segunda-feira, 3 de julho de 2017

Matriz Nossa Senhora da Luz de Irati

            
                     
Matriz Nossa Senhora da Luz
Hoje é dia 14 de janeiro de 2017, restam, portanto, seis meses e um dia para que o nosso “CAUDALOSO RIO DE MEL” – IRATI complete 110 anos de existência.
Como já havia mencionado no meu programa do sábado passado, vou ocupar estes próximos seis meses que antecedem a data do próximo aniversário do nosso município, para “cantar em prosa e verso” a história melódica e poética do nosso querido município.
O meu boa tarde a todos vocês, meus prezados ouvintes, desejando-lhes muita paz, harmonia e amor em seus lares e em seus corações. 
Reservei este programa de hoje, para contar-lhes, queridos ouvintes, uma belíssima história que fala sobre a nossa MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA LUZ.  
Tal assunto, no entanto, estaria muito prejudicado em seu conteúdo, caso o meu bom amigo e colega desta emissora,
Tadeu Stefaniak, não houvesse me brindado com um raro documento elaborado no ano de 1952, pelo nosso querido Frei Capuchinho Joaquim, Vigário da nossa igreja Matriz de N.S. da Luz. Obrigado meu amigo Tadeu, em meu nome e de todos os meus ouvintes.
Mas, sem mais delongas, vamos logo para esta belíssima história, que nos fala de amor, altruísmo e dedicação às causas religiosas. Caso todo o assunto não caiba em um só programa, estarei complementando-o no programa seguinte. Combinado?
Em sua bela revista ilustrada, Frei Joaquim estampa em sua capa a seguinte mensagem: CRÔNICA HISTÓRICO – ILUSTRADA da Matriz de Nossa Senhora da Luz de Irati e Programa da Festa da Padroeira em 1952.
Logo na primeira página, o nosso querido vigário, faz um prólogo
Que nos diz o seguinte:
Queremos neste ano de 1952, dar aos nossos queridos paroquianos e aos devotos de Nossa Senhora de Luz, Padroeira da Cidade e da Comarca de Irati, uma crônica Histórico-Cultural, para que todos tenham uma noção exata de quando e como começou a nossa Matriz.
No ano de 1900, por aqui já passavam, na Cura das Almas, os Padres de Palmeira, de Ponta Grossa e Imbituva. No ano de 1904, foi inaugurada a primeira Capela de Nossa Senhora da Luz, no lugar onde hoje á a Praça da Bandeira, sendo Capela curada da Paróquia de Imbituva.
Esta Capela ficou na Praça da Bandeira até o ano de 1926, quando foi transportada para o largo da Matriz. No dia 25 de Julho de 1926, foi benta e lançada a primeira Pedra Fundamental da nossa Matriz, como veremos por sua história e ilustrações. Pe. Frei Joaquim – Capuchinho Vigário.
Praça da Bandeira

É isso aí, meus amigos ouvintes, esta é uma bela história que voz contarei a seguir:
ASSIM COMEÇOU A MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA LUZ
Irati, antigamente chamado “Covalzinho”, nasceu sob as bênçãos de Nossa Senhora da Luz, no ano de 1900-1901. A devoção do povo de Irati a Nossa Senhora da Luz, nasceu com a vila de Irati; desde o berço o iratiense aprendeu a amar a sua digna padroeira, que viu nascer, crescer e se desenvolver esta Vila e depois Cidade tão boa; este povo tão generoso, tão hospitaleiro, tão nobre.

FESTA DE INAUGURAÇÃO DA CAPELA DE IRATI – 10.09.1904
Com toda a solenidade inaugurou-se a igreja desta localidade. No dia 07 do corrente, ás quatro horas da tarde, teve lugar o translado da bela imagem de Nossa Senhora da Luz, padroeira da localidade, para a igreja, tendo grande acompanhamento de fieis e ao som da Banda Musical de Imbituva. Chegada a procissão à igreja, o Revmo. Pedro João Escarpetti, respeitabilíssimo vigário de Imbituva que generosa e desinteressadamente viera proceder á inauguração, fez a benção solene da igreja, dando então ingresso à Padroeira.
Segue-se a novena, proferindo o vigário, por essa ocasião, um sermão em que exaltou as virtudes da Santa e da religião católica, congratulando-se com os seus fieis por ver erguido na sua paróquia mais em templo a verdadeira religião de Cristo. No dia 8 a Banda Musical tocou alvorada na porta do templo e percorreu esta povoação anunciando em suas notas harmoniosas a festividade do dia. Às 10 horas teve lugar à missa solene, achando-se o templo repleto de fieis e romeiros vindos do interior, Ponta Grossa, Fernandes Pinheiro, Ente Rios, Boa Vista, Rebouças e de outros lugares.
O Templo repleto de fiéis
Depois da missa um grupo de Exmas. Senhoritas, acompanhadas da música percorreu a povoação com a Bandeira do Divino, tirando esmolas. À tarde houve um animado leilão. Terminado este, saiu a procissão á rua, apresentando um aspecto deslumbrante, pois era composta de três andores artisticamente enfeitados e carregados por senhoras e senhoritas, seguido pelo Revmo. Vigário, Banda Musical e grande multidão, percorrendo o largo da igreja e recolhendo-se na melhor ordem e respeito. Foi administrado o Sacramento do batismo a grande número de crianças e efetuado diversos casamentos, muitos dos quais o Revdo. Vigário fez gratuitamente a pessoas pobres. Terminou a festa com um animado baile. Foram sorteadas festeiras para o ano vindouro as Exmas. Snras. Leopoldina de Cristo, Ana de Bonfim, Maria Andrade Mendes e festeiros os Snrs. João Barros Cabral, Francisco Batista e Pedro Calderari. A comissão encarregada da construção de igreja é sumamente grata ao Exmo. Monsenhor Celso Itiberê da Cunha, digníssimo Governador do Bispado, por ter com a máxima solicitude, atendido ao pedido da mesma comissão que solicitara a provisão gratuita para a benção da Igreja. Igualmente é grata ao Revmo. Vigário Padre Escarpetti, que apesar de avançada idade veio de Imbituva a esta localidade, desinteressadamente, prestar seus humanitários serviços. Iraty 10 de Setembro de 1904.

BENÇÃO E LANÇAMENTO DA PEDRA FUNDAMENTAL
Aos vinte e cinco dias do mês de julho, do ano do Senhor de mil novecentos e cinco, sendo Sumo Pontífice o Santo Padre Pio XI. Bispo de Curitiba, o Exmo. Reverendo D. João Braga. Presidente da República, e Exmo. Snr. Artur da Silva Bernardes. Presidente do Estado do Paraná, e Exmo. Snr. Caetano Munhoz da Rocha. Presentes as comissões de festejos e mais os festeiros constantes da lista inclusa, lançou-se a Pedra Fundamental desta Igreja de São Vicente de Paulo, nesta vila e Município de Iraty. Para constar lavrou-se esta ata de vai assinada pelos seguintes senhores presentes: “Pe. Fernando Taddei, Pe. Sebastião Mendes, Pe. Paulo Warkocz, Pe. José Maria Penido, Pe. Francisco Souza, todos da Congregação da Missão, Zeferino Sales Bitencourt, Emilio Batista Gomes, Francisco Vieira de Araújo, Braulio Bitencourt, Manoel Lacerda Pacheco, Eziquiel Andrade Gomes, Alexandre Nigro, Constantino Odreski, Antonio Xavier da Silveira, Francisco Thomaz, Paulo dos Santos Xisto, Cezar Castagnoli, Antonio Saboia, Abraão Fenianos, João Dib Abdulack, Miguel Bittar, Arion Vasconcellos Souza, José Brustolim, Trajano Gracia, Edgard Andrade Gomes, Clovis Araújo, Santos Thomaz, Santos Marochi, Agostinho Zarpellon, Esmeraldo Leandro, Waldemar Phol, Bernardino rebesco, Miguel Doniak, João Batista Anciutti, Antonio Budel, Francisco Stroparo, Zeno Viana, José Wosniak, Miguel Agulham, José Smolka, Martin Filus, Joaquim Rodrigues Fernandes, e Ignacio Osinski.”
Majestosa
Como se pode observar, a nossa Matriz era dedicada ao glorioso Santo, São Vicente de Paulo. Mas por decreto n. 01 de S. Excia. Dom Antonio Mazzarotto, DD. Bispo Diocesano de Ponta Grossa, datado de 11 de Março de 1931, desdobrando a paróquia de Imbituva, sede da igreja provisória de Irati, e que se denominara “Paróquia de Nossa Senhora da Luz de Irati”. Concedeu sua Excia. á Igreja de Nossa Senhora da Luz de Irati, todos os direitos, privilégios e honras de uma igreja paroquial, sendo seu primeiro Vigário o Pe. Paulo Warkocz, que chegou a Irati no dia 09 de Fevereiro de 1931, e tomou posse da nova paróquia no dia 15 de março daquele mesmo ano. Sua Revma. Teve grande acolhida entre o povo iratienses, por seus dotes de coração bondoso, conquistando muita estima e amizade de toda a população.
Lançada a “pedra fundamental” a nossa Matriz ficou só nos alicerces até o ano de 1932, quando o Pe. Paulo Warkocz se empenhou com todos os meios em realizar o projeto já aprovado e começado, para dar ao povo de Irati uma linda e monumental Matriz, onde pudesse implorar as graças e as bênçãos do Céu e cumprir com seus deveres religiosos.
O Pe. Paulo trabalhou na paróquia de Nossa Senhora da Luz, desde o ano de 1931 até 20 de Janeiro de 1943, quando foi substituído pelo Pe. Tadeu Dziedzic. Neste largo período de tempo o Pe. Paulo, consegui levantar as paredes da Matriz deixando-a coberta.
O segundo vigário da Paróquia de Irati foi o Pe. Tadeu Dziedzic, que chegou em Irati no dia 08 de janeiro de l943, e tomou posse da Paróquia no dia 29 deste mesmo mês. Pe. Tadeu distingui-se pelo seu grande zelo apostólico e por uma ordem esmerada em seus trabalhos. Entre muitas obras que fez, destaca-se o reboco e o estucamento interno da Matriz; a colocação das portas e das janelas, e o termino das sacristias.
São Vicente de Paulo

Pe. Tadeu Dziedzic trabalhou em nossa Matriz, de 29 de janeiro de 1943, até 15 de fevereiro de 1948, quando foi substituído pelo Frei Nereu do Vale.
Os freis chegaram a Irati, no dia 14 de fevereiro de 1948: Frei Nereu do Vale e Frei Joaquim, vindos de Curitiba, respectivamente Vigário e Coadjutor. Frei Nereu tomou posse da Paróquia no dia 15 de fevereiro de 1948. O povo de Irati foi logo tomando simpatias pelo novo Vigário, o qual merecendo toda a confiança e apoio dos paroquianos, com seu dinamismo e inteligente administração, levou avante os serviços da Matriz. Durante sua permanência na paróquia, a Matriz recebeu muitas melhorias, entre as quais destacam-se as seguintes: O Portal Central de entrada e as Portas Silenciosas, trabalho artístico realizado pelo Sr. Inácio Kawalkiewicz: os ladrilhos e as escadarias de mármore e de pedras, trabalho do sr. Ângelo Nadal; os bancos de imbuia, feitos pelo Sr. Miguel Romaniuk.
Ma a obra de maior vulto que Frei Nereu deixou para Irati foram as duas torres da igreja. Para começar este trabalho, era mister ter uma comissão de pessoas competentes, que enfrentassem todas as dificuldades, que sempre surgem nas obras de Deus. Para esse fim foi convocada uma reunião, que se realizou no dia 07 de Março de 1950, reunindo as pessoas mais destacadas da cidade, para tratar do assunto.
Ladrilhos e escadaria
ATA DA REUNIÃO PARA REGULAMENTAR A CONSTRUÇÃO DAS TORRES DA MATRIZ DE N.S. DA LUZ DE IRATI
Aos sete dias do mês de março de 1950, ás 16 horas na Casa Paroquial da Matriz de N.S. da Luz, desta cidade de Iraty, estado do Paraná, sob o convite de reverendíssimo Frei Nereu do Vale, digno vigário desta paróquia, teve lugar uma reunião para que nela se tratasse e discutisse minuciosamente o problema do levantamento da primeira torre da igreja. Notou-se nesta primeira reunião, a presença dos senhores: Dr. Artur Heráclio Gomes Filho, dd. Juiz de direito desta cidade, Dr. José Jacob Wasilewski, Julio Domingos Marchiori, Carlos Thoms, José A. Leite, Ângelo Nadal, Rodolfo Schlumberger, Nino Fraca, Antonio Lopes Júnior, Ezaias Esmanhoto, Julio Wasilewski, Francisco Keler e José Varela.
O senhor Pe. Vigário, a fim de certificar-se da solidez e profundidade dos atuais alicerces da torre, fez abrir uma escavação rente aos alicerces da mesma, e convidou a todos para um exame “in loco” dos ditos. Após minucioso estudo e cálculos dos senhores peritos, ficou constatado que as fundações não ofereciam segurança alguma. Isto quer pelos diversos defeitos de ordem técnica, como pouca profundidade das bases, condições do terreno e da mistura do cimento, cal e areia então usada, que examinada entre os dedos esfarelava-se com grande facilidade. Segundo os cálculos feitos essa base não suportaria os carrilhões dos sinos. Estava, pois condenado o alicerce.
Continuando os cálculos e estudos sobre a possibilidade do prosseguimento dos trabalhos e de que maneira se haveria então de resolver caso tão delicado, achou-se que a dificuldade em si não era totalmente insolúvel, surgindo como melhor recurso um esqueleto de torre de cimento armado, que partindo de sólida laje de concreto armado do interior da torre se elevasse até a altura prevista na planta e sob condições de segurança e estética absolutas. Esta foi a idéia mais bem acolhida entre os senhores presentes. Após isso estudado achou-se interessante nomear uma comissão para dirigir os trabalhos. Apontou-se alguns nomes indicados para tal fim: Julio Domingos Marchiori, Carlos Thoms, Francisco Keller, Ângelo Nadal e José Varella. Prosseguindo o Pe. Vigário, convidou os senhores construtores a apresentar, para a próxima reunião, um orçamento detalhado sobre o custo final da torre. Com isso, encerrou-se a reunião. Irati, 7 de março de 1950 José Varella, Secretário.
Exame In Loco

INICIO DOS TRABALHOS DA CONSTRUÇÃO DA TORRE
No dia 26 de junho de 1950, foram iniciados os trabalhos de construção da primeira torre, que foi contratada com os construtores: Pedro Santos e Otto Smoger. A mão de obra foi contratada por Cr$ 100.000,00, conforme contrato assinado e arquivado nos arquivos da paróquia. Depois de nove meses de trabalhos foi, então, inaugurada a primeira torre da Matriz de N.S. da Luz.

ATA DA INAUGURAÇÃO DA PRIMEIRA TORRE
Aos vinte e dois dias do mês de abril de 1951, na Igreja Matriz de N.S. da Luz nesta cidade de Irati, Estado do Paraná, realizaram-se com grande pompa o termino da construção da primeira torre da Matriz, esta, do lado esquerdo da Igreja. Já com bastantes dias de antecedência vinham os senhores festeiros de 1950 e 1951, preparando com carinho e entusiasmo esta festa de regozijo pela conclusão dos trabalhos da primeira torre.
Convidou-se o Exmo. Senhor governador do Estado, Dr. Bento Munhoz da Rocha Neto, que não podendo comparecer, se fez representar pelo Sr. Ezequiel Andrade Gomes. Desde pela manhã, já era grande o movimento de povo. À missa das dez horas estiveram presentes as autoridades e grande multidão. Após terminada a Santa Missa, o reverendíssimo Padre Paulo Warcowcz, deu benção solene a nova torre, por entre vibrantes aclamações do povo.
Ainda sem as torres
Não percam o próximo programa
Nesta ocasião falou o Pe. Vigário, Frei Nereu do Vale e o Sr. Antonio Lopes Junior. Muito bela ficou a torre depois de pronta. De aspecto imponente e majestoso com toda a sua formidável estrutura de cimento armado, refletindo neste lindo domingo de sol, a sua alvura que chegara mesmo a ofuscar a vista. Grande também foi a afluência de cidadãos que neste dia subiu as escadas internas da torre para lá do alto contemplar o panorama que se descortinava tão esplendido e admirável na finura do ar. Durante o dia, como parte recreativa, funcionaram nos pátios da Igreja, diversas barraquinhas com os mais variados divertimentos: tiro ao alvo, coelhinhos, tômbolas, leilão, barraca com salgados, doces, café, etc., sendo a renda destinada à segunda torre, cujos trabalhos iniciar-se-iam imediatamente. Digno de menção foi o leilão em que o primeiro tijolo da segunda torre foi arrematado pelo Sr. Ezequiel Gomes pela importância de Cr$ 7.000,00. Os colonos, por sua vez, arremataram um saco de cimento por Cr$ 3.000,00.
Notava-se a satisfação o orgulho e alegria, justos do povo de Irati que não poupou esforços e sacrifícios para ver levantada essa torre que ali estava sendo inaugurada sob a benção de Deus Nosso Senhor e de Nossa Senhora da Luz, padroeira da cidade. Bem, meus queridos ouvintes, após tudo isso vem então a construção da segunda das torres da nossa Matriz, mas isso eu vou deixar para o sábado que vem, quando quero contar, mais uma vez com a audiência de todos vocês.

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