quarta-feira, 9 de agosto de 2023

CONHECENDO A HISTÓRIA DE PORTO DE CIMA

 CONHECENDO A HISTÓRIA DE PORTO DE CIMA


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Capela de N. Sra. da Guia e de São Sebastião, em Porto de Cima.
Foto: Arthur Wischral


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Câmara Municipal de Porto de Cima, década de 1910.
Foto: Arthur Wischral


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A primeira estação férrea de Porto de Cima, em 1917.
Foto: Arthur Wischral


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A nova Estação Férrea de Porto de Cima, em 1948.
Foto: Arthur Wischral

CONHECENDO A HISTÓRIA DE PORTO DE CIMA
A história de Porto de Cima remonta ao início do século 18, com a garimpagem de ouro nos aluviões do rio Nhundiaquara. Na segunda metade do século, Porto de Cima ganhou maior expressão devido ao papel desempenhado pelo rio no transporte entre o litoral e o planalto.
Na primeira metade do século passado, a região, devido às facilidades de transporte e de força motriz oferecida pelo rio passou a abrigar engenhos hidráulicos de beneficiamento de erva-mate, produto que assumiria grande importância no mercado internacional, devido a problemas de ordem política na região platina.
A, entao, vila de "Porto de Cima", recebeu intenso comércio, pois até ela chegavam grandes canoas e barcaças, pelo rio Nhundiaquara, para apanhar a erva-mate e o pinho que desciam de Curitiba, pelo Caminho do Itupava e pelo Caminho da Graciosa, transportados por lombos de burros e longos carroções. As canoas e barcaças eram levadas ao mar, onde se fazia a baldeação para os navios. A vila de Porto de Cima recebeu esse nome por ser o último porto navegável, para quem vem do mar, chegando pelo rio Nhundiaquara.
Em 1885, a localidade vê passar em suas terras a Estrada de Ferro Paranaguá -Curitiba, sendo construída a Estação nominada Porto de Cima, no km 50,6, na altitude: 233,90 mt, inaugurada em dois de fevereiro daquele ano.
Da estação, pode-se avistar a vila de Porto de Cima, que deu origem ao nome da estação. Ao serem denominados os pontos da ferrovia, erroneamente a estação ferroviária foi chamada Porto de Cima e a Vila de Porto de Cima foi chamada Porto de Baixo, a qual está a uma distância de apenas 03 quilômetros da estação ferroviária, numa caminhada leve por um caminho bem conservado e muito freqüentado.
Pela lei provincial n.º 32, de 07/04/1855, foi criada a freguesia de Porto de Cima e anexado à Vila de Nhundiaquara (atual município de Morretes). Dezessete anos depois, a freguesia de Porto de Cima foi desmembra da vila de Morretes e elevada à categoria de "Vila", condição similar a de município é assim permaneceu até 1931, quando o município de Porto de Cima foi extinto, sendo seu território anexado ao município de Morretes.
Em 1779, a fim de dar atendimento religioso à população local, o tenente-coronel D. Afonso Botelho de Sampaio e Souza e o capitão Antonio Rodrigues de Carvalho projetaram e iniciaram a construção de uma capela sob a invocação de N. Sra. da Guia e de São Sebastião.
A capela foi ampliada em 1840 para atender à população crescente. Após reforma, a entrada foi passada para o lado de trás, e é bem mais simples do que a porta antiga, que reflete os tempos áureos do local.
A transferência dos engenhos ervateiros para o planalto e a construção da ferrovia ligando-o município ao litoral vão esvaziar economicamente Porto de Cima, iniciando-se sua decadência. No final do século 20, Porto de Cima chegou a quase desaparecer. Mas guarda vestígios de seu passado retratado pelas ruínas de engenhos, casarões e calçadas de pedras. Foi um grande centro cultural, berço de ilustres personalidades paranaenses. Atualmente possui praia fluvial, área para acampamento e pousada.
Paulo Grani

CONHECENDO O LAZARETO DAS MERCÊS

 CONHECENDO O LAZARETO DAS MERCÊS


CONHECENDO O LAZARETO DAS MERCÊS
A foto dessa pequena casa de madeira pode ser considerada, talvez, o único registro fotográfico deste "Lazareto". Localizava-se nas Mercês, na rua que, em sua homenagem, foi nominada "Estrada do Lazareto".
O nome Lazareto advém do personagem criado por Jesus, de nome Lázaro, um leproso, na parábola "O Rico e Lázaro". Portanto, Lazareto era o nome do local onde eram tratadas as pessoas portadoras de lepra, mal de Lázaro.
Com dimensões modestas, o então Lazareto das Mercês, também chamado Lazareto São Roque, foi um espaço provisóriio criado pelo governo em 1896, para o atendimento de leprosos, em estado avançado. Apesar do espaço restrito, mantinha em isolamento um contingente de 18 a 20 leprosos, atendidos por médicos.
Durante dez anos, de forma precária, ali foram atendidos os hansenianos de Curitiba.
Em 1906, o então Presidente do Estado, Francisco Xavier da Silva, atendendo a escassez de espaço específico, mandou construir um pavilhão anexo ao Lazareto São Roque, no bairro das Mercês, para abrigar o primeiro Hospital de Isolamento paranaense, o que permitiu o atendimento ali por mais vinte anos.
Com o aumento do número de hansenianos, o governo providenciou a construção de um leprosário de padrão internacional, distante de Curitiba cerca de 25 quilômetros, no então município de Deodoro, hoje Piraquara e, em 20/10/1926, foi inaugurado o novo Leprosário São Roque, um conjunto de instalações, com capacidade para 500 leitos, seguindo padrões internacionais em termos de leprosário. Oito Irmãs Franciscanas de São José vieram da Alemanha, a pedido do governador do Paraná, para atender aos enfermos, que eram transportados até ali de trem.
(Foto: Arquivo Gazeta do Povo)
Paulo Grani

terça-feira, 8 de agosto de 2023

O PORTO DO GATO E D. PEDRO II

 O PORTO DO GATO E D. PEDRO II


O PORTO DO GATO E D. PEDRO II
"Até 1872, o atual Porto de Paranaguá era um espaço costeiriço cheio de manguezais e vegetação costeira virgem, de frente para a baía de Paranaguá, chamada de "Grande Mar Redondo" pelos indígenas carijós que habitavam a região, de cujo termo indígena adveio o nome "Paranaguá ".
No local, morava um pescador de nome José da Silva Gato, parente do conhecido bandeirante Borba Gato e, portanto, o atracadouro da sua canoa à vela e acesso à sua humilde casa, era chamado pelos nativos de "Porto do Gato". O local foi desapropriado para instalação da primeira Estação de Trens do Paraná e, na sua orla, o novo porto de Paranaguá que seria mudado de suas antigas instalações junto ao velho trapiche do rio Itiberê.
Chegara o grande dia do lançamento da "Pedra Fundamental", 05/06/1880, data tão esperada por toda a população de Paranaguá. Dom Pedro II, que estava de regresso de sua viagem ao interior do Paraná desembarcara, pouco antes, achando-se presente no local às 15 horas em ponto, dando, imediatamente, início à rápida cerimônia que durou 15 minutos !
Estava assim lançada a "pedra fundamental" da futura Estação que foi batizada com o nome "Dom Pedro II" e recebeu os primeiros trilhos que foram estendidos sobre os trapiches que foram fincados até às plataformas que formaram os atracadouros que receberam os primeiros navios que fundearam no atual Porto de Paranaguá.
Concomitantemente, os trilhos foram estendidos até ao centro da cidade de Paranaguá, chegando à primeira Estação lá construída, que hoje não mais existe, ficava bem próxima da atual Estação Ferroviária.
Simultaneamente, novos trilhos foram instalados em direção à Curitiba, passando por Morretes, formando a majestosa Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba. Vale lembrar que o marco zero da estrada está instalado cerca de cem metros adiante da plataforma de embarque/desembarque dessa nova Estação.
Assim, o sonho dos paranaguaras estava realizado! A gigante importância dessa ferrovia interligando o Porto de Paranaguá à Capital do Paraná e, mais tarde, à outras cidades paranaenses, é um capítulo à parte.
Paulo Grani

HISTÓRIA DA ESTAÇÃO DOM PEDRO II, NO PORTO DE PARANAGUÁ

 HISTÓRIA DA ESTAÇÃO DOM PEDRO II, NO PORTO DE PARANAGUÁ


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Fachada da Estação Dom Pedro II, apos sua inauguração, em foto da década de 1890.
Arquivo Biblioteca Nacional.

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Aspecto do conjunto da Estação Dom Pedro II, com seu prédio e ampla cobertura adjunta à plataforma de embarque/desembarque, abrigando algumas linhas do pátio de manobras, primeira década de 1900.
Foto: Marc Ferrez. arquivo BN.


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Aspecto do entorno da enseada do Porto de Paranaguá, década de 1910, contemplado com um segundo trapiche para movimentação de cargas.
Foto: novomilenio.com.br


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Trapiche de atracação do Porto D. Pedro II de Paranaguá, em 1912, mostra as primitivas instalações do conjunto que unia o Porto ao pátio da antiga Estação Dom Pedro II.
Foto: novomilenio.com.br

HISTÓRIA DA ESTAÇÃO DOM PEDRO II, NO PORTO DE PARANAGUÁ
Quando os moradores de Paranaguá viram iniciar-se as obras de sua estrada de ferro, logo nominaram a estação que estava sendo construída no Porto, de "Estação Dom Pedro II, em homenagem ao imperador.
Muito antigamente o local era chamado de Ponta do Gato ou Enseada do Gato, assim denominado devido a haver morado ali o pescador José da Silva, conhecido pela alcunha "Gato", visto ser descendente do bandeirante Manuel de Borba Gato. No entanto, O local era também conhecido como Arroio d'Água e, nele, havia um antigo ancoradouro com o nome "Porto D'Água".
Ali, o engenheiro Pedro Scherer começara em 1873 os trabalhos de construção de seu traçado ferroviário, optando por edificar, previamente, uma Estação junto ao porto, como ponto de partida da ferrovia.
A primeira e mais importante obra entre os projetos não era nenhuma ponte ferroviária ou instalação ao longo da linha, e sim, o trapiche construído no local que “era uma construção de pedras e de madeira, alcançando a profundidade de quase 5 metros. Esse trapiche assegurava a atracação dos navios que traziam os materiais de construção para a ferrovia”.
Em 1880, quando iniciou a construção definitiva, Ferruci tratou logo de obter os terrenos necessários, não só na cidade mas também no porto, onde numa superfície inicial de 55.263,44 metros quadrados, deveriam ser construídos os armazéns , depósitos, oficinas etc. Mais tarde foi acrescida uma outra faixa de terrenos de marinha com o comprimento de 180 metros por 30 de largura destinada a receber o trapiche de atracação da companhia.
Foram esses os dois primeiros terrenos adquiridos pela Chemins de Fer no Porto de D. Pedro II. Pois foram nessas áreas pré determinadas por Ferrucci que se deu início da construção da estação propriamente dita, do armazém de mercadorias em anexo e do depósito de locomotivas, destinado a abrigar quatro unidades, bem assim como de outras complementares, como fossas de limpeza e do reservatório de água, com capacidade de 48 metros cúbicos.
No começo de 1882, quando Ferrucci entregou a chefia de construção à Teixeira Soares, todos esses edifícios encontravam-se em fase de acabamento. Na estação, colocavam-se as esquadrias das portas e janelas, pintura e trabalhava-se na plataforma. A estação D. Pedro II possuía duas plataformas paralelas entre si, com três linhas intercaladas, cobertas pelo alpendre, na extensão de 50 metros, sustentado por colunas ocas de ferro fundido, sendo o vigamento também de ferro pelo sistema Polonceau, coberto de telhas francesas. Uma das plataformas correspondia ao edifício dos viajantes, e a outra para mercadorias" (Texto de Dirceu Cavalcanti).
O local do Porto Dom Pedro II definiu-se em função dessa primeira estação e desse trapiche, pois esse local era o ponto mais favorável para atracar embarcações de maior calado para exportar as cargas de erva-mate, madeira e grãos que chegavam do planalto. Portanto, essa estação foi a primeira instalação ferroviária do Paraná.
Naquela ocasião, o engenheiro Scherer traçou o leito daquele trecho da estrada, partindo do Porto, traçando uma grande reta até a cidade. Essa linha atravessou o arroio do porto d'água, os terrenos da chácara Marques, o arroio dos Marques, o sítio do Padre Machado, passando ao lado do arroio da Fonte Nova. Assim, a Estação Dom Pedro II (junto ao Porto) foi o ponto de partida até definir-se o local exato da Estação a ser edificada no núcleo da cidade.
O envolvimento do Porto de Dom Pedro II com o movimento marítimo não foi propriamente um casamento à primeira vista. Ocorreu primeiro o namoro, longo namoro, num tempo em que os barcos não podendo fundear no assoreado estuário do Rio Itiberê, procuravam refúgio na Ponta da Cotinga, vis-a-vis com a costa em que seria construído o porto.
O prédio original da Estação Dom Pedro II, hoje não existe mais. Ainda assim, o pátio de manobras que havia, com os desvios portuários, surpreendia em tamanho, com suas 32 linhas.
Paulo Grani

CONTEXTO HISTÓRICO DO PORTO DE PARANAGUÁ

 CONTEXTO HISTÓRICO DO PORTO DE PARANAGUÁ

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Ponta sul da ilha da cotinga em foto da década de 1960. Nestas proximidades, no começo do século 17 os primeiros colonizadores fixaram residência formando um pequeno núcleo onde permaneceram quase vinte anos, antes de dirigirem-se em direção às margens do Rio Taguaré e começarem a ocupação das terras adjacentes.


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Atual Mercado do Café em foto de 1902. Antes dessa construção ocorrida no final do século 19, o local era um pátio, frontal ao trapiche do atracadouro das naus onde, desde o século 17, as mercadorias e escravos eram comercializados.


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Nesta foto da década de 1900, vê-se as naus ancoradas junto ao novo local de funcionamento do Porto, distante do primeiro ponto cerca de quinhentos metros. A mudança foi devido ao baixo calado nas mares baixas, o que dificultava a atracação dos barcos maiores.


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Guincho instalado junto ao Rio Itiberê (ainda preservado no mesmo local), usado para facilitar as cargas e descargas de mercadorias. Foto da década de 1910.


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Em foto da década de 1920, o Porto de Nossa Senhora do Rosário instalado em seu segundo local, junto à Praça do Glicério.


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A quantidade de bergantins e outras embarcações, em foto da primeira década de 1900, permite perceber a importância do Porto, naquele momento, como fonte de entrada e saída de produtos para escoar a produção da Comarca.

CONTEXTO HISTÓRICO DO PORTO DE PARANAGUÁ
Entrecortada pela vasta e bela baía que oferecia condições favoráveis à ocupação da região, a história do porto de Paranaguá começa com o início do povoamento do Paraná e que, inexistindo caminhos terrestres, processava-se por via marítima, tendo o mar como o único grande meio de comunicação.
Quando os primeiros barcos a remo e vela penetraram na baía, tornaram o canal "Furado", na enseada da ilha da Cotinga, um natural, seguro e improvisado fundeadouro.
Desde 1554 já os santistas entretinham seu comércio marítimo com o porto de Paranaguá, levando resgates de ferramentas, anzóis e fazendas que permutavam por algodão que os índios Carijós plantavam e colhiam e do Rio de Janeiro também haveria algum comércio.
Depois de duas décadas, verificando-se a paulatina mudança dos povoados para o continente, que ocuparam um ponto elevado à margem esquerda do rio Taguaré - hoje Itiberê - surgiu o porto de Nossa Senhora do Rosário, na parte sul da rua da Praia. A curta distância desde o porto, chegava-se ao largo da igreja Matriz de Nossa Senhora do Santíssimo Rosário, padroeira do povoado, edificada em 1578.
A antiga rua do Porto da Matriz, tornou-se uma das mais comerciais do lugar e, ao longo do tempo, recebeu outros nomes, rua João Alfredo e, atualmente, rua João Regis.
Em decorrência do movimento marítimo e comercial, o pequeno ancoradouro, já exigindo dos usuários ampliação e melhoramentos, avançou ao longo do rio em direção à sua foz. Em princípios do século 19, era o comércio marítimo exclusivamente mantido com os portos de Santa Catarina, Santos, Rio de Janeiro e Pernambuco. Por ele, exportavam-se farinha de mandioca, arroz pilado em casca, cabos de betas de Embé, madeiras do litoral e alguma congonha (erva-mate).
Dom João VI, Príncipe-Regente (1792-1816) e 2.° rei de Portugal, Brasil e Algarves (1816-1822), em 28 de janeiro de 1808, na Bahia, assinou a Carta Regia de abertura dos portos brasileiros às nações amigas.
O histórico ato político, significando os primeiros passos para a independência econômica da colônia, somados a outros fatos novos nas colônias espanholas da bacia platina, inclusive as guerras cisplatinas, levaram à abertura do porto de Paranaguá ao comércio do rio da Prata.
Em 23 de novembro de 1810, saiu de Paranaguá, com destino ao porto de Montevidéu, o bergantim português "Princesa Carlota", de 98 toneladas, levando madeiras do litoral.
Outros carregamentos sucederam-se para o mesmo porto. A sumaca espanhola "Nuestra Senora de los Dolores", saída em 13 de dezembro de 1811, registrou uma pequena carga de erva-mate, para Montevidéu.
A exportação pelo porto de Paranaguá, além de farinha de mandioca, arroz, madeira do litoral, cal de ostras, era também animado com o comércio de erva-mate, vinda do planalto e embarcada para os portos do Rio de Prata e do Chile.
A importação compreendia fazendas, sal, açúcar, ferragens, procedentes do Rio da Prata, Santa Catarina, Santos, Rio de Janeiro, bens de consumo dos paranagüenses.
O movimento de navios no porto de Paranaguá, durante o ano de 1826, registrou 11 Bergantins, 2 Cutres, 1 Escuna, 2 Galeras, 1 Iate, 19 Lanchas, 2 Patachos, 1 Polaca e 24 Sumacas, totalizando 63 embarcações.
A Real Junta da Fazenda de São Paulo, tendo presente o alto comércio marítimo, que polarizava os interesses econômicos, pela provisão de 18 de junho de 1827, criou a Alfândega de Paranaguá, instalada no antigo Colégio dos Jesuítas, em 6 de agosto do mesmo ano.
Os navios que freqüentavam o porto de Paranaguá eram inteiramente movidos por propulsão velática. O primeiro, movido a motor, foi "São Salvador", procedente de Santa Catarina, entrado em 9 de outubro de 1839, saído em 19 de mesmo mês e ano para o porto do Rio de Janeiro.
O rio Taguaré, iniciando um processo de assoreamento, vai abrigar o recuo paulatino das operações de carga e descarga das embarcações maiores, que passaram a fundear no porto do Alemão, na enseada próxima da ilha da Cotinga.
O serviço de transporte, carga e descarga das mercadorias importadas e exportadas, do fundeadouro ao trapiche próximo à alfândega faziam-se por lanchas e canoas, com evidentes prejuízos da fiscalização e dificuldades nas operações.
Impunha-se a construção de um novo porto em local mais fundo da baía. Desde 1862, o inspetor da Alfândega de Paranaguá propunha transferir a repartição para lugar mais apropriado. No final da década, já havia sido escolhido como local para o novo porto a enseada do Gato, situado à margem meridional da baía de Paranaguá, denominação essa que há muito permanecia, devido a haver morado ali o pescador José da Silva, por alcunha Gato, descendente do bandeirante Manuel de Borba Gato.
O Decreto Imperial n.° 5.053, de 14 de agosto de 1872, concedeu ao grupo constituído por Pedro Aloys Scherer, José Gonçalves Pêcego Júnior e José Maria da Silva Lemos, autorização para construção e melhoramento do porto da enseada do Gato.
Entrosando-se o melhoramento do porto do Gato com as obras da construção da estrada de ferro Paranaguá - Morretes, Pedro Aloys Scherer distribuiu o convite para inauguração dos trabalhos: "Estando marcado o dia 2 de dezembro, às 10 horas da manhã, para ter lugar a inauguração dos trabalhos da estrada de ferro desta cidade a Morretes, bem como dos melhoramentos do porto, a diretoria, representada nesta Província pelo abaixo assinado, cumpre o grato dever de convidar a V. para com sua presença abrilhantar este ato. Escritório da gerência da Estrada de Ferro do Paraná, em Paranaguá, 24 de novembro de 1873. O diretor-gerente Pedro Aloys Scherer".
Em dois barcos da Companhia Progressista, o "Marumbi" e o " Iguaçu", que faziam a ligação marítima entre Paranaguá - Barreiro - Antonina - Guaraqueçaba, os convidados embarcaram no cais do rio Itiberê em viagem até a enseada do Gato, local da inauguração dos trabalhos.
A solenidade contou com a presença ilustre do Dr. Frederico José Cardoso de Araújo Abranches (1844-1903), Presidente da Província do Paraná, de Manuel Eufrásio Correia, deputado à Assembléia Geral, Manuel Antônio Guimarães, Presidente da Câmara Municipal de Paranaguá e mais de sessenta personalidades, que se dirigiam ao pavilhão ornamentado e com a guarda de honra de uma Companhia da Escola de Aprendizes de Marinheiros.
A comissão, representando o Club Litterario, surpreendeu a todos, quando mandou executar pela banda Sociedade Progresso Musical, o dobrado de autoria do maestro Bento Antônio de Menezes, intitulado "Viva o Progresso".
O Secretário da Câmara Municipal, Evaristo José Cárdenas, lavrou um termo para perpetuar a memória, assinado pelos presentes.
Na Câmara Municipal de Paranaguá, o vereador Joaquim Mariano Ferreira, propôs em sessão realizada a 10 de janeiro de 1874, que o antigo porto do Gato passasse a se denominar: Porto Dom Pedro II.
Com a transferência da concessão imperial da estrada de ferro, agora Paranaguá - Curitiba, à Compagnie Générale de Chemins de Fer Brésiliens e embora a concessão Rebouças tivesse o prazo esgotado, destacam-se o trabalho político do deputado Manuel Eufrásio Correia e de Manuel Antônio Guimarães, para prevalecer o porto de Paranaguá, como ponto inicial da via férrea.
O Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas encarregou o engenheiro Eduardo José de Morais e José Maria Nascimento Júnior, para estudarem e decidirem quanto às condições oferecidas à navegação pela enseada do Gato, em Paranaguá, agora denominada porto Dom Pedro II, e pelo porto de Antonina.
A comissão concluiu pelas vantagens do porto Dom Pedro II, reconhecendo as condições existenciais do Porto eram as melhores sobre quaisquer outro lugar. A comissão preparou um longo relatório, com apreciação objetiva sobre a maior vantagem do porto de Paranaguá.
A concessionária Compagnie Générale de Chemin de Fer Brésiliens, dotou o porto Dom Pedro II de um ancoradouro seguro, construindo um trapiche feito de pedras até o baixa-mar e daí em diante de madeira, alcançando a cota de profundidade de 4,70 metros. A parte de pedras tinha o comprimento de 85 metros e a de madeira de 45 metros. O trapiche assegurava a atracação dos navios que traziam os materiais de construção ferroviária. Durante muito tempo foi este trapiche um dos mais importantes atracadouros do porto Dom Pedro II.
Outros trapiches foram construídos nos anos seguintes:
- O trapiche da Alfândega, construído pelo inspetor da Alfândega, Manuel A. da Silveira Neto, e edificado por Alípio Cornélio dos Santos, permitia calado até 3,40 metros em maré mínima, a 6,20 m em maré máxima, foi oficialmente recebido no dia 28 de maio de 1912, conforme ata lavrada pelo secretário Carlos Olímpio Barreto;
- Trapiche da Estrada de Ferro do Paraná, chamado Trapiche Paraná, partia do ponto da antiga Estação Dom Pedro II;
- Trapiche Santista, partia do antigo Moinho Santista;
- Trapiche Guimarães, edificado em madeira, partia do barracão da empresa Guimarães, antigo ponto da Estiva;
• Trapiche Rocha, edificado em madeira, partia do barracão do Rocha, hoje Centro Social da APPA;
• Trapiche São Paulo-Rio Grande, edificado em madeira, era comprido e ficava na zona sul do cais atual, na altura dos Silos da Soceppar.
Em 1917, o governo do Estado do Paraná assumiu o controle do Porto realizando grandes investimentos em infra estrutura e modernizando os sistemas.
Atualmente, o Porto de Paranaguá é um dos mais importantes centros de comércio marítimo do mundo, unindo localização estratégia a uma das melhores infraestruturas portuárias da América Latina. Entre as principais cargas movimentadas em Paranaguá estão: Soja em grãos, farelo de soja, milho, sal, açúcar, fertilizantes, contêineres, congelados, derivados de petróleo, etanol e veículos.
Paulo Grani

Este Cartão Postal da década de 1890, datado de 12/03/1901, editado por V. Albert Verl., em Altstad-Hamburgo, apresenta na primeira foto, o antigo Porto de Paranaguá

 Este Cartão Postal da década de 1890, datado de 12/03/1901, editado por V. Albert Verl., em Altstad-Hamburgo, apresenta na primeira foto, o antigo Porto de Paranaguá


Este Cartão Postal da década de 1890, datado de 12/03/1901, editado por V. Albert Verl., em Altstad-Hamburgo, apresenta na primeira foto, o antigo Porto de Paranaguá, à beira do Rio Itiberê, tendo adjunto o então Largo do Glicério, hoje conhecido como Praça do Guincho, no final da antiga Rua da Praia.
Na segunda foto, em primeiro plano, a grande edificação abrigava um órgão público. Adjacente a seu lado anterior (não visível na foto), ficava a primeira Estação Ferroviária de Paranaguá. À direita, vemos uma pequena "torre de observação" que havia sido instalada no jardim da bela residência do sr. Alfredo Eugênio de Souza, cuja finalidade era observar a chegada das embarcações que adentravam o canal em direção ao Porto de Paranaguá.
Da torre podia se ver a Ilha da Cotinga, a Ilha do Mel, a Ilha dos Valadares e todas as águas que ficam no entorno da Baía de Paranaguá, e a torre era usada como minarete de observação, integrada visualmente com outros pontos geográficos. Era um tempo em que não havia meios de comunicação entre as embarcações e o porto.
Então, haviam mastros com bandeirolas instalados no Morro da Cotinga, na Ilha dos Valadares e na Ilha do Mel, com um jogo de bandeiras sinalizadoras e um código próprio para cada tipo de embarcação e direção de onde estava vindo. Da Torre, enxergava-se a Cotinga, e a informação era passada aos agentes da época, visando preparar as equipes para carga ou descarga das embarcações no porto.
Seria oportuno sabermos as palavras escritas em alemão, pelo remetente ao destinatário. Se alguém do face puder auxiliar, agradeço.
(Origem: IHGPguá)
Paulo Grani