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quarta-feira, 17 de abril de 2024

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE PARANAGUÁ O mais antigo marco da civilização do sul do Brasil - 1578

 IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE PARANAGUÁ
O mais antigo marco da civilização do sul do Brasil - 1578


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IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE PARANAGUÁ
O mais antigo marco da civilização do sul do Brasil - 1578

Histórico O topônimo Paranaguá deriva dos vocábulos indígenas Paraná = grande rio e goá = redondo, evidente alusão à baía que embeleza e enriquece o Município. As terras em que ele se localiza, por ocasião da primeira divisão administrativa do Brasil, pertenciam a Pero Lopes de Souza, Donatário da Capitania de Santo Amaro. A colonização originou-se da imigração de habitantes de São Vicente e de Cananéia que, entre 1550 e 1560, se estabeleceram na ilha da Cotinga, receosos de ataques por parte dos carijós. que dominavam o continente. Formou-se um arraial, progressivamente desmembrado no período 1575-80, pelo estabelecimento da população em terra firme, às margens do então rio Tagaré ou Taquaré, atual Itiberê. Em 1578, construiu-se a primeira igreja, sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário (há quem afirme datar de 1560-65 essa construção). A primeira leva de colonizadores sucederam-se outras, que se estenderam por todo o recôncavo, após terem entrado em contato pacífico com os silvícolas. A descoberta de minas de ouro na serra Negra contribuiu para o aumento da população, admitindo-se mesmo que dessas minas tenham saído, em 1580, as primeiras amostras de ouro brasileiro para a Corte Portuguesa. Embora seja esta a versão corrente, há quem deduza ter sido povoada essa parte do território brasileiro em época anterior ao Descobrimento, com base na afirmativa do historiador Roberto Southey referente ao naufrágio de Hans Staden. Segundo ele, Staden teria encontrado portugueses e castelhanos residindo e cultivando terras na costa de Superagui, em 1548 (ou em 1549, segundo outros). Quando da concessão de sesmarias, uma delas coube a Diogo Unhate, que a requereu em 1614, como recompensa por sua atuação, 29 anos antes, no combate aos carijós. Essa sesmaria ficava no Superagui. O afluxo de habitantes das vilas do Norte, atraídos pela mineração, atingiu seu máximo em 1640, quando chegou o bandeirante Gabriel de Lara, investido do governo militar do povoado. Tinha ele a atribuição de defender o território que, para a Metrópole, constituía posição de suma importância política e estratégica, pois se tratava de firmar o domínio português, contestado pela Espanha. Em 1646, antecipando-se as ordens da Metrópole, erigiu o pelourinho -símbolo da autoridade e da justiça D'E1 Rei. Dois anos depois, a povoação tornava-se vila. As eleições que então se verificaram foram as primeiras em todo o território que atualmente compreende o Estado do Paraná. A vila recém-instalada tornou-se, no período colontal, ponto de irradiação de povoamento e de organização de bandeiras. Segundo outros historiadores, desde 1640, o Governador Duarte Correia Vasqueanes, havia ordenado, do Rio de Janeiro, a ereção do pelourinho em Paranaguá, o que fora feito a 6 de janeiro, e assim reconhecida a necessidade de organização da justiça e da administração pública no arraial, até então sob a chefia discricionária dos prepostos reais junto ao serviço das minas auríferas. Uma Ata de vereança de 1654, em que figuram as assinaturas de Domingos Peneda e de João Gonçalves Peneda, e a existência de uma propriedade no Imbocuí, conhecida como Sítio dos Peneda, confirma a tradição de estar Domingos Peneda vinculado à fundação de Paranaguá. Sobre o fato, há referência no códice n.° 13.981, documento inglês do século XVII, atualmente integrando o acervo do Museu Britânico. Em 1711, a Coroa Portuguesa comprou dos herdeiros do donatário Pero Lopes de Souza as terras que lhe pertenciam, criando a Capitania de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá, que teve período de grande evidência na época. O progresso de Paranaguá deve-se, em parte, ao elemento estrangeiro: da corrente imigratória alemã vinda em 1829 para o Rio Negro, alguns colonizadores estabeleceram-se no litoral; entre os anos de 1871 e 1872, uma grande leva de italianos localizou-se nas terras junto à serra da Prata, dando origem a várias colônias, entre as quais estava o atual distrito de Alexandra, em 1896, várias famílias polonesas foram localizadas na colônia Santa Cruz. No movimento de que resultou a Proclamação da República, o Município se destacou por intensa propaganda, principalmente através de seu Clube Republicano, fundado em 1887, congregando os principais adeptos do novo regime, entre eles Nestor Vitor, mais tarde um dos principais críticos do movimento simbolista brasileiro. Já no período republicano (1902), inaugurou-se a iluminação elétrica pública; em 1908, instalou-se o serviço de telefones e, seis anos depois, o de abastecimento de água e a rede de esgotos. Em 1934, construíram-se as docas do porto de D. Pedro II, com 450 metros de cais acostável, passando Paranaguá a figurar entre os principais portos brasileiros.

OURO Encontrar ouro nas terras do Brasil foi o grande sonho acalentado pelos portugueses desde os primeiros dias do descobrimento. Entre as regiões onde primeiro apareceram notícias de minas auríferas, e que mais esperanças despertaram de grandes êxitos, figurou Paranaguá. Terminado o ciclo de caça ao índio, continuaram os paulistas, agora estimulados pelo rei de Portugal, a penetrar os sertões em busca do ouro. A maioria dos bandeirantes rumava para o interior, para o norte, ou para o oeste, mas alguns resolveram caminhar para o sul, junto ao litoral. Ultrapassando um braço da Serra do Mar que se projeta até o litoral (a Serra de Taquari), acompanhando a costa por mais de 35 quilômetros, chegaram a um local onde o mar, avançando quase 50 quilômetros para o interior, interrompe o continente. A entrada da baía é marcada ao norte pela ponta Inácio Dias, ao sul pelo pontal do Sul e bloqueada pela presença de duas grandes ilhas – das Peças e do Mel. Passando por um dos canais que separam as pontas e a as ilhas, encontram-se no interior duas baías distintas. Uma, no sentido norte, é a das Laranjeiras, foz dos rios Serra Negra e Tagaçaba. À outra, na direção oeste, recebendo inúmeros riachos e com um bom porto natural, chamaram Paranaguá. Na lama dos ribeirões que corriam para a baía de Paranaguá, os paulistas encontraram o ouro que tanto procuravam. A notícia se espalhou, gente de São Vicente e do Rio de Janeiro veio tentar a sorte. No porto, à entrada da baía, nasceu uma vila: Paranaguá; no fundo, mais uma: Antonina. E mais para o interior, seguindo os ribeirões, uma terceira: Morretes. A descoberta do ouro nos ribeirões que deságuam na baía de Paranaguá trouxe gente e mais gente: de Santos, São Vicente, Cananéia, São Paulo e até do Rio de Janeiro. No começo os contingentes se fixaram na ilha de Cotinga, temerosos dos índios carijós. Aos poucos, mudaram-se para o continente, fundando Paranaguá, o primeiro núcleo populacional paranaense organizado pelos portugueses. A partir dele, inicia-se a ocupação das áreas próximas, tendo sempre o ouro como motivação. Paranaguá ganhará forma política e jurídica em 1646-1648, com a instalação do pelourinho e a organização de eleições para definir as autoridades da vila. As minas do litoral ficavam a oeste e ao norte da baía de Paranaguá. Os mineradores exploravam o cascalho dos rios usando a bateia. As minas mais famosas do litoral foram a do Pantanal, a Panajóias, Limoeiro, Marumbi, Serra Negra, entre outras. Mais gente foi chegando e subiu os rios que deságuam na baía de Paranaguá. Passaram a Serra do Mar para faiscar no Planalto ainda no século XVII. Em 1655 a Câmara de Paranaguá solicita ao governador do Rio de Janeiro a instalação de uma oficina de fundição na vila. Argumenta que a viagem com o ouro até Iguape para separar o quinto era perigosa. A reivindicação foi atendida e a casa de fundição passou a transformar em barras todo o ouro encontrado nos garimpos, colocando o carimbo real e cobrando o quinto. A circulação de ouro em pó ou em pepitas era proibida. As barras eram remetidas à Casa da Moeda do Rio de Janeiro, transformadas em moedas e enviadas a Portugal. O sociólogo Octávio Ianni sustenta que a Comarca de Curitiba foi originalmente povoada por europeus chegados diretamente de Portugal a Paranaguá, provavelmente atraídos pelas minas de ouro da região, e que, em seguida, atravessaram a Serra do Mar com esse objetivo. Duas eram as rotas mais usadas para alcançar o planalto; pelo rio Nhundiaquara; e pelo vale do Ribeira, que nasce no segundo planalto paranaense, atravessa a Serra do Mar e deságua no litoral paulista. Estabelece-se um caminho até São Paulo, direto, sem cruzar a serra ou chegar ao litoral. As veredas abertas na travessia da Serra do Mar vão originar os primeiros caminhos que ligaram o litoral com o planalto, como o da Graciosa, Itupava e do Arraial. No Planalto a exploração atingiu grandes proporções. Garimpava-se na região de Curitiba, Assungui, Tibagi. As minas do Arraial Grande deram origem à cidade de São José dos Pinhais. Paranaguá destacou-se tanto a ponto de lhe conferirem, em 1660, o título e as responsabilidades de Capitania._ Assim permanecerá por meio século. O ano de 1725 assinala a separação das ouvidorias de São Paulo e Paranaguá. Todo o sul fica subordinado a Paranaguá, alongando-se os territórios até ao Rio Grande, ao Rio da Prata, inclusive o Uruguai. Passa-se mais de meio século e Paranaguá continua o mais importante porto situado logo acima das conquistas espanholas. A vila recebe as atenções e melhorias que lhe cabem como baluarte que se destinava a ser diante das ameaças espanholas após a anulação do Tratado de Madri. O ouro, entretanto, achou-se e se foi. Entre as providências diante da ameaça espanhola, figurou a construção de uma fortaleza. As obras começaram em 1767. Para diminuir as despesas da Real fazenda, o governador de São Paulo pediu que a Vila de Paranaguá auxiliasse como fosse possível. Os vereadores convocados para tomar conhecimento da solicitação revelaram que Paranaguá atravessava por essa época uma fase de extrema decadência econômica e social, pois deliberou: “Que atendendo ao miserável estado da terra, a seus moradores não lhes convinha contribuir com coisa alguma para a obra, pois que por limitada que fosse [a contribuição] a julgavam violenta [...] e distinguindo a qualidade dos seus moradores, se achariam só sessenta ou setenta com algum tratamento, sendo tudo o mais gente de pé descalço [...] que o ouro que produzia a comarca, compreendidas as vilas de Iguape, Paranaguá, Rio de São Francisco e Curitiba, não excedia, um ano por outro, pelo manifesto da Intendência, a cem libras pouco mais ou menos”. [Inserir mapa com a localização das minas de ouro, com as vias de penetração dos faiscadores e o local das minas principais] Do ponto de vista do colonizador, a mineração do ouro foi o primeiro ciclo econômico do Paraná e deixou aspectos positivos para o desenvolvimento da região. Possibilitou o povoamento do litoral, a fundação de Paranaguá, o desbravamento e colonização do primeiro planalto, então desconhecido, a fundação de Curitiba, a abertura e/ou consolidação de caminhos que uniram o planalto curitibano ao litoral vencendo a Serra do Mar. Esses caminhos constituiriam as vias de comunicação vitais para o desenvolvimento regional. Ébano Pereira e Gabriel de Lara O primeiro chefe de exploração que aparece na história do Paraná como fundador de diversas povoações, entre elas Paranaguá, é Theodoro ou Eleodoro Ébano Pereira. Não se sabe a data exata de sua chegada a Paranaguá. Estima-se que tenha sido em princípios do séc. XVII. Por volta de 1650 já havia famílias no local onde se lançaram os fundamentos da primeira povoação formada em território do atual estado do Paraná. Ébano Pereira já estava em Paranaguá antes de 4 de março de 1649, data em que comunicou à Câmara, instituída nesse ano, sua qualidade oficial de Administrador das Minas. “A única autoridade derivante do Governo-Geral do Rio de Janeiro com jurisdição nesse distrito do sul era a dele próprio”, conforma Romário Martins. Ébano Pereira ficou pouco na povoação da qual foi um dos fundadores, à margem esquerda do Itiberé, numa bela planície, de acordo com Rocha Pombo. Ao que tudo indica, o primeiro capitão-mor de Paranaguá foi Gabriel de Lara. Ele exerceu muitos cargos na antiga comarca de Paranaguá: por volta de 1640 era Capitão-mor, e em 1669 ainda era Ouvidor da comarca. Foi sob Gabriel de Lara que se levantou o pelourinho, tanto em Paranaguá (1646) como em Curitiba (1658). Gabriel de Lara não foi o primeiro a se estabelecer em Paranaguá. Quando chegou à povoação, já encontrou muitos pioneiros de seu povoamento. Em maio de 1632, Gabriel de Lara residia na vila de Iguape e antes de 1646 em Paranaguá, onde se dedicava a descobrir jazidas de ouro. Em 1646, estava em São Paulo anunciando descobrimentos de ouro no distrito que estava povoando. A história de Paranaguá, à luz de documentos, começa com a ação de Gabriel de Lara: o seu povoamento, o descobrimento de ouro, a organização social, a sua fundação política e administrativa. Lara é o capitão-mor, o ouvidor, o alcaide, o lugar-tenente do donatário (Marquês de Cascais), o governador da Capitania em nome de El-rei. A partir de 1640 e até 1682, quando faleceu, Gabriel de Lara ocupou todos os postos do poder público na terra que encontrou como núcleo indeciso de aventureiros. Por isso é celebrado pela história oficial como o homem que soube conduzir e desenvolver o povoado, tornando-o o mais importante centro de civilização em seu tempo de todos os confins meridionais da Colônia, depois de São Vicente.

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sexta-feira, 10 de março de 2023

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE PARANAGUÁ O mais antigo marco da civilização do sul do Brasil - 1578

 IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE PARANAGUÁ
O mais antigo marco da civilização do sul do Brasil - 1578


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Histórico O topônimo Paranaguá deriva dos vocábulos indígenas Paraná = grande rio e goá = redondo, evidente alusão à baía que embeleza e enriquece o Município. As terras em que ele se localiza, por ocasião da primeira divisão administrativa do Brasil, pertenciam a Pero Lopes de Souza, Donatário da Capitania de Santo Amaro. A colonização originou-se da imigração de habitantes de São Vicente e de Cananéia que, entre 1550 e 1560, se estabeleceram na ilha da Cotinga, receosos de ataques por parte dos carijós. que dominavam o continente. Formou-se um arraial, progressivamente desmembrado no período 1575-80, pelo estabelecimento da população em terra firme, às margens do então rio Tagaré ou Taquaré, atual Itiberê. Em 1578, construiu-se a primeira igreja, sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário (há quem afirme datar de 1560-65 essa construção). A primeira leva de colonizadores sucederam-se outras, que se estenderam por todo o recôncavo, após terem entrado em contato pacífico com os silvícolas. A descoberta de minas de ouro na serra Negra contribuiu para o aumento da população, admitindo-se mesmo que dessas minas tenham saído, em 1580, as primeiras amostras de ouro brasileiro para a Corte Portuguesa. Embora seja esta a versão corrente, há quem deduza ter sido povoada essa parte do território brasileiro em época anterior ao Descobrimento, com base na afirmativa do historiador Roberto Southey referente ao naufrágio de Hans Staden. Segundo ele, Staden teria encontrado portugueses e castelhanos residindo e cultivando terras na costa de Superagui, em 1548 (ou em 1549, segundo outros). Quando da concessão de sesmarias, uma delas coube a Diogo Unhate, que a requereu em 1614, como recompensa por sua atuação, 29 anos antes, no combate aos carijós. Essa sesmaria ficava no Superagui. O afluxo de habitantes das vilas do Norte, atraídos pela mineração, atingiu seu máximo em 1640, quando chegou o bandeirante Gabriel de Lara, investido do governo militar do povoado. Tinha ele a atribuição de defender o território que, para a Metrópole, constituía posição de suma importância política e estratégica, pois se tratava de firmar o domínio português, contestado pela Espanha. Em 1646, antecipando-se as ordens da Metrópole, erigiu o pelourinho -símbolo da autoridade e da justiça D'E1 Rei. Dois anos depois, a povoação tornava-se vila. As eleições que então se verificaram foram as primeiras em todo o território que atualmente compreende o Estado do Paraná. A vila recém-instalada tornou-se, no período colontal, ponto de irradiação de povoamento e de organização de bandeiras. Segundo outros historiadores, desde 1640, o Governador Duarte Correia Vasqueanes, havia ordenado, do Rio de Janeiro, a ereção do pelourinho em Paranaguá, o que fora feito a 6 de janeiro, e assim reconhecida a necessidade de organização da justiça e da administração pública no arraial, até então sob a chefia discricionária dos prepostos reais junto ao serviço das minas auríferas. Uma Ata de vereança de 1654, em que figuram as assinaturas de Domingos Peneda e de João Gonçalves Peneda, e a existência de uma propriedade no Imbocuí, conhecida como Sítio dos Peneda, confirma a tradição de estar Domingos Peneda vinculado à fundação de Paranaguá. Sobre o fato, há referência no códice n.° 13.981, documento inglês do século XVII, atualmente integrando o acervo do Museu Britânico. Em 1711, a Coroa Portuguesa comprou dos herdeiros do donatário Pero Lopes de Souza as terras que lhe pertenciam, criando a Capitania de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá, que teve período de grande evidência na época. O progresso de Paranaguá deve-se, em parte, ao elemento estrangeiro: da corrente imigratória alemã vinda em 1829 para o Rio Negro, alguns colonizadores estabeleceram-se no litoral; entre os anos de 1871 e 1872, uma grande leva de italianos localizou-se nas terras junto à serra da Prata, dando origem a várias colônias, entre as quais estava o atual distrito de Alexandra, em 1896, várias famílias polonesas foram localizadas na colônia Santa Cruz. No movimento de que resultou a Proclamação da República, o Município se destacou por intensa propaganda, principalmente através de seu Clube Republicano, fundado em 1887, congregando os principais adeptos do novo regime, entre eles Nestor Vitor, mais tarde um dos principais críticos do movimento simbolista brasileiro. Já no período republicano (1902), inaugurou-se a iluminação elétrica pública; em 1908, instalou-se o serviço de telefones e, seis anos depois, o de abastecimento de água e a rede de esgotos. Em 1934, construíram-se as docas do porto de D. Pedro II, com 450 metros de cais acostável, passando Paranaguá a figurar entre os principais portos brasileiros.

OURO Encontrar ouro nas terras do Brasil foi o grande sonho acalentado pelos portugueses desde os primeiros dias do descobrimento. Entre as regiões onde primeiro apareceram notícias de minas auríferas, e que mais esperanças despertaram de grandes êxitos, figurou Paranaguá. Terminado o ciclo de caça ao índio, continuaram os paulistas, agora estimulados pelo rei de Portugal, a penetrar os sertões em busca do ouro. A maioria dos bandeirantes rumava para o interior, para o norte, ou para o oeste, mas alguns resolveram caminhar para o sul, junto ao litoral. Ultrapassando um braço da Serra do Mar que se projeta até o litoral (a Serra de Taquari), acompanhando a costa por mais de 35 quilômetros, chegaram a um local onde o mar, avançando quase 50 quilômetros para o interior, interrompe o continente. A entrada da baía é marcada ao norte pela ponta Inácio Dias, ao sul pelo pontal do Sul e bloqueada pela presença de duas grandes ilhas – das Peças e do Mel. Passando por um dos canais que separam as pontas e a as ilhas, encontram-se no interior duas baías distintas. Uma, no sentido norte, é a das Laranjeiras, foz dos rios Serra Negra e Tagaçaba. À outra, na direção oeste, recebendo inúmeros riachos e com um bom porto natural, chamaram Paranaguá. Na lama dos ribeirões que corriam para a baía de Paranaguá, os paulistas encontraram o ouro que tanto procuravam. A notícia se espalhou, gente de São Vicente e do Rio de Janeiro veio tentar a sorte. No porto, à entrada da baía, nasceu uma vila: Paranaguá; no fundo, mais uma: Antonina. E mais para o interior, seguindo os ribeirões, uma terceira: Morretes. A descoberta do ouro nos ribeirões que deságuam na baía de Paranaguá trouxe gente e mais gente: de Santos, São Vicente, Cananéia, São Paulo e até do Rio de Janeiro. No começo os contingentes se fixaram na ilha de Cotinga, temerosos dos índios carijós. Aos poucos, mudaram-se para o continente, fundando Paranaguá, o primeiro núcleo populacional paranaense organizado pelos portugueses. A partir dele, inicia-se a ocupação das áreas próximas, tendo sempre o ouro como motivação. Paranaguá ganhará forma política e jurídica em 1646-1648, com a instalação do pelourinho e a organização de eleições para definir as autoridades da vila. As minas do litoral ficavam a oeste e ao norte da baía de Paranaguá. Os mineradores exploravam o cascalho dos rios usando a bateia. As minas mais famosas do litoral foram a do Pantanal, a Panajóias, Limoeiro, Marumbi, Serra Negra, entre outras. Mais gente foi chegando e subiu os rios que deságuam na baía de Paranaguá. Passaram a Serra do Mar para faiscar no Planalto ainda no século XVII. Em 1655 a Câmara de Paranaguá solicita ao governador do Rio de Janeiro a instalação de uma oficina de fundição na vila. Argumenta que a viagem com o ouro até Iguape para separar o quinto era perigosa. A reivindicação foi atendida e a casa de fundição passou a transformar em barras todo o ouro encontrado nos garimpos, colocando o carimbo real e cobrando o quinto. A circulação de ouro em pó ou em pepitas era proibida. As barras eram remetidas à Casa da Moeda do Rio de Janeiro, transformadas em moedas e enviadas a Portugal. O sociólogo Octávio Ianni sustenta que a Comarca de Curitiba foi originalmente povoada por europeus chegados diretamente de Portugal a Paranaguá, provavelmente atraídos pelas minas de ouro da região, e que, em seguida, atravessaram a Serra do Mar com esse objetivo. Duas eram as rotas mais usadas para alcançar o planalto; pelo rio Nhundiaquara; e pelo vale do Ribeira, que nasce no segundo planalto paranaense, atravessa a Serra do Mar e deságua no litoral paulista. Estabelece-se um caminho até São Paulo, direto, sem cruzar a serra ou chegar ao litoral. As veredas abertas na travessia da Serra do Mar vão originar os primeiros caminhos que ligaram o litoral com o planalto, como o da Graciosa, Itupava e do Arraial. No Planalto a exploração atingiu grandes proporções. Garimpava-se na região de Curitiba, Assungui, Tibagi. As minas do Arraial Grande deram origem à cidade de São José dos Pinhais. Paranaguá destacou-se tanto a ponto de lhe conferirem, em 1660, o título e as responsabilidades de Capitania._ Assim permanecerá por meio século. O ano de 1725 assinala a separação das ouvidorias de São Paulo e Paranaguá. Todo o sul fica subordinado a Paranaguá, alongando-se os territórios até ao Rio Grande, ao Rio da Prata, inclusive o Uruguai. Passa-se mais de meio século e Paranaguá continua o mais importante porto situado logo acima das conquistas espanholas. A vila recebe as atenções e melhorias que lhe cabem como baluarte que se destinava a ser diante das ameaças espanholas após a anulação do Tratado de Madri. O ouro, entretanto, achou-se e se foi. Entre as providências diante da ameaça espanhola, figurou a construção de uma fortaleza. As obras começaram em 1767. Para diminuir as despesas da Real fazenda, o governador de São Paulo pediu que a Vila de Paranaguá auxiliasse como fosse possível. Os vereadores convocados para tomar conhecimento da solicitação revelaram que Paranaguá atravessava por essa época uma fase de extrema decadência econômica e social, pois deliberou: “Que atendendo ao miserável estado da terra, a seus moradores não lhes convinha contribuir com coisa alguma para a obra, pois que por limitada que fosse [a contribuição] a julgavam violenta [...] e distinguindo a qualidade dos seus moradores, se achariam só sessenta ou setenta com algum tratamento, sendo tudo o mais gente de pé descalço [...] que o ouro que produzia a comarca, compreendidas as vilas de Iguape, Paranaguá, Rio de São Francisco e Curitiba, não excedia, um ano por outro, pelo manifesto da Intendência, a cem libras pouco mais ou menos”. [Inserir mapa com a localização das minas de ouro, com as vias de penetração dos faiscadores e o local das minas principais] Do ponto de vista do colonizador, a mineração do ouro foi o primeiro ciclo econômico do Paraná e deixou aspectos positivos para o desenvolvimento da região. Possibilitou o povoamento do litoral, a fundação de Paranaguá, o desbravamento e colonização do primeiro planalto, então desconhecido, a fundação de Curitiba, a abertura e/ou consolidação de caminhos que uniram o planalto curitibano ao litoral vencendo a Serra do Mar. Esses caminhos constituiriam as vias de comunicação vitais para o desenvolvimento regional. Ébano Pereira e Gabriel de Lara O primeiro chefe de exploração que aparece na história do Paraná como fundador de diversas povoações, entre elas Paranaguá, é Theodoro ou Eleodoro Ébano Pereira. Não se sabe a data exata de sua chegada a Paranaguá. Estima-se que tenha sido em princípios do séc. XVII. Por volta de 1650 já havia famílias no local onde se lançaram os fundamentos da primeira povoação formada em território do atual estado do Paraná. Ébano Pereira já estava em Paranaguá antes de 4 de março de 1649, data em que comunicou à Câmara, instituída nesse ano, sua qualidade oficial de Administrador das Minas. “A única autoridade derivante do Governo-Geral do Rio de Janeiro com jurisdição nesse distrito do sul era a dele próprio”, conforma Romário Martins. Ébano Pereira ficou pouco na povoação da qual foi um dos fundadores, à margem esquerda do Itiberé, numa bela planície, de acordo com Rocha Pombo. Ao que tudo indica, o primeiro capitão-mor de Paranaguá foi Gabriel de Lara. Ele exerceu muitos cargos na antiga comarca de Paranaguá: por volta de 1640 era Capitão-mor, e em 1669 ainda era Ouvidor da comarca. Foi sob Gabriel de Lara que se levantou o pelourinho, tanto em Paranaguá (1646) como em Curitiba (1658). Gabriel de Lara não foi o primeiro a se estabelecer em Paranaguá. Quando chegou à povoação, já encontrou muitos pioneiros de seu povoamento. Em maio de 1632, Gabriel de Lara residia na vila de Iguape e antes de 1646 em Paranaguá, onde se dedicava a descobrir jazidas de ouro. Em 1646, estava em São Paulo anunciando descobrimentos de ouro no distrito que estava povoando. A história de Paranaguá, à luz de documentos, começa com a ação de Gabriel de Lara: o seu povoamento, o descobrimento de ouro, a organização social, a sua fundação política e administrativa. Lara é o capitão-mor, o ouvidor, o alcaide, o lugar-tenente do donatário (Marquês de Cascais), o governador da Capitania em nome de El-rei. A partir de 1640 e até 1682, quando faleceu, Gabriel de Lara ocupou todos os postos do poder público na terra que encontrou como núcleo indeciso de aventureiros. Por isso é celebrado pela história oficial como o homem que soube conduzir e desenvolver o povoado, tornando-o o mais importante centro de civilização em seu tempo de todos os confins meridionais da Colônia, depois de São Vicente.