terça-feira, 4 de maio de 2021

POSTAL - Panorama de Curitiba. A observar algumas construções, hoje inexistentes. Vê-se as torres da Catedral ao fundo e o Paço Municipal em segundo plano. Anos 20/30. Fotografia J. B. Groff. *J. B. GROFF foi o responsável pela edição da ILLUSTRAÇÃO PARANAENSE (1927-1930) uma magnífica revista, de alta qualidade gráfica (inspirada na emblemática "Ilustração Brasileira").

 

de A. W. CURITIBA, PARANÁ - Paisagem com a antiga Universidade do Paraná (UFPR) ainda com a arquitetura original do prédio e Catedral Basílica ao fundo. Circa 1930.

 

Incêndio na Rua XV de Novembro em Curitiba-PR. Com marca datilografada com o nome do fotógrafo na frente. No verso: A. Wischral, Curityba.

 

Plano Agache

 Em 1940, o Interventor do Paraná, Manoel Ribas contratou a empresa Coimbra, Bueno & Cia Ltda. para elaborar um plano urbanístico para Curitiba. Não por acaso, a empresa encomendou o projeto ao urbanista Donat-Alfred Agache. Os estudiosos costumam atribuir a escolha do francês à sua notoriedade como urbanista, já que ele trabalhara no planejamento do Rio de Janeiro. No entanto, a decisão nada teve a ver com motivos técnicos. Ribas, Agache e os irmãos Bueno tinham algo em comum. Todos participavam da seita dos Mystagogos. Esta seita foi fundada pelo jesuíta Athanasius Kircher, no século XVII. O místico, todavia, reivindicava origens mais antigas para a seita. O escultor Rodin e Leonardo Davinci foram, com certeza, mystagogos, assim com o Arqueduque Leopoldo Guilherme, da Áustria. Na origem da genealogia dos Mystagogos estaria o faraó Akenaton.

A ligação de Curitiba com esses conventículos misticos é notória. Basta lembrar que a cidade teve influência marcante dos Neopitagóricos, dos Rosacruzes e dos Harekrishnas.
As crenças Mystagógicas fundem Zoroastrismo, numerologia e diversas considerações místicas sobre a forma, inclusive a urbana.

Na foto, o Interventor Manuel Ribas, que era Grão-mestre de Terceira Ordem e fundador da Regional Paraná, faz a costumeira saudação mystagógica aos planos do urbanista francês.

Uma das características recorrentes dos mystagogos é a de fazerem-se representar segurando a própria cabeça, num gesto místico que se refere à auto-iluminação e controle dos pensamentos.


















A filiação mystagógica dos planos que Agache elaborou para Curitiba é evidente. Basta correlacioná-los com outras propostas urbanas de caráter místico, como as de Athanasius Kircher e de Leonardo Davinci. Todas elas têm como referência as representações do Jardim do Édem bíblico.
                                                                   
                                                                        Agache

                                              Kircher                                              Davinci









Quando detalhou o seu plano para a Rua XV de Novembro, Agache voltou a um dos temas mais correntes entre os iniciados mystagógicos: o das passagens místicas que ligam o lado da escuridão com o da luz. Ao fundo aparece o grande Zigurat místico, encimado pelo pentagrama utilizado nas cerimônias de fogo mazdaístas. O imenso edifício não saiu do papel. Desta parte do projeto, a única que chegou a ser construída foram as galerias da Rua XV. Veja-se abaixo a comparação entre o projeto e a situação atual.












Uma vez que a falta de recursos tornou inviável a proposta do grande edifício místico, Agache propôs uma reforma no edifício sede da Prefeitura, para adaptá-lo às cerimônias do fogo. Esta proposta também não chegou a ser implementada, devido à queda de Manuel Ribas.


Os componentes mystagógicos do design urbano de Agache, não se encerram aí. O projeto do grande viaduto do Capanema, ao qual se acoplava a Rodoviária, também partia do imaginário da seita. Ele tinha a forma de um Faravahar, a representação zoroastrista da alma humana.



Outra característica mystagógica evidente aparece nos projetos de praças do urbanista francês, todos elas de caráter cerimonial religioso, contendo obeliscos e faróis de iluminação mística.



O mystagogismo  de Agache acabou incorporado nos planos urbanos futuros de Curitiba. O plano SERETE, vulgo Lerner, é quase que uma cópia daquilo que propôs o urbanista francês. Agache foi buscar as quatro linhas estruturais da Cidade, diretamente na obra numeralógica de Athanasius Kircher, o grande pai do mystagogismo. Kircher pretendia que a numerologia fosse científica e mesclava-a com experimentos magnéticos que buscavam provar que o número 4 era propiciatório ao bom desenvolvimento das cidades. Assim nasceram as quatro vias estruturais de Curitiba. Determinava o plano de Agache que, quando o adensamento do trânsito obrigasse, essas vias deveriam comportar faixas específicas para o transporte coletivo. Qualquer semelhança, não é semelhança, é ctrl-C ctrl-V.


O último grande mystagogo de Curitiba é Rafael Greca de Macedo, atual Grão Mestre da Regional-PR da Ordem. Greca, quando prefeito, retornou ao tema dos faróis da Iluminação mística de Alfred Agache. Basta ver acima os planos da praça Tiradentes e do Centro Cívico.

Henry Fonda no Bacaheri

 Em 1939, um avião que trazia  Henry Fonda, procedente de Buenos Aires, pousou no aeroporto do Bacacheri e ali permaneceu. O ator e sua mulher, a canadense Frances Ford Seymour, ficaram em Curitiba por quase uma semana. A versão oficial para tão longa permanência foi uma pane no avião.


                                                 Henry Fonda no Bacaheri em 1939

No entanto, isto foi apenas um subterfúgio. Antes de desposar Fonda, Frances Seymour fora casada com George Brokaw, com quem tinha uma filha chamada Frances de Villers Brokaw. Na realidade, o sobrenome correto dos Brokaw era Bonkowski, uma família que  imigrou da Polônia para o Paraná no final do século XIX. Outro ramo dos  Bonkowskis foi para o Canadá, onde alguns tornaram-se milionários e mudaram de nome, para evitar preconceitos. Em Curitiba, Henry Fonda  e esposa dedicaram-se a procurar Bogoslavo e Lubomir Bonkowski, tios do primeiro marido de Frances. A questão era discutir o destino da fortuna do ramo canadense da família. Acabaram desistindo e voltando aos EUA. Dizem que os dois colonos polacos souberam que havia alguns parentes americanos que andavam à sua procura, mas não deram as caras. Ambos tinham  chácaras no Pilarzinho e na Barreirinha. Suspeitaram que se os parentes soubessem o quanto eram ricos iriam querer se aproveitar e viver às suas custas. Além do que, detestavam falar com estranhos. Eram Curitibanos da Silva.
Os irmãos Bonkowski

Quem diria? Capone é daqui!

 Na biografia de Júlia Wanderley, a famosa educadora do Paraná, há uma série de episódios mal contados. Ela casou-se com Frederico Petrich, que, segundo seus biógrafos, foi um dos pintores da catedral de Curitiba. Na documentação referente à catedral não consta o nome de Petrich, que assumiu os negócios do sogro e parece nunca ter sido pintor. Diz a biografia da professora, que ela não conseguiu ter filhos e adotou um sobrinho. Ainda é mal explicado essa história de sua irmã ter abdicado do filho, entregando-o aos cuidados de Júlia. Os registros mostram que Minervina Wandeley teve gêmeos, os quais sabe-se que foram entregues, assim que nasceram, a umas irmãs de caridade de origem italiana. Um dos meninos, a quem foi dado o nome de Júlio, foi assumido por Júlia Vanderley, que o registrou como filho legítimo. O outro irmão, a quem deram o nome de Afonso, consta que foi mandado ao exterior para adoção. Seguindo as pistas da documentação, foi possível descobrir que o menino era para ter ido para a Alemanha, todavia foi rejeitado, por parecer muito latino, apesar do sobrenome Wanderley. As freiras acabaram por mandá-lo para Nova Iorque, onde Afonso foi adotado por um casal italiano bastante humilde: Gabriele y Teresina Capone. Nos registros norte-americanos, o garoto aparece como Alphonse Gabriel Capone.

                              

                               Júlia Wanderley                                                                       Al Capone                                                                  

Creio que não é preciso se estender sobre esse personagem, que fez fama com o pseudônimo de Al Capone. As semelhanças de traços fisionômicos com a família paranaense são uma evidência a mais para mostrar sua origem. Quando vemos fotos de Júlio, seu irmão gêmeo, não restam dúvida que Al Capone era Curitibano da Silva.
                                                                                         Júlia e Julinho

Avenida Marechal Floriano Peixoto - 1913

 


Anotacao Impressa na B.S.: 43 - Avenida Joao Gualberto e Gloria - Curitiba - Parana. Anotacao manuscrita na B.S.D.: 1913

 


Pedestal da estatua do Barao do Rio Branco em frente ao Mercado Municipal, na praça do Mercado [Atual Generoso Marques] [1913]

 


Rua XV de Novembro, carnaval de 1913 - proximo a Rua Doutor Muricy