Bondoso, o Nego Adão chegou bem perto do microfone e respondeu revirando os olhos ao melhor estilo Carmem Miranda: 'Olha meu filho, quem estréia é circo, eu sou papai Adão, O king Kong dos treinadores!'
Mais tarde, tornei-me narrador e não sofri mais com os desafios do frio, do calor e da chuva, que perseguem os repórteres de campo.
Em uma noite fria, daqueles junhos que fazia antigamente em Curitiba, transmitia um jogo do Coritiba com o Guarani, de Ponta Grossa, e o repórter Osiris Nadai substituía um nosso companheio, da Rádio Universo. Da cabine, fiquei observando o Osiris, morrendo de frio atrás da meta. Condoído, quis dar moral a ele, perguntando docilmente: 'Está muito frio aí embaixo, meu caro Osiris ?' Desligado, porém autêntico, e no ar, veio a resposta: um tremendo palavrão que explodiu o estádio em gargalhadas.
Munir Calluf, empresário e coxa-branca fanático, quis ser diretor do Coritiba mas acabou vetado por razões políticas. Resolveu ir à forra bancando o time do Britânia. Contratou diversos craques e fez sucesso no campeonato. Um dos jogadores que vieram foi o meia-cancha Wander Moreira, mais tarde árbitro de futebol. Malandro como só ele, Wander fez diversas exigências para assinar o contrato e o jovem dirigente resolveu marcar um jantar para acertar todos os detalhes.
Reunidos no restaurante Ile de France, Munir estabeleceu as cifras com Wander e disse que viajaria no dia seguinte para São Paulo e na volta mandaria fazer o contrato. O jogador argumentou: 'Olha seu Munir, não é por nada não, confio na sua palavra, porém não tem nada assinado e agora estou sem gravador...'.
Só começou a treinar na volta do dirigente, com contrato assinado."
(Autor: Carneiro Neto é jornalista / Extraído de: Trezentas Histórias de Curitiba)
(Foto: Pinterest)
Paulo Grani