sábado, 29 de janeiro de 2022

NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS - III As Diligências Para o Interior

 NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS - III
As Diligências Para o Interior



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Foto: Acervo Amadeu de Mio Geara, Neto. Fonte: metropolitanoagora.com.br

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Pode ser uma imagem de texto que diz "228 JOÃODE JO JOÃO DE memórias MIO REMINISCÊNCIA DO PASSADO 1.963 70. parte"Testemunho de João de Mio, nascido no vilarejo de Marmolada na região dos Alpes Italianos, Província de Beluno, chegou com os pais em Curitiba, em 1888, ainda menino, depois de viver 81 anos na Cidade Sorriso, escreveu o livro "Reminiscências" relatando suas obras e lembranças do tempo que viveu em Curitiba, de cujo texto, separei a rica descrição dele, como testemunha ocular, em sua infância, ao ver a partida da "diligência com seus briosos cavalos ... que seguiam para o interior...":
(7ª. parte – Reminiscências, 1963).
" Desde 1893 até 1915 Curitiba se orgulhava dos seguintes edifícios públicos: o Palácio do Governo na Rua Barão do Rio Branco, o Palácio do Congresso e a Catedral. [...]
Do século passado e começo deste conheci os costumes carnavalescos, esplêndidos, ricos em carros alegóricos e críticas. Na Semana Santa e nos enterros as pessoas se vestiam de preto, os mais importantes com cartola e sobrecasaca.
Na abertura da Assembléia Legislativa todos iam de casaca, ou sobrecasaca e cartola, chegavam de carro, subiam a escada de braços com a esposa. Os deputados eram trinta, vinte do governo e dez da oposição e ganhavam trinta mil réis por dia. A Assembléia funcionava de 1º. de fevereiro a 31 de março.
Curitiba estava rodeada de um cinturão verde, com riqueza agrícola estupenda. Bigorrilho, Mercês, Ahú, Colônia Argelina, Pilarzinho, Água Verde, Santa Felicidade, Campo Comprido, Órleans, Cajurú, Santo Inácio, enfim os arredores de Curitiba enchiam de maravilhas os olhos de quantos a visitavam. Era a Cidade Sorriso!
No dia 21 de novembro de 1942 para comemorar meus 50 anos de formação na escola primária, fui a Praça Zacarias, sentei num banco e na imaginação recapitulei o passado. Lembrei a escola onde estudei e que já não existia. Revi os frondosos e velhos eucaliptos, já desaparecidos, sob cuja sombra me abriguei. Revi o Museu que lá estava, onde eu me entretinha em olhar e ver a História do Brasil.
Revi os pipeiros que com suas pipas serviam água à cidade. Revi o homem que com uma escada e uma lata em forma de regador, ir alimentar de querosene os lampiões da noite.
Revi a diligência com seus briosos cavalos e munidos de abundantes guiseiras, cujo tinir se confundia com o escolpitar das patas sobre a ponte de madeira do Rio Ivo, em demanda para o interior. Por não ter ferrovias, aquele era o único meio de viajar em direção ao nosso planalto, com suas infindas e incomparáveis campinas.
Revi, por último, os arredores da nossa então pequena Capital, rodeada de chácaras, de campos e capões de virgens pinheirais, aonde, com a minha cestinha, eu ia à procura de pinhões, guabirobas, cerejas, pitangas, araçás e amoras.
No meio daquela festiva natureza, à sombra de seculares pinheiros, dando vazão ao entusiasmo da minha meninice, da minha infância, com o coração transbordando de alegria, eu cantava:
Tem tantas belezas, tantas,
A minha terra natal, (referindo-se a Curitiba)
Que nem as sonha um poeta,
E nem as canta um mortal.
E eu nem era brasileiro! "
João de Mio
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[ João De Mio escreveu três artigos com “reminiscências”, o primeiro em 1938. Em todos repete alguns acontecimentos e pessoas, mas sempre acrescenta detalhes e novos fatos. Este foi terminado no início de 1963 e eu (Amadeu Luiz de Mio Geara, neto) o datilografei em março.]
(Compilado de: periodicos.pucpr.br)
Paulo Grani

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