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quarta-feira, 22 de março de 2023

No século XX, o Planalto de Santa Catarina foi palco da Campanha do Contestado.

 No século XX, o Planalto de Santa Catarina foi palco da Campanha do Contestado. 

Campanha do Contestado

Campanha do Contestado

Na segunda década do século XX, o Planalto de Santa Catarina foi palco da epopeia do Contestado, considerada um dos maiores eventos já promovidos pelos oprimidos e marginalizados do mundo. O fanatismo religioso, a expulsão do meio em que viviam e a própria miséria lançou, irmãos nossos, nascidos sobre este mesmo solo, em uma empreitada messiânica e suicida.

Por quatro anos, milhares de homens, mulheres e crianças travaram combate, sem tréguas, às condições desumanas a que estavam vivendo. Combatidos e vencidos, em nome da lei e da ordem, foram dizimados deixando o aviso de que a pressão e a miséria levam até os mais humildes a revolta, mesmo que esta revolta possa ter um trágico fim.

 

População

 

 

O Contestado

Mapa

 

 

A Guerra do Contestado reproduziu, no Sul do Brasil, a epopeia de Canudos. Este conflito opôs, de um lado, as forças do governo federal e dos Estados do Paraná e de Santa Catarina e, de outro, milhares de camponeses.

Contestado foi o nome dado a região disputada por Paraná e Santa Catarina e situada entre os rios Negro, Iguaçu, Uruguai e a fronteira da Argentina. Nessa região, de 1912 a 1916, o exército e as forças policiais de ambas as unidades da federação debelaram uma rebelião sertaneja de consideráveis proporções que se tornou conhecida como “Guerra do Contestado”.

A questão dos limites entre Paraná e Santa Catarina tem raízes nas expedições paulistas em direção ao Sul, ainda no século XVIII; permaneceu indecisa durante o império e agravou-se no fim do século XIX, disputa que era entre Brasil e Argentina, sendo que em 1895 foi dado ganho de causa ao Brasil, já sob o regime republicano. Em 1904, o Supremo Tribunal Federal deu ganho de causa às pretensões de Santa Catarina sobre a área em litígio. No entanto, a execução da sentença foi embargada, o que provocou agitação em ambos os Estados.

 

 

Características do Conflito

O problema intensificou-se a partir de 1908 com a construção de um trecho da estrada de ferro São Paulo – Rio Grande. Iniciada por uma firma francesa, a concessão passou à companhia norte-americana  Brazil Railway  S. A., de Percival Farquhar, que em pouco tempo englobou várias empresas. Como pagamento, a empresa recebe uma doação de mais de seis mil quilômetros quadrados de terras, cobertas com mais de quinze milhões de árvores em “idade de corte”. Numerosos trabalhadores de outros Estados, sobretudo cariocas e pernambucanos, foram levados para a região.

Para cumprir um dos termos do contrato, a companhia deu início à colonização de quinze quilômetros de cada lado da via férrea. Porém, não levou em consideração que nessa área já existiam alguns fazendeiros estabelecidos, que ficaram descontentes com a interferência da companhia em suas terras. Concluída a construção da ferrovia, em 1910, cerca de oito mil trabalhadores ali permaneceram, desocupados, apesar da promessa de serem trazidos de volta aos seus Estados. Uma desenfreada especulação desalojou das terras devolutas numerosas famílias de posseiros que ali haviam se instalado gerando, insegurança e descontentamento. As terras passavam, todas, às mãos de companhias colonizadoras, na maioria, estrangeiras.

Em 1911, a Lumber, poderosa empresa  madeireira ligada a Brazil Railway, estabeleceu-se na zona contestada, instalando a maior serraria da América do Sul, capaz de serrar mil e duzentas dúzias de tábuas de quatro metros de comprimento por dia. Essa companhia tinha autorização para explorar a madeira da região, comprometendo-se pela colonização.

Essa atividade afastava a possibilidade de um acordo entre o Paraná e Santa Catarina, pois ambos queriam ficar com a posse da região, onde se esperava um grande desenvolvimento.

 

 

 

ferrovia

 

 

Fanatismo

 

 

 

José Maria

 

 

Em 1911 surgiu um curandeiro, José Maria de Santo Agostinho, ao redor do qual se constituiu um grupo de adeptos que passaram a venerá-lo. Dizia-se irmão do “monge” João Maria, dirigia terços, recitava narrativas sacras e contava ao povo histórias de Carlos Magno e dos Doze Pares de França. Pouco se sabe do seu passado, além do que teria sido praça do exército e desertor da polícia militar paranaense e de que, na verdade, chama-se Miguel Lucena de Boaventura. Também conhecido como “monge”, distinguia-se, contudo do seu antecessor por várias características, inclusive pela frouxidão de costumes.

João Maria, o primeiro, cujo nome verdadeiro era Anastas Marcaf, de nacionalidade francesa, era um tipo ascético, eminentemente pacífico, pregava a submissão e a humildade, não recolhia dádivas, praticou a caridade e foi um médico, um pai e um amigo dos pobres, era um andarilho e não queria ser acompanhado pelo povo. Desapareceu no outro lado do rio Pelotas, fronteira com o Rio Grande do Sul.

José Maria tornara-se o novo messias, ao contrário do andarilho que procedera, inaugura no Planalto catarinense o messianismo instalado no “quadro santo”, um acampamento de fanáticos, misto de convento e de hospital. José Maria é o chefe místico que aglutina revoltosos armados.

José Maria e seus seguidores formaram um arraial em Taquaruçu, no município catarinense de Curitibanos. Ali dominava o “coronel” Francisco de Albuquerque, que se mostrou preocupado com o crescimento da influência “monge” e telegrafou ao governador de Santa Catarina, denunciando que os fanáticos haviam proclamado a monarquia. Seguiu então, ao local, um contingente de tropas estaduais. Após quatro horas de resistência ao fogo de artilharia, aos jagunços bateram em retirada.

 

 

A Luta no Paraná

Acompanhado por seu bando de adeptos, José Maria refugiou-se em Irani, no município de Palmas, Paraná, onde já tinha vivido anteriormente. No início do mês de outubro de 1912, começaram a chegar as primeiras notícias sobre o movimento dos jagunços chefiados pelo monge José Maria, que bem aparelhados promoviam todo tipo de desordens nos campos de Palmas.

Alterada a ordem pública no município de Palmas, o governador do Estado determinou o seguimento da tropa para a localidade de Palmas que, seguiu viagem no dia 13 de outubro, indo de trem, até União da Vitória, de onde prosseguiu a pé e a cavalo, até os campos de Palmas e Irani.

José Maria afirmava que nada tinha contra o governo do Paraná e que apenas fugia com sua gente da perseguição do “coronel” Albuquerque. Rejeitou, entretanto, uma intimação que lhe foi dirigida em 20 de outubro de 1912 pelo comandante do Regimento de Segurança do Paraná, coronel João Gualberto, para que viesse ao acampamento da força estadual “explicar o motivo da reunião de gente armada em torno de sua pessoa”, porém José Maria não reconheceu o valor do bilhete, porque estava “escrito a lápis”.

 

Luta no Paraná

 

 

Combate do Irani

 

 

Guerra do Irani

 

 

 

De todo o efetivo deslocado (265 homens), boa parte da tropa deslocou-se para a localidade de Palmas-PR, pois havia indícios de que ocorreria um ataque naquela localidade. Sendo assim, o resto da tropa fracionada se deslocou para Irani com um efetivo de 64 homens.

Na madrugada do dia 22 de outubro, aproximadamente às 3:30 horas, este destacamento colocou-se em marcha forçada, e ao atravessar o rio caçadorzinho, uma das mulas se assustou por causa de uma vela acesa por um caboclo que servia de guia, mula esta que carregava a metralhadora Maxim, derrubando-a na água, sendo a culpa atribuída com dureza pelo Cel João Gualberto ao Anspeçada de nome Paixão dizendo “Morto agora, você não me pagava o que fez”, sendo que o subordinado respondeu que a culpa foi do caboclo que conduzia a mula. E como a fita da metralhadora era feita de lona, esta veio a estufar, e ao chegar na localidade do Irani por volta das 6:30 horas, foi a pequena coluna atacada por um elevado grupo de fanáticos, cercando-a, e ao ser utilizada a metralhadora foi conseguido dar apenas três disparos pelo próprio Coronel João Gualberto, a mesma veio a “engasgar” tornando-se obsoleta, onde obrigaram seus componentes a uma reação heroica, na qual valentemente tombaram o comandante e alguns de seus comandados, ficando outros feridos, entre eles destacando-se o bravo Sarmento, que então tinha o posto de Alferes.

José Maria foi morto em combate pelo 2º Sargento Joaquim Virgílio da Rosa. Os jagunços, superiores em número e usando facões, foices, machados e armas de fogo, repeliram a tropa paranaense.

 
 Baixas no Combate

Abatidos no Combate do Irani

  • 2º Sargento Joaquim Virgílio da Rosa
  • 2º Sargento Luiz Pinto de Macedo
  • Cabo de Esquadra Marciliano Gonçalves Cordeiro
  • Cabo de Esquadra Abel de Jesus Marques
  • Anspeçada João Benedicto Pereira da Silva
  • Soldado Romão dos Santos
  • Soldado Afonso Amâncio de Oliveira
  • Soldado João Abló
  • Soldado João Moraes

Abatidos em Consequência dos Ferimentos

  • Cabo de Esquadra João Teodoro
  • Soldado Francisco José de Souza
  • Soldado Teodoro Selerowski

Esses policiais mortos foram deixados em campo de batalha, tiveram seus corpos mutilados e foram abandonados ao relento, alguns inclusive foram alvos de animais selvagens, e depois de alguns dias foram enterrados por compaixão e dó de alguns moradores locais, em vala comum, e  conforme Termo de “Exhumações e Autópsias” datado de 18 de fevereiro de 1913 lavrado pelo Dr. Assis, “foram exhumados e autopsiados os cadáveres das praças do Regimento de Segurança, mortas em combate. O Inspetor policial Gabriel Fabricio das Neves indicou o local onde sepultadas se achavam as mesmas praças. Era uma sepultura situada próxima a casa do Senhor Bento Quitério. Foi ela aberta e retirados nove cadáveres, que pelo seu adiantado estado de putrefação não puderam ser reconhecidos, motivo porque foi resolvido enumerá-los de acordo com a ordem que fez-se do modo seguinte: CADAVER nº 1.......” e após este ato foram sepultados com mais doze sertanejos seguidores de José Maria, todos lado a lado, na denominada “VALA dos 21”, localidade de vargem grande município do Irani-SC, onde repousam até hoje.

 

 

Cidade Santa

Após o combate do Irani, o grupo dispersou-se. Surgiu então a crença de que José Maria não morrera, mas reapareceria numa “cidade santa” ou “quadro santo” como eram conhecido os redutos.  Também os fanáticos mortos em combate ressuscitariam. Criou-se mais uma entidade mitológica, o “exército encantado” ou “exército de São Sebastião”.

No início de dezembro de 1913, formou-se em Taquaruçu, município de Curitibanos, Santa Catarina, um novo acampamento, chefiado por Eusébio Ferreira dos Santos homem de bons precedentes, pequeno negociante, crente de monge, que não estivera presente no combate, mas acreditava firmemente na ressurreição do taumaturgo, tanto mais que, por duas vezes, tinha ele “voltado” ao convívio de seus fiéis. A neta de Eusébio, a “virgem”, Teodora de 11 anos, vira em sonhos o “monge”, que em espírito continuava a comandar a luta, mas pelo pouco poder de persuasão, a menina foi substituída pelo filho de Euzébio, de nome Manoel, de 17 anos, que passou a receber as ditas visões, mas queria andar com três ”virgens” (como assim o Monge José Maria costumava andar acompanhado), para melhorar a comunicação, porém em menos de um mês as “virgens” deixaram-na de ser, Manoel foi banido do reduto depois de ser castigado fisicamente, e nunca mais se soube de seu paradeiro, porém não ficou por aí, quem passou a receber as visões foi um sobrinho de Euzébio de nome Joaquim, de 15 anos, ou seja, o monopólio das visões não saíram da mão de Euzébio.

Atacado por tropas vindas de Florianópolis, esse reduto veio a desdobrar-se em múltiplas fortificações de guerrilheiros e em sucessivas “cidades santas”, prontas para resistir aos “peludos”, como chamavam aos soldados do governo. Os seguidores de José Maria usavam fitas brancas no chapéu, raspavam a cabeça e eram conhecidos como “pelados”, de modo que a guerra do Contestado ficou conhecida também como a “guerra dos pelados”.

O Regimento de Segurança do Paraná também teve outras participações na guerra do contestado, a exemplo do Batalhão Tático.

 

 

Organização do Batalhão Tático

Objetivando colaborar de modo mais eficiente na manutenção da ordem, o Presidente do Estado do Paraná, em 9 de novembro de 1914, autorizou que o Batalhão de Infantaria, do Regimento de Segurança do Paraná (atual PMPR), fosse organizado como “Batalhão Tático”, sob o comando do bravo Major Benjamim Augusto Lage.

O Batalhão Tático foi integrado às tropas do Exército, incorporando-se à Coluna Leste, comandada pelo Cel Ex Júlio César Gomes da Silva, sem qualquer vinculação com as autoridades do Paraná. Era a única tropa estadual que tinha acesso a toda a zona contestada pelos dois estados, não obstante os enérgicos protestos do governo catarinense. A Coluna Leste ficou com o seu comando fixado em Rio Negro.

 

Operações Táticas
 
 Destaques do Batalhão Tático
  • No Campo Belo expulsaram bandidos que ousadamente arrebanhavam cavalos e bois, fazendo-os fugir para os matos do Cerrito.
  • Explorou as pastagens cortadas pelo Rio Itajaí, por onde cruzavam, impunes, grupos de fanáticos roubando com descaro e perversidade.

  • Colaborou ainda com a coluna Norte para a ocupação da Colônia Vieira, guarneceram Estiva, Sepultura e a ponte do Rio São José, impedindo a fuga dos bandidos.

  • Retomou a vila de Papanduva, que era lugar preferido dos fanáticos por se localizar entre os redutos de Tavares e Aleixo.

  • Conquistou o reduto de Tavares, onde se entregaram o líder Alemãozinho e Bonifácio Papudo.

  • Conquistaram os redutos de Marcello e Josephino.

  • No final do mês de janeiro de 1915 começaram os ataques ao último reduto, o de Santa Maria que foi por fim conquistado em 03 de abril.

 

 

Acordo

Acordo

 

 

 

A campanha do Contestado custou aos cofres públicos a quantia de 3 mil contos de réis, quantia elevadíssima para a época. Encerrada a luta armada, o Presidente da República Venceslau Brás, juntamente com os governadores de Santa Catarina e Paraná, Srs. Felipe Schmidt e Afonso Camargo, em 20 de outubro de 1916, assinaram o acordo de limites, pondo um fim ao litígio territorial.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Esta edificação foi a residência da família Bório Schubert, no século XX, sendo a última herdeira Gelta Bório Schoubert.

 Esta edificação foi a residência da família Bório Schubert, no século XX, sendo a última herdeira Gelta Bório Schoubert.

https://arquivoarquitetura.com/038

Situação atual:Existente e preservada.
Período:Século XX
Endereço:R. Ébano Pereira, 266
Bairro:Centro
Uso Atual:Imobiliária Cibraco
Técnica Construtiva:Alvenaria de tijolos. 
Proprietário Inicial:Família Bório Schubert
Sistema Estrutural:Alvenaria estrutural
Linguagem FormalEclética

Colaboradoras: Carolyne Couston, Juliana Miashiro e Marianne Basilio.

Histórico e Curiosidades

Esta edificação foi a residência da família Bório Schubert, no século XX, sendo a última herdeira Gelta Bório Schoubert.

Permaneceu abandonada por mais de uma década, próxima aos anos 70. Na década de 1980 a família Axelrud tomou posse, e passou a ter uso comercial.

A casa foi construída em alvenaria estrutural, esquadrias em madeira e cobertura em ardósia. Atualmente, os ambientes se dividem em recepção, escritórios e salas de reunião.