Cateretê, o ritmo musical mais antigo do Brasil, é a base para a maioria dos ritmos folclóricos atuais do centro-sul do Brasil,
influenciando direta ou indiretamente no surgimento da musicalidade da Paulistânia e das regiões fora de sua abrangência cultural.
O Cateretê(ritmo quaternário) possui origem híbrida, originando-se nos Campos de São Paulo de Piratininga no século XVI, entre o contato dos jesuítas portugueses e os indígenas tupis-guaranis e indígenas guaianases/kaingangs do tronco jê. O Padre jesuíta José de Anchieta, natural das Ilhas Canárias (Espanha), foi aliado de Portugal, fundador de São Paulo e foi o progenitor e difusor do ritmo, combinando ritmos e sapateados indígenas e portugueses. Combinação que teria como intenção a catequização dos indígenas da região. Os homens que ali viviam, muitos já acostumados com as tradições locais, ficariam conhecidos como "bandeirantes", sendo os principais difusores da tradição do Cateretê fora de seu lar em São Paulo. Donde em cada lugar que se distribuía o Bandeirante e posteriormente o Tropeiro, tornou-se o então Cateretê, uma variação própria e com nomes próprios regionais. Mas mantendo a rítmica original e inconfundível do Cateretê. O Cateretê também é base para os ritmos tocados nas festas e folguedos populares como Festas do Divino, Folia de Reis, Congadas, Moçambiques e etc.
Entre os mais famosos, está a Catira, a versão sapateada com base no Cateretê, uma espécie de fandango português com influência indígena, que possui entre suas variantes: o Recortado, o Fandango de Tamancos, o Fandango de Chilenas, a Chimarrita, a Lajeana , a Tirana e o Sabiá. O recortado influenciou posteriormente no surgimento do Pagode de Viola. O recortado mantendo apenas a sua rítmica, aproxima-se do Batuque e da Vaneira.
Em Minas Gerais, os ritmos são próximos dos ritmos de São Paulo e Goiás, muitos dos quais são compartilhados entre si, mas possuindo nomes distintos e tendo como base o mesmo Cateretê. O mais famoso, e sem sombra de dúvidas o ritmo mais popular e influente que já teve a musicalidade caipira foi o "Lundu" ou "Landum".
O Lundu - que tem base rítmica no Cateretê - surge em Minas Gerais com a interação de bandeirantes, tropeiros e escravos africanos na região mineradora e nas estradas reais. Onde logo cairia no gosto da Côrte Imperial e das castas de elite de Portugal. Essa mesma elite que adotaria o Lundu como ritmo representante do Brasil e do Rio de Janeiro, daria origem ao maxixe, uma mistura do Lundu e da Polka, e que logo influenciaria indiretamente no Samba do Rio de Janeiro (que possui raízes no maxixe).
Sabe-se que o Lundu foi o ritmo mais popular do Brasil no século XVIII e século XIX, mas fala-se pouco sobre suas origens e seu grau de influência sobre outras variações de ritmos pelo Brasil. O Lundu Brasileiro possui até a mesma variação nas Ilhas dos Açores, nas ilhas de Cabo Verde, e pode ter influenciado também em algum grau o Fado Português. Mostrando que nem tudo foi importado naquele tempo, mas também exportado como forma de apreciação a nossa musicalidade.
No mesmo campo de influencia do lundu, temos o calango, que era um improviso de cantoria e uma dança entre os tropeiros que percorriam as estradas reais de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Já a dança do lundu, há variações, como a chula sapateada, comum entre tropeiros antigos (atualmente associada a catira em Minas e São Paulo). E o baile de lundu, dançado em pares.
Entre a região de São Paulo e o Sul do Brasil, bem como as regiões limítrofes com o atual Uruguai e Argentina, houve o intenso movimento das tropas xucras de Muares entre Colônia de Sacramento até as feiras de Sorocaba em São Paulo. Dá-se hoje uma identidade quase totalmente exclusiva no Sul e na própria cultura do gaúcho. Mas para um movimento intenso de tropeiros vindos de São Paulo, Paraná e Minas Gerais para essas regiões, seria bem óbvio que estes iriam levar na sua bagagem o seu folclore musical, onde estariam ritmos que teriam base no Cateretê e no Cururu.
O Cururu(ritmo binário ou ternário) possui origem no Cateretê, e também é da época dos jesuítas, mas diferenciou-se por ser dançado de forma distinta, e ganhando um novo ritmo, mas ainda assim semelhante.
O Cururu é o segundo mais antigo da cultura caipira e atualmente um dos mais populares comercialmente. Este ritmo daria origem aos cururus cuiabanos através das monções bandeirantes, e daria origem ao bugio riograndense, segundo Adelar Bertussi (difusor do ritmo no Rio Grande do Sul) através dos tropeiros birivas vindos de São Paulo e Paraná, onde em contato com os indígenas kaingangs da serra e com a cultura açoriana, ganharia uma variação de nome e dança própria, mas mantendo o ritmo original do cururu.
Nesse mesmo contexto das tropas, o Cateretê ganhou novas variantes rítmicas, como o Cateretê Corrido, o Batuque, a Chimarrita (ou Chimarrete e Chimaretê). Essas variações foram então influência dos escravos africanos que trabalharam como tropeiros, e talvez alguma influência do próprio lundu mineiro. Pois a forma de tocar e a dança do Lundu e a Chimarrita são muito semelhantes.
Já o batuque dos tropeiros pode ter influenciado na formação da vaneira, devido à alta semelhança do batuque e do cateretê-corrido com o ritmo da "habanera" cubana, que também possui influência afro(poderia ser apelido para um ritmo que já existia?). Não se sabe de certo a origem do ritmo da vaneira, muitas são as hipóteses que lhes atribuem, mas ao contrário do que se pensa, pode ser que com esta hipótese, não apenas o bugio seja nativo da região, mas também a vaneira.
No mesmo caminho temos a Chimarrita ou Chimarrete, que no século XIX foi um ritmo muito popular em São Paulo e Paraná, podia ser dançado em pares, e que sobreviveu até o século XX na musicalidade caipira, atualmente tradição popular caiçara. Dá-se como origem do ritmo e dança a Chimarrita Açoriana. Mas a Chimarrita açoriana tem como base a rancheira e o valseado, ao contrário da Chimarrita Caipira, da Chimarrita Riograndense e também Argentina e Uruguaia, que têm semelhanças altíssimas entre si e com o Cateretê Original e também com o lundu.
Poucas são as referências sobre essa ligação folclórica antiga, e não há nem quase nenhum estudo aprofundado que possa dar ênfase a esta tese sobre a Chimarrita, onde podemos nos basear apenas no folclore vivo e na história para podermos fazer comparações e suposições. Sabe-se que a Chimarrita foi e é popular no Uruguai e na província argentina de Entre Rios, coincidentemente a região onde os tropeiros vindos do Brasil fizeram comércio de Mulas e consequentemente trocas culturais entre o século XVIII e XIX.
Mesmo os ritmos mais próprios, distantes e afastados entre si devido ao isolamento, devido aos diferentes tipos de povoamento, cultura, tradições e influências, o Cateretê mostra-se vivo de alguma forma, direta ou indiretamente como o ritmo mais antigo do Brasil, e talvez um dos mais populares do folclore brasileiro.
Lembrando que infelizmente há poucos estudos aprofundados sobre essas ligações musicais, por isso tomamos a iniciativa de fazer esse gráfico de ligações musicais, para que possamos levantar discussões e curiosidades históricas. Pois quando fala-se da origem de um ritmo específico no Brasil, fala-se "do meio e presente" de forma resumida. Dificilmente fala-se "do começo, meio e presente".
Sobre o gráfico:
1- Esferas grandes: Estados/Países e ritmos que possuem origem base no Cateretê
2- Esferas médias - ritmos irmãos
3- Esfera pequena - ritmo com características próprias
- Felipe de Oliveira
Fontes para estudar a musicalidade do Cateretê:
Abecê de Folclore - Rossini Tavares de Lima
Folguedos Populares do Brasil - Rossini Tavares de Lima
Tropeirismo Biriva - J. C. Paixão Côrtes
Lundus e Modinhas Antigas Século XIX - Esther Pereira
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