Pra começar vou explicar quem era a Princesa Isabel, ela era filha de Dom Pedro II, aquele que foi deixado aqui no Brasil com 5 anos de idade quando o Pai, Dom Pedro I, voltou para Portugal, para tormar do irmão o trono usurpado novamente, foi seu avô então, que proclamou a independência do Brasil.
Dom Pedro I, era português de nascimento, nasceu no Palácio de Queluz, casou-se com a Princesa austríaca Leopoldina e morreu no mesmo Palácio, ele nasceu em 1798 e morreu aos 36 anos.
Dom Pedro II, era brasileiro nasceu onde está o Museu Nacional, na quinta da Boa Vista , em 1825, quando Dom Pedro, o pai, tinha 27 anos, no Rio de Janeiro.
Casou -se com Tereza de Bourbon e morreu em Paris, aos 66 anos. Subiu ao Trono brasileiro aos 15 anos de idade.
Só pra dar uma destrinchada, pois esse excesso de repetição de nomes, enrola a história toda.
Mas, vamos seguir a narrativa do sonho de Isabel. Eu, particularmente, adoro a Princesa Isabel, nasci no dia 13 de maio, dia em que a Princesa, aboliu a escravidão no Brasil e meu nome é Izabelle em homenagem a ela, e porque meu pai achou o nome bonito, visto que quase não existem izabelles da minha faixa etária, também era um homem visionário.
Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bourbon de Órleans e Bragança,
foi a Segunda Filha de Dom Pedro II, primeiro nasceu Pedro Afonso (olha a confusão de nomes que eu falo) que veio a falecer antes de completar dois anos, o que fez a Princesa Isabel, receber o título de Princesa Presuntiva, ou seja, seria ela que iria substituir o trono do pai, mas, Dom Pedro II, tem mais um menino, chamado Afonso Pedro( olha que criatividade) e tudo volta ao normal, ele seria o novo imperador e a Imperatriz Tereza Cristina, já espera mais um bebê, no caso a Princesa Leopoldina, que não é a austríaca, ou seja, ela é batizada com o nome da avó, mãe do Imperador Dom Pedro, mas a vida naquele tempo não era um morango e o filho mais novo Afonso Pedro, também veio a falecer, quando Isabel tinha mais ou menos 3 anos de idade, ou seja, os dois meninos morrem e ficam as duas meninas.
Isso foi um grande baque na vida de Dom Pedro II, historiadores até chamavam de "maldição da família Bragança", pois muitos Príncipes meninos morriam de doenças da infância da época como varíola, sarampo etc... mas vamos voltar a história. Dom Pedro II, era muito sisudo e talvez esse seja um dos motivos para seu envelhecimento precoce. Mas, após tal episódio de sofrimento seguido, o imperador e a Imperatriz decidem não ter mais filhos, e como naquela época, os casamentos monárquicos eram arranjados para procriação e boa linhagem, passam a não dividir mais o mesmo aposento (deve ter ficado ainda mais sisudo depois disso né?)
Apesar de não terem mais relações sexuais, eram um casal que se gostava, que eram amigos, que conversavam, só não dividiam mais a mesma cama. Com o passar dos anos, chega a fase de adolescência das duas meninas e Dom Pedro II, continuava fustrado em não ter tido um menino pra ocupar o trono, o que era sempre preferência dos Reis, mas, bola pra frente, ele precisava casar, as duas princesas que ele tinha em casa.
É nessa época que Dom Pedro II, traz uma câmera fotográfica para o Brasil , para tipo focar no "Tinder" das meninas, tirando muitas fotos, trazendo vestidos novos da Europa, retratando e mostrando o corpo e o rosto, pois precisava arrumar dois nobres europeus para casarem-se com as meninas e essas fotos seriam enviadas a tais nobres famílias para arranjarem o contrato de casamento.
Era assim mesmo que chamavam os acertos da época.
Para se ter uma noção, um cunhado do Dom Pedro II, marido da irmã dele Francisca, era Príncipe de Joinville na França, filho do Rei Luiz Felipe, pra ter uma noção de como eram esses contratos, e foi dele a sugestão de casar os dois sobrinhos com as duas princesas brasileiras, pois lá, também estavam na corrida do Tinder Nupcial Real, o lance dos contratos era tão sério que na França as Famílias tratavam as meninas de Negócio n° 1( Isabel) e Negócio n° 2 (Leopoldina).
Assim foram escolhidos o Duque de Saxe e o Conde D'eu. Só que no pódio de nobreza, o Duque é mais um pouquinho, então o Duque se casaria com Isabel, que depois subiria ao Trono e o Conde se casaria com a mais nova, a Leopoldina.
Só que o contrato de casamento de Dom Pedro II era muito rigoroso, o que trazia muitas dúvidas sobre qual o melhor negócio para as famílias e nisso a negociação era demorada.
Havia muitas cláusulas e essas cláusulas eram discutidas por carta e assim levaram anos para decidirem o tal contrato de casamento, pois nele havia cláusulas tipo: O casal precisa estabelecer residência no Brasil, então, uma família europeia pensava: "Então nunca mais veremos os meninos? Eles não podem vir nos visitar?”
A carta ia, e a carta voltava, "podem, mas, só podem sair sobre decreto oficial do Imperador", a coisa era meio braba, principalmente para Isabel, onde no contrato caíam mais exigências ainda.
Mas ela e a irmã, não tinham nenhuma noção do que estava acontecendo. Só souberam que já estava tudo arranjado quando os meninos franceses já estavam chegando no Brasil para o casório.
O conde D'eu, chegou a escrever uma carta para a família informando.
_ As duas são feias, mas, a Segunda (destinada a ele), consegue ser ainda pior.
Só que o Dom Pedro II, na hora H, percebe que Isabel e o Conde tem mais afinidade e atendendo um pedido de Isabel, troca os pares.
Ele então aceita que o Conde vai casar com a Isabel e o Duque com a Leopoldina. Fizeram uma grande festa. Mas enfim, apesar do casamento ser arranjado, a relação de Isabel com o Conde, tornou-se uma boa relação. Eles se apaixonaram e eram felizes, dividiam bons momentos e um admirava o outro.
Acontece que a Isabel era tida sempre como pessoa dócil, de alma leve, que amava os pais, era muito obediente e religiosa, gostava de cozinhar e de afazeres domésticos e segundo cartas e documentos da época, além de inteligente era uma pessoa de muito bom papo e senso de humor. Tinha poucos, mas bons amigos, pessoas da alta sociedade e grandes abolicionistas faziam parte do seu hall de amizade, como Machado de Assis, José do Patrocínio e André Rebouças.
Quando ela viu o Conde D'eu, ela adorou. Porque ele era um homem bonito, com bom Porte, um militar, e desde que o mundo é mundo, mulher gosta de uma farda, (eu sou excessão, quer dizer… às vezes), então, foi amor à primeira vista e estes foram realmente felizes.
Em 15 de outubro de 1864, eles se casaram, em dezembro do mesmo ano, logo após o casamento de Leopoldina, fizeram a primeira viagem Internacional, foi quando no Brasil, o caldeirão estava fervendo e teve início a Guerra contra o Paraguai.
Isabel e D'eu tiveram que voltar, pois Dom Pedro II, estava encegueirado com essa guerra, queria porque queria, pegar Solano Lopez (Presidente do Paraguai) e não perder essa guerra por nada, assim, levou o Conde ao Sul, para usar suas estratégias militares, onde este ficaria um período.
Neste período, Isabel troca várias cartas com o marido, em uma delas ela comenta que finalmente as regras ( menstruação), dela estavam atrasadas e que desconfiava que estava grávida e lamentava não ter com quem conversar sobre isso, nisso ela tinha 6 meses de casada.
Sua irmã Leopoldina, também já esperava o primeiro filho, o que deixava Isabel muito ansiosa, pois precisava gerar o primeiro Herdeiro do trono que iria lhe suceder.
Só que Isabel teve o primeiro aborto espontâneo, antes mesmo do Conde voltar e nesse mesmo ano, Leopoldina tem o Primeiro filho, o Príncipe Pedro (olha a criatividade no nome de novo), enfim, isso, acalenta o coração de Dom Pedro II, que fica apaixonado por esse primeiro neto( lembrei de alguém
Eu!) Dizem que ele vivia fazendo festas para esse neto, soltava fogos quando este fazia aniversário, dava tiros de canhão, enfim , apesar de durão, era um avô amoroso.
No terceiro ano de casada, Leopoldina teve mais um filho e Isabel, nada.
O que a deixava preocupada.
Começou então a buscar tratamentos.
Naquele ano, ouvindo falar das Águas " milagrosas" de Minas Gerais, apesar de tortuosa a viagem, tendo trechos que tinham que ser feitos à cavalo, outros na Liteira, Isabel seguiu firme e otimista que ali, conseguiria engravidar. Inclusive Fez uma promessa que dando tudo certo, iria criar ali em Caxambu, uma igreja para Santa Isabel da Hungria e ela era tão religiosa e otimista, que lançou logo a pedra fundamental da igreja, pois tinha certeza, que daria certo.
Mas, não deu.
Voltaram alguns meses depois, mas, Isabel não se abateu, seguiu em sua convicção que daria um novo imperador ao Trono.
Nesse período, ainda estava rolando a Guerra do Paraguai, e o Conde queria muito participar mesmo das batalhas, " mostrar serviço" mas, o Dom Pedro II , não deixava, acredita-se que pelo fato de temer por sua vida e por Isabel ainda não ter engravidado.
Os dois decidem ir até Nossa senhora de Aparecida em São Paulo, para fazer uma nova promessa para uma gestação de Isabel, na igreja, Isabel leva um manto para a Santa que é o usado até hoje e promete uma coroa em caso de conseguir engravidar naquele ano de 1869, quando sua irmã já estava tendo a terceira criança.
Mais, teve mais um insucesso.
Após mais essa tentativa, o Conde insiste com o Dom Pedro II, para ir atrás do Solano Lopes e esse permite, Solano é encontrado e morto e em 1870, dá se o fim Guerra contra o Paraguai.
Nesta altura do campeonato, Leopoldina já tem 4 filhos, e Isabel nada.
No início do ano seguinte, 1871, Leopoldina estava passando férias com o marido em Viena, quando contrai a Febre Tifóide e morre aos 23 anos de idade, deixando os 4 filhos órfãos.
Nesse período, Isabel também estava na Europa, mas, quando foi visitar a irmã, essa já estava muito mal e foi proibida de entrar no quarto para se despedir, pois temiam que ela também contraísse a doença. Então Isabel, volta ao Brasil e pela primeira vez, Dom Pedro II, viaja para a Europa para buscar os netos, filhos de Leopoldina, prováveis herdeiros do Trono, já que Isabel não tinha filhos, para se responsabilizar por sua criação.
Nesse período de ausência, a Princesa Isabel fica regente no Brasil pela primeira vez.
Quando Dom Pedro volta ao Brasil, ela pede ao pai, mais uma autorização para ir até a França para se consultar com um médico especialista em esterilidade, ela já estava tirando dos Santos a responsabilidade dela engravidar.
Então, partem do Brasil a procura do Dr. Henry Depaul, e este após examinar a Princesa e o Conde afirma que nenhum dos dois apresenta qualquer anormalidade que os impeçam de ter filhos normalmente como qualquer casal, diagnosticando Isabel com infertilidade sem causas. Três meses depois, Isabel descobre-se grávida, nisso ela já tinha 10 anos de casada.
Isabel estava muito preocupada e com medo de mais um aborto espontâneo e estava muito confiante no Dr. Depaul, então ela fez um pedido ao pai, que pudesse ter o bebê na Europa, e Dom Pedro II, negou categoricamente "não"! Ele não quebraria o contrato do casamento por nada nesse mundo, o bebê teria que ser brasileiro.
Os parentes se revoltaram com a frieza do Dom Pedro II, afinal, Isabel estava muito fragilizada, preocupada e a gravidez era uma gravidez de risco, uma vez que ela ja tinha tido 2 abortos espontâneos, e mesmo com o pedido da irmã Francisca que se responsabilizaria em acompanhar Isabel na Europa e na hora do parto, Dom Pedro não cedeu, de jeito nenhum.
Então Isabel teve que voltar ao Brasil e assim o fez, um mês antes do bebê nascer.
E aí vem a parte mais escabrosa da História.
Nesse momento vemos a importância do avanço da medicina e o quanto é possível, salvar vidas hoje em dia com o procedimento da Cesariana.
A cena descritiva do Parto da princesa isabel é assombrosa. Dizem os documentos que a Princesa ficou 50 horas em trabalho de parto, que mais de 10 médicos foram chamados nessas 50 horas , que fizeram de tudo para a criança nascer com o fórceps e o bebê não nascia. Ouviam o coração, apertavam a barriga, empurravam, auscutavam , cronometravam, mas, não nascia.
Então várias pessoas tentavam de várias maneiras, resolver a situação da Princesa, inclusive o Pai, o Conde, a Aia, imaginem a situação dela, naquela época, com vários homens dentro do quarto, de perna aberta, tentando colocar o bebê pra fora, descrevem que até o Dom Pedro tentava puxar o bebê pelo Fórceps e preocupados também com a vida de Isabel.
No livro "Os partos da Princesa Isabel" um ginecologista que estudou Os documentos da época , Dr. Cleomenes Barros Simões, relata a manobra do parto: "_Na madrugada do dia 26, já havia sido convocado o Dr. Saboya para auxiliar os assistentes, no demorado trabalho de parto que se mostrava de forma lenta e muito vagorosa" os relatos seguintes informam que as contrações eram fracas, demoradas e a dilatação não contribuía para a passagem do Feto. Este escutava o coração do bebê e com um cronômetro calculava o espaçamento das contrações.
Especialistas em partos dão o limite máximo para um parto ruim de 24h, e a Princesa teve 50 horas de parto, então ela já estava exausta, perdia a consciência e não conseguia ajudar no procedimento natural do parto.
Após as 40 horas do início do parto, os médicos perceberam que estava saindo de sua vagina mecônio, que é um líquido que fica dentro do intestino do bebê, e esse líquido só é expelido no interior da barriga se o bebê estiver em extremo sofrimento. É como se ele evacuasse no interior do útero . E os médicos começam a perceber o enfraquecimento das batidas do coração do bebê até constatarem seu falecimento dentro da mãe.
Nesse momento a Princesa já está sem forças para expelir, visto que já tinham tentado de tudo, então, vem mais um capítulo bizarro, os médicos precisam executar uma ação que foi usada no Brasil pela primeira vez nesse
parto.Na época não tinha anestesia ou algo pra aliviar a dor. Então eles usaram clorofórmio pra desmaiar a Princesa pra poder realizar uma craniotomia, sabe o que é isso? Eles furam o cérebro do bebê pra diminuir o volume, retiram o miolo, depois com esse aparelho, quebram o osso do crânio para conseguir puxar o bebê, não tendo sucesso, foram quebrando o bebê para tirar aos pedaços. Gente, imaginem o sofrimento dessa mulher?
Assim, aconteceu o primeiro parto da Princesa, que teve uma menina que veio a se chamar Luiza Victoria, descrevem como uma menina loira, mas enfim, foi um dos capítulos mais bizarros da História monárquica.
Mas, por incrível que pareça, após o primeiro parto, parece que o corpo de Isabel reage para que ela tivesse enfim, preparo para outros filhos. E ela não desiste do sonho de ser mãe.
No ano seguinte, o médico da família constata a gravidez de Isabel no terceiro mês, (Eu já teria desistido por muito menos), o Conde que participou do filme de terror que foi o parto da primeira filha, escreveu ao pai desesperado e preocupado com a esposa, informando que ela já não era a mesma, que andava triste e chorosa pelos cantos e que ultimamente exigia o silêncio dentro de casa.
Assim, deprimida, a Princesa foi até o último mês da gravidez, depois de ter assistido chocado o parto da neta, Dom Pedro II, relutando muito, tenso com o que a mídia brasileira poderia achar daquele " suposto" capricho imperial, atende ao pedido da filha de trazer o médico Henry Depaul da França,mas, o segundo parto também não foi nada fácil, o bebê estava invertido, mas a experiência do Dr. Depaul e a ajuda do Dr.Saboya,falaram mais alto e este conseguiu virar a criança com o fórceps. Ao falar a um jornal Francês depois sobre o parto, o Dr.Depaul cita o carinho do Conde com a Princesa que toda hora vinha ao quarto beijar-lhe, e comenta que os dois amavam-se de verdade, como dois burgueses, ou seja, com sua larga experiência , atesta que não parece um casamento arranjado.
O bebê nasceu com 4.500 kg, já estava em sofrimento fetal, a enfermeira que veio com o Médico da França , teve que reanimá-lo com massagem cardíaca e respiração boca a boca, mas , apesar de mais esse susto, o bebê sobreviveu. No dia seguinte o médico constatou que ele havia tido uma lesão na vértebra ao ser puxado, mas, garantiu a Isabel que não deixaria sequelas, no entanto , o movimento do braço esquerdo foi comprometido. E o novo bebê de nome , adivinhem?? DOLE UMA, DOLE DUAS...
Pedro, o novo bebê Pedro, ficou com o defeito no braço esquerdo que depois recebeu dos pais o apelido de Baby Pedro e da população o De "mão seca"ou "príncipe maneta"
Depois desse episódio, Isabel ainda tem mais dois filhos, um no Brasil e um no exterior.
NA verdade esse post não é pra criticar de forma alguma o parto normal e endeusar a cesariana, mas, temos que reconhecer o quão importante é esse avanço principalmente na vida de nós mulheres.
Isabel pelo menos era uma Princesa Corajosa.
Fico por aqui, texto grande né? Mas, retrata o perfil da nossa História.
Izabelle Valladares
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