No dia 09/02/1995 aconteceu umas das piores enchentes na cidade de Joinville. Uma tormenta caiu de madrugada sob Joinville, ou uma “Chuvarada“, que alagou as ruas do centro, derrubou árvores, muros e barrancos. Ao total 18 bairros da cidade ficaram em baixo da água, Pirabeiraba, Jardim Sofia e Paraiso foram mais atingidos, com o estouro da barragem do Rio Cubatão.
Foto capa Leonardo Henchel. Ponte Provisória na SC-418 que ligava Joinville a São Bento do Sul, depois de cair. Localizava próximo ao Max Moppi(Lanchonete Rio da Prata). Exercito faz ponte provisória.
Inundação de 9 de fevereiro de 1995 – Rompimento da barragem do Rio Cubatão do Norte. Fonte: Acervo Iconográfico de “A Notícia”. Foto: Arquivo AN. Joinville, SC. 06 fev. 2005
Números da Enchente
A pior das enchentes dos últimos 40 anos. Choveu 27 dos 31 dias de janeiro de 1995. O relatório da Defesa Civil de Joinville apontou:
Prejuízo total de R$46.417.492,39; 3 vítimas fatais, 15.000 pessoas desalojadas, 5.725 pessoasdesabrigadas, 15 pessoas feridas, 5.000 casas atingidas, R$8 milhões de reais de prejuízos agropecuários, R$12 milhões de prejuízos pessoais, 942 mil árvores atingidas pelos deslizamentos, R$3.164.550,00 com prejuízos industriais, R417 milhões com prejuízos na barragem, pontes e canais .
(GANDINI E TONIAL, 1995)
Inundação de 09 de fevereiro de 1995 – Ponte do Arco. Fonte: Ursula Gehrmann
Foram mais de 300 deslizamentos ocorreram em uma área aproximada de 6,28 km², e alguns pontos de desmoronamento tiveram amplitude superior a 500 metros. A maioria foi contida pela vegetação da Serra o Mar, informou o jornal (A NOTÍCIA, 1995).
Comissão Municipal de Defesa Civil
Comdec contabilizou 5 mil casas atingidas – deste total, 38 ficaram totalmente destruídas e 515 danificadas; 159 ruas atingidas; 7 quedas de barreiras; 21 pontes, canais e galerias atingidas; R$25.320,00 de prejuízos em prédios da Prefeitura; R$945.230,00 de prejuízos em estabelecimentos de ensino; R$150.000,00 de prejuízos em equipamentos de saúde e R$430,00 de prejuízos em equipamentos de segurança.
(DIAS, 1997).
Joinville teve 22% da área total atingida pela enchente.
Ponte de Concreto sobre o Rio Praí sendo consumido pela água. 1995
Os hospitais controlavam o consumo de água dos seus reservatórios, prejudicados pelo racionamento de 48 horas, Joinville esteve sem água por 3 dias; as aulas foram suspensas em todas as 88 escolas da rede pública municipal; o setor de transporte se transformou num verdadeiro caos, pois o aeroporto fechou para pousos e decolagens durante uma semana, a água chegou a mais de ½ metro no interior do prédio, cerca de 70% das linhas de transporte coletivo urbano paralisaram, as viagens de ônibus intermunicipais e interestaduais foram canceladas.
Na BR-101, junto ao trevo de Pirabeiraba o alagamento chegou a atingir quase um metro de altura; 3 barreiras caíram na BR-101 interrompendo a ligação do Paraná com Santa Catarina, trevos foram destruídos, famílias abandonaram casas, engarrafamentos se formaram, informou o jornal (A NOTÍCIA, 1995).
Inundação no distrito de Pirabeiraba – Entroncamento da BR-101 com a SC 301 (Rodovia Dona Francisca). Fonte: Acerco iconográfico de Nelson Holz.
Resultados da Enchente
O total de estragos no Meio Rural foram no mínimo 50% mais contundentes que em 1972 (ARQUIVO HISTÓRICO DE JOINVILLE, 2006);
Na indústria os prejuízos relacionados, conforme dados da Associação Comercial, totalizam R$3.164.550,00;
Centrais Elétricas de Santa Catarina– CELESC, informa que os prejuízos foram de R$80.700,00;
Companhia Catarinense de Águas e Saneamento – CASAN, informa que o volume dos prejuízos do sistema de abastecimento de água potável da cidade de Joinville, corresponde a R$167.897,00;
Prédios prejudicados da administração municipal R$25.320,00;
Estabelecimentos de ensino R$945.230,00;
Equipamentos de saúde R$150.000,00;
Rodovias estaduais R$515.80,00;
Barragem R$4.500.000,00;
Dragagens de rios e canais R$12.000.000,00;
Quando as águas invadiram residências e comércios, o setor industrial perdeu US$ 3,2 milhões, segundo dados da 100 Associação Comercial e Industrial de Joinville (ACIJ).
Além disso a chuva atingiu 34 prédios públicos, 21 escolas estaduais e municipais e sete postos de saúde.
Danificou 515 casas, sendo 38 sem condições de habitação.
Mais de 120 ruas precisaram de reposição de saibro e outras 32 com paralelepípedos foram reconstruídas.
A cultura da enchente impregnada na população e poder público reduz aschuvas torrenciais a acontecimentos naturais, inevitáveis.(A NOTÍCIA, 1995).
Inundação de 09 de fevereiro de 1995 – Destruição da ponte de concreto do Rio da Prata, afluente do rio Cubatão do Norte, na SC 301. Fonte: Acervo Iconográfico de “A Notícia”. Foto: Arquivo AN. Joinville, SC. 06 fev. 2005.
Pior enchente dos últimos 40 anos
A pior enchente de Joinville, dos últimos 40 anos abateu sobre Joinville, nos últimos dias. As graves conseqüências e incalculáveis prejuízos decorrentes das enchentes que atingiram todas as regiões do Município. O número, ainda não apurado de casas inundadas, bem como vários deslizamentos, assoreamento de rios, desabamento total e parcial de ranchos, depósitos, muros, etc., além dos prejuízos causados em bens e propriedades, plantações e perecimento de animais. Os danos causados às várias vias públicas citadas, além de pontes e pontilhões localizados em diversas regiões do Município, com necessidade da prestação de assistência efetiva à população atingida e desabrigada
(FREITAG, 1995).O que sobrou do acesso da SC301, após a destruição da ponte de concreto do Rio da Prata, afluente do rio Cubatão do Norte, na SC 301.
A chuva parecia normal, como a de 72. Horst Rothart comenta que a sua sogra, de 72 anos, afirma que essa foi a maior enchente que ela já presenciou em toda a sua vida (DIÁRIO CATARINENSE, 1995).
Dias seguintes…
Laudo técnico de vistoria da Fundação Municipal do Meio Ambiente, de levantamento na parte norte do Morro do Timbé, no Jardim Paraíso; caracteriza de iminente perigo, a citada área, lado direito da Avenida Júpiter, numa extensão de 200 (duzentos) metros, altitude de 40 (quarenta) metros, na encosta do morro que tem 76 (setenta e seis) metros, e adjacências, face os rebaixamentos havidos e fraturamento de toda a superfície do bloco em movimento (FREITAG, 1995).
Inundação de 09 de fevereiro de 1995 às 17:00 hs – Estrada da Ilha, em frente a Granja Girardi. Fonte: Acerco iconográfico de Nelson Holz.
No dia 26 de fevereiro de 1995, por cerca de uma hora de chuva forte, que começou às 20 horas e coincidiu com a maré alta na bacia do rio Cachoeira, foi suficiente para interromper trânsito de veículos, alagar áreas residenciais e comerciais, informou o jornal (BOEING, 1995).No dia 02 março de 1995, um novo o laudo de vistoria procedido, pela equipe técnica da Fundação Municipal do Meio Ambiente, no Morro do Boa Vista, em imóveis sitos à rua Adolfo Brezink e Rua Barbalho, indica de iminente perigo, a área face as fissuras ocorridas no solo, e o conseqüente deslizamento em elevado grau, de um barranco nas proporções de 100, 00 m por 60,00 m, com amplitude de altura aproximada de 25,00 m, e os rebaixamentos havidos em toda a superfície do bloco em movimento (FREITAG, 1995).
Decreto Prefeito Wittch Freitag
Decreto nº. 7.483/95: declara estado de calamidade pública no município de Joinville.
Vista da imagem da BR 101 e Casa Kruger em baixo da água.
Casa Krüger enfrentou duas grandes enchentes na cidade de Joinville. A primeira foi em 1972 e a segunda em 09/02/1995 e que danificaram muitos móveis e pertences da família. Ainda nas paredes pode encontrar as marcas o nivel que a água tinha chegado.
Fonte
Adílcio Cadorin = Edital, 1995.
WESTRUPP, N. Decreto nº. 7.573/95: declara estado de emergência no município de Joinville. Joinville: PMJ, 07 jul. 1995.
VICENZI, H. Estrada que liga litoral ao planalto norte deve começar a ser liberada em 7 dias. A Notícia, Joinville, quinta-feira, 16 fev. 1995, p. 5.
SECRETARIA DE OBRAS E VIAÇÃO. Barragem de derivação do rio Cubatão. Rio Cubatão (E). Joinville, PMJ, dez. 1995. 11 f.
LAVINA, C. Chuva inunda bairros e provoca deslizamentos. Florianópolis, 3 fev. 1995, p. 21.
FREITAG, W. Decreto nº. 7.483/95: declara estado de calamidade pública no município de Joinville. Joinville: Prefeitura Municipal de Joinville, 13 out. 1995.
História das Inundações em Joinville -1851 a 2008.
Foto capa Leonardo Henchel, após ponte de SC-418 que ligava Joinville a São Bento do Sul, ao cair. Próximo ao Max Moppi(Lanchonete Rio da Prata). Exercito faz ponte provisória.