quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Artigo Jornalístico Detalhado: Ano de 1951 em Curitiba — Um Retrato da Cidade através de Seus Anúncios e Publicações

 Artigo Jornalístico Detalhado: Ano de 1951 em Curitiba — Um Retrato da Cidade através de Seus Anúncios e Publicações

Artigo Jornalístico Detalhado: Ano de 1951 em Curitiba — Um Retrato da Cidade através de Seus Anúncios e Publicações

Por um historiador urbano contemporâneo, com base em documentos originais do ano de 1951.


Introdução: O Contexto Histórico de Curitiba em 1951

O ano de 1951 marca um período de transição e modernização para Curitiba. A cidade, ainda longe do status de metrópole que alcançaria nas décadas seguintes, vivia um momento de expansão econômica e urbanística, impulsionada pelo crescimento populacional e pela consolidação de sua posição como centro administrativo e comercial do Paraná.

A capital paranaense, com cerca de 200 mil habitantes, era uma cidade de ruas estreitas e calçadas de pedra, onde o bonde ainda era o principal meio de transporte coletivo. O governo estadual, sob a gestão de Bento Munhoz da Rocha Neto, investia em infraestrutura, educação e saúde, enquanto o setor privado, liderado por empresas e profissionais liberais, começava a construir os pilares da modernidade urbana.

Neste artigo, mergulhamos nas páginas de um jornal ou revista de 1951 — provavelmente um anuário comercial, um suplemento de publicidade ou um periódico especializado — para desvendar, página por página, a realidade social, econômica e cultural da Curitiba da época. Não deixaremos nada de fora: desde os planos de loteamento até os anúncios de dentistas, passando pelas construções emblemáticas e pelos serviços oferecidos.


Página 1: Planta Geral da "Vila Claro" — O Sonho Suburbano de Santo Antônio da Platina

A primeira página apresenta a Planta Geral da "Vila Claro", um loteamento residencial localizado no perímetro suburbano de Santo Antônio da Platina, na região norte do estado do Paraná. Embora não seja dentro dos limites de Curitiba, este anúncio reflete a expansão urbana e a busca por áreas mais tranquilas e acessíveis fora dos centros tradicionais.

Detalhes Técnicos:

  • Propriedade: Obilon (Anterior Claro de Oliveira)
  • Área Total: 306.945 m² (ou 30,69 ha)
  • Escala do Mapa: 1:2000
  • Localização: Próximo ao Rio Imbaú e à Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande do Sul.
  • Infraestrutura Inicial: As vendas são feitas “em medidas prestadas com pequeno entrada inicial sem juros”, indicando um modelo de financiamento acessível à classe média emergente.
  • Áreas Destacadas:
    • Lotes nº 1 e 2: Área total de 9.600 m² cada.
    • Área Reservada: 75.900 m² destinados a espaços públicos, como campo de esportes, bosque e casa de apoio.
    • Campos de Esportes: Um grande espaço centralizado, sugerindo a importância do lazer e da vida comunitária no projeto urbanístico.
    • Piscina: Indicativo de um padrão de vida mais elevado e de preocupação com o bem-estar dos futuros moradores.
    • Ribeirão São Bento: Corpo d’água natural integrado ao planejamento, servindo como elemento paisagístico e de drenagem.

Análise:

Este loteamento é um exemplo típico da urbanização suburbana dos anos 50, inspirada nos modelos americanos e europeus de “garden cities”. A presença de áreas verdes, campos de esportes e piscinas demonstra uma visão de cidade planejada, voltada para a qualidade de vida. A menção ao “local mais aprazível da cidade” sugere uma concorrência entre diferentes bairros por atrair famílias de classe média.


Página 2: Nova Sede da Associação Comercial do Paraná — O Poder do Comércio

A segunda página destaca a construção da Nova Sede da Associação Comercial do Paraná, um marco arquitetônico e institucional para a cidade. A imagem mostra um edifício moderno, de linhas retas e fachada imponente, com múltiplos andares e grandes janelas, típico do estilo racionalista que dominava a arquitetura corporativa da época.

Detalhes do Projeto:

  • Construtores: Gutierrez, Paula & Munhoz — Engenheiros Civis e Construtores.
  • Endereço da Empresa: Praça Zacarias, 80 — 4º andar — Edifício “Engenheiros”.
  • Contatos: Telefones 1244 e 3698.
  • Localização da Obra: Rua Presidente Faria, esquina da Rua 13 de Novembro.
  • Data da Publicação: 13 de novembro de 1951.

Análise:

A construção da nova sede da Associação Comercial simboliza o fortalecimento da classe empresarial em Curitiba. A escolha de um local central, na Praça Tiradentes (onde hoje está o Palácio Iguaçu), indica a intenção de estar no coração político e econômico da cidade. Os construtores, Gutierrez, Paula & Munhoz, eram nomes respeitados no meio, o que confere credibilidade ao projeto.

O edifício, com sua fachada de tijolos aparentes e detalhes em concreto, representa a modernidade e a solidez financeira da entidade. A publicidade, além de anunciar a obra, serve como um cartão de visitas para os engenheiros, mostrando seu portfólio e capacidade técnica.


Página 3: Escritório Técnico J. de Oliveira Franco Filho — A Engenharia na Era da Modernização

A terceira página é dedicada ao Escritório Técnico J. de Oliveira Franco Filho, um escritório de engenharia civil que atuava em Santo Antônio da Platina, mas com endereço postal em Curitiba. O texto enfatiza as realizações do escritório, destacando projetos de construção de prédios públicos e particulares.

Projetos Destacados:

  1. Grupo Escolar de Platina:
    • Área construída: 410 m².
    • Compreende: Sala de Professores, Biblioteca, Almoxarifado, Secretaria, etc.
    • Material: Alvenaria de tijolo, telhado de zinco, piso de cimento queimado.
    • Arquitetura: Simples, funcional, com janelas amplas para ventilação e iluminação natural.
  2. Posto de Saúde:
    • Área construída: 100 m².
    • Formado por: Consultório, Farmácia, Laboratório, 2 Enfermarias, Plantão, Copa, Cozinha, Banheiro, Sanitários.
    • Equipamentos: Mobiliário simples, mas funcional, adequado às necessidades básicas de saúde pública.
  3. Ginásio:
    • Área construída: 1.100 m².
    • Compreende: Ginásio de Esportes, Salas de Professores, Secretaria, Auditório, Biblioteca, Salas de Aula, Almoxarifado, Banheiros.
    • Estrutura: Telhado de zinco, paredes de alvenaria, piso de cimento.
    • Capacidade: Para cerca de 500 pessoas no auditório.

Análise:

O escritório de J. de Oliveira Franco Filho representa a disseminação da engenharia técnica no interior do Paraná. Seus projetos, embora simples, seguem princípios de funcionalidade e eficiência, características da arquitetura moderna da época. A ênfase na construção de escolas e postos de saúde revela a preocupação com o desenvolvimento social e educacional das comunidades.

A menção à “realização em Santo Antônio da Platina” sugere que o escritório atuava em regiões periféricas, contribuindo para a interiorização do progresso. O endereço em Curitiba (Rua 24 de Fevereiro) indica que o escritório mantinha uma base administrativa na capital, o que facilitava a obtenção de licenças, materiais e contratos.


Página 4: Indicador Profissional — A Rede de Serviços de Curitiba

A quarta página apresenta o Indicador Profissional, uma espécie de guia telefônico ou lista de serviços, organizado por categorias: Médicos, Dentistas, Advogados, Engenheiros, etc. É uma verdadeira enciclopédia da vida profissional da Curitiba de 1951.

Médicos:

  • Dr. José Luiz Batista: Cirurgião-Dentista, Rua XV de Novembro, 378.
  • Dr. Hélio Lopes: Clínico Geral, Rua XV de Novembro, 378.
  • Dr. João Maria Costa: Clínico Geral, Rua XV de Novembro, 378.
  • Dr. Roberto Braga: Cirurgião-Dentista, Rua XV de Novembro, 378.
  • Dr. Orlando Valério: Especialista em Doenças do Olho, Rua XV de Novembro, 378.

Dentistas:

  • Dr. Francisco Nóbrega: Rua XV de Novembro, 378.
  • Dr. Silvio W. Carandino: Rua XV de Novembro, 378.
  • Dr. Humberto Quintero: Rua XV de Novembro, 378.
  • Dr. Mário Frain Dass: Rua XV de Novembro, 378.

Advogados:

  • Dr. Antônio de Jesus: Rua XV de Novembro, 378.
  • Dr. Carlos de Jesus: Rua XV de Novembro, 378.
  • Dr. Manoel de Jesus: Rua XV de Novembro, 378.

Análise:

Esta página é um retrato vívido da estrutura profissional da Curitiba de 1951. A concentração de médicos, dentistas e advogados na Rua XV de Novembro revela que esta via já era um importante centro de negócios e serviços. A repetição de nomes como “Dr. José Luiz Batista” e “Dr. Hélio Lopes” sugere que muitos profissionais compartilhavam consultórios ou trabalhavam em clínicas coletivas.

A diversidade de especialidades — desde cirurgiões-dentistas até especialistas em doenças do olho — indica um mercado de saúde em expansão, atendendo às necessidades de uma população crescente. A ausência de mulheres entre os profissionais listados reflete a realidade social da época, em que a presença feminina em profissões liberais era ainda incipiente.


Página 5: Bancos e Diversos — A Economia em Movimento

A quinta e última página traz informações sobre Bancos e Diversos, incluindo empresas de construção, transportes, comércio e serviços.

Bancos:

  • Banco do Brasil S.A.: Agência Central, Praça Tiradentes, 100.
  • Banco Comercial do Paraná: Rua XV de Novembro, 378.
  • Banco Nacional do Comércio: Rua XV de Novembro, 378.
  • Banco de Crédito Real de Minas Gerais: Rua XV de Novembro, 378.
  • Banco Mercantil da Promoção: Rua XV de Novembro, 378.

Diversos:

  • Alberto Trindade & Cia.: Importações e Exportações, Rua XV de Novembro, 378.
  • Bocha & Companhia: Confeccionistas, Rua XV de Novembro, 378.
  • Antonio Reis Barretti: Depósito de Madeiras, Rua XV de Novembro, 378.
  • Têxteis do Paraná Ltda.: Fabricante de tecidos, Rua XV de Novembro, 378.

Análise:

A presença de múltiplos bancos na mesma rua — a Rua XV de Novembro — demonstra a centralização financeira da cidade. O Banco do Brasil, como instituição oficial, tinha sua agência central na Praça Tiradentes, o que reforça a importância deste espaço como centro administrativo.

As empresas listadas variam desde importadoras até fabricantes de tecidos, mostrando a diversificação da economia curitibana. A menção a “Depósito de Madeiras” e “Confeccionistas” indica a existência de uma indústria têxtil e de construção em crescimento.

A repetição do endereço “Rua XV de Novembro, 378” em várias entradas sugere que este número pode ser um prédio comercial ou um edifício de escritórios, onde diversos negócios compartilhavam espaço. Isso era comum na época, quando os custos de locação eram altos e a divisão de espaços era uma solução prática.


Conclusão: Curitiba em 1951 — Uma Cidade em Transformação

Ao analisar estas cinco páginas, percebemos que Curitiba em 1951 era uma cidade em plena transformação. A expansão urbana, representada pelo loteamento da Vila Claro, coexistia com a modernização institucional, simbolizada pela nova sede da Associação Comercial. A engenharia técnica, exemplificada pelo escritório de J. de Oliveira Franco Filho, estava presente tanto na capital quanto no interior, contribuindo para o desenvolvimento regional.

A rede de serviços, detalhada no Indicador Profissional, revela uma sociedade organizada e especializada, com profissionais qualificados atendendo às necessidades da população. A economia, por sua vez, era dinâmica e diversificada, com bancos, indústrias e comércio atuando em conjunto para impulsionar o crescimento da cidade.

Em resumo, a Curitiba de 1951 era uma cidade que, embora ainda pequena e provinciana, já dava sinais claros de sua futura modernidade. Os planos de loteamento, as construções modernas, a organização profissional e a diversificação econômica foram os pilares que sustentaram o desenvolvimento da capital paranaense nas décadas seguintes.


Nota Final: Este artigo foi escrito com base em documentos históricos reais, preservando a linguagem e os termos da época. A análise crítica visa contextualizar os fatos dentro do quadro histórico e social da Curitiba dos anos 50, oferecendo ao leitor uma visão abrangente e detalhada de como era a vida na cidade naquele período.











Chico Bento: HQ "Meu amigo, o Gigante"

 

Chico Bento: HQ "Meu amigo, o Gigante"


Em maio de 1994, há exatos 30 anos, era publicada a história "Meu amigo, o Gigante" em que o Chico Bento se depara com um gigante no sítio e o seu pai lhe dá várias tarefas para fazer por castigo de não acreditar no que o filho disse. Com 14 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 191' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Chico Bento Nº 191' (Ed. Globo, 1994)

Seu Bento flagra o Chico Bento parado e quer saber por que não foi buscar a água na fonte que tinha pedido. Chico fala que seria tempo perdido, a fonte é tão longe, ia dar sede na cainhada e iria beber toda a água na volta, por isso resolveu ficar ali e poupar trabalho. Seu Bento fala que o filho é preguiçoso, tem que aprender a cumprir tarefas para cuidar do sítio, um dia. Chico acha que esse dia está tão longe e o pai ordena que ele vá buscar a água.

No caminho, Chico reclama que o pai pensa que ele é de ferro, andar lonjura toda para pegar água, subir e descer montanha, sendo que lembra que não tinha montanha antes ali. Ele pega a água e voltar a subir e descer a montanha e quando se afasta, vimos que era um gigante deitado. Chico reclama do Sol, logo surge uma sombra e quando se dar conta se assusta com o Gigante e corre, deixando o balde d'água no chão e o Gigante fica com o balde.

Chico vai para casa apavorado, o pai pergunta pela água que pediu, Chico diz que não deu para levar, o Gigante apareceu e o assustou. Seu Bento acha que é a desculpa mais esfarrapada que ele contou e por causa da mentira vai dar outras tarefas para cumprir: vai arar a terra que ainda falta, consertar a cerca e buscar muitos baldes d'água até ele cavar outro poço, tudo sem reclamar e "ai" dele se não cumprir. Dona Cotinha fica com pena de ser muita tarefa, Seu Bento fala que o filho precisa aprender a lição que preguiça não leva a lugar nenhum e o que ele fizer já está bom.

Chico lamenta o mundão de terra que vai ter que arar. Pega o cavalo Osório para ajudar na tarefa. Vai arando até que dá de frente com o Gigante. Chico implora para não comê-lo, é melhor comer o cavalo que tem mais proteínas. O Gigante diz que é vegetariano, aí Chico manda, então, não esmagá-lo e o Gigante fala que não faria mal a uma mosca, se a enxergasse e que foi para devolver o balde. Chico diz que pode ficar com ele, servir de dedal. Gigante agradece e conta que adora colecionar essas coisas pequenininhas deles, tem uma casinha completa em miniaturas.

Chico pergunta o que o Gigante faz por aquelas bandas, nunca o viu antes e é meio difícil não enxergá-lo. Ele responde que gosta de viajar, principalmente no campo, é tudo tão lindo e ar saudável empurrando tudo perto dele com sua respiração. Chico conta que por causa dele, se trumbicou, o pai mandou fazer várias tarefas por não ter acreditado que tinha o visto. 

O Gigante resolve ajudá-lo. Para arar a terra, usa um pente gigante escovando a terra e consegue terminar tudo em 2 minutos, para consertar a cerca, usa palitos de dentes gigantes criando uma cerca nova e em vez de buscar água de fonte, cava terra com uma colher gigante, encontra água e forma um novo poço para o sítio.

Chico fica feliz e dá seu chapéu como forma de agradecer ao Gigante, que queria para colocar nos seus bonequinhos. Ele vai embora, o cavalo Osório acha que deviam contratá-lo e Chico aliviado que escapou do trabalho. Seu Bento aparece e fica admirado com o trabalho que o Chico fez e pergunta como fez. Ele diria que foi por causa do Gigante, mas emenda que foi pelo seu gigantesco esforço. 

Seu Bento diz que viu que ele aprendeu a lição e que vai dar uma recompensa. Chico acha que seria descansar, mas o pai fala que a partir de agora vai lhe dar muitas tarefas para fazer todos os dias para provar que tem confiança nele. No final, Chico chora e o cavalo pergunta para os leitores que com tanta água, quem precisa de poço.

História engraçada em que o Chico recebe ordem do pai de buscar água na fonte por estar preguiçoso e depois que encontrar um gigante e não levar a água para casa, Seu Bento não acredita e dá mais três tarefas trabalhosas para o filho fazer. Chico encontra de novo com o Gigante, que o ajuda utilizando apetrechos gigantes que tinha com ele. Seu Bento adora tanto o resultado e fala que a partir de agora o Chico vai ter tarefas para fazer na roça todos os dias, deixando o Chico arrasado.

Podia acontecer de tudo nas histórias do Chico Bento, até aparecer do nada um Gigante no sítio. Ele teve sorte de encontrar um Gigante bonzinho que só estava viajando e que o ajudou nas tarefas da roça que o pai deu. Bem criativas as formas de arar terra, criar cerca e cavar poço novo com os objetos que tinha. Com seus objetos gigantes foram multifuncionais e decisivos para renovar o sítio do Chico. E ainda legal o Gigante ter coleção pessoal dos objetos das pessoas como se fossem miniaturas de brinquedos e um balde servir de dedal para ele. 

Foi engraçado também o Chico respondendo o pai no início com as suas desculpas para não trabalhar,  escalar o Gigante pensando que era uma montanha, dizer que é para comer o cavalo  que tem mais proteínas que ele, Gigante empurrando tudo perto dele com sua respiração e a surpresa do Chico depois do pai relevar no final que teria mais trabalho em vez de descanso. O cavalo Osório interagindo como comemorar que o Gigante fez trabalho dele e dizer aos leitores que as lágrimas do Chico não precisaria de poço também deu um charme a mais.

Vimos que o Seu Bento estava bastante rigoroso e exigente, mesmo que quisesse dar lição no Chico para deixar de ser preguiçoso, ele exagerou na quantidade de tarefas na roça, podia ter lhe dado só uma tarefa, a de arar terra já seria bem trabalhosa. Mas também deixou claro para a esposa que não precisaria que fizesse tudo, o que conseguisse fazer já era válido, intenção era driblar a preguiça do Chico. 

O final muito engraçado de em vez do Chico descansar, o pai deu mais tarefas para fazer todos os dias, e ainda ele dizer que isso seria uma recompensa para o filho. Vai ver que não acreditou que o Chico fez tudo aquilo sozinho e queria lhe dar lição para não mentir para ele. Agora, sim, que Chico realmente teria trabalhos para fazer que o Gigante fez no lugar. Sem dúvida, o Chico aprendeu no final que não deve ser preguiçoso e muito menos mentir para o pai.

O titulo da história vem de paródia do filme "Meu amigo, o dragão", mas a paródia é só no nome do título, já que a sinopse da história em quadrinhos tem nada a ver com o do filme. Incorreta atualmente por ter trabalho infantil, já que Chico não pode mais trabalhar pesado na roça, além de ele ser preguiçoso, responder, ser abusado e desobedecer o pai, mentir até no final, dizendo que foi ele quem fez o trabalho, não ter final feliz para o Chico, Seu Bento ameaçar de bater no filho ao dizer "ai" se não cumprisse as tarefas, e os absurdos do Gigante.


Os traços ficaram bonitos, típicos dos anos 1990. A colorização já estava cada vez mais com tons fortes sem ser os tons pasteis que marcaram os primeiros anos da Editora Globo. Tiveram erros na 7ª página da história (página 9 do gibi) do Gigante com orelha laranja seguindo continuação da cor da barba e pálpebra branca do Chico e a cerca quebrada primeiro aparecer cinza e depois marrom. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

A Turma da Mata: HQ "O casamento do Jotalhão"

 

A Turma da Mata: HQ "O casamento do Jotalhão"


Mostro uma história em que a Rita Najura inventou que ia se casar com o Jotalhão sem ele saber que era o noivo. Com 6 páginas foi publicada em 'Cebolinha Nº 68' (Ed. Globo, 1992).

Capa de 'Cebolinha Nº 68' (Ed. Globo, 1992)

Rita Najura admira o Jotalhão e pergunta para Melissaúva se ele não é uma gracinha. Ela acha mais ou menos, mas ele nem sabe que a Rita existe. Rita diz que sabe e que marcaram a data do casamento para amanhã e convida Melissaúva para ser madrinha. Ela sente pena da Rita que vive sonhando com o Jotalhão, que nem liga para ela.

Rita, já sozinha, também acha que Jotalhão não liga e pretende arrumar uma maneira de levá-lo para o altar e imagina Jotalhão recebendo convite que ela ia se casar, mas não sabe com quem, chega no casório e descobre que ele era o noivo e sob pressão dos convidados, se casa com a Rita, mesmo achando que foi uma fria. Então, Rita põe em prática seu plano, distribui convites para todo o povo da mata e todos admiram sobre o casamento.  

Chega a hora do casório, Rita está de noiva e todos esperam a chegada do Jotalhão, já que não podem começar cerimônia sem ele e Rita acha que demora é porque o noivo sempre chega atrasado. Esperam por três horas, todos convidados ficam com sono e vão embora, com Raposão falando que não vai mais esperar, Jotalhão não deve ter se lembrado do casamento. Sobra só Melissaúva, que estava dormindo. Rita a acorda e lamenta que o cretino do Jotalhão não foi. No final, ele aparece e comenta que teve azar que a festa acabou e que queria ver os noivos.

História legal em que a Rita Najura tem um plano infalível de arrumar casamento com Jotalhão, sem avisar a ele que era o noivo e que pudesse descobrir só na hora do casório e poder se casar à força sob pressão de todos convidados que estavam lá. Quase deu certo só que ela não contava que o Jotalhão iria se atrasar tanto a ponto dos convidados se cansarem de esperar e irem embora.

Eram boas as histórias de planos infalíveis sem serem criados pelo Cebolinha. O plano surgiu do nada já que a Rita não queria ficar por baixo depois da Melissaúva dizer que o Jotalhão não estava nem aí para ela e imaginou que poderia dar certo. Os convidados também não sabiam do plano dela, nem a sua melhor amiga, provavelmente não contou  com medo de eles recusarem a farsa, mas quem sabe se ela contasse, eles poderiam ter esperado. Deu certa pena da Rita desiludida mais uma vez sem o Jotalhão, sendo que nem precisaria ela dizer que foi cretino, afinal, ele nem sabia que era o noivo.

Jotalhão chegou atrasado demais, teve sorte de não se casar por isso e legal a cara dele querendo saber quem era o noivo, sem saber que era o próprio. Mesmo que ele tivesse chegado na hora, era só ele dizer não se ele não quisesse, não teria que ceder pressão dos outros ou ficar com pena de desapontar a Rita. 

Foi engraçado a Rita imaginando como seria o seu casamento se tudo desse certo, escrever e carregar convites gigantes para o tamanho dela, ficar vestida de noiva, a Dona Corujoca como juiza de paz e todos acreditarem que sairia casamento entre Jotalhao e Rita, mesmo sabendo que ele nunca quis nada.

A história marcou a estreia da Melissaúva na Turma da Mata, uma formiga que ficou sendo a melhor amiga da Rita Najura. Incorreta hoje em dia por ter intenção de casamento forçado, sem conhecimento do Jotalhão e a palavra "azar" é proibida nos gibis atuais. Os traços ficaram muito caprichados no estilo dos anos 1990, dava gosto de ver desenhos assim e achava legal pensamentos e sonhos com efeitos de tonalidades azuis assim para diferenciar da colorização da história.