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quinta-feira, 30 de março de 2023

Vicente Machado foi o principal acusado, como mandante, pelo assassinato do empresário Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul, fuzilado no km 65 da estrada de ferro Paranaguá

 Vicente Machado foi o principal acusado, como mandante, pelo assassinato do empresário Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul, fuzilado no km 65 da estrada de ferro Paranaguá


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Vicente Machado foi o principal acusado, como mandante, pelo assassinato do empresário Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul, fuzilado no km 65 da estrada de ferro Paranaguá – Curitiba, na Serra do Mar, em 20 de maio de 1894, enquanto estaria sendo levado ao Rio de Janeiro para ser julgado por suposto apoio aos maragatos de Gumercindo Saraiva que haviam tomado Curitiba na Revolução Federalista.

Por diversas vezes Vicente Machado manifestou-se afastando de si a responsabilidade e qualquer participação no caso, porém, esta não foi a única acusação ao Vice-Presidente do Paraná, que assumiu as responsabilidades do governo em virtude do afastamento do titular Francisco Xavier da Silva.

Outra possível vitima do governador foi o alemão Engelhart Heinrich Christhian Henning, competente mestre de obras que atuou na construção da Catedral Basílica de Curitiba, local onde em 1890 se indispôs com o chefe político padre Alberto José Gonçalves, discutindo com este sobre o tamanho da sacristia, dias após, pediu demissão da obra, mudando-se posteriormente para o Assungui, atual cidade de Cerro Azul.

Foi nesta região que em 1894, durante a Revolução Federalista, Henning deparou com Vicente Machado no rio Ribeira de Iguape em fuga rumo a São Paulo, o alemão foi áspero, acusando de covardes em fuga o governador e as autoridades que abandonavam o Paraná. Também encontrou o seu desafeto, padre José Alberto Gonçalves cavalgando sozinho, um pouco atrasado, seguindo Vicente Machado. Entrevero no encontro, Henning cobrou suposta dívida do período de construção da Catedral, arrancando o padre de sua montaria e arremessando-o na lama, passando a golpeá-lo, causando-lhe graves lesões.

Com o fim da Revolução, Vicente Machado reassumiu o poder em Curitiba, ouvindo este relato do coronel Hermógenes de Araújo em seu gabinete, revelou que já havia atuado num processo contra o alemão quando fora Promotor de Justiça. Acreditando que Henning era protegido do Barão do Serro Azul e simpático aos invasores maragatos, Vicente Machado teria dito, em sentido figurado, ao coronel Hermógenes: “Sua cabeça teria que rolar”…

Tomando isto como ordem o coronel encarregou o seu sicário Diamiro Furquim, pistoleiro de Rio Branco do Sul de prender o construtor, sob a acusação de porte ilegal de arma de fogo. De fato, Henning possuía um fuzil o qual utilizava em competições do Clube de Tiro ao Alvo na colina do Bairro Alto, quando residia na capital.

No caminho para Curitiba, seus algozes o executaram a tiros, levando seu corpo até o coronel Hermógenes, o qual decapitou-o e levou sua cabeça, num saco até a casa de Vicente Machado, localizada na rua Mato Grosso, hoje na esquina da rua Comendador Araújo com a Coronel Dulcídio. O cavalo de Henning voltou sozinho para a família que entrou em desespero.

Este fato importante, integrante da história oral do Estado foi registrado nos livros “A Cruz do Alemão” de Cid Destefanis (1992), “Acordem Cerroazulenses” de Ruy Guiguer (2001) e mais recentemente em “Curitiba Luz dos Pinhais” de Rafael Greca (2016).

Foto: Engelhart Heinrich Christhian Henning (1836-1894)..