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sexta-feira, 15 de julho de 2022

A "POLACA" DE GUIDO VIARO

 A "POLACA" DE GUIDO VIARO

A "POLACA" DE GUIDO VIARO
Bisbilhotando no Pintetest deparei-me com esta chamativa pintura do pintor Guido Viaro, intitulada "Polaca". Num primeiro relance tive a sensação que a obra tinha uma história. Qual foi minha surpresa quando descobri a emocionante história a seguir:
"Hedwiges Mizerkowski, modelo do quadro mais famoso do pintor italiano Guido Viaro, radicado no Paraná. A identidade de Hedwiges era desconhecida até 2008, quando ela – já com 99 anos – decidiu revelar que era a moça da pintura e que viveu um breve affair com o pintor, em 1935. A família Viaro, à época, duvidou que a musa de Guido pudesse estar viva, mas se rendeu ao conhecê-la. Os olhos azuis cristalinos, iguais aos da retratada na tela “A polaca”, e o relato fidedigno. confirmaram o fato.
De família polonesa, ela conheceu o pintor numa matinê dançante, em 1929, quando Guido havia recém-chegado da Itália. Ele se apaixonou imediatamente, mas ela – espiritualista – recebeu a mensagem de que deveria se afastar do artista e guardar o episódio para si. Revoltado com a rejeição, Viaro destruiu a pintura, refazendo-a de memória, tempos depois. Maria José Justino, admiradora da tela “A polaca”, costumava chamá-la de a “Monalisa paranaense”. E sempre desconfiou de que escondia uma história de amor.
Conta-se que “A Polaca” foi pintado em 1935, apenas com a memória que o artista tinha das semanas em que Hedwiges posou para ele, em um sótão no centro de Curitiba. A modelo também foi inspiração para o quadro “Conjectura”, destruído pelo próprio Viaro quando a amada não aceitou o pedido de casamento.
Viaro se casou, mais tarde, com Yolanda Stroppa, e Hedwiges se encantou por outro italiano, Guerino Macanhan, com quem teve um filho de mesmo nome. Amou seu trabalho na Rede Ferroviária, assim como amava as pessoas a seu redor, a quem fez questão de transmitir muito carinho. Pessoa bastante informada, não deixava a idade tirar seu contato com o mundo e a pitada de humor no modo de se relacionar com o que vivia.
Além de ter posado para o artista, Hedwiges demonstrou de outras maneiras que era uma pessoa de vanguarda.Nascida e criada em Curitiba, trabalhou durante 40 anos na Rede Ferroviária Federal. Recebeu homenagens dos ferroviários por tantas linhas que ajudou, direta ou indiretamente, a construir pelo estado todo.
Mesmo após ter atingido seu centenário, a criatura loira de olhos azuis viveu grandes momentos sociais. Aos 102 anos gravou um longa-metragem, o documentário “A Polaca”, de Fernando Severo, lançado no ano passado. Em seguida, chegou de limusine à sua festa de 104 anos, que contou com a presença de amigos ligados ao mundo da cultura e a jornalistas, por quem nutria muito carinho.
Sua última surpresa na vida social foi o reencontro com uma amiga de infância, Ana Sicupira, também de 104 anos. Depois de repartir algumas bonecas, as duas vizinhas se casaram, cada uma foi para um lado e quis o destino que só trocassem olhares e conversas 90 anos depois.
A escritora Leticia Ávila escreveu o livro “Pessoas que inspiram", contando a vida da ferroviária.
Hedwiges faleceu aos 104 anos, deixando um filho, dois netos e duas bisnetas.".
(Fonte: gazetadopovo.com.br)
Paulo Grani.

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