Campos do Coritiba era assim que os desbravadores ibéricos se referiam ao território que encontraram no primeiro planalto paranaense e onde consequentemente se encontra a cidade antes do povoamento. A região ganhou importância em virtude da Descoberta da Conceição, atualmente em território campo magrense o qual inspirou a denominação que até hoje persiste na região. Porém, por efeito da descoberta, muitos fidalgos solicitaram terras próximas ao caminho que levavam a descoberta que estavam vinculadas as sesmarias do Botiatuba, Barigui, Boixinga,... pois muitos estavam arraias surgindo dando a impressão que era terra de ninguém como teceu Sebastião Paraná.
Estes arraias posteriormente tornaram-se quarterões. Entre eles, o qual se liga diretamente a evolução autônoma do município em termos oficiais de denominação é o atual Bairro do Pacotuba, que inicialmente foi a Sede Distrital já que ali era uma sede paroquial e também se encontravam algumas famílias de prestigio político provincial na época. Também colaborou para evolução da localidade em município o projeto de desenvolvimento das colônias de imigrantes no Paraná, sendo algumas estabelecidas na região norte de Curitiba, diante disso ocorreu à necessidade de elevar o status administrativo da região. Foi nesta minirreforma política/geográfico-administrativa, que a localidade curitibana de “Pacotuva”, foi elevada a categoria de Freguesia em 10 de maio de 1873, por intermédio da Lei nº 438.
Devido ao seu desenvolvimento, em relação às perspectivas da época (final do século XIX). A Freguesia de Santana do Pacotuva é elevada a categoria de distrito de Curitiba com a denominação de Nossa Senhora da Conceição, pela Lei Provincial n° 924 de 6 de setembro de 1888 e sua sede é transferida para o povoado vizinho de Conceição do Cercado.
Almirante Tamandaré em sua gênese teve seu território desmembrado da Capital do Estado em 1889 inicialmente e efemeramente com a denominação de Conceição do Cercado estabelecida pela Lei Provincial n° 957 de 28 de outubro de 1889. Esta denominação estava vinculada a uma concessão de terras que se dispunha onde contemporaneamente se localiza o Jardim Santa Terezinha na Sede. Esta área de terra que margeava Estrada do Assungui (atual trecho da rua Rachel Candido de Siqueira), curiosamente foi cercada para evitar invasões de aventureiros ainda no período que existia a exploração aurífera no rio Pacotuba. Porém foi confiscada pela Província, e permaneceu nesta condição até a intervenção do Sr. Ambrósio Bini em meados da década de 1950 junto ao Governador Bento Munhoz da Rocha Netto, que possibilitou que o Estado do Paraná doasse a área para o município para fins de parcelá-la para seu povoamento.
Porém, a denominação Conceição do Cercado soava estranho e por esse fato em 09 de janeiro de 1890 pelo Decreto nº 15 baixado pelo Capitão de Mar e Guerra José Marques Guimarães, então Governador do Estado do Paraná, o território da Villa Conceição do Cercado, é agraciado com a denominação de “Tamandaré”. Homenagem prestada em vida ao “Velho Marinheiro” e Patrono da Marinha do Brasil, o Almirante Joaquim Marques de Lisboa (Almirante Tamandaré). Amigo, mentor, e colega de campanhas militares do então governador. Ou seja, a cidade começou a ser conhecida por “Tamandaré” e não de Almirante Tamandaré como é contemporaneamente.
O município manteve-se autônomo até o advento do Decreto Lei nº. 7573, de 20 de dezembro de 1938, quando por força deste foi extinto7573, de 20 de dezembro de 1938, extinguia o municipio mandardivisnha, encontraram ouro na regi e por consequência seu território passou a fazer parte novamente do território de Curitiba até 30 de dezembro de 1943. No entanto só no dia 11 de outubro de 1947 por força da Lei Estadual n° 02, inciso XXI, que o território voltou a ser autônomo novamente, mas sob a denominação de Timoneira estabelecida pelo Decreto-lei de nº 199 de 1943.
No entanto, a localidade já havia construído uma história. E por este motivo, atendendo as reivindicações populares da época, de descontentamento com a denominação hilária de “Timoneira”, expressadas pessoalmente em conversas pelo então prefeito da época João Wolf, junto ao então Governador Moysés Lupion em seu novo mandato (1956/1961), que posteriormente sancionou a Lei nº. 2644, em 24 de março de 1956, que restabelecia a denominação Almirante Tamandaré, sendo esta publicada no Diário Oficial do Estado do Paraná na Segunda Feira do dia 26 de março de 1956. Eis que ao invés de ser denominado simplesmente de Tamandaré, foi acrescentada a palavra “Almirante” ao nome, para se diferenciar da localidade pernambucana de Tamandaré.
Por efeito de conhecimento, “Tamandaré” é uma expressão que possui uma variação em tupi que nasce da expressão “tamanda-ré” e também de outra versão “t’-amana-ri”, mas que significa dentro de uma contemplação ampla: “que veio depois da chuva”. Ou em tupinambá “Tamendonaré”, que possui o mesmo significado e uma variante (que veio depois da chuva ou povoador da terra). Estes significados possuem origem no personagem Tamendonaré (Tamandaré) que faz parte de uma lenda Tupinambá.
Antonio Ilson Kotoviski Filho é professor de História e Geografia, bacharel em História, Geografia e Direito, especialista em História do Brasil e Geografia do Brasil, mestre em Ciências da Educação, historiador, poeta e ciclista de competição.