sábado, 11 de fevereiro de 2023

DIDI, UMA MUSA PARANAENSE

 DIDI, UMA MUSA PARANAENSE

"Enquanto a maioria das meninas da cidade sonhava em conseguir um bom marido e lindos filhos, na Curitiba de 80 anos atrás, uma jovem de 19 anos largou o noivo e foi para o Rio de Janeiro, como a primeira paranaense a disputar o concurso de Miss Brasil. Voltou solteira, mas foi recepcionada na estação ferroviária com festa, banda e mais de 30 mil pessoas. Em uma movimentação que acabou virando um filme.
Quando perguntamos o que Didi tinha de tão especial, as respostas de quem a conheceu parecem não ter fim. Ela era bonita, culta e fazia parte da elite curitibana. Filha de uma italiana com um francês, era a mais bonita entre as três irmãs, falava vários idiomas e tinha um carisma incomum. Didi foi a primeira mulher a gravar um disco de poesia no Brasil e não se tem registro de quantas músicas foram compostas em sua homenagem.
Quando o Rio de Janeiro ainda era a capital do país, ela ajudou o Paraná a ser reconhecido como um estado emergente, conta o psicanalista Paulo Soares Koehler, pesquisador da história da Miss Paraná. “Ela promoveu a imagem do estado, que era considerado um sítio, uma extensão de São Paulo”, diz. Didi era a preferida para o título de Miss Brasil e, quando anunciaram a filha do dono do jornal patrocinador do evento como vencedora, um dia depois do previsto, houve tumulto e confusão. “O público não se conformou. Houve um momento em que todos ficaram pasmos e sem reação, e a Didi é quem teve a iniciativa de pegar a faixa e coroar a primeira colocada. Isso foi mais uma prova de sua nobreza”, afirma Paulo.
Em Curitiba, Didi era a personalidade ideal para promover artigos de luxo – fossem carros, perfumes ou tecidos finos – e sabia alimentar sua imagem na mídia, participando de eventos da alta-sociedade ou lançando argumentos sobre assuntos polêmicos, como o voto feminino. Na moda, também teve papel significativo. Até então, ou se usava cabelo longo, ou curtinho. O cabelo dela era de cumprimento médio e serviu de modelo para muitas jovens.
Além de frequentar as conversas masculinas sobre política e economia, Didi também se destacava por desfilar pelas ruas em sua “baratinha”, um carro importado da Nash que havia ganhado do pai, numa época em que era incomum mulheres dirigirem.
Arrependido por ter deixado o relacionamento com Didi chegar ao fim, Luís Ermelino de Leão a procurou depois de ter passado dois anos na Europa e a reconquistou. “Ele foi até a casa dela e entregou à futura sogra um rosário de Lurdes. Em 1933 eles resolveram se casar”, conta um dos filhos de Didi, Luís Gil de Leão Filho. Didi teve outros três filhos e passou a se dedicar à família. O passado glamuroso, estampado em três grandes livros com recortes de jornal, ficou de lado. Viúva de Luís, casou-se com o banqueiro e empresário José Gonçalves de Sá, em 1953. Ela e os filhos foram morar no Rio de Janeiro e por lá ficaram durante 22 anos. Quando o segundo marido faleceu, Didi retornou a Curitiba, onde passou seus últimos oito anos e escreveu três livros. Na cidade, a praça que leva o seu nome continua sob a sombra de uma intocável nogueira, e permanece impecável, relembrando a grandeza da paranaense."
(Extraído de: Gazeta do Povo)
Paulo Grani.

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Em 1932, a Revista "A Noite Ilustrada" estampa em sua capa "Didi Caillet", participando do baile de carnaval no Theatro Municipal do Rio, vestindo uma linda fantasia de índia.

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Didi, miss Paraná 1929.
Foto: Acervo Gazeta do Povo.
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Didi e sua "barata".
Foto: Pinterest.

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Foto publicada no jornal Progresso de São Paulo, em 1928.

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