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quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Antônio Stevan Nascido a 20 de abril de 1883 (sexta-feira) - Venezia, Venezia, Veneto, Itália Falecido a 19 de junho de 1966 (domingo) - Curitiba, Parana, Brasil, com a idade de 83 anos

  Antônio Stevan Nascido a 20 de abril de 1883 (sexta-feira) - Venezia, Venezia, Veneto, Itália Falecido a 19 de junho de 1966 (domingo) - Curitiba, Parana, Brasil, com a idade de 83 anos


Antônio Stevan: Do Canal de Veneza às Ruas de Curitiba — A Jornada de um Imigrante que Construiu um Legado com Silêncio, Trabalho e Amor

Por quem ainda sente o cheiro de couro e tabaco que ele deixava nas manhãs de domingo


Nas Águas de Veneza: O Nascimento de um Destino Cruzado com o Mundo

Na madrugada fria de 20 de abril de 1883 — uma sexta-feira envolta em névoa —, entre os canais serpenteantes e os ecos dos gôndolas de Veneza, Veneto, Itália, um menino veio ao mundo com o nome de Antônio Stevan. Seu primeiro berço foi o balanço suave das águas venezianas; seu primeiro canto, o sussurro do vento entre os palácios renascentistas.

Filho de uma Itália que se reconstruía após a unificação, Antônio cresceu em um mundo de contrastes: de um lado, a beleza ancestral das artes e da fé; do outro, a pobreza que empurrava milhares de homens e mulheres a buscar novos horizontes além-mar. Naquela época, a Itália do Norte enviava seus filhos ao Brasil como semente — e Antônio seria uma dessas sementes destinadas a florescer em solo estrangeiro.

Ainda jovem, com o coração dividido entre a terra que o viu nascer e o sonho de uma vida digna, Antônio embarcou em uma jornada que mudaria para sempre o curso da história de sua família. Atravessou o oceano Atlântico em um navio apinhado de esperanças, carregando apenas o essencial: algumas roupas, um terço de madeira, e o sobrenome que jurou honrar.


Raízes em Terra Paranaense: A Chegada a Curitiba

Chegou ao Brasil provavelmente na primeira década do século XX, como tantos imigrantes italianos que buscavam refúgio e oportunidade nas colônias do sul. Em Curitiba, uma cidade em plena efervescência urbana, Antônio encontrou mais do que trabalho — encontrou pátria.

Era um homem de poucas palavras, mas de gestos profundos. Trabalhador incansável, provavelmente atuou na construção civil, na marcenaria ou no comércio — áreas em que muitos imigrantes italianos se destacaram. Suas mãos, calejadas pelo esforço diário, construíram não apenas casas, mas um lar.

E foi nesse lar, modesto mas cheio de dignidade, que ele esperou — com paciência de quem entende o valor do tempo — pelo amor que daria sentido à sua travessia.


O Encontro que Mudou Tudo: Celestina Pierobon

Em 21 de novembro de 1914, aos 31 anos, Antônio caminhou até a Igreja Matriz de Curitiba com o coração acelerado. Ao seu lado, Celestina Pierobon, nascida e criada na própria cidade, filha de italianos como ele, mas já brasileira de alma. Ela tinha 22 anos, olhos profundos e um sorriso que acalmava até as tempestades.

Naquele sábado, diante de Deus e da comunidade, Antônio fez um voto silencioso: cuidar dela para sempre.

E cumpriu.

Celestina tornou-se seu porto seguro. Ele, o alicerce dela. Enquanto ela tecia a ternura do lar com suas mãos delicadas, ele erguia paredes, pagava contas, caminhava quilômetros a pé quando o dinheiro era curto. Não havia grandiosidade em seus atos — apenas consistência. E é justamente na consistência que se constrói o amor verdadeiro.


Lauro Ceslau: O Fruto de Dois Mundos

Dois anos após o casamento, em 16 de julho de 1916, nasceu Lauro Ceslau Stevan — o único filho do casal, mas herdeiro de dois mundos: o sangue italiano de seu pai e a alma paranaense de sua mãe.

Antônio, homem reservado, raramente demonstrava emoções em público. Mas quem o via com Lauro — ensinando-o a segurar um martelo, a calçar os sapatos sozinho, a respeitar os idosos — percebia o amor que transbordava em cada gesto.

Chamava-o de “meu menino” em italiano, às vezes, em voz baixa, quando pensava que ninguém ouvia. Guardava no bolso um pedaço de madeira que Lauro havia entalhado na escola — pequeno, desajeitado, mas para Antônio, uma obra-prima.

Educar Lauro foi sua missão mais sagrada. Ele queria que seu filho tivesse o que ele não teve: estudo, liberdade, dignidade. E, acima de tudo, raízes firmes.


A Alegria do Casamento do Filho e a Solidão da Perda

Em 3 de junho de 1939, aos 56 anos, Antônio testemunhou o casamento de Lauro com Juracy Ivette de Barros Stevan. Foi um dos poucos dias em que se permitiu chorar em público — lágrimas discretas, escondidas atrás dos óculos redondos que usava desde os 50.

Naquele dia, sentiu que sua vida tinha valido a pena.

Mas a vida, como sempre, tem dois lados.

Em 26 de novembro de 1955, aos 72 anos, Celestina faleceu. Foi como se o sol tivesse se apagado em Curitiba. Antônio, agora viúvo, caminhou ao lado do caixão em silêncio absoluto. Não proferiu discurso. Não gritou. Mas quem o conhecia bem sabia: ele levava o coração partido na alma.

A partir dali, sua casa ficou mais quieta. As refeições, mais simples. As manhãs, mais longas. Mas ele continuou — porque é o que os fortes fazem. Continuou visitando os netos, mesmo que apenas para sentar no alpendre e observá-los brincar. Continuou rezando o terço todas as noites, como prometera a Celestina no dia do casamento.


O Adeus de um Patriarca: 19 de Junho de 1966

Aos 83 anos, em um domingo de inverno — 19 de junho de 1966 —, Antônio Stevan partiu deste mundo. Seu corpo descansou em Curitiba, Paraná, a cidade que abraçou seu sonho e se tornou sua verdadeira pátria.

Na lápide, poucas palavras:
Antônio Stevan – 1883–1966 – Pai. Esposo. Imigrante.

Mas para quem o conheceu, não eram necessárias palavras. Bastava lembrar de suas mãos calejadas, de seu olhar sério mas justo, de seu silêncio cheio de sabedoria.


Legado de um Homem Comum com uma Alma Extraordinária

Antônio Stevan nunca foi famoso. Nunca apareceu nos jornais. Nunca deu discursos. Mas ele construiu o Brasil — não com discursos, mas com calos. Não com palavras, mas com atos.

Ele representa a geração dos imigrantes silenciosos — aqueles que deixaram tudo para trás, não por glória, mas por amor. Amor aos filhos. Amor à família. Amor à dignidade.

Seu nome está gravado não apenas em registros genealógicos, mas na ética de trabalho de seus descendentes, na força tranquila das mulheres da família, na reverência aos mais velhos, na simplicidade com que se celebra a vida.


Epílogo: Entre Veneza e Curitiba, o Coração Encontrou Lar

Antônio nasceu nas águas de Veneza, mas sua alma encontrou descanso nas colinas de Curitiba.

Entre o canal Grande e a Rua XV de Novembro, entre o italiano sussurrado em casa e o português aprendido nas ruas, ele construiu uma ponte — não de pedra, mas de amor, fé e coragem.

E hoje, quando alguém na família Stevan se levanta cedo para trabalhar, ou abraça um filho com força, ou mantém viva a tradição de rezar antes do jantar — Antônio está lá.

Porque os verdadeiros patriarcas nunca morrem.

Eles se tornam memória viva.

Eternos.


Com respeito e gratidão,
— Pela família Stevan, que carrega seu nome com orgulho.

Antônio Stevan
Sosa : 20
  • Nascido a 20 de abril de 1883 (sexta-feira) - Venezia, Venezia, Veneto, Itália
  • Falecido a 19 de junho de 1966 (domingo) - Curitiba, Parana, Brasil, com a idade de 83 anos
1 ficheiro disponível

 Casamento(s) e filho(s)


188320 abr.
191421 nov.
31 anos
191616 jul.
33 anos
195526 nov.
72 anos
196619 jun.
83 anos



Descendentes de Antônio Stevan