Corsários
Foi no Seminário, onde vivi desde minha infância até os vinte e quatro anos, quando me casei. É de lá, portanto, que vêm muitas das lembranças que vivem em minha mente.
Esta foto, que por acaso caiu em minhas mãos, mostra o bairro do Seminário em 1938, ano em que o prédio em primeiro plano deixou de ser o Seminário São José, que deu origem ao nome do bairro, pra virar o Ginásio Paranaense Internato, até hoje, sob a batuta dos Irmãos Maristas.
O prédio, construído em 1901, onde estudei, de 1975 a 1979, já contava com o jardim frontal simétrico, o campo de futebol oficial ao lado e o então, imenso bosque nos fundos, que na época chegava até a Carmelo Rangel, hoje uma quadra dali.
À esquerda, possivelmente de macadame, seguia a então Estrada do Mato Grosso, atual Rua Bispo Dom José.
Ela, logo após passar pelo colégio, faz uma curva à direita, existente até hoje, que tinha logo à esquerda, um bebedouro de cavalos, igual ao que existe ainda hoje no Largo da Ordem.
Era exatamente enfrente a ele, que ficava a casa onde morei até os dez anos de idade, em 1974.
A casa avarandada era antiga e já tá lá na foto, num pontinho escuro, na esquina, pois tinha muitas árvores ao seu redor.
Biplanos, de asas desiguais e de escalonamento ascendente, os aviões corsários, foram empregados pela Aviação Naval Brasileira entre 1933 e 1941 e pela Força Aérea Brasileira de 1941 a 1947, naquele dia, eles fizeram um sobrevoo por Curitiba.
Na foto, rara e aérea, feita por um dos aviões corsários, que sobrevoaram o bairro, descobri que a casa que morávamos, e que meu pai reformou, era mais antiga que o castelo de dona Lydia, mais à frente, à esquerda, ainda não presente neste registro.
Descobri, que no terreno da casa da padaria, pra onde nos mudaríamos depois, havia uma outra casa, exatamente onde viria a ser nosso jardim, ao lado do bosque do castelo.
Pela foto dá pra ver que a casa da padaria foi construída mais tarde onde era o quintal dessa antiga casinha, que por sua vez, como visto na outra foto do corsário, também é mais antiga que o castelo.
Quantas coisas, úteis ou inúteis, mas com certeza saborosas, uma simples foto, tirada nas asas de um Corsário, pode nos contar.
Imagino, por outro lado, com tanta onisciência tecnológica, tanta informação onipresente e tanta onipotência científica, tudo fácil e instantâneo, como o futuro tratará nosso presente, quando este se tornar passado?