http://www.circulandoporcuritiba.com.br/2019/04/casa-lerner-e-o-rosto-da-cidade.html
“Não se sabe ao certo quando o 407 da Riachuelo foi edificado. De acordo com Marcelo Sutil, é provável que a moradia seja anterior aos anos 1920, pois segue à risca os modismos da Belle Époque. O porão é tão alto que ali se pode morar. Há escadarias cênicas, formando curvas, gradil de ferro com frufrus e janelões de frente para a rua.
Em meados da década de 80, com a morte dos proprietários Dora e Jaime Lerner – não o arquiteto e ex-governador – o prédio passou para Geni e mais quatro primos, que a venderam para um dos árabes da região.Dora e Israel Chaim Lerner, conhecido como Jaime, eram judeus e chegaram ao Brasil na década de 30, assustados com o avanço do antissemitismo. Aqui, foram acolhidos pelo industrial Salomão Guelmann. Em parceria com uma irmã de Dora e seu marido – Rosa e Abraham – Jaime abriu uma lavanderia na Rua Cruz Machado. Juntos, os quatro criaram Geni, uma vez que Dora não pôde ter filhos.
Na final da década de 30, a sociedade se desfez. Jaime e Dora abriram a Casa Paris, na Praça Tiradentes. Abraham inaugurou a Loja para Todos, na Barão do Rio Branco, onde moravam os pais de outro Jaime Lerner. Mas a separação durou pouco. Com os rendimentos da Paris, os Lerner “de cima” compraram a mais bela casa da Riachuelo, a 407. E os pais de Geni se mudaram para o 380, logo em frente. Não tardou para que o destino Belle Époque do sobradão se realizasse: o local – única casa judia num entreposto sírio-libanês – virou ponto de encontro da comunidade judaica.”