A FAMÍLIA CAMPOS
Sobre a origem da família Campos no centro-sul do Brasil, lemos no livro "Vida do Padre Estanislau de Campos", publicado em 1765 em Roma por um sobrinho do dito padre, que ele descende de Filippe de Ban der Borg, nobre belga, que foi mandado pelos seus patrícios duas vezes como embaixador ao rei de Espanha, a quem naqueles tempos estavam sujeitos os Países Baixos.

Na primeira vez teve bom êxito a sua embaixada junto ao rei, porém não na segunda, pelo que, envergonhado, Filippe de Ban der Borg não se animou a voltar a sua terra nem demorou-se na Espanha porque, casando-se ali com a castelhana Antónia del Campo, passou para Portugal, onde teve três filhos, dos quais o mais moço foi Filippe de Campos Banderborg, que se alistou como soldado voluntário e veio ao Brasil.
Logo que chegou ao Rio de Janeiro passou a São Paulo, onde casou em 1643 com Margarida Bicudo, filha do capitão Manoel Pires e de Maria Bicudo. Foi Filippe de Campos Banderborg capitão muito estimado em S. Paulo por sua civilidade, cortesia e boa instrução, e ocupou os honrosos cargos do governo; faleceu em 1681 em Santana de Parnaíba com testamento, e sua mulher Margarida Bicudo em 1708, deixando os 12 filhos, todos nascidos em São Paulo.
Pedro Taques diz em sua Nobil. Paulistana que Filippe de Campos, tendo acabado seus estudos de gramática no colégio de Santo Antão, foi mandado por seus pais à universidade de Coimbra; tinha feito algumas matrículas quando, por acidentes do tempo e extravagâncias de estudante, fez uma morte que o fez sair de Coimbra; e porque na corte e casa de seus pais não podia viver seguro, gozando da liberdade de passear, tomou a resolução de passar ao Brasil. Veio para a Bahia, onde então o provincial jesuíta era sujeito de seu conhecimento e com ele foi a São Paulo, atraído já da amizade que tinha conciliado com o padre Vicente Rodrigues, natural de São Paulo, que o recomendava a seus parentes e muito mais a seus pais para que o casassem com sua irmã Margarida Bicudo, por ser pessoa de reconhecida nobreza, homem estudante e de boa capacidade. O apelido "Banderborg" aparece depois de passado a Portugal, corrompido em "Wanderburg" e "Brandemburg".
Descendentes ilustres:
-Estanislau de Campos:
Padre da companhia de Jesus. Seguiu os estudos com tanto aproveitamento que foi um dos maiores barretes que teve a província do Brasil: foi lente de artes, e depois de teologia no colégio da Bahia, onde professou o 4.º voto. Foi reitor, deste colégio e provincial do Brasil duas vezes: a segunda no triênio de 1713. Teve tão grande aceitação que o seu nome era o mais conhecido em Roma dos seus reverendíssimos padres gerais, principalmente do padre geral Miguel Angelo Tamborino.
-Manoel de Campos Bicudo:
Bandeirante paulista, foi pessoa de muita estimação e respeito em São Paulo, onde teve sempre o primeiro voto; possuiu grandes cabedais, numerosa escravatura e muitos índios administrados.. A respeito deste paulista diz Pedro Taques que fez ele 24 entradas ao sertão do Rio Grande e Rio Paraguai, sendo 3 como soldado e 21 como capitão-mor da tropa para as partes da província do Paraguai, das Índias da Espanha
"Avizinhou-se (o capitão-mor Manoel de Campos) à redução dos índios do Rio Paraguai, acima dos jesuítas.
E para sossegar os ânimos dos padres jesuítas (declarados inimigos dos paulistas pelos sucessos antecedentes entre as tropas do capitão-mor Manoel Preto e de Frederico de Mello e os padres Simão Mazetta, Antonio Rodrigues e José Cataldino, mandou o capitão-mor Manoel de Campos Bicudo por carta assegurar ao superior daquela redução que ele vinha de paz, e só pretendia penetrar os sertões à conquistar o gentio"
Porém, teve como resposta de tão cortês como civil aviso ao terceiro dia um pé de exercito formado de mais de 2000 índios guerreiros e espanhóis com armas de fogo, de arco e flechas, fundas e outros instrumentos bélicos ao seu uso. Marchava diante de todo este corpo com seu mestre de campo general o padre superior da dita redução montado em um famoso cavalo; chegando próximo aos paulistas, adiantou os passos o capitão-mor Manoel de Campos para dar-lhe mão. A este cortejo correspondeu o padre superior com o furor de deu com a estribeira nos narizes, que logo lhe derramaria sangue; o injuriado Manoel de Campos, sem mais acordo que a resolução que lhe ministrou a ofensa, voltou atrás e tomando a sua arma de fogo fez tiro ao mestre de campo jesuíta, que ainda estava montado; e quando o corpo caiu do cavalo em terra, já a alma o tinha deixado. Ao eco deste tiro se pôs o campo todo em tiros e se travou uma quase batalha porém os índios e espanhóis não sustentaram o ardor das nossas ameaças, porque, desanimados da cabeça que lhes infundia o valor, se colocaram em retirada, fazendo os paulistas a melhorar de sitio procurando o receptáculo de uma mata espessa vizinha. Neste acontecimento ficaram prisioneiros nove paulistas, sendo por todos o de maior apreço Gabriel Antunes de Campos sobrinho do capitão-mor Manoel de Campos Bicudo"
Em 1629 sob as ordens de Manoel de Campos, os paulistas tinham destruído a Cidade Real de Guaíra e outras reduções espanholas.
Antonio Pires de Campos:
Filho de Manoel de Campos Bicudo, Antônio Pires de Campos, assim como o seu pai, foi um bandeirante paulista, casado com Sebastiana Leite da Silva, que foram os primeiros a adentrar as terras do atual estado de Mato Grosso e Goiás.
Tendo adentrado o sertão de Mato Grosso várias vezes, Pires de Campos era exímio conhecedor da região, tendo realizado um relato minucioso sobre as várias nações indígenas, bem como seus usos e costumes, que habitavam todo o percurso dos rios Grande até Cuiabá.
-Manoel Ferraz de Campos Salles:
foi um advogado e político brasileiro, terceiro presidente do estado de São Paulo, de 1896 a 1897 e o quarto presidente do Brasil, entre 1898 e 1902.
Há variadas origens dos "Campos" do Brasil, sendo os Campos, principalmente do centro-sul do Brasil possuindo estas origens, dentre suas raízes bandeirantes, tropeiras e pessoas comuns do povo.
Fonte para consulta:
-Genealogia Paulistana de Luiz Gonzaga da Silva Leme
- Nobiliarquia Paulistana Histórica e Genealógica, de Pedro Taques de Almeida Paes Leme
-Felipe de Oliveira
Logo que chegou ao Rio de Janeiro passou a São Paulo, onde casou em 1643 com Margarida Bicudo, filha do capitão Manoel Pires e de Maria Bicudo. Foi Filippe de Campos Banderborg capitão muito estimado em S. Paulo por sua civilidade, cortesia e boa instrução, e ocupou os honrosos cargos do governo; faleceu em 1681 em Santana de Parnaíba com testamento, e sua mulher Margarida Bicudo em 1708, deixando os 12 filhos, todos nascidos em São Paulo.
Pedro Taques diz em sua Nobil. Paulistana que Filippe de Campos, tendo acabado seus estudos de gramática no colégio de Santo Antão, foi mandado por seus pais à universidade de Coimbra; tinha feito algumas matrículas quando, por acidentes do tempo e extravagâncias de estudante, fez uma morte que o fez sair de Coimbra; e porque na corte e casa de seus pais não podia viver seguro, gozando da liberdade de passear, tomou a resolução de passar ao Brasil. Veio para a Bahia, onde então o provincial jesuíta era sujeito de seu conhecimento e com ele foi a São Paulo, atraído já da amizade que tinha conciliado com o padre Vicente Rodrigues, natural de São Paulo, que o recomendava a seus parentes e muito mais a seus pais para que o casassem com sua irmã Margarida Bicudo, por ser pessoa de reconhecida nobreza, homem estudante e de boa capacidade. O apelido "Banderborg" aparece depois de passado a Portugal, corrompido em "Wanderburg" e "Brandemburg".
Descendentes ilustres:
-Estanislau de Campos:
Padre da companhia de Jesus. Seguiu os estudos com tanto aproveitamento que foi um dos maiores barretes que teve a província do Brasil: foi lente de artes, e depois de teologia no colégio da Bahia, onde professou o 4.º voto. Foi reitor, deste colégio e provincial do Brasil duas vezes: a segunda no triênio de 1713. Teve tão grande aceitação que o seu nome era o mais conhecido em Roma dos seus reverendíssimos padres gerais, principalmente do padre geral Miguel Angelo Tamborino.
-Manoel de Campos Bicudo:
Bandeirante paulista, foi pessoa de muita estimação e respeito em São Paulo, onde teve sempre o primeiro voto; possuiu grandes cabedais, numerosa escravatura e muitos índios administrados.. A respeito deste paulista diz Pedro Taques que fez ele 24 entradas ao sertão do Rio Grande e Rio Paraguai, sendo 3 como soldado e 21 como capitão-mor da tropa para as partes da província do Paraguai, das Índias da Espanha
"Avizinhou-se (o capitão-mor Manoel de Campos) à redução dos índios do Rio Paraguai, acima dos jesuítas.
E para sossegar os ânimos dos padres jesuítas (declarados inimigos dos paulistas pelos sucessos antecedentes entre as tropas do capitão-mor Manoel Preto e de Frederico de Mello e os padres Simão Mazetta, Antonio Rodrigues e José Cataldino, mandou o capitão-mor Manoel de Campos Bicudo por carta assegurar ao superior daquela redução que ele vinha de paz, e só pretendia penetrar os sertões à conquistar o gentio"
Porém, teve como resposta de tão cortês como civil aviso ao terceiro dia um pé de exercito formado de mais de 2000 índios guerreiros e espanhóis com armas de fogo, de arco e flechas, fundas e outros instrumentos bélicos ao seu uso. Marchava diante de todo este corpo com seu mestre de campo general o padre superior da dita redução montado em um famoso cavalo; chegando próximo aos paulistas, adiantou os passos o capitão-mor Manoel de Campos para dar-lhe mão. A este cortejo correspondeu o padre superior com o furor de deu com a estribeira nos narizes, que logo lhe derramaria sangue; o injuriado Manoel de Campos, sem mais acordo que a resolução que lhe ministrou a ofensa, voltou atrás e tomando a sua arma de fogo fez tiro ao mestre de campo jesuíta, que ainda estava montado; e quando o corpo caiu do cavalo em terra, já a alma o tinha deixado. Ao eco deste tiro se pôs o campo todo em tiros e se travou uma quase batalha porém os índios e espanhóis não sustentaram o ardor das nossas ameaças, porque, desanimados da cabeça que lhes infundia o valor, se colocaram em retirada, fazendo os paulistas a melhorar de sitio procurando o receptáculo de uma mata espessa vizinha. Neste acontecimento ficaram prisioneiros nove paulistas, sendo por todos o de maior apreço Gabriel Antunes de Campos sobrinho do capitão-mor Manoel de Campos Bicudo"
Em 1629 sob as ordens de Manoel de Campos, os paulistas tinham destruído a Cidade Real de Guaíra e outras reduções espanholas.
Antonio Pires de Campos:
Filho de Manoel de Campos Bicudo, Antônio Pires de Campos, assim como o seu pai, foi um bandeirante paulista, casado com Sebastiana Leite da Silva, que foram os primeiros a adentrar as terras do atual estado de Mato Grosso e Goiás.
Tendo adentrado o sertão de Mato Grosso várias vezes, Pires de Campos era exímio conhecedor da região, tendo realizado um relato minucioso sobre as várias nações indígenas, bem como seus usos e costumes, que habitavam todo o percurso dos rios Grande até Cuiabá.
-Manoel Ferraz de Campos Salles:
foi um advogado e político brasileiro, terceiro presidente do estado de São Paulo, de 1896 a 1897 e o quarto presidente do Brasil, entre 1898 e 1902.
Há variadas origens dos "Campos" do Brasil, sendo os Campos, principalmente do centro-sul do Brasil possuindo estas origens, dentre suas raízes bandeirantes, tropeiras e pessoas comuns do povo.
Fonte para consulta:
-Genealogia Paulistana de Luiz Gonzaga da Silva Leme
- Nobiliarquia Paulistana Histórica e Genealógica, de Pedro Taques de Almeida Paes Leme
-Felipe de Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário