sábado, 29 de janeiro de 2022

A EPIDEMIA PÔS FORA DE SERVIÇO MAIS DE 100 TRABALHADORES

 A EPIDEMIA PÔS FORA DE SERVIÇO MAIS DE 100 TRABALHADORES


Nenhuma descrição de foto disponível." Essa foto de José Juliani nos obriga a pensar no destino desses trabalhadores, homens e crianças, que rasgaram a estrada de ferro em meio a selva paranaense - escura, úmida e densa.
Eles abriram o caminho no "inferno verde" no início dos anos 30; caíram de cabeça nesse "caldeirão da malária" que fervia por aqui.
É estranho que hoje saibamos tão pouco sobre esses homens e sobre a aventura que viveram. Aqui, de fato, uma história épica que não conhecemos.
Gastamos tempo, dinheiro e pesquisa para restaurar uma locomotiva que nem passou por aqui. Mas sobre a vida dos operários que assentaram os trilhos e dormentes pouco se sabe. É assim mesmo: a produção de conhecimento também está a serviço da mitificação de realidades que não existiram.
Adiante, transcrevo um pequeno episódio desse épico narrado pelo engenheiro Arthur Rangel Christoffer, responsável pela administração da construção da estrada de ferro Paraná-São Paulo:
' Desde o dia 1º do corrente ano [1935] que está correndo o trem de passageiros até Londrina e, si dentro dos precisos termos do contracto não foi concluída a obra, foi porque houve o imperioso motivo de força maior ― a epidemia da maleita ― que assolou Jatahy, mas, dentro dos precisos termos contractuaes ella esteve terminada, tanto que a sua digna directoria prorrogou o prazo e, sua expectativa foi mesmo excedida, pois quando julgava que só em agosto estaria terminada, já nos últimos dias de junho trafegavam sobre a ponte os trens de carga e por isso porque, cedida a epidemia, pudemos obter o rendimento de mão de obra em condições normais. Essa verdadeira calamidade pública, que este anno se manifestou com singular violência em Jatahy, a ponto de o governo do Paraná enviar para ahi uma missão médica, causou também a nós não pequenos prejuízos, pondo fora de serviço mais de uma centena de operários e obrigando-nos a manter serviços médicos e hospitalares aqui em Londrina e em São Paulo, além de soccorros às famílias dos operários doentes, que por dever de humanidade lhes prestamos '. "
Trecho do discurso do engenheiro construtor da estrada de ferro São Paulo-Paraná, Arthur Rangel Christoffer. Publicado no Correio Paulistano, 1º de agosto de 1935.
(Texto e foto etraídos de doclondrina.blogspot.com).
Paulo Grani

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