segunda-feira, 17 de abril de 2023

"Vista da Rua Barão do Rio Branco e a Praça Eufrásio Correia da década de 1940"

 "Vista da Rua Barão do Rio Branco e a Praça Eufrásio Correia da década de 1940 "


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"Vista do Alto da Rua XV, em 1930"

 "Vista do Alto da Rua XV, em 1930"


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Um desfile infantil na "Rua XV de Novembro". A piazada com seus carrinhos de brinquedo participam de uma campanha beneficente, em 1940. Foto - Gazeta do Povo..

 Um desfile infantil na "Rua XV de Novembro". A piazada com seus carrinhos de brinquedo participam de uma campanha beneficente, em 1940. Foto - Gazeta do Povo..


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Desfile dos Alunos do Antigo Colégio Estadual América, pelas Ruas do Bacacheri, em 1969

 Desfile dos Alunos do Antigo Colégio Estadual América, pelas Ruas do Bacacheri, em 1969


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RADIOFÔNICAS FUTEBOLÍSTICAS

 RADIOFÔNICAS FUTEBOLÍSTICAS


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RADIOFÔNICAS FUTEBOLÍSTICAS
" Iniciei no jornalismo esportivo em Ponta Grossa e, em 1965, vim para Curitiba, contratado como repórter da antiga Rádio Guairacá. No meu primeiro jogo, no estádio 'Orestes Thá', o Ferroviário venceu o Água Verde por 2 a 0 e, ao final, fui ao vestiário fazer a cobertura da equipe derrotada.
Indaguei ao goleiro Antoninho como é que ele explicava os dois gols sofridos. Suado, abatido, o goleiro foi sincero na análise: 'No primeiro gol eu reconheço que falhei, mas o segundo foi cagada do Titure...". Titure formava com 'Ferramenta' e 'Fonti' a defesa do chamado time "hidro-esmeraldino".
Na semana seguinte, fui escalado para cobrir o jogo Primavera e Átlético, no velho estádio 'Loprete Frega', no Taboão. Seria a primeira partida do técnico Adão Plínio da Silva no comando do Primavera. Perguntei ao famoso treinador da época como é que se sentia no dia da estréia. Bondoso, o Nego Adão chegou bem perto do microfone e respondeu revirando os olhos ao melhor estilo Carmem Miranda: 'Olha meu filho, quem estréia é circo, eu sou papai Adão, O king Kong dos treinadores!'
Mais tarde, tornei-me narrador e não sofri mais com os desafios do frio, do calor e da chuva, que perseguem os repórteres de campo.
Em uma noite fria, daqueles junhos que fazia antigamente em Curitiba, transmitia um jogo do Coritiba com o Guarani, de Ponta Grossa, e o repórter Osiris Nadai substituía um nosso companheio, da Rádio Universo. Da cabine, fiquei observando o Osiris, morrendo de frio atrás da meta. Condoído, quis dar moral a ele, perguntando docilmente: 'Está muito frio aí embaixo, meu caro Osiris ?' Desligado, porém autêntico, e no ar, veio a resposta: um tremendo palavrão que explodiu o estádio em gargalhadas.
Munir Calluf, empresário e coxa-branca fanático, quis ser diretor do Coritiba mas acabou vetado por razões políticas. Resolveu ir à forra bancando o time do Britânia. Contratou diversos craques e fez sucesso no campeonato. Um dos jogadores que vieram foi o meia-cancha Wander Moreira, mais tarde árbitro de futebol. Malandro como só ele, Wander fez diversas exigências para assinar o contrato e o jovem dirigente resolveu marcar um jantar para acertar todos os detalhes.
Reunidos no restaurante Ile de France, Munir estabeleceu as cifras com Wander e disse que viajaria no dia seguinte para São Paulo e na volta mandaria fazer o contrato. O jogador argumentou: 'Olha seu Munir, não é por nada não, confio na sua palavra, porém não tem nada assinado e agora estou sem gravador...'.
Só começou a treinar na volta do dirigente, com contrato assinado."
(Autor: Carneiro Neto é jornalista / Extraído de: Trezentas Histórias de Curitiba)
(Foto: Pinterest)
Paulo Grani

RELEMBRANDO O RESTAURANTE EMBAIXADOR, DO ONHA

 RELEMBRANDO O RESTAURANTE EMBAIXADOR, DO ONHA


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O Filé Bifado do Onha
Foto: Arquivo Gazeta do Povo


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Feijoada tradicional
Foto ilustrativa / revista menu.


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A Carne de Onça, marca registrada do Onha.
Foto: Arquivo Gazeta do Povo

RELEMBRANDO O RESTAURANTE EMBAIXADOR, DO ONHA
O Restaurante Embaixador, de Leonardo Werzbitzki, ficou conhecido em Curitiba como Restaurante Onha. Em entrevista com seu filho, João José, este explicou a origem do nome: "Onha, significa rápido, é uma palavra de origem cigana. Os ciganos deram esse apelido para meu pai. Queriam dizer que ele era rápido como um relâmpago. Ele jogava bola, era goleiro. E o apelido pegou."
O sr. Leonardo, ainda jovem, trabalhou com seu pai José na primeira churrascaria de Curitiba, na Praça Osório, onde atualmente funciona o Mercadorama. Mais tarde, no Churrasco Curitibano, que ficava na Rua Ébano Pereira, onde hoje é a Loja Fedatto.
Em 1950 casou e resolveu montar o seu restaurante, o Restaurante Embaixador, na rua Riachuelo. Uma rua central, durante o dia tinha um comércio intenso e à noite era uma rua pouco familiar. Apesar dessas características do local, o Embaixador sempre teve grande movimento, de dia e à noite. João Jos, filho do seu Leonardo, conta: "minha mãe tocava as prostitutas com vassoura. Elas não entravam no restaurante."
O Restaurante Embaixador tinha um cardápio à la carte e pratos-do-dia:
Cardápio diário: 2ª feira, Virado à paulista; 3ª feira, Rabada com tutu (não era com polenta); 4ª feira, Feijoada; 5ª feira, Mocotó e à noite costela assada; 6ª feira, Dobradinha com feijão branco e Sábado, Feijoada.
No cardápio à la carte eram servidos: filé simples, temperado com sal e acompanhado de salada de cebola, tomate, alface e feijão-cavalo, temperado e servido com caldo; churrasco simples, churrasco acebolado, com cebola frita por cima e o churrasco bifado, com molho de tomate, cebola, ovo frito e arroz. Não era costume servir sobremesas, nem cafezinho, para poder aumentar a rotatividade das mesas.
Como se percebe no cardápio diário, nas quintas-feiras à noite, o restaurante servia costela assada. Segundo João José, a costela era assada do jeito que seu avô fazia:
A costela era colocada cedo 110 fogo, temperada com sal e pimenta do reino. O tempo todo, era molhada com um pincel grande feito de palha de milho. Este era mergulhado num panelão que continha cachaça, vinagre, pimenta vermelha, pimenta do reino e sal. O osso da costela ficava para baixo, e ela era molhada por cima. A dois metros do fogo, era colocado, no alto da churrasqueira, jornal, para conservar o calor. E um jeito diferente do gaúcho, que faz com sal grosso.
Todos os dias tinha um grupo de pessoas que, no final da tarde, compareciam ao Embaixador para aperitivar. O sr. Leonardo e sua esposa preparavam: carne-de-onça (carne crua temperada), petiscos de vina (salsicha) com pepino azedo, de ovo com picles, e bolinhos de carne fritos na hora. Dessa turma de fregueses, alguns tinham cadeira cativa no restaurante.
João José contou, também, que seu pai preparava a famosa "carne de onça", na forma como a conhecemos hoje, desde a década de 1950 em seu primeiro restaurante, o Embaixador. “Ninguém sabe ao certo a origem do nome do prato que, na verdade, não tem relação com onça ou qualquer felino, mas, dizia meu pai, o nome ficou assim porque o ‘bafo é de onça’, depois de comer aquela iguaria, preparada com carne crua, cebolas e temperos”.
João José relatava que seu pai Leonardo “Onha” Werzbitzki preparava a carne de onça, na forma como conhecemos hoje, desde a década de 1950 em seu primeiro restaurante, o Embaixador. “Ninguém sabe ao certo a origem do nome do prato que, na verdade, não tem relação com onça ou qualquer felino, mas, dizia meu pai, o nome ficou assim porque o ‘bafo é de onça’, depois de comer aquela iguaria, preparada com carne crua, cebolas e temperos".
O Embaixador não fechava durante o dia, ficava aberto a tarde toda, por causa dos fornecedores. A reposição de carnes e de bebidas era diária, pois a geladeira não era muito grande.
O restaurante tinha nove metros de comprimento por quatro metros de largura. Havia um corredor no meio e as mesas, com toalhas xadrezinhas e louças brancas, ficavam dos dois lados do salão, que comportava até sessenta pessoas. No final desse corredor estava o balcão de mármore e o bar, com uma coleção de cachaças com ervas: mentruz, losna, capim-do-padre, guaco, carqueja e frutas: pitanga, araçá, coquinho, abacaxi etc. Logo a seguir vinha a cozinha, que em termos de espaço físico era bem maior que o salão do restaurante. Nela ficava uma churrasqueira e um fogão movidos à carvão; não se usava lenha.
Apesar de ser um local não muito grande, o restaurante ficou famoso e conhecido pela sua especialidade: a feijoada. A feijoada do Onha, como se falava, tinha todo um ritual para a sua preparação.
Em entrevista, João José descreveu todos os passos seguidos pelo seu pai no preparo da feijoada, que era servida no sábado:
A feijoada começava a ser preparada na quarta-feira, quando chegava o porco, já cortado, proveniente do Frigorífico Catei. O couro do porco era queimado à vela, para tirar os pelinhos e raspado com faca, peça por peça: focinho, rabo, máscara etc. Tudo era bem lavado e colocado para fazer o primeiro cozimento, cuja água ia fora.
Na quinta-feira o pai cozinhava todos os defumados: costelinha, charque, lingüiça, e trocava as águas várias vezes. Eram cozidos e reservados. Não comprava defumado muito forte, para não prevalecer o gosto do defumado sobre o resto.
Na sexta-feira ele cozinhava o feijão, amassava o feijão com um macete bem grande, para o caldo ficar mais grosso. Colocava nesse feijão: alho, cebola, sal, pimenta, tudo em pedacinhos pequenos, e juntava os defumados e a carne de porco para cozinhar junto com o feijão. Cozinhava sexta-feira o dia inteiro, em vários panelões: oito a dez .
No sábado cedo ele montava potinho por potinho. Ele tinha a panela de pé de porco, a panela de máscaras (de focinhos), de rabinho, de lingüiça, de costelinha, tudo já cozido no feijão, mas daí ele tirava, e era com a mão, e geralmente estava quente. Então ele montava os oitenta a cem potes à prova de fogo, que já estavam em cima da grelha. Botava pezinho, pezinho, pezinho, costelinha, costelinha, costelinha, charque, charque, charque, lingüiça .... Se o freguês dissesse que no seu pote não veio charque, por exemplo, meu pai ficava p...: fui eu que pus! Ele não admitia outra pessoa, ele é quem fazia esse ritual. Daí ele punha o feijão e deixava no fogo fervendo. Não grudava, não queimava.
Quando o freguês recebia a feijoada na mesa, recebia um pote fervendo, e todas as coisas estavam cozidas juntas naquele pote. O último cozimento era no pote de barro, tudo junto.
Servia com couve, torresminho, que ele fritava no sábado, e arroz branco. E na mesa tinha pimenta vermelha e uma pimenta que ele fazia, era uma pimenta mais suave, um vinagrete com pimenta vermelha, de leve, pra gente que queria uma pimenta mais fraca. E farinha branca Pinduca. Também servia pão.
Esse esquema funcionou de 1950 a 1971, quando meu pai mudou para o Bacacheri. Daí passou a se chamar Restaurante Onha. O logotipo eram quatro potinhos de feijoada escritos ONHA.
No sábado, as pessoas que aguardavam na calçada a sua vez de entrar no restaurante, para saborear a feijoada, eram agraciadas com aperitivos, tipo batidinha de limão, servidos pelos filhos do Onha. Ao mesmo tempo, escutavam música, da mais alta qualidade, proveniente da Orquestra do Genésio, conhecido músico em Curitiba, e que no prédio ao lado, ensaiava todos os sábados com o seu grupo: cinco saxofones, três pistões, três trombones, piano, baixo, bateria e três cantores (dois homens e uma mulher). Com tantos atrativos, não havia reclamações das pessoas, que tinham até às 18 horas a certeza de que comeriam "a melhor feijoada de Curitiba".
O Onha tinha esquemas com os jornalistas. Estes não pagavam a conta e em troca, de vez em quando, davam notícias nas colunas dos jornais. Era uma forma de se divulgar, ainda mais, a fama do restaurante.
Segundo o seu filho, João José, o que atraía as pessoas para o Onha eram basicamente duas coisas: a qualidade da comida e do atendimento. Em termos de marketing, produto e serviço.
As opiniões das pessoas entrevistadas referendam essa colocação:
"Quando se fala em feijoada, não se pode deixar de citar o Restaurante Onha. Levou muitos anos na Riachuelo. Na quarta-feira e no sábado, fazia uma feijoada que era famosa na cidade e reunia muitos amigos. Depois, quando desativou-se a rua, em função do ônibus Expresso, ele abriu no Bacacheri e levou anos com essa feijoada no Bacacheri, que era muito boa", conforme Nireu Teixeira."
Segundo Antonio Souza Cunha, "O que marcava o Onha é que era um restaurante que a gente se sentia muito à vontade. O Onha era uma pessoa muito simples, comunicativa, conhecia muita gente, tratava todos muito bem. E a gente já conhecia a clientela, o ambiente era tranqüilo, isso era um fator que pesava. A comida era boa e ele tinha uma coleção de cachaças com guaco, agrião etc. que a gente tomava e ao mesmo tempo servia de remédio. Eram ótimas! Ele gostava de futebol e música, conversava com a gente, pegava o violão, tocava. Terminado o jantar a gente ficava cantando no restaurante. O que me atraía no Onha, além da comida boa, era esse ambiente."
Em 07/03/1983, na comemoração dos 50 anos de trabalho do sr. Wezbitzki, o jornal Gazeta do Povo publicou uma pequena nota:
"Onha, há 50 anos o rei da feijoada em Curitiba - Na história do roteiro gastronômico da cidade, Onha é uma figura das mais queridas e conhecidas [...] Mas pouca gente sabe que o Onha está comemorando nesta semana seus 50 anos como 'o rei da feijoada' em Curitiba. Seu filho, o comunicólogo João José Werzbitzki, teve a paciência e o carinho de fazer o cálculo: nestes 50 anos o Onha cozinhou mais de 150 mil quilos de feijão, 'com todo capricho' e chegou a servir aproximadamente 800 mil feijoadas!"
Em 29 de fevereiro de 1971, o sr. Leonardo Werzbitzki inaugurou o seu novo restaurante, na avenida Monteiro Tourinho, no Bacacheri, que passou a se chamar Restaurante Onha. Manteve a tradição da feijoada, mas aos poucos, foi introduzindo novos pratos. Nesse esquema ele permaneceu até 1987 quando, cansado e doente, colocou à venda seu estabelecimento.
Pelo menos quatro gerações de glutões e boêmios curitibanos foram fregueses do velho Onha - apelido que ganhou em seus tempos de craque da segunda divisão. Quando lhe perguntam o que significa, ele diz: "Foi uma cigana que me apelidou. Onha significa rápido, lépido ..."
(Compilado de: teses.ufpr.gov.br / Maria do Carmo Marcondes Brandão Rolim Bares e Restaurantes de Curitiba)
Paulo Grani

Saudosos tempos em que os pais podiam levar seus filhos para desfrutar do parquinho que havia na Praça Osório, Curitiba. Nesta foto dos anos 1950, a criançada brinca animadamente e seus pais assistem sem preocupação com a segurança pois a sociedade vivia um período de respeito mútuo, onde os cidadãos sabiam que o direito anda par-a-par com os deveres. (Foto: Acervo Luis Venske Dyminski) Paulo Grani

 Saudosos tempos em que os pais podiam levar seus filhos para desfrutar do parquinho que havia na Praça Osório, Curitiba.
Nesta foto dos anos 1950, a criançada brinca animadamente e seus pais assistem sem preocupação com a segurança pois a sociedade vivia um período de respeito mútuo, onde os cidadãos sabiam que o direito anda par-a-par com os deveres.
(Foto: Acervo Luis Venske Dyminski)
Paulo Grani


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ENTRE BANANAS E MADEIRAS

 ENTRE BANANAS E MADEIRAS


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Gravuras representando a fartura do Brasil, eram publicadas na Europa por agenciadores marítimos visando captar novos imigrantes.


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"Venite a construire i vostri sogni con la famiglia. Un paese di opportunitá. Clima tropicale vito in abbondanza. Ricchezze minerali. In Brasile putete havere il vostro castello. Il governo dá terre ed utensili a tutti.", eram textos comumente publicados, atiçando o espírito aventureiro que há dentro das pessoas.


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Cartaz mostrando as diversas partidas da Europa em direção ao sul do Brasil.

ENTRE BANANAS E MADEIRAS
" Entre a Padre Anchieta e a Padre Agostinho, a Brigadeiro Franco não era apenas a rua de lama por onde subiam as carroças das verdureiras italianas, rumo a Santa Felicidade. Era uma algaravia onde russos, polacos, alemães, italianos, japoneses, chineses e slrio-libaneses compartilhavam sotaques, hábitos e sonhos.
Meu pai, o polaco Estanislau, foi um dos primeiros a se instalar do lado direito da rua, no barracão onde exercia o ofício de marceneiro com excepcional maestria. Tinha com a madeira tal intimidade que a serragem, sempre pousada em seus ombros, parecia uma leve benção da imbuia, do cedro, do marfim e da canela, que transformava em mesas, cadeiras, entalhes e detalhes.
Eram bem poucos os brasileiros da rua e serviam apenas para balizar a Babel da Brigadeiro Franco com algumas palavras chaves na conversação arrevezada: 'Alesblau, arigatô, tuti-buonagente, dovidzenha', tudo acabava em pinga no balcão do bar de seu Caluf, que rescendia um cheiro bom de madeira curtida na mais pura cachaça. Os imigrantes aprendiam rápido os costumes da nova terra, talves porque eram eles mesmos que desenhavam, a cada dia, a cara da cidade, seu território de fato e de direito.
Para chegar até a Brigadeiro Franco, o menino Estanislau atravessou o Atlântico, cruzou o Equador, suportou terrível calor nos apinhados porões dos navios, embalado pelas fantásticas promessas dos agenciadores de imigrantes. Os folhetos espalhados pelas aldeias onde viviam camponeses famintos e oprimidos mostravam a fartura do mundo tropical traduzida sob a forma de árvores gigantescas, carregadas de suculentos frutos e lavouras de extraordinário viço.
Para facilitar a mensagem, os ilustradores desenhavam espécies típicas da velha Europa - que os camponeses poderiam reconhecer facilmente, e não as do Novo Mundo. Assim, os imigrantes imaginavam trigais reluzindo nas encostas na Serra do Mar e frondosos carvalhos destacando-se na Mata Atlântica.
Ademais, quem acreditaria em especiarias exóticas como feijão preto, café, mandioca, cana-de-açucar ou manga?
Foi assim que, de todo desinformado, o menino Estanislau desembarcou no Rio de Janeiro. Ansioso para abandonar o porão do navio, precipitou-se para a escada que dava acesso ao convés e a brutal claridade do sol tropical encheu-lhe os olhos. Ofuscado, viu um marinheiro negro oferecer-lhe, amistosamente uma fruta desconhecida. Surpreso diante do gesto, tomou-a nas mãos, cheirou-a, sentiu-lhe a maciez e, sem vacilar, cravou os dentes na casca amarela da primeira banana que viu em seus bem vividos nove anos.
Foi uma recepção inesquecível, de sabor tropical, com direito a negros, bananas, fraternidade, muito sol e a primeira frase que aprendeu em português: 'queira-me bem, mal não faz'. Os recém-chegados foram levados para uma fazenda de café, no interior de São Paulo, de onde logo fugiram, exaustos e aterrorizados com o tratamento dado aos imigrantes.
Pouco mais tarde, encontravam abrigo e trabalho na pequena Curitiba da década de 1920. De Curitiba, foi filho até a morte.
Um singular polaco tropical, solidário, amigo e moreno, que jamais esqueceu o navio, o negro e a banana.
Um velho marceneiro que tinha um modo especial de se despedir, sem adeus nem até logo, apenas 'queira-me bem, mal não faz'. "
(Autora: Teresa Urban é jornalista / Extraído de: Trezentas Histórias de Curitiba)
(Fotos ilustrativas: BN Digital e Brasiliana Fotografias)
Paulo Grani

Praça Osório, Curitiba, em 1916. (Foto: Revista do Povo) Paulo Grani

 Praça Osório, Curitiba, em 1916.
(Foto: Revista do Povo)
Paulo Grani


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PIRARUCU RECHEADO AO FORNO

 

PIRARUCU RECHEADO AO FORNO


INGREDIENTES

  • 1 kg de lombo de pirarucu fresco
  • Limão
  • Sal
  • 3 dentes de alho amassados
  • 1 pimentão cortado em cubos pequenos
  • 1 março de cheiro verde picado
  • 1 cebola, cortada em cubos pequenos
  • 1 vidro pequeno de azeitonas sem caroços lavadas e escorridas
  • Azeite de oliva
  • Óleo de milho
  • MODO DE PREPARO

    1. Fure o lombo de pirarucu com uma faca, fazendo pequenos furos golpes.
    2. Tempere - o com limão, sal e alho e deixe - o tomar gosto.
    3. Prepare o molho com os demais temperos e o azeite.
    4. Preencha os furos do lombo com este molho e coloque o que sobrar por cima.
    5. Deixe o lombo tomando gosto neste tempero por uma hora.
    6. Na hora de prepará - lo, retire com cuidado os tempero que ficam por cima do lombo e reserve - os.
    7. Leve os lombos a frigideira com óleo pré - aquecido, fritando - o para ficar dourado.
    8. Passe - o para um pirex e coloque o restante do molho reservado por cima.
    9. Leve ao forno médio até que o lombo asse por completo.