terça-feira, 8 de agosto de 2023

CONTEXTO HISTÓRICO DO PORTO DE PARANAGUÁ

 CONTEXTO HISTÓRICO DO PORTO DE PARANAGUÁ

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Ponta sul da ilha da cotinga em foto da década de 1960. Nestas proximidades, no começo do século 17 os primeiros colonizadores fixaram residência formando um pequeno núcleo onde permaneceram quase vinte anos, antes de dirigirem-se em direção às margens do Rio Taguaré e começarem a ocupação das terras adjacentes.


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Atual Mercado do Café em foto de 1902. Antes dessa construção ocorrida no final do século 19, o local era um pátio, frontal ao trapiche do atracadouro das naus onde, desde o século 17, as mercadorias e escravos eram comercializados.


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Nesta foto da década de 1900, vê-se as naus ancoradas junto ao novo local de funcionamento do Porto, distante do primeiro ponto cerca de quinhentos metros. A mudança foi devido ao baixo calado nas mares baixas, o que dificultava a atracação dos barcos maiores.


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Guincho instalado junto ao Rio Itiberê (ainda preservado no mesmo local), usado para facilitar as cargas e descargas de mercadorias. Foto da década de 1910.


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Em foto da década de 1920, o Porto de Nossa Senhora do Rosário instalado em seu segundo local, junto à Praça do Glicério.


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A quantidade de bergantins e outras embarcações, em foto da primeira década de 1900, permite perceber a importância do Porto, naquele momento, como fonte de entrada e saída de produtos para escoar a produção da Comarca.

CONTEXTO HISTÓRICO DO PORTO DE PARANAGUÁ
Entrecortada pela vasta e bela baía que oferecia condições favoráveis à ocupação da região, a história do porto de Paranaguá começa com o início do povoamento do Paraná e que, inexistindo caminhos terrestres, processava-se por via marítima, tendo o mar como o único grande meio de comunicação.
Quando os primeiros barcos a remo e vela penetraram na baía, tornaram o canal "Furado", na enseada da ilha da Cotinga, um natural, seguro e improvisado fundeadouro.
Desde 1554 já os santistas entretinham seu comércio marítimo com o porto de Paranaguá, levando resgates de ferramentas, anzóis e fazendas que permutavam por algodão que os índios Carijós plantavam e colhiam e do Rio de Janeiro também haveria algum comércio.
Depois de duas décadas, verificando-se a paulatina mudança dos povoados para o continente, que ocuparam um ponto elevado à margem esquerda do rio Taguaré - hoje Itiberê - surgiu o porto de Nossa Senhora do Rosário, na parte sul da rua da Praia. A curta distância desde o porto, chegava-se ao largo da igreja Matriz de Nossa Senhora do Santíssimo Rosário, padroeira do povoado, edificada em 1578.
A antiga rua do Porto da Matriz, tornou-se uma das mais comerciais do lugar e, ao longo do tempo, recebeu outros nomes, rua João Alfredo e, atualmente, rua João Regis.
Em decorrência do movimento marítimo e comercial, o pequeno ancoradouro, já exigindo dos usuários ampliação e melhoramentos, avançou ao longo do rio em direção à sua foz. Em princípios do século 19, era o comércio marítimo exclusivamente mantido com os portos de Santa Catarina, Santos, Rio de Janeiro e Pernambuco. Por ele, exportavam-se farinha de mandioca, arroz pilado em casca, cabos de betas de Embé, madeiras do litoral e alguma congonha (erva-mate).
Dom João VI, Príncipe-Regente (1792-1816) e 2.° rei de Portugal, Brasil e Algarves (1816-1822), em 28 de janeiro de 1808, na Bahia, assinou a Carta Regia de abertura dos portos brasileiros às nações amigas.
O histórico ato político, significando os primeiros passos para a independência econômica da colônia, somados a outros fatos novos nas colônias espanholas da bacia platina, inclusive as guerras cisplatinas, levaram à abertura do porto de Paranaguá ao comércio do rio da Prata.
Em 23 de novembro de 1810, saiu de Paranaguá, com destino ao porto de Montevidéu, o bergantim português "Princesa Carlota", de 98 toneladas, levando madeiras do litoral.
Outros carregamentos sucederam-se para o mesmo porto. A sumaca espanhola "Nuestra Senora de los Dolores", saída em 13 de dezembro de 1811, registrou uma pequena carga de erva-mate, para Montevidéu.
A exportação pelo porto de Paranaguá, além de farinha de mandioca, arroz, madeira do litoral, cal de ostras, era também animado com o comércio de erva-mate, vinda do planalto e embarcada para os portos do Rio de Prata e do Chile.
A importação compreendia fazendas, sal, açúcar, ferragens, procedentes do Rio da Prata, Santa Catarina, Santos, Rio de Janeiro, bens de consumo dos paranagüenses.
O movimento de navios no porto de Paranaguá, durante o ano de 1826, registrou 11 Bergantins, 2 Cutres, 1 Escuna, 2 Galeras, 1 Iate, 19 Lanchas, 2 Patachos, 1 Polaca e 24 Sumacas, totalizando 63 embarcações.
A Real Junta da Fazenda de São Paulo, tendo presente o alto comércio marítimo, que polarizava os interesses econômicos, pela provisão de 18 de junho de 1827, criou a Alfândega de Paranaguá, instalada no antigo Colégio dos Jesuítas, em 6 de agosto do mesmo ano.
Os navios que freqüentavam o porto de Paranaguá eram inteiramente movidos por propulsão velática. O primeiro, movido a motor, foi "São Salvador", procedente de Santa Catarina, entrado em 9 de outubro de 1839, saído em 19 de mesmo mês e ano para o porto do Rio de Janeiro.
O rio Taguaré, iniciando um processo de assoreamento, vai abrigar o recuo paulatino das operações de carga e descarga das embarcações maiores, que passaram a fundear no porto do Alemão, na enseada próxima da ilha da Cotinga.
O serviço de transporte, carga e descarga das mercadorias importadas e exportadas, do fundeadouro ao trapiche próximo à alfândega faziam-se por lanchas e canoas, com evidentes prejuízos da fiscalização e dificuldades nas operações.
Impunha-se a construção de um novo porto em local mais fundo da baía. Desde 1862, o inspetor da Alfândega de Paranaguá propunha transferir a repartição para lugar mais apropriado. No final da década, já havia sido escolhido como local para o novo porto a enseada do Gato, situado à margem meridional da baía de Paranaguá, denominação essa que há muito permanecia, devido a haver morado ali o pescador José da Silva, por alcunha Gato, descendente do bandeirante Manuel de Borba Gato.
O Decreto Imperial n.° 5.053, de 14 de agosto de 1872, concedeu ao grupo constituído por Pedro Aloys Scherer, José Gonçalves Pêcego Júnior e José Maria da Silva Lemos, autorização para construção e melhoramento do porto da enseada do Gato.
Entrosando-se o melhoramento do porto do Gato com as obras da construção da estrada de ferro Paranaguá - Morretes, Pedro Aloys Scherer distribuiu o convite para inauguração dos trabalhos: "Estando marcado o dia 2 de dezembro, às 10 horas da manhã, para ter lugar a inauguração dos trabalhos da estrada de ferro desta cidade a Morretes, bem como dos melhoramentos do porto, a diretoria, representada nesta Província pelo abaixo assinado, cumpre o grato dever de convidar a V. para com sua presença abrilhantar este ato. Escritório da gerência da Estrada de Ferro do Paraná, em Paranaguá, 24 de novembro de 1873. O diretor-gerente Pedro Aloys Scherer".
Em dois barcos da Companhia Progressista, o "Marumbi" e o " Iguaçu", que faziam a ligação marítima entre Paranaguá - Barreiro - Antonina - Guaraqueçaba, os convidados embarcaram no cais do rio Itiberê em viagem até a enseada do Gato, local da inauguração dos trabalhos.
A solenidade contou com a presença ilustre do Dr. Frederico José Cardoso de Araújo Abranches (1844-1903), Presidente da Província do Paraná, de Manuel Eufrásio Correia, deputado à Assembléia Geral, Manuel Antônio Guimarães, Presidente da Câmara Municipal de Paranaguá e mais de sessenta personalidades, que se dirigiam ao pavilhão ornamentado e com a guarda de honra de uma Companhia da Escola de Aprendizes de Marinheiros.
A comissão, representando o Club Litterario, surpreendeu a todos, quando mandou executar pela banda Sociedade Progresso Musical, o dobrado de autoria do maestro Bento Antônio de Menezes, intitulado "Viva o Progresso".
O Secretário da Câmara Municipal, Evaristo José Cárdenas, lavrou um termo para perpetuar a memória, assinado pelos presentes.
Na Câmara Municipal de Paranaguá, o vereador Joaquim Mariano Ferreira, propôs em sessão realizada a 10 de janeiro de 1874, que o antigo porto do Gato passasse a se denominar: Porto Dom Pedro II.
Com a transferência da concessão imperial da estrada de ferro, agora Paranaguá - Curitiba, à Compagnie Générale de Chemins de Fer Brésiliens e embora a concessão Rebouças tivesse o prazo esgotado, destacam-se o trabalho político do deputado Manuel Eufrásio Correia e de Manuel Antônio Guimarães, para prevalecer o porto de Paranaguá, como ponto inicial da via férrea.
O Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas encarregou o engenheiro Eduardo José de Morais e José Maria Nascimento Júnior, para estudarem e decidirem quanto às condições oferecidas à navegação pela enseada do Gato, em Paranaguá, agora denominada porto Dom Pedro II, e pelo porto de Antonina.
A comissão concluiu pelas vantagens do porto Dom Pedro II, reconhecendo as condições existenciais do Porto eram as melhores sobre quaisquer outro lugar. A comissão preparou um longo relatório, com apreciação objetiva sobre a maior vantagem do porto de Paranaguá.
A concessionária Compagnie Générale de Chemin de Fer Brésiliens, dotou o porto Dom Pedro II de um ancoradouro seguro, construindo um trapiche feito de pedras até o baixa-mar e daí em diante de madeira, alcançando a cota de profundidade de 4,70 metros. A parte de pedras tinha o comprimento de 85 metros e a de madeira de 45 metros. O trapiche assegurava a atracação dos navios que traziam os materiais de construção ferroviária. Durante muito tempo foi este trapiche um dos mais importantes atracadouros do porto Dom Pedro II.
Outros trapiches foram construídos nos anos seguintes:
- O trapiche da Alfândega, construído pelo inspetor da Alfândega, Manuel A. da Silveira Neto, e edificado por Alípio Cornélio dos Santos, permitia calado até 3,40 metros em maré mínima, a 6,20 m em maré máxima, foi oficialmente recebido no dia 28 de maio de 1912, conforme ata lavrada pelo secretário Carlos Olímpio Barreto;
- Trapiche da Estrada de Ferro do Paraná, chamado Trapiche Paraná, partia do ponto da antiga Estação Dom Pedro II;
- Trapiche Santista, partia do antigo Moinho Santista;
- Trapiche Guimarães, edificado em madeira, partia do barracão da empresa Guimarães, antigo ponto da Estiva;
• Trapiche Rocha, edificado em madeira, partia do barracão do Rocha, hoje Centro Social da APPA;
• Trapiche São Paulo-Rio Grande, edificado em madeira, era comprido e ficava na zona sul do cais atual, na altura dos Silos da Soceppar.
Em 1917, o governo do Estado do Paraná assumiu o controle do Porto realizando grandes investimentos em infra estrutura e modernizando os sistemas.
Atualmente, o Porto de Paranaguá é um dos mais importantes centros de comércio marítimo do mundo, unindo localização estratégia a uma das melhores infraestruturas portuárias da América Latina. Entre as principais cargas movimentadas em Paranaguá estão: Soja em grãos, farelo de soja, milho, sal, açúcar, fertilizantes, contêineres, congelados, derivados de petróleo, etanol e veículos.
Paulo Grani

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