Em 1940, o Interventor do Paraná, Manoel Ribas contratou a empresa Coimbra, Bueno & Cia Ltda. para elaborar um plano urbanístico para Curitiba. Não por acaso, a empresa encomendou o projeto ao urbanista Donat-Alfred Agache. Os estudiosos costumam atribuir a escolha do francês à sua notoriedade como urbanista, já que ele trabalhara no planejamento do Rio de Janeiro. No entanto, a decisão nada teve a ver com motivos técnicos. Ribas, Agache e os irmãos Bueno tinham algo em comum. Todos participavam da seita dos Mystagogos. Esta seita foi fundada pelo jesuíta Athanasius Kircher, no século XVII. O místico, todavia, reivindicava origens mais antigas para a seita. O escultor Rodin e Leonardo Davinci foram, com certeza, mystagogos, assim com o Arqueduque Leopoldo Guilherme, da Áustria. Na origem da genealogia dos Mystagogos estaria o faraó Akenaton.
Na foto, o Interventor Manuel Ribas, que era Grão-mestre de Terceira Ordem e fundador da Regional Paraná, faz a costumeira saudação mystagógica aos planos do urbanista francês.
Uma das características recorrentes dos mystagogos é a de fazerem-se representar segurando a própria cabeça, num gesto místico que se refere à auto-iluminação e controle dos pensamentos.
A filiação mystagógica dos planos que Agache elaborou para Curitiba é evidente. Basta correlacioná-los com outras propostas urbanas de caráter místico, como as de Athanasius Kircher e de Leonardo Davinci. Todas elas têm como referência as representações do Jardim do Édem bíblico.
Agache
Kircher Davinci
Uma vez que a falta de recursos tornou inviável a proposta do grande edifício místico, Agache propôs uma reforma no edifício sede da Prefeitura, para adaptá-lo às cerimônias do fogo. Esta proposta também não chegou a ser implementada, devido à queda de Manuel Ribas.
Os componentes mystagógicos do design urbano de Agache, não se encerram aí. O projeto do grande viaduto do Capanema, ao qual se acoplava a Rodoviária, também partia do imaginário da seita. Ele tinha a forma de um Faravahar, a representação zoroastrista da alma humana.
Outra característica mystagógica evidente aparece nos projetos de praças do urbanista francês, todos elas de caráter cerimonial religioso, contendo obeliscos e faróis de iluminação mística.
O mystagogismo de Agache acabou incorporado nos planos urbanos futuros de Curitiba. O plano SERETE, vulgo Lerner, é quase que uma cópia daquilo que propôs o urbanista francês. Agache foi buscar as quatro linhas estruturais da Cidade, diretamente na obra numeralógica de Athanasius Kircher, o grande pai do mystagogismo. Kircher pretendia que a numerologia fosse científica e mesclava-a com experimentos magnéticos que buscavam provar que o número 4 era propiciatório ao bom desenvolvimento das cidades. Assim nasceram as quatro vias estruturais de Curitiba. Determinava o plano de Agache que, quando o adensamento do trânsito obrigasse, essas vias deveriam comportar faixas específicas para o transporte coletivo. Qualquer semelhança, não é semelhança, é ctrl-C ctrl-V.
O último grande mystagogo de Curitiba é Rafael Greca de Macedo, atual Grão Mestre da Regional-PR da Ordem. Greca, quando prefeito, retornou ao tema dos faróis da Iluminação mística de Alfred Agache. Basta ver acima os planos da praça Tiradentes e do Centro Cívico.