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sábado, 18 de março de 2023

A história do triste fim de Abelardo aconteceu no ano 1735, alguns anos após a fundação da cidade de Guarapirocaba, atual Antonina, litoral do Paraná.

 A história do triste fim de Abelardo aconteceu no ano 1735, alguns anos após a fundação da cidade de Guarapirocaba, atual Antonina, litoral do Paraná.


Nenhuma descrição de foto disponível.A CRUZ SANGRENTA DE ABELARDO, O FALSO MONGE


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Pendurado na cruz, peito ofegante, marcas das chibatas e dos cravos no corpo nu e uma coroa de espinhos que perfurava sua cabeça e avançava até ao cérebro, interrompendo os seus últimos pensamentos. O sangue carmesim escorria por seu rosto sofredor e respingava no chão lamoso no alto de Guarapirocaba. Suas últimas palavras foram: "Receba-me, ó paaai".

Não, não estou falando do Cristo, filho de Deus e salvador do mundo. Falo, sim, de Abelardo, o falso monge.

A história do triste fim de Abelardo aconteceu no ano 1735, alguns anos após a fundação da cidade de Guarapirocaba, atual Antonina, litoral do Paraná. O jovem Abelardo, que na época estava na terceira década de vida, dizia ser o Messias que viera para juntar as ovelhas em seu aprisco. Apenas dizer ser o Messias não lhe renderia uma condenação de morte à base de talião. Algo horrendo Abelardo havia praticado. O que seria? O que lhe rendeu a morte na cruz?

Abelardo nunca foi consagrado sacerdote, mas se dizia monge da ordem beneditina. Usava camisa de lã e escapulário sobre os ombros. Homem aparentemente pobre, vivia numa casa aos pés de um dos morros de Três Morretes. Lá era seu monastério e o futuro aprisco das ovelhas, segundo ele.

Com 30 anos de idade, o jovem começava a se apresentar como o Cristo, filho do Deus vivo. A partir de então, todos os dias Abelardo saia de sua casa e se deslocava a caminho de Guarapirocaba para arrebanhar ovelhas para levá-las ao aprisco em Três Morretes. E assim, o suposto Messias formava a congregação Abelardina.

A falsidade de Abelardo perdurou por 3 anos, quando aos 33 anos ele foi denunciado ao Sargento-Mor de Guarapirocaba por cometer 1 homicídio e dezenas de crimes sexuais contra mulheres e crianças. Após as investigações, o Sargento Manoel não conseguiu provas suficientes para sentenciá-lo. Resolveu, então, entregar o falso monge nas mãos do povo, que odioso, em uníssono gritava: "Crucificado seja o falso filho de Maria". Pressionado pelo povo, o Sargento-Mor levou o caso ao diácono da Capela, que relatou ter recebido a revelação divina de que Abelardo era culpado e deveria ser condenado. O sacerdote também disse que a culpa do falso monge seria comprovada em todas as sextas-feiras santas da posteridade.

Sem mais alternativas, o Sargento expediu a condenação de Abelardo, primeira e única execução de morte de cruz no Brasil.

A COMPROVAÇÃO DA CULPA DE ABELARDO
Era sexta-feira, oitavo dia de abril de 1935 e as jovens irmãs Dolores e Doralice ficam assombradas ao enxergarem a cruz da capela sangrando. Desde então, todas as sextas-feiras da paixão, o mesmo evento acontece para comprovar a culpa do criminoso Abelardo.

– Por Johnny Arconi