terça-feira, 13 de junho de 2017

Rua Ermelino de Leão com Augusto Stellfeld, em direção à Rua XV. Ao fundo, o prédio Moreira Garcez. Data: 1938

Rua Ermelino de Leão com Augusto Stellfeld, em direção à Rua XV. Ao fundo, o prédio Moreira Garcez. Data: 1938. Foto: Domingos Foggiato. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (09/06/1991)



Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia, Cid Destefani – 09/06/1991 – A Ermelino 

"A piazada reunida esperava ansiosa o surgimento do carro do governador, não era por respeito ou admiração à figura sizuda de Manoel Ribas, isso se notava logo que o veículo apontava na Rua Saldanha Marinho e dobrava a esquina da Ermelino de Leão com destino ao Palácio do Governo no Alto São Francisco. Alguns piás mais eufóricos gritavam: “Ganhei! Ganhei!”. Haviam apostado entre si qual era a placa do carro que o “Maneco Facão” estaria usando, o PG1, o PG 2 ou o PG3. E, no meio da algazarra o ganhador ou ganhadores recolhiam os tostões apostados. Esta é uma faceta da Rua Ermelino de Leão do início dos anos 40, segundo um dos piás que vivia na época o cronista esportivo Vinícius Coelho. 

A fotografia hoje nos mostra a Rua Ermelino viista do cruzamento com a Augusto Stellfeld para o centro. A imagem, gravada em 1938 apresenta, ao fundo, em destaque, o edifício Moreira Garcez na imponência dos seus oitos andares, o maior prédio de Curitiba. A casa de esquina, ao lado esquerdo, ainda existe em na época, era ocupada pela família de Hermógenes Bartolomei e, a da direita, pelo advogado Jorge Magno Loyola Borges. 

Descendo a rua estavam instalados os Pajuaba, os Salamuni e os Gomel. Na esquina da Saldanha o japonês José Noguti já funcionava com seu bar, que está lá até hoje. Em cima do bar moravam as famílias de Isaac Guelmann e os Cury. No cruzamento com a Cruz Machado existia uma “casa suspeita” onde hoje está o prédio do HOTEL Caravelle. Na outra esquina ficava o Juizado de Menores vis-a-vis com um terreno baldio usado pela meninada da região como campinho de futebol. Aguns craques que esfolavam sua canela por ali: Elpídio Loureiro (o Tico), Mário Smolka, Laertes Comandulli, Aderbal Fortes de Sá, Cícero Fernandes, Vinícius Coelho e o Alfredo “Abobrinha”, além de muitos outros. 













Fonte: Google Street

Partindo em direção à Ébano Pereira, tínhamos a pensão Grechele & Mendes que alugava quartos para a estontada de fora que vinha cursar a Universidade. Nesta quadra ainda moravam as famílias Zgoda, Cunha e Barbosa, sendo que desta última saiu um campeão brasileiro de ciclismo: o Adolfo “Batatinha”. Por ali também morou Lauro Grein. Existiu ali um prédio cinzento e soturno, misterioso para os olhos da criançada, onde funcionava o Templo Adventista do 7º Dia. Não sai e nossa memória o muro baixo que fronteava o templo, com um pequeno portão de madeira que vivia eternamente quebrado. 

Finalmente chegamos à primeira quadra da Ermelino, entre Cândido Lopes e Avenida João Pessoa (Luiz Xavier), onde já se fazia notar a presença de maior número de casas comerciais e escritórios. Funcionavam ali as agências da Western Telegraph Company, a Universal Pictures, a Warner Brothers Pictures, a United Arts of Brazil, a barbearia do Saul, a Eletrolândia estava começando, o Açougue Paulista, o açougue de aves, o primeiro especializado no gênero em Curitiba e o Paraíso das Frutas. 

Não poderíamos deixar de mencionar, embora não apareçam na foto, as residências de AbdoTacla, José Ferrani, de Mansur Guérios e Affonso Ritzmann, que se localizavam entre a Rua Augusto Stellfeld e a Praça Dr. João Cândido".

Rua Riachuelo. Data: 10/12/1946

Rua Riachuelo. Data: 10/12/1946. Foto: Domingos Foggiatto. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (31/01/1993)



Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (Cid Destefani, 31/01/1993)

"(...) No início dos anos 40 vamos encontrar ainda com endereço na Praça Generoso Marques a casa de instrumentos musicais dos irmãos Hertel, a Casa Ideal de calçados que pertencia a dona Paula Elias e Reinaldo Schiebler com sua Casa Alumínio, além da loja dos irmãos Muggiati, cuja variedade de artigos carnavalescos era a parada obrigatória dos foliões de então.

Agora já estamos pisando na calçada da Riachuelo. Os endereços vão apontando os nomes que ali estavam instalados, tais como: Eurico Heisler, Italo Marquesine, Hotel Martins, Casa Yvone, Alfaiataria do Marquart, Carlos Schlosser, Joaquim Elias, Farmácia Sommer, Doutor Antônio Amarante e, na esquina do Beco do Marumbi, a Óptica e Relojoaria Raeder.
Já na segunda quadra a Casa Luhm, os irmãos Riskalla seguidos pela Casa Favorita dos irmãos Hatchback. Na esquina com a rua São Francisco ficava a famosa Casa de Porcelana Schmidlin e Tamm.

Seguiam-se a Casa Tokio Dr. Alcindo Lima, Dr. Nicolau Petrelli Júnior, Casa Verde, a família dos Campelli, Afonso Hey, o estabelecimento de Madame Odette, a agência de caminhões N. Barbieri & Cia, Paulo Ernesto Riedel, a Cia Jensen, o Salão José, a casa de Rádio Helios, o Salão Affonso, o depósito da cervejaria Atlântica, o Instituto Comercial Nela Vista e Quentel & Filhos.

Na esquina da Carlos Cavalcanti ficava então o quartel do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva e lá no fim da rua, quase na praça 19, a sucursal dos Laboratórios Andrômaco.

Nos anos 50, destaque para a Casa Romeu, que comprava e vendia roupas usadas; Ney Traple, professor de dança de salão e o Restaurante Paris, famoso ponto de encontro da boemia".

Carroceiros reunidos em frente ao Mercado Municipal onde posteriormente seria construído o Paço. Data: 1905

Carroceiros reunidos em frente ao Mercado Municipal onde posteriormente seria construído o Paço. Data: 1905. Foto: autor desconhecido. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (07/01/1996)
























Segundo Cid Destefani em texto recente - Gazeta do Povo, 01/05/2011 -, a reunião seria uma manifestação dos carroceiros contra a concorrência dos então recém-instalados serviços de bondes de mulas.

Passeio Público. Ponte sobre o Rio Belém. Data: 1900

Passeio Público. Ponte sobre o Rio Belém. Data: 1900. Foto: Adolph Volk. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (02/10/1994).



Passeio Público. Ponte sobre o Rio Belém. Data: 1900. Foto: Adolph Volk. Acervo: Cid Destefani/FCC-Casa da Memória. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (02/10/1994).

Vista do Centro registrada da esquina entre as ruas Buenos Aires e Benjamin Lins, no Batel. Data: julho de 1954

Vista do Centro registrada da esquina entre as ruas Buenos Aires e Benjamin Lins, no Batel. Data: julho de 1954. Foto: Domingos Foggiatto. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia. (Cid Destefani, 27/09/1992)






Coluna Nostalgia. 1954 – Uma Vista Parcial (Cid Destefani, 27/09/1992)

"(...) Hoje vamos focalizar uma vista da cidade mais recente, feita do alto do antigo Museu Paranaense, que ficava na esquina da Rua Buenos Aires com Benjamin Lins (construção de Ernesto Guaita de 1902). A imagem foi gravada em julho de 1954, em direção ao centro da cidade. Em primeiro plano vemos a Praça Theodoro Bayma, cujo nome já era bem antigo no logradouro, mas ninguém sabia da sua existência. Todo mundo quando falava do local mencionava a “Pracinha do Museu”. 

Na ocasião que a vista foi tomada, já possuía a praça um ponto de automóveis de aluguel, popularmente conhecidos como “carros de praça". Foram "chauffeurs" ali o senhor José Stanoga, o Luiz Pavone e o Moacyr Aleixo. O mais conhecido deles, Venceslau de Souza Florêncio dirigia um enorme “Nash” preto. O Venceslau ainda hoje trabalha lá (1992) com seu táxi. Pelo nome ninguém o conhece, mas por seu apelido, “Cabeleira”, é extremamente popular.

A Rua Emiliano Perneta à esquerda, antiga Rua do Aquidaban, desce em linha reta até a Praça Zacarias. Nesta época ainda possuía os trilhos dos bondes que vinham daquela praça em direção ao batel e ao Seminário. Só os trilhos, pois os bondes já tinham deixado de circular em 1952.

À direita vemos o início da Rua Dr. Pedrosa que fazia a ligação com a Praça Ruy Barbosa. Entretanto o que sobressai na paisagem são o edifícios prontos ou em construção. São os primeiros arranha-céus. Começam eles a dividir as épocas históricas da cidade.

Estava Curitiba deixando de ser a pacata urbe onde todo mundo se conhecia para entrar na era moderna dos apartamentos em grande parte adquiridos pelo pessoal do interior, principalmente do Norte do Paraná, abastados fazendeiros de café. A cidade começava portanto, a receber os primeiros prédios que formariam o maciço de edifícios que hoje possui e cuja vista que apresentamos seria impossível de ser feita atualmente.

Impossível por duas razões. A primeira seria pelo impedimento causado pela muralha de prédios. A segunda por não mais existir o imponente prédio do museu que estava instalado no alto do Morro da Bela Vista. Nem o prédio nem o morro. Hoje, no local, um tapume esconde o buraco que deixaram há muitos anos. (Hoje, 2014, o local é ocupado por uma locadora de vídeos e outros estabelecimentos comerciais).

Quando falamos do velho Museu nos vem à lembrança a piazada e os mais taludos que morando nas cercanias, por ali circulavam. Pessoal miúdo que estudava no grupo escolar 19 de Dezembro e, mais tarde, em outros colégios, como o velho Belmiro Cézar.

Vem-nos à lembrança os nomes de Lucyr Pasini e seus irmãos Lunes e Laércio. Normando e Manfredo Schiebler, José e Eduardo Carneiro de Mesquita. Alex e Renato Schaitza o “Renatinho” Schaitza, nosso companheiro de infância mais tarde companheiro nas lides jornalísticas e um grande incentivador deste trabalho que fazemos sobre a memória da cidade.

Roberto Linhares da Costa e Charles Curt Müller, companheiros do velho Grupo Dezenove. O Gil Marcos Puppi, quando garoto chegou a arranhar as cordas de um violino, hoje respeitado ginecologista, nas horas vagas um razoável taco de sinuca. João Régis Teixeira quando piá também esteve às voltas com aulas de violino e, segundo ele, o melhor som que conseguiu tirar do instrumento foi quando o arremessou sob um bonde que passava e o mesmo foi reduzido a cavacos pelas rodas do coletivo.

Irajá Bastos, Fernando Maranhão, Álvaro Albuquerque, Norberto e Francisco Chella, João e Klaus Maschtke são mais alguns nomes que me vem à lembrança quando vemos a fotografia acima. Outros tantos rostos vemos cujos nomes não conseguimos retirar do arquivo da nossa memória. Afinal lá se vão quarenta anos ou mais. Desculpem-nos os não citados.

Acabamos divagando sobre nossas próprias lembranças ao vermos essa imagem feita em 1954. Outras tantas nos vêm à mente quando por ali circulávamos na infância e na juventude. Dariam pra encher várias páginas e a paciência do leitor. Vamos deixar que cada um eu tiver recordações a fazer em cima desta imagem aproveite o domingo para um bom exercício de memória".

Avenida Luiz Xavier vista da Travessa Oliveira Bello (ligação com a Praça Zacarias). Data: 25/01/1941

Avenida Luiz Xavier vista da Travessa Oliveira Bello (ligação com a Praça Zacarias). Data: 25/01/1941. Foto: Domingos Foggiato (?). Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (04/07/1999)








































Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (Cid Destefani, 04/07/1999)

"(...) O prédio cinza da direita abrigou por muitos anos a Casa do Estudante. Ao seu lado, o edifício Eloísa, de propriedade de David Carneiro, industrial do mate e historiador. Foi anunciado no começo daquele ano que ali brevemente se instalaria o Cine ÓPera, um dos melhores cinemas que a cidade veio a ter. No alto do prédio vemos a propaganda do Mate Real, que era produzido no engenho de erva da família Carneiro. Foi um dos primeiros anúncios com luz neon de Curitiba. O 'reclame', como era conhecido na época, veio abaixo durante um tufão que se abateu sobre a cidade no mesmo ano de 1941. (...)"

Praça Tiradentes, em frente ao Hotel Eduardo VII, ainda em construção. 22 de dezembro de 1952

Praça Tiradentes, em frente ao Hotel Eduardo VII, ainda em construção. 22 de dezembro de 1952. Foto: Domingos Foggiatto. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia 24/12/1989.








































Distribuição de presentes aos pobres promovida pela LBA. O evento acontecia desde os anos 30 e sempre era conduzido pela primeira-dama do estado (que em 52 era Hermínia Lupion).
HOTEL seria concluído três anos depois.

Mais informações: Gazeta do Povo, 09/12/2012 - "Eduardo VII não abdica do trono" (José Carlos Fernandes)


Acidente entre bonde e veículo na Rua Barão do Rio Branco em 1936.

Acidente entre bonde e veículo na Rua Barão do Rio Branco em 1936. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (27/02/2000)























Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (Cid Destefani, 27/02/2000)

"(...) Há alguns anos nos foi entregue uma fotografia de um acidente entre um bonde e um automóvel pelos peritos de criminalística Roberto Werbitzki e Carlos Eduardo Martins Mercer. A imagem foi tomada quando a Polícia Técnica atendia os acidentes de trânsito para fazer o levantamento e fornecer o devido laudo técnico.

O aludido acidente ocorreu na Rua Barão do Rio Branco em frente ao nº. 239 em cujo prédio funcionava a Tinturaria a Vapor Indiana de propriedade de Arthur Meister, no dia 4 de novembro de 1936, quando chovia bastante. O bonde da Cia Força e Luz nº. 119 que fazia a linha da Praça Tiradentes - Portão, via Rua Barão, trombou com o automóvel marca Rugby de placa P 2-337, de propriedade de Júlio Meister Sobrinho. O referido veículo saiu do seu estacionamento não dando tempo para que o motorneiro do bonde, Eduardo Pawloski conseguisse parar o coletivo rapidamente. Além disso, os trilhos molhados fizeram o bonde deslizar. Os prejuízos foram de pequena monta. (...)"

Visconde de Guarapuava, vista da João Negrão em direção à Ubaldino do Amaral


Visconde de Guarapuava, vista da João Negrão em direção à Ubaldino do Amaral. Foto: Domingos Foggiatto, março de 1939. Acervo: Cid Destefani, Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (03/12/1989).























Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia - “Uma visita à zona”
(Cid Destefani, 03/12/1989)

"Hoje a Nostalgia vai nos levar a uma viagem diferente. Vamos todos para a zona. Para lá mesmo, meu amigo. Para a zona do baixo meretrício da velha e boa Curitiba dos anos trinta, quarenta e cinquenta, quando os conceitos eram outros e, talvez, um artigo deste jaez não pudesse ser publicado. Atualmente o movimento feminista a liberdade do sexo e os novos conceitos de moral nos permitem esta liberdade (ou libertinagem)?

A zona na atualidade é um ambiente demodê, só existindo ainda e agonizante em pequenos lugarejos piegas e insensíveis às mudanças do progresso e do tempo presente.

A fotografia de hoje nos leva ao mês de março de 1939 e nos coloca na avenida visconde de Guarapuava, da João negrão para o alto da Ubaldino do Amaral. Ali era a zona. Não que Curitiba só tivesse aquela, mas ali era a maior concentração de prostíbulos. Outros existiam espalhados pela urbe.

Na Visconde os bordéis se misturavam com casas comerciais e de residências familiares. Durante o dia era um ambiente relativamente pacato. À noite o local se transformava. Os clientes começavam a chegar, a pé ou transportados por carros de praça. Ouvia-se a música chorosa das sanfonas acompanhadas por pancadas da bateria, som que se misturava com o coaxar dos sapos que habitavam os banhados formados pelos rios Ivo e Belém. Era muito fácil achar as ditas 'casas de zona': nas fachadas das mesmas sempre havia uma indefectível lâmpada vermelha acesa.

A casa de madeira com três andares, que vemos à direita era uma das famosas. Ficou conhecida, pelo seu estilo cheio de janelas, como pombal e funcionou no local por várias décadas. Por volta de 1950 um soldado da aeronáutica foi agredido em uma das casas existentes um pouco adiante, na rua General Carneiro. Seus companheiros de quartel vieram vingar a agressão sofrida e, usando como munição as pilhas de macadame que estavam depositadas para o calçamento da rua apedrejaram a maioria das casas da zona. Foi tal a destruição que daquele momento em diante a região ficou conhecida como ‘Coréia’ (onde acontecia uma guerra naquela época), apelido que perdurou por muitos anos.

Não foram poucos os acontecimentos trágicos ocorridos na região. Assassinatos, suicídios e, principalmente, pancadarias aconteciam com certa frequência. Quando havia briga era comum eram comuns as quedas nos banhados e nos próprios rios Ivo e Belém.

Pombal, Helena, Helena do Papagaio, Amélia, Argentina, Bernadette, Sobradinho (ou Cento e Onze), Inferninho, etc eram alguns dos nomes das casas da região, que existiam sem fixação de épocas. Estas casas ficaram na memória de quem as frequentou, que fazem lembrar outros nomes curiosos espalhados por Curitiba: Alice, Chiquinha, Dinorah, Mesquita, Quinta Coluna, Aviãozinho, A Vila, Otília, Uda, Foco Vermelho, Tânia, Chacrinha, Maria Sem Calça, Casa de Campo, Frida Treze (Polaca), Maria Cebola e uma infinidade de outras que não nos foram lembradas.

O fim da noitada sempre acabava no bar e café Palácio, no Peixe Frito ou no caneco de Sangue. Estes dois últimos bares eram da pesada. No linguajar telegráfico de um jovem moderno poderíamos dizer:

-Pô meu, Curitiba era uma zona!"

Rua Marechal Deodoro, uma quadra antes da Praça Zacarias. Data: 19/03/1947

Rua Marechal Deodoro, uma quadra antes da Praça Zacarias. Data: 19/03/1947. Foto: Domingos Foggiato. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo. Coluna Nostalgia, 19/11/1989



Gazeta do Povo. Coluna Nostalgia - Marechal Deodoro, a velha rua (Cid Destefani, 19/11/1989) 

"A fotografia acima, feita no dia 19 de março de 1947, nos mostra a antiga Rua Marechal Deodoro. Viela pacata e estreita, com calçamento de paralelepípedos polidos pelo uso. A Deodoro conservou essa imagem até 1965, quando foi alargada para se transformar na avenida que hoje conhecemos. A história dessa rua se perde nos longínquos tempos do início da cidade. Foi batizada de início como Rua da Carioca de Baixo, em virtude de possuir na vargem do Rio do Ivo um dos três chafarizes que forneciam a água para os curitibanos de antanho. 

A cidade evoluiu e a nossa Marechal Deodoro acompanhou o progresso a ser chamada e Rua do Comércio e fazendo a ligação entre o Largo da Ponte (Praça Zacarias) e o Alto do Matadouro (Rua Ubaldino do Amaral). Em maio de 1880, com a visita e Dom Pedro II, a rua foi rebatizada com o nome do imperador, conservando esta denominação até o advento da República, quando então seu nome oi trocado para o que conserva até hoje. 

A Marechal Deodoro da época da foto acima era uma rua com uma característica provinciana e a parte focalizada, exatamente o seu início, nos traz à lembrança a vida pacata da cidade antes dos anos 60. A imagem do Cine Luz na esquina com a Rua Doutor Muricy tendo ao fundo a Zacarias com suas casas baixas. A linha de bondes que seguia pela Rua Aquidaban (Rua Emiliano Perneta) e as casas residenciais convivendo com as comerciais. 

O velho armazém Pão de Açúcar. A Casa de Móveis dos Daitzchman, posteriormente Troib. A casa Miranda de Calçados, a Galeria das meias do Kudry e o escritório de Lattes & Cia. A “boite” Elite, que posteriormente passaria a ser Marroco e comandaria a vida noturna da cidade dirigida pelo “Rei da Noite”, Paulo Wendth. Neste pedaço da Deodoro também funcionou um barracão de madeira, a redação do “Paraná Esportivo”, dirigido pelo José Muggiati e Ezio Zanello, jornal que contava com a fotografia de Domingos Foggiato para suas ilustrações e onde, também como fotógrafo, entramos para as lides da imprensa do Paraná, em 1958. 

Durante o dia a rua era frequentada por transeuntes que se dirigiam às casas comerciais, bancos e escritórios que ali funcionavam. À noite a rua se transformava, principalmente na década de 50, quando as “mariposas” de desentocavam das pensões ali existentes e faziam o trottoir perambulando pelas calçadas à caça de fregueses. O povo as chamava “Marchadeiras da Marechal” e também de “Marechalinas”. 

Quem olha hoje a larga avenida que é a Marechal Deodoro, nem por muito esforço que faça consegue imaginar que ali existiu uma viela quase tão velha quanto Curitiba, onde em noites escuras ouvia-se o coaxar dos sapos no Rio do Ivo".