sábado, 29 de janeiro de 2022

ENTRANDO NA ANTIGA ESCOLA AMERICANA DE CURITIBA

 ENTRANDO NA ANTIGA ESCOLA AMERICANA DE CURITIBA

A Escola Americana de Curitiba, na primeira década de 1900.
Foto: Acervo Ministério Público
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Atividades no pátio interno da escola, em 1913.
Foto: Acervo Joao Carlos Amodio.
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1. Helen A. Wad... (professora de alemão, 2. Miss Kuhl, 3. Miss Dascomb, 4. ? , 5. Bertha Barddal, 6. Georgina Mongruel, 7. Dinorah Doria, 8. Isabel Bichelo, 9. Orace Kock,n 10. Gertrud Lukena, 11. Carlota Pacheco, 12. Mathilde Rickeo, 13. Alberto Barddal, 14. Ilda E. Kolb.
Foto: Acervo Igreja Presbiteriana de Curitiba

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Fachada da Escola Americana, década de 1920.
Foto: Acervo Paulo José Costa.
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Fundada em 16 de janeiro de 1892, a Escola Americana de Curitiba ficava na rua Comendador Araújo nº 28, iniciada pelas missionárias educadoras protestantes norte-americanas Mary Parker Dascomb e Elmira Kuhl. Notáveis educadoras, projetaram o seu nome e influência na formação moral e intelectual de notáveis líderes da cultura e política paranaense.
Inicialmente, sua matrícula foi de 150 alunos, sendo 50 do sexo masculino e 100 do feminino. Em 1906, já contava com 180 alunos e, em 1914, aproximadamente 430 alunos.
Julio Andrade Ferreira, em seu Livro História da Igreja Presbiteriana do Brasil, transcreve um boletim intitulado "The Brazilian Bulletin,1898", escrito pelas missionárias, que fazia propaganda da Escola Americana, descrevendo sua estrutura e até aspectos do cotidiano escolar:
"Não quer você visitar a Escola Americana de Curitiba? Venha amanhã às nove horas de manhã e eu a mostrarei antes que ela se abra às nove e meia. Nossa casa, agora tão agradável, tem experimentado a vida, como aqui se diz.
Um alemão construiu esse prédio para escola. É bem construído; tem, diferentemente de outras casas brasileiras, uma parte básica em que se vêem arcos bem fortes, que suportam o edifício. Serviu, tal construção, para sala de dança; foi, depois, usado para fábrica de sabão, de cuja situação suja e cheia de graxa a veio salvar miss Kuhl. Essa tarefa não foi nada fácil. Limpar, pintar, caiar as paredes foi simples em comparação com a drenagem de sujeira no quintal, e a reestruturação do mesmo e seu embelezamento, bem como a feitura do jardim.
Os vizinhos, europeus, olhavam com suspeita a drenagem de canos. Podiam eles ter esgotos, por que não nós? Lógico que miss Kuhl logo ficou com calo de sangue na mão; mas com paciência imperturbável, amabilidade e firmeza foi ganhando a parada.
Construiu uma varanda de incalculável valor para as garotas nos dias de chuva. A escada íngreme foi substituída por outra com patamar, de modo que as alunas tenham menos probabilidade de quebrar o pescoço.
Nosso senhorio, alemão, está tão convencido de nossa conveniência como arrendatários que, embora a criançada se espalhe às centenas pela propriedade, ele é quase que o único senhorio na cidade que não tem aumentado o aluguel. O ano passado forrou três grandes salas com tábuas para evitar que alguém fosse morto por causa dos grandes pedaços de estuque que caíam inesperadamente.
Olhemos estas filas silenciosas de pequeninos simpáticos esperando no corredor para marcharem através da rua para o primário. O belo comportamento deles é devido a miss Effie Lenington que, com voz suave e maneiras mansas, realiza inexoravelmente tudo o que quer. Aqui vem uma pequena professora primária para conduzí-las, dona Maria Augusta. Ela é uma jóia. Perfeita como aluna, ela é a mesma como professora; uma firmeza otimista leva estes pequenos malandros a uma atividade em perfeita ordem.
Entremos na sala de visita. Não parece casa de morar? Os móveis são muito velhos; das nossas próprias casas. As paredes cheias de livros fazem-na muito atraente – as enciclopédias e outros livros velhos de nossos pais; alguns, porém, são novos, comprados aqui e outros mandados por amigos generosos de nossa pátria...
Esta estante de revistas ilustradas e encadernadas serve muito para as aulas de geografia e para a sociedade missionária, como também para divertir e instruir as famílias que se reúnem aos sábados à noite para ensaiar os hinos.
Veja a grande bandeira como 'portiere' no grande corredor. As estrelas e as listras (a bandeira americana) são a primeira coisa que se vê quando se entra em nossa casa.
Percorramos as grandes salas de aula, altas, arejadas, bem iluminadas, enfeitadas com quadros interessantes, colhidos de muitos lugares. Da varanda podemos apreciar as brincadeiras no quintal. Olhemos o jardim além, com centenas de rosas, cravos, lírios de toda espécie, dálias, e outras maravilhas.
Quantas crianças vem cedo para a aula. Orgulho-me de seu zelo. Algumas vêm as sete horas, pois o estudo, em muitas casas é quase sempre impossível. Em nossa mesa de estudo, os grandes dicionários e livros de referência com espaço, tranqüilidade, e flores, fazem do estudo um prazer.
As classes intermediárias dirigidas por nossa admirável dona Bertha, formam-se em fila no salão nobre para tomar parte nos hinos, cânticos. Há uma marcha rápida...
Vocês tem interesse de estudar as aulas? Alemão, com a graciosa e competente fraulein Mathilde; francês e português com o senhor Raposo. e inglês, matemática, histório, geografia...
Não estudam eles bem e não parecem bem espertos? Nosso estudo bíblico está a acabar agora. É o único ensino religioso que muitos deles recebem e não pode deixar de impressioná-los.
Depois do jantar, às 4 horas, as moças fazem rápido passeio; ou, se chover, um jogo de bola ou de sacos de feijão. Voltam às pressas para ouvir a leitura de algum livro dos clássicos. Depois, na grande sala de estudo, passasse a hora agradável, silenciosa, ocupada, em estudo das obrigações escolares, seguida de um chá e de uma noite grande de descanso.
No inverno e no verão, levantamo-nos às seis horas: tomamos café, fazemos ginástica, temos vintes minutos para devoções pessoais, uma lufa-lufa para arrumarmos a casa toda muito bem."
A Escola Americana funcionou até 1937, depois o prédio abrigou a Escola Prof. Belmiro Cesar. Na década de 1960 abrigou o Colégio Militar da PMPR e a partir de 1970, funcionou o Colégio Dom Bosco.
Paulo Grani

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