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sábado, 28 de janeiro de 2023

Igreja do Redentor, a primeira luterana em Curitiba

 Igreja do Redentor, a primeira luterana em Curitiba

https://www.turistoria.com.br/igreja-do-redentor-a-primeira-luterana-em-curitiba

Na Curitiba de 1866, em plena temporada de incentivos à imigração por parte do governo brasileiro, já havia cerca de 50 famílias de origem alemã, em sua maioria vivendo na região em torno do Largo da Ordem, no centro da cidade. Quase todas eram protestantes e nesse ano reuniram-se para fundar a primeira Comunidade Luterana de Curitiba, que aconteceu numa casa alugada no Alto São Francisco por essas famílias. 

 

Anos mais tarde, em 1872, a comunidade adquiriu um terreno próprio, onde foi construído o primeiro templo luterano na Rua América (atual Rua Trajano Reis, esquina com a Rua Carlos Cavalcanti) de madeira e em estilo enxaimel, projetada e construída pelo engenheiro Wieland. O enxaimel é uma técnica de construção que se baseia em paredes montadas com hastes de madeira encaixadas entre si em posições verticais, horizontais ou inclinadas. Os espaços entre as hastes são preenchidos geralmente por tijolos ou pedras.

Inaugurada em 1876, a Igreja funcionava como escola durante a semana e celebrava os cultos nos sábados e domingos, seguindo um dos ideais de Martinho Lutero, que dizia que ao lado de cada igreja deveria haver uma escola. O peso da educação e da alfabetização para os luteranos está muito ligado ao fato de que, na religião protestante, é dada muita importância à leitura da bíblia pelos fiéis.

 

Esse templo precisou ser demolido quase 20 anos depois, em 1892, pelo estado de deterioração da madeira e também por conta de um raio que danificou sua estrutura. Em seu lugar, foi erguida a Igreja Luterana, uma construção em alvenaria de estilo neogótico, com torre e sino, construída em apenas 15 meses. Eram tempos de grandes mudanças políticas no país, pois já havia sido proclamada a República e instalara-se o Estado laico com liberdade religiosa.

 

Em meio à Revolução Federalista e logo após a passagem (bastante conturbada) das tropas gaúchas pela cidade, o templo luterano pôde finalmente ser inaugurado em 1894, e até hoje funciona no local, como Comunidade do Redentor.

A instalação da igreja nesse local ajudou para que a região viesse a obter a fama de “reduto” dos imigrantes alemães, como conta Juliana Reinhardt em sua dissertação de mestrado em História, intitulada “O pão nosso de cada dia: A Padaria América e o pão das gerações curitibanas”:

 

Nesta época o reduto alemão era a rua Treze de Maio, então chamada Rua dos Alemães e arredores. Ali estavam - e ainda permanecem - a Igreja Luterana (em frente à padaria) e o clube Concórdia, ambos freqüentados por alemães. 

 

Além disso, na esquina em frente à Igreja havia a Padaria América, que era também propriedade de imigrantes alemães. 

 

Mais de 50 anos se passaram, e duas guerras depois, enfim, a comunidade alemã pôde construir uma nova escola, em 1948, sob a liderança do Pastor Heinz Soboll, chamada Martinus (em referência a Martinho Lutero). A sua primeira sede funciona até hoje ao lado do templo (foto desenho 1) e mantém sua fachada original, no bairro São Francisco, mas há duas outras sedes em atividade: uma no bairro Portão e outra na cidade de Ponta Grossa.

Para entender melhor: quem são os luteranos e quais suas diferenças com as demais religiões evangélicas?

 

Num país em que 30% da população se declara evangélica, é importante entender as diferenças, pois menos de um terço desses fiéis pertencem às igrejas chamadas evangélicas históricas, não pentecostais, protestantes clássicas, tradicionais, ou ainda Evangélicos de Missão, como eles mesmos se autodenominam. São as igrejas de origem anterior ao século XVIII e, no caso dos luteranos, bem anterior. 

 

A Reforma Protestante de Martinho Lutero aconteceu na Alemanha de 1517 e foi a que originou em essência o protestantismo. Num segundo momento, na França de 1533, poucos anos depois, surgiu um outro movimento que deu continuidade ao protestantismo luterano, mas foi também carregado de uma ideologia sociocultural, com João Calvino. 


Isso é assunto para meses e meses de estudos, mas a principal diferença é que, enquanto os luteranos acreditam que as pessoas alcançam o caminho da salvação mediante a fé e o seu comportamento voltado para boas ações, os calvinistas acreditam que o caminho de cada pessoa já está traçado por Deus, ou seja, as pessoas já nascem predestinadas.

Selo de Lutero, assim é chamado o "escudo" que tem em cada elemento um profundo significado da fé luterana.


O Coração vermelho é o sacrifício, juntamente com a cruz, simbolizando a misericórdia de Deus pelos seus filhos.


A rosa branca que envolve o coração e a cruz é a lembrança do amor de Deus que envolve seus filhos em sua paz.


O  azul simboliza o céu, ou paraíso, e o cinturão amarelo seria a aliança entre Deus e sua criação.

Quanto às igrejas evangélicas mais recentes na história, as chamadas pentecostais, essas compõem diferentes perspectivas teológicas e organizacionais. Os pentecostais podem ser inseridos em mais de um grupo cristão, mas as igrejas desse movimento do pentecostalismo moderno começaram a surgir nos Estados Unidos no início do século XX. No Brasil, elas começaram a aparecer mais ou menos em 1940. Podemos lembrar da Assembleia de Deus, da Igreja Metodista Wesleyana, a Igreja do Evangelho Quadrangular, a Igreja Evangélica O Brasil Para Cristo, a Igreja Pentecostal Deus é Amor, a Congregação Cristã do Brasil, a Igreja Casa da Bênção, a Igreja de Deus no Brasil e tantas outras. A Igreja Universal do Reino de Deus, uma das mais conhecidas, é considerada ainda neopentecostal, juntamente com a Igreja Internacional da Graça de Deus, a Mundial do Poder de Deus, Renascer em Cristo, a Igreja Apostólica Fonte da Vida e a Comunidade Cristã Paz e Vida. 

 

......São mesmo muitas e com certeza outras tantas não foram citadas, mas as neopentecostais surgiram na década de 1980, também nos Estados Unidos e hoje estão espalhadas pela América Latina. 

Texto e pesquisa de Cyntia Wachowicz e Gabriel Brum Perin


Fontes de pesquisa:


https://www.facebook.com/groups/417557358409468/posts/1106290876202776/


REINHARDT, Juliana C. O PÃO NOSSO DE CADA DIA A PADARIA AMÉRICA E O PÃO DAS GERAÇÕES CURITIBANAS. Dissertação de Mestrado. Curso de Pós-Graduação em História, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, 2002. Disponível em:

https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/25453/D%20-%20REINHARDT%2c%20JULIANA%20CRISTINA.pdf?sequence=1&isAllowed=y


http://www.circulandoporcuritiba.com.br/2011/04/templo-da-comunidade-do-redentor.html


https://www.fotografandocuritiba.com.br/search?q=martinus


Acervo da Casa da Memória