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sábado, 9 de setembro de 2023

ANTIGAMENTE, NASCÍAMOS EM CASA PELAS MÃOS DAS PARTEIRAS

 ANTIGAMENTE, NASCÍAMOS EM CASA PELAS MÃOS DAS PARTEIRAS


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ANTIGAMENTE, NASCÍAMOS EM CASA PELAS MÃOS DAS PARTEIRAS
Ao longo dos nove meses de gestação, elas visitavam a futura mamãe, apalpavam a barriga, faziam chás, receitavam simpatias, faziam orações, acompanhando a gravidez, mês a mês. Algumas delas ministravam purgantes às gestante, tipo laxante, para que as crianças nascessem com a pele bem limpa. Algumas, até se arriscavam a prever o sexo da criança.
Com carinho, cuidavam das gestantes para que tivessem “uma boa hora”. E quando a hora chegava, não importava se era de dia ou de noite, corriam para a casa da parturiente e tomavam conta de tudo. Portas fechadas, bacias de metal com água morna, toalhas brancas, um pouco de álcool e alguns precários instrumentos. Os homens na cozinha ou do lado de fora, faziam apostas se o rebento seria menino ou menina. As vizinhas, correndo de um lado para outro, ajudavam como podiam e, até arrecadavam roupinhas ajudando no enxoval. As crianças eram levadas para casa de vizinhos, ou o mais longe possível. Algumas delas olhavam para o céu à espera de uma tal cegonha.
Esse era o cenário de muitos nascimentos antes dos hospitais substituírem o ambiente de casa na hora do parto. E em tal contexto, a principal figura nem sempre era a mãe ou o bebê, mas a "parteira".
Elas tinham tudo muito bem preparado em sua maleta, com instrumentos, às vezes, repassamos das mais velhas às mais novas. Em uma bacia bem limpa com água, colocavam um pouco de álcool e acendiam para desinfetá-la. Sempre usavam panos bem limpos. Depois do nascimento, cortavam o cordão umbilical do bebê, medindo com os dedos fechados, um palmo do umbigo. Seguravam o bebê pelos pés, colocando-o de cabeça para baixo e davam uma ou mais palmadas no bumbum, até ele chorar.
Muitos ritos acompanhavam o momento do nascimento de uma criança. O cordão umbilical era cercado de mistérios para as mães de antigamente, que faziam simpatias para garantir saúde ao recém-nascido. Muitas enterravam o cordão e outras davam-lhe aos animais para ser comido. Ainda havia as que guardavam o umbigo num paninho, bem longe de ratos. Tudo isso era para dar sorte à criança. A crença popular indicava que se um rato comesse o cordão, a criança poderia se tornar ladra.
Quando a criança nascia, a parteira ainda repassava os procedimentos essenciais, para o período de "resguardo" da mamãe. Não podia lavar a cabeça, tinha que estar sempre de meias, para manter os pés quentes. Nao pegar sereno, chuva, friagem ou vento. Não podia comer comida requentada. A tradição do "resguarde" era de uma "quarentena" de dias, durante os quais, além dessas recomendações, a abstinência total de relações sexuais.
No quarto dia e no penúltimo dia da dieta a mulher tinha que tomar o laxante. Era chá de sene, manã, rosa branca e erva doce. Um punhadinho de cada um. A mamãe, tanto de primeira viagem ou mais, fazia o chá e tomava sem o menor receio.
As parteiras geralmente faziam serviço voluntário e, por reconhecimento, eram convidadas a ser madrinhas do primeiro filho de cada família.
No bercinho de cestaria suspenso, ou de madeira, ou em uma rede de cordas, o bebê dormia com sua chupeta, que também era chamada de 'bico'. Era a hora das canções de ninar. “ Dorme neném, que a cuca vem pegar, papai foi na roça e mamãe volta já, já, já ...
Para explicar às outras crianças a presença de um novo irmãozinho, muitas histórias eram contadas: “Algumas mães diziam que um sapo trouxe a criancinha da lagoa ou que a cegonha deixou no telhado. No meu caso, minha mãe contou uma história a qual, durante algum tempo, acreditei: "Você estava dentro de um grande e bonito repolho. Quando fui cortar, abri algumas folhas e lá estava você sorrindo para mim". Percebi uma discrepância quando perguntei como nasceu meu irmão mais velho, e ela disse: "Ele apareceu no bolso do paletó de motorneiro do teu avô. Ele foi colocar a mão e lá estava seu irmão ". Fiquei desconfiado, achei o meu cantinho dentro do repolho, mais convincente.
Paulo Grani.

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terça-feira, 2 de maio de 2023

ANTIGAMENTE, NASCÍAMOS EM CASA PELAS MÃOS DAS PARTEIRAS

 ANTIGAMENTE, NASCÍAMOS EM CASA PELAS MÃOS DAS PARTEIRAS


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Parteira Dona Chica dos Santos, em sua carroça, indo atender um parto.
Foto: Guaragi.com

ANTIGAMENTE, NASCÍAMOS EM CASA PELAS MÃOS DAS PARTEIRAS
Ao longo dos nove meses de gestação, elas visitavam a futura mamãe, apalpavam a barriga, faziam chás, receitavam simpatias, faziam orações, acompanhando a gravidez, mês a mês. Algumas delas ministravam purgantes às gestante, tipo laxante, para que as crianças nascessem com a pele bem limpa. Algumas, até se arriscavam a prever o sexo da criança.
Com carinho, cuidavam das gestantes para que tivessem “uma boa hora”. E quando a hora chegava, não importava se era de dia ou de noite, corriam para a casa da parturiente e tomavam conta de tudo. Portas fechadas, bacias de metal com água morna, toalhas brancas, um pouco de álcool e alguns precários instrumentos. Os homens na cozinha ou do lado de fora, faziam apostas se o rebento seria menino ou menina. As vizinhas, correndo de um lado para outro, ajudavam como podiam e, até arrecadavam roupinhas ajudando no enxoval. As crianças eram levadas para casa de vizinhos, ou o mais longe possível. Algumas delas olhavam para o céu à espera de uma tal cegonha.
Esse era o cenário de muitos nascimentos antes dos hospitais substituírem o ambiente de casa na hora do parto. E em tal contexto, a principal figura nem sempre era a mãe ou o bebê, mas a "parteira".
Elas tinham tudo muito bem preparado em sua maleta, com instrumentos, às vezes, repassamos das mais velhas às mais novas. Em uma bacia bem limpa com água, colocavam um pouco de álcool e acendiam para desinfetá-la. Sempre usavam panos bem limpos. Depois do nascimento, cortavam o cordão umbilical do bebê, medindo com os dedos fechados, um palmo do umbigo. Seguravam o bebê pelos pés, colocando-o de cabeça para baixo e davam uma ou mais palmadas no bumbum, até ele chorar.
Muitos ritos acompanhavam o momento do nascimento de uma criança. O cordão umbilical era cercado de mistérios para as mães de antigamente, que faziam simpatias para garantir saúde ao recém-nascido. Muitas enterravam o cordão e outras davam-lhe aos animais para ser comido. Ainda havia as que guardavam o umbigo num paninho, bem longe de ratos. Tudo isso era para dar sorte à criança. A crença popular indicava que se um rato comesse o cordão, a criança poderia se tornar ladra.
Quando a criança nascia, a parteira ainda repassava os procedimentos essenciais, para o período de "resguardo" da mamãe. Não podia lavar a cabeça, tinha que estar sempre de meias, para manter os pés quentes. Nao pegar sereno, chuva, friagem ou vento. Não podia comer comida requentada. A tradição do "resguarde" era de uma "quarentena" de dias, durante os quais, além dessas recomendações, a abstinência total de relações sexuais.
No quarto dia e no penúltimo dia da dieta a mulher tinha que tomar o laxante. Era chá de sene, manã, rosa branca e erva doce. Um punhadinho de cada um. A mamãe, tanto de primeira viagem ou mais, fazia o chá e tomava sem o menor receio.
As parteiras geralmente faziam serviço voluntário e, por reconhecimento, eram convidadas a ser madrinhas do primeiro filho de cada família.
No bercinho de cestaria suspenso, ou de madeira, ou em uma rede de cordas, o bebê dormia com sua chupeta, que também era chamada de 'bico'. Era a hora das canções de ninar. “ Dorme neném, que a cuca vem pegar, papai foi na roça e mamãe volta já, já, já ...
Para explicar às outras crianças a presença de um novo irmãozinho, muitas histórias eram contadas: “Algumas mães diziam que um sapo trouxe a criancinha da lagoa ou que a cegonha deixou no telhado. No meu caso, minha mãe contou uma história a qual, durante algum tempo, acreditei: "Você estava dentro de um grande e bonito repolho. Quando fui cortar, abri algumas folhas e lá estava você sorrindo para mim". Percebi uma discrepância quando perguntei como nasceu meu irmão mais velho, e ela disse: "Ele apareceu no bolso do paletó de motorneiro do teu avô. Ele foi colocar a mão e lá estava seu irmão ". Fiquei desconfiado, achei o meu cantinho dentro do repolho, mais convincente.
Paulo Grani.

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

ANTIGAMENTE, NASCÍAMOS EM CASA PELAS MÃOS DAS PARTEIRAS

 ANTIGAMENTE, NASCÍAMOS EM CASA PELAS MÃOS DAS PARTEIRAS

ANTIGAMENTE, NASCÍAMOS EM CASA PELAS MÃOS DAS PARTEIRAS
Ao longo dos nove meses de gestação, elas visitavam a futura mamãe, apalpavam a barriga, faziam chás, receitavam simpatias, faziam orações, acompanhando a gravidez, mês a mês. Algumas delas ministravam purgantes às gestante, tipo laxante, para que as crianças nascessem com a pele bem limpa. Algumas, até se arriscavam a prever o sexo da criança.
Com carinho, cuidavam das gestantes para que tivessem “uma boa hora”. E quando a hora chegava, não importava se era de dia ou de noite, corriam para a casa da parturiente e tomavam conta de tudo. Portas fechadas, bacias de metal com água morna, toalhas brancas, um pouco de álcool e alguns precários instrumentos. Os homens na cozinha ou do lado de fora, faziam apostas se o rebento seria menino ou menina. As vizinhas, correndo de um lado para outro, ajudavam como podiam e, até arrecadavam roupinhas ajudando no enxoval. As crianças eram levadas para casa de vizinhos, ou o mais longe possível. Algumas delas olhavam para o céu à espera de uma tal cegonha.
Esse era o cenário de muitos nascimentos antes dos hospitais substituírem o ambiente de casa na hora do parto. E em tal contexto, a principal figura nem sempre era a mãe ou o bebê, mas a "parteira".
Elas tinham tudo muito bem preparado em sua maleta, com instrumentos, às vezes, repassamos das mais velhas às mais novas. Em uma bacia bem limpa com água, colocavam um pouco de álcool e acendiam para desinfetá-la. Sempre usavam panos bem limpos. Depois do nascimento, cortavam o cordão umbilical do bebê, medindo com os dedos fechados, um palmo do umbigo. Seguravam o bebê pelos pés, colocando-o de cabeça para baixo e davam uma ou mais palmadas no bumbum, até ele chorar.
Muitos ritos acompanhavam o momento do nascimento de uma criança. O cordão umbilical era cercado de mistérios para as mães de antigamente, que faziam simpatias para garantir saúde ao recém-nascido. Muitas enterravam o cordão e outras davam-lhe aos animais para ser comido. Ainda havia as que guardavam o umbigo num paninho, bem longe de ratos. Tudo isso era para dar sorte à criança. A crença popular indicava que se um rato comesse o cordão, a criança poderia se tornar ladra.
Quando a criança nascia, a parteira ainda repassava os procedimentos essenciais, para o período de "resguardo" da mamãe. Não podia lavar a cabeça, tinha que estar sempre de meias, para manter os pés quentes. Nao pegar sereno, chuva, friagem ou vento. Não podia comer comida requentada. A tradição do "resguarde" era de uma "quarentena" de dias, durante os quais, além dessas recomendações, a abstinência total de relações sexuais.
No quarto dia e no penúltimo dia da dieta a mulher tinha que tomar o laxante. Era chá de sene, manã, rosa branca e erva doce. Um punhadinho de cada um. A mamãe, tanto de primeira viagem ou mais, fazia o chá e tomava sem o menor receio.
As parteiras geralmente faziam serviço voluntário e, por reconhecimento, eram convidadas a ser madrinhas do primeiro filho de cada família.
No bercinho de cestaria suspenso, ou de madeira, ou em uma rede de cordas, o bebê dormia com sua chupeta, que também era chamada de 'bico'. Era a hora das canções de ninar. “ Dorme neném, que a cuca vem pegar, papai foi na roça e mamãe volta já, já, já ...
Para explicar às outras crianças a presença de um novo irmãozinho, muitas histórias eram contadas: “Algumas mães diziam que um sapo trouxe a criancinha da lagoa ou que a cegonha deixou no telhado. No meu caso, minha mãe contou uma história a qual, durante algum tempo, acreditei: "Você estava dentro de um grande e bonito repolho. Quando fui cortar, abri algumas folhas e lá estava você sorrindo para mim". Percebi uma discrepância quando perguntei como nasceu meu irmão mais velho, e ela disse: "Ele apareceu no bolso do paletó de motorneiro do teu avô. Ele foi colocar a mão e lá estava seu irmão ". Fiquei desconfiado, achei o meu cantinho dentro do repolho, mais convincente.
Paulo Grani.

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Parteira Dona Chica dos Santos, em sua carroça, indo atender um parto.
Foto: Guaragi.com

terça-feira, 19 de julho de 2022

ANTIGAMENTE, FAZÍAMOS SERENATAS " Curitiba, com muita saudade e grande respeito, recordo parte dos anos dourados que com voce vivi intensamente.

 ANTIGAMENTE, FAZÍAMOS SERENATAS
" Curitiba, com muita saudade e grande respeito, recordo parte dos anos dourados que com voce vivi intensamente.

ANTIGAMENTE, FAZÍAMOS SERENATAS
" Curitiba, com muita saudade e grande respeito, recordo parte dos anos dourados que com voce vivi intensamente.
Curitiba, minha terra natal, confesso, com subido orgulho, que respiro teu ar desde quando tinha voce 245 anos, isto é, desde quando nasci no coração de minha cidade menina, na antiga Rua Colombo, hoje desembargador Clotário Portugal, onde aos pés de uma roseira foi plantado o umbigo de um curitibano que sabe colocá-la à altura máxima do respeito e do bem-querer, como todos os que te amam e zelam pela tua beleza.
Lembro quando, nos idos de 1954 a 1958, vagava pelas tuas ruas, avenidas e praças iluminadas de hoje, em companhia de grandes bons amigos (não cito nomes para não omitir ninguém), sempre carregando em tuas noites o meu velho violão.
Nessa época, eu morava no Jardim Centenário, no Seminário, e dali andava pelos teus bairros às vezes de automóvel, às vezes a pé, tocando violão e cantando para tuas garotas que tanto eu amei e respeitei, como, então nós rapazes era comum este comportamento e respeito.
A serenata, como sempre foi, revestia-se de um ato singelo de homenagem, onde a garota eleita pelo grupo amador de seresteiros era acordada durante a madrugada silente e segura, onde a paz de tuas noites transbordava os corações de teus cantores de inspiração e amor (raramente apareciam pais enciumados e até agressivos, insensíveis às homenagens que por extensão lhes alcançavam).
Década dos boleros, que hoje estão lentamente reaparecendo, das canções, sambas-canções e valsas, que nunca morreram, mesmo nas tuas madrugadas frias, onde se via formar sobre os telhados, gramas, etc., a beleza do véu criado pela obra divina, que ornamentava minha cidade de branco, tal qual memorável festa de 15 anos de menina moça, a geada, que linda!
Saía da casa a pé e atravessava toda a cidade, para fazer serenatas em todos os teus bairros, sem correr qualquer risco, pois os que se aproximavam (gente de todas as cores e tipos), nada mais queriam, senão integrar-se ao grupo seresteiro como mais um amigo, coisas boas que as noites da época ofereciam.
Lindas serenatas, embora as noites reservassem acontecimentos não programados, como correr de cachorros, pular o muro alto do Colégio Cajuru e, dentre outros, recordo que após cantar a terceira música para uma de tuas meninas, Curitiba, no jardim da casa ao lado ouviu-se um forte estampido de arma de fogo e, a seguir, aparece na calçada um cidadão de pijama, empunhando um revólver e, dirigindo-se ao grupo da seresta, disse:
"Ou voces entram na minha casa para cantar e tocar ou disparo todo este revólver". Foi um susto, mas não passou felizmente de uma brincadeira, acabamos tomando café completo na residência do gentil pistoleiro e de sua distinta senhora, onde foi dada continuidade à serenata.
Aquela que elegi dona de meu coração semanalmente era acordada ao som de meu pinho, quando em música lhe confessava amor, cantando "Por um sorriso teu darei a vida e morrerei - Feliz levando a tua imagem no meu coração".
Curitiba, hoje não mais se ouve falar que se canta em serenata em tuas noites, mas voce encanta noite e dia, o teu povo e o mundo, pelo teu sorriso, pelas tuas flores, pelo teu verde, pelo teu acolhimento, por tudo enfim."
(Texto do doutor Clotário de Macedo Portugal Neto, publicado em Histórias de Curitiba / Foto ilustrativa: pinterest)
Paulo Grani

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