Lendas Urbanas da Lapa – parte 3
A Lapa é a cidade da história e das estórias. Várias lendas são contadas e recontadas há anos nessa que é uma das mais antigas cidades do Paraná. Na época da quaresma, as histórias (ou estórias?) sobre assombrações, lobisomens e tudo que possa parecer sobrenatural ganham ainda mais força.
Conheça alguns desses contos, relembrados com a colaboração de Rosangela Xavier:
Medo do cemitério
Muitas pessoas têm medo ou no mínimo não se sentem muito confortáveis em andar no trecho ao lado do cemitério municipal da Lapa nas ruas Barão do Rio Branco e Amintas de Barros. E sempre foi assim, o cemitério foi construído antes do Cerco da Lapa, então já nessa época havia esse medo.
Mas, muitas pessoas contam que ao passar à noite pelo local, sentido Praça General Carneiro ou Colégio São José, encontraram um senhor muito simpático, conversador, de terno e gravata que sempre dizia estar voltando do trabalho e que não tinha medo daquele trecho porque passava por ali todas as noites. Era frequente encontrar esse senhor que sempre depois de muita conversa se despedia, e dobrava a esquina sentido ao portão do cemitério , enquanto as pessoas seguiam em frente.
Mas, certo dia, um grupo de moças seguiram acompanhadas desse senhor, e quando chegaram na esquina em frente à capela viraram a esquina com ele e continuaram o caminho por mais alguns metros. Quando todos chegaram ao portão do cemitério, as moças ouviram a seguinte mensagem do simpático senhor: “Agora vocês já estão encaminhadas, não precisam ficar com medo, eu já cheguei em casa, tchau”. O senhor então subiu a escada do cemitério em plena madrugada e sumiu…
Lobisomen gosta de sal
Há várias histórias sobre lobisomen: um homem normal durante o dia, mas que no período da noite, principalmente nas luas cheias durante a quaresma, se torna uma criatura assustadora, uma mistura de homem com lobo. Na Lapa essa criatura já foi “vista” em várias regiões, e dizem por aí que várias famílias já tiveram um lobisomen entre eles.
Os mais antigos contam que até existia uma técnica infalível para descobrir qual dos vizinhos era o lobisomem. Em noite de lua cheia, quem quisesse descobrir a identidade do lobisomem só precisava sair na janela quando ouvisse os uivos da criatura, e dizer para ele: “Amanhã venha buscar sal que eu te dou”.
No dia seguinte o primeiro vizinho que viesse bater em sua porta para emprestar um pouco de sal era o lobisomen da noite passada…
Rua mal assombrada
Diz a lenda que o local onde hoje é a Maternidade Municipal, na atual rua Marechal Floriano, antigamente era um campo aberto com muito mato e algumas fontes de água. Na época da escravidão os escravos tentavam fugir por ali, mas muitas vezes eram apanhados e castigados ao tentarem parar naquela região para beber água. No tempo do Cerco da Lapa o local também foi usado como abrigo de muitos soldados, e muitos teriam morrido por ali.
Por conta de tudo isso, a rua ganhou fama de mal assombrada. Quem mora ali naquela região conta que frequentemente ouve, de madrugada, barulhos de correntes arrastando pelo chão, gritos de pessoas pedindo ajuda e outros sons. Os barulhos seriam causados por espíritos de escravos e de soldados que nunca conseguiram se desprender daquele local…