Nhá Chica.
Francisca de Paula de Jesus, ou Nhá Chica, como também era conhecida, nasceu em 1808 ou 1810, conforme seus biógrafos mais respeitados.


Foi no local conhecido por Porteira dos Vilelas, na grande fazenda de Santo Antonio, distrito de Santo Antonio do Rio das Mortes Pequeno, povoado próximo a São João del-Rei, então sede da Comarca do Rio das Mortes. Lá viveu os primeiros anos e foi batizada. Teria tido um irmão, Theotônio Pereira do Amaral.
No ano de 1816, mudou-se com a mãe para Baependi, onde viveram numa casa humilde da rua das Cavalhadas, hoje rua da Conceição, mesma residência onde ela passou toda a sua vida. Desde menina dedicou-se à caridade e à religião, tendo como intercessora a Imaculada Conceição, à qual orava incessantemente, por si e por aqueles que procuravam o seu consolo. Por suas ações de caridade, ainda moça era conhecida como “Mãe dos Pobres”, apesar de ser ela mesma pessoa muito carente. Mas sempre dispunha de alguma coisa ou palavra ou oração para acrescentar às necessidades dos que a procuravam.
Em 1861 teria falecido seu irmão Theotônio, que lhe deixou uma pequena fortuna, que ela empregou na construção do seu maior sonho: erigir uma capela em louvor à Imaculada Conceição, que iniciou a partir de 1863, a duras penas e muitos sacrifícios. Sua dedicação aos pobres e sofredores se intensificou, sempre movida a muita oração e desprendimento.
No início muitos a confundiam com uma benzedeira ou milagreira, mas a consistência de suas ações acabou determinando respeito àquela mulher humilde, tão capaz de exemplares atitudes a favor dos seus semelhantes. Sua fama atravessou fronteiras municipais e começou a chamar a atenção de pessoas dos municípios vizinhos, que viajavam horas e até dias em busca de aconselhamentos.
Percebendo a seriedade das ações daquela pobre senhora, pessoas de posses também começaram a procurá-la, ofertando donativos que movimentaram as ações de caridade e permitiram que ela concluísse a sua capela.
Em 1888, doente e enfraquecida, Nhá Chica faz seu testamento e chega a ser prenunciada sua morte, a 15 de julho, pelo jornal semanário O Baependyano. Interessante que, na mesma edição página adiante, o jornal revê sua preocupante notícia para esclarecer: “ENFERMIDADE – Em aditamento à notícia do nosso correspondente de Baependy sobre a Sra. Dona Francisca Isabel, acrescentaremos com prazer que, por noticias ontem recebidas, a piedosa fundadora da pitoresca e popular capelinha de N. S. da Conceição, estava melhor da moléstia que a acometeu. Fazemos votos pelo restabelecimento da boa e virtuosa senhora que, a sinceros sentimentos religiosos, provados por sua bondade para com todos e caridade para com a pobreza, reúne uma qualidade infelizmente rara – o culto à amizade.”
Em 1893, 30 anos depois de iniciada, Nhá Chica concluiu a capela de Nossa Senhora da Conceição, já muito debilitada, mas ainda ativa. Faleceu a 14 de junho de 1895 e só foi sepultada quatro dias após sua morte, sem que fossem registrados elementos de conspurcação do corpo, o que foi constatado pelo médico Manoel Joaquim Pereira de Magalhães.
Após sua morte, cresceu o culto às virtudes de Nhá Chica Isabel. Muitas graças alcançadas por sua intercessão começaram a circular pelo sul de Minas e depois por todo o país. Os seus primeiros milagres foram confirmados por ações das comissões estabelecidas para o processo da sua beatificação. A 14 de janeiro de 2011 o Papa Bento XVI reconhece as suas virtudes e lhe concede o título de Venerável. O mesmo pontífice, a 28 de junho de 2012, assina o decreto de beatificação de Nhá Chica, com cerimônia marcada para 4 de maio de 2013.
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