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terça-feira, 27 de junho de 2023

Jaime Lerner GOMM (Curitiba, 17 de dezembro de 1937 — Curitiba, 27 de maio de 2021)

Jaime Lerner GOMM (Curitiba17 de dezembro de 1937 — Curitiba, 27 de maio de 2021)


Jaime Lerner
Jaime Lerner em 2004.
52.º Governador do Paraná
Período1º de janeiro de 1995
a 1º de janeiro de 2003
(2 mandatos consecutivos)
Antecessor(a)Mário Pereira
Sucessor(a)Roberto Requião
70.º, 73.º e 76.º Prefeito de Curitiba
Período1.º- 1971 a 1974
Antecessor(a)Edgar Dantas Pimentel
Sucessor(a)Donato Gulin
Período2.º- 15 de março de 1979
a 15 de março de 1983
Antecessor(a)Saul Raiz
Sucessor(a)Maurício Fruet
Período3.º- 1º de janeiro de 1989
a 1º de janeiro de 1993
Antecessor(a)Roberto Requião
Sucessor(a)Rafael Greca
Dados pessoais
Nascimento17 de dezembro de 1937
CuritibaPR
Morte27 de maio de 2021 (83 anos)
CuritibaPR
Nacionalidadebrasileiro
Alma materUniversidade Federal do Paraná (UFPR)
Prêmio(s)Ordem do Mérito Militar[1]
PartidoARENA (1971–1979)
PDS (1980–1985)
PDT (1985–1997)
PFL (1997–2003)
PSB (2003–2008)
DEM (2008-2021)
Religiãojudaísmo
Profissãoprofessorarquitetoengenheiro civilurbanistapolítico

Jaime Lerner GOMM (Curitiba17 de dezembro de 1937 — Curitiba, 27 de maio de 2021) foi um professorarquitetoengenheiro civilurbanista e político brasileiro filiado ao Democratas (DEM). Pelo Paraná, foi governador durante dois mandatos e prefeito da capital Curitiba em três ocasiões.

Foi eleito presidente da União Internacional de Arquitetos (UIA) em julho de 2002. Após deixar a vida política, Lerner se dedicou aos projetos de urbanismo, sendo também consultor das Nações Unidas para assuntos de urbanismo.

Biografia

Nascido numa família de imigrantes judeus poloneses originária de Łódź, Jaime Lerner estudou em escolas públicas até o secundário, passando pelo Colégio Estadual do Paraná.[2] Obteve sua graduação em Engenharia Civil em 1961 e em Arquitetura em 1964, ambas da Universidade Federal do Paraná.[3][4] Em 1965, Lerner participou da criação do Instituto de Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), responsável pelo Plano Diretor da cidade.[5]

Casou-se em 1964 com Fani Lerner (1945 – 21/05/2009), com quem teve as filhas Andrea e Ilana.[6]

Pelo edifício-sede da Polícia Federal em Brasília, foi premiado no Concurso Nacional de Projetos em 1967. Em 2007, recebeu da XI Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires prêmio conjunto pela urbanização Pedra Branca.[5] Recebeu doutorados honorários da Universidade Técnica de Nova Scotia e da Universidade de Tecnologia de Cracóvia, além de ser membro honorário do Royal Institute of British Architects, do American Institute of Architects e do Royal Institute of Architects of Canada.[7]

Política, partidos e afastamento da vida pública

Filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (ARENA) em 1971, quando foi nomeado prefeito biônico da capital paranaense. Ainda seria prefeito de Curitiba por outras vezes entre as décadas de 1970 e 1990, além da Arena, foi pelo PDS e PDT. Depois, foi governador do Paraná por dois mandatos consecutivos, de 1995 a 2002 — elegeu-se primeiro pelo PDT e, em seguida, pelo então PFL (atual DEM). Em 1997, Lerner, deixou o PDT após divergências com o principal líder do partido na época, Leonel Brizola. Em seguida, filiou-se ao então PFL.[8]

Lerner ficou afastado da política nos últimos anos de vida. Mas questionado pelo jornal Folha de São Paulo, em 2019, sobre o momento político recente do país, Lerner disse queː

"em termos políticos o que deveria existir é a boa convivência entre aqueles que não concordam, isso está difícil"

e

"o que eu gostaria de ver é uma visão mais humana, mais próxima, não antagônica, espero que isso aconteça. Todas as cidades que têm apresentado crise nessa pandemia precisam ser repensadas com mais solidariedade".[8]

Desde que deixou a política, atuava no desenvolvimento de projetos de arquitetura e urbanismo para os setores público e privado de diversas cidades no Brasil e no exterior, como Rio de JaneiroSão PauloBrasíliaPorto AlegreFlorianópolisRecifeHavana (Cuba), Caracas (Venezuela), Xangai (China), Luanda (Angola), David (Panamá), Mazatlán (México) e Santiago de los Caballeros (República Dominicana).[8] ​

Morte

Em março de 2021, Lerner teve Covid-19, mas na ocasião apresentou somente sintomas leves da doença.[8] Lerner faleceu na madrugada do dia 27 de maio de 2021 no Hospital Universitário Evangélico Mackenzie, em Curitiba. Estava internado desde o dia 21 de maio após apresentar um quadro de febre. Lerner vinha fazendo hemodiálise. A causa da morte, segundo o Hospital, foi em decorrência de complicações de doença renal crônica.[9]

O Governo do Estado do Paraná decretou luto oficial de três dias. O governador Ratinho Júnior (PSD), escreveu: "O Paraná perde um grande cidadão, que ajudou a transformar Curitiba e o Estado".[10] O velório do político foi realizado na capela do Cemitério Israelita do Água Verde, o sepultamento no Cemitério Israelita do Santa Cândida.[11]

Prefeitura de Curitiba

Primeiro mandato

Em seu primeiro mandato a frente da prefeitura de Curitiba, efetuou uma obra controversa, para a época, e que tornou-se, com o passar do tempo, um dos principais cartões postais de Curitiba.

O calçamento da Rua XV de Novembro e devolvendo à via de alcunha republicana o nome imperial do qual muitos tinham se esquecido – Rua das Flores. A rua foi aberta com exclusividade aos pedestres em 20 de maio de 1972.[12] Outra importante obra de seu primeiro mandato a frente da capital paranaense, foi a abertura de vias exclusivas para os ônibus urbanos (chamados "expressos"), ocorrido em setembro de 1974,[13] a atual Rede Integrada de Transporte.

Segundo mandato

Nomeado novamente, retornou ao cargo em 1979.

Terceiro mandato

Em 1988, foi eleito por sufrágio popular para o mandato à frente da prefeitura curitibana pelo PDT. Neste terceiro mandato foram realizadas construções que se tornariam não só ícones da arquitetura brasileira, mas também da cidade de Curitiba e do Paraná. Foi inaugurado em setembro de 1991 a Rua 24 horas, em outubro do mesmo ano o icônico Jardim Botânico de Curitiba, ambos do mesmo arquiteto Abrão Assad. E em 1992 a Ópera de Arame, do arquiteto paranaense Domingos Bongestabs.

Em 1994, foi eleito governador do Paraná e em 1997, trocou o PDT pelo PFL e foi reeleito governador em 1998.

Governador do Paraná

Jaime Lerner e Nitzan Horovitz.

Eleito governador do Estado do Paraná em 1994 e reeleito em 1998, Lerner promoveu a maior transformação econômica e social da história do Estado. Apoiado em uma política de atração de investimentos produtivos, o Paraná se consolidou como um novo polo industrial do País, contabilizando investimentos de 20 bilhões dólares entre o período de 1995 a 2001. A exemplo da experiência bem sucedida de Curitiba, o governador Jaime Lerner preocupou-se em resolver problemas de transporte, uso do solo, educação, saúde, saneamento, lazer e industrialização como um todo.

Essa preocupação, intensa principalmente na área social, de educação e de atenção à criança, renderam ao Governo do Paraná o prêmio Criança e Paz da Unicef, para os programas "Da Rua para a Escola", "Protegendo a Vida" e "Universidade do Professor".[14]

Admitido à Ordem do Mérito Militar em 1993 no grau de Comendador especial pelo presidente Itamar Franco, Lerner foi promovido em 1995 por Fernando Henrique Cardoso ao grau de Grande-Oficial especial.[15][1]

Críticas

Ações do então governador questionadas pela população do estado foram a tentativa de privatização da COPEL e a privatização das estradas do estado sem a inclusão de cláusulas de controle das tarifas cobradas pelas concessionárias, dando origem as praças de pedágios no Paraná.[16][17] Lerner enfrentou também diversas crises, conflitos com integrantes do MST[18][19] e greve dos professores da rede pública estadual e servidores da Educação.[20]

Condenações

Dispensa ilegal de licitação

Em 2011, uma decisão do STJ condenou Jaime Lerner a três anos e seis meses de prisão, mais uma multa, pelo crime de dispensa ilegal de licitação na construção de estradas em seu Estado. Mesmo tendo sido condenado, Jaime Lerner não precisou cumprir a pena devido a prescrição do Crime e por ter mais de 70 anos na época.[21]

Improbidade administrativa

Em agosto de 2013, Jaime Lerner foi condenado no Tribunal de Justiça do Paraná por improbidade administrativa devido ao pagamento indevido de quarenta milhões de reais em uma indenização por áreas desapropriadas em Cascavel. Os dois beneficiários da indenização também foram condenados. Ainda cabe recurso à decisão.[22]

Referências

  1. ↑ Ir para:a b BRASIL, Decreto de 29 de março de 1995.
  2.  «Patrimônio escolar a espera de restauro». Gazeta do Povo. Consultado em 5 de janeiro de 2022
  3.  «Acadêmico Jaime Lerner morrer aos 83 anos». Academia Nacional de Engenharia - ANE. Consultado em 5 de janeiro de 2022
  4.  «Nota de Falecimento: Engenheiro e Arquiteto Jaime Lerner». Instituto de Engenharia do Paraná. Consultado em 5 de janeiro de 2022
  5. ↑ Ir para:a b «Jaime Lerner, ex-governador do PR e autor do projeto da orla do Guaíba, morre aos 84 anos». GZH. 27 de maio de 2021. Consultado em 27 de maio de 2021
  6.  «Morre Fani Lerner, ex-primeira-dama do Paraná»www.gazetadopovo.com.br. Gazeta do Povo. 21 de maio de 2009. Consultado em 12 de janeiro de 2019
  7.  «Morre aos 83 anos Jaime Lerner, arquiteto e ex-governador do Paraná». Correio do Povo. 27 de maio de 2021. Consultado em 27 de maio de 2021
  8. ↑ Ir para:a b c d «Morre aos 83 anos Jaime Lerner, urbanista de destaque e duas vezes governador do Paraná. Também ex-prefeito de Curitiba, ele estava internado desde a última sexta por complicações renais». jornal Folha de São Paulo. 27 de maio de 2021. Consultado em 27 de maio de 2021
  9.  «Jaime Lerner, ex-governador do Paraná, morre aos 83 anos». G1. 27 de maio de 2021. Consultado em 27 de maio de 2021
  10.  «Morre Jaime Lerner, ex-governador do Paraná, aos 83 anos». UOL. 27 de maio de 2021. Consultado em 27 de maio de 2021
  11.  «Morre o arquiteto e urbanista Jaime Lerner, 'pai' dos BRTs e ex-governador do Paraná. Ele ocupou por três vezes o cargo de prefeito de Curitiba, onde realizou projetos que ganharam destaque mundial e são replicados em várias cidades». jornal O Globo. 27 de maio de 2021. Consultado em 27 de maio de 2021
  12.  Fernandes, José Carlos (6 de janeiro de 2012). «Sobre as "Flores"». Gazeta do Povo. Consultado em 8 de dezembro de 2012Cópia arquivada em 7 de abril de 2014
  13.  Ônibus Expresso complet 37 anos nesta quinta feira Portal Paraná-Online - acessado em 8 de janeiro de 2012
  14.  «Jaime Lerner»www.casacivil.pr.gov.br. Casa Civil. Consultado em 12 de janeiro de 2019Cópia arquivada em 22 de janeiro de 2019
  15.  BRASIL, Decreto de 2 de agosto de 1993.
  16.  Thais Kaniak (1 de outubro de 2013). «Jaime Lerner diz que pedágios eram 'única alternativa viável' para o Paraná». G1. Consultado em 27 de maio de 2021
  17.  Angieli Maros (4 de outubro de 2018). «Polêmica com o pedágio a dias da eleição não é novidade; relembre o caso Lerner». Gazeta do Povo. Consultado em 27 de maio de 2021
  18.  Fernando Mendonça (9 de setembro de 1997). «MST invade mais 6 fazendas no Paraná». Folha de S.Paulo. Consultado em 27 de maio de 2021
  19.  «Corte Interamericana julgará assassinato de camponês ligado ao MST no Paraná». Brasil de Fato. 22 de fevereiro de 2021. Consultado em 27 de maio de 2021
  20.  «Professores em greve fazem ato e invadem sede do governo do Paraná». Folha de S.Paulo. 24 de abril de 2002. Consultado em 27 de maio de 2021
  21.  «Ex-governador Jaime Lerner é condenado a três anos e meio de prisão»oglobo.globo.com. O Globo. 12 de agosto de 2011. Consultado em 12 de janeiro de 2019
  22.  «Jaime Lerner é condenado pelo TJ-PR por improbidade administrativa». 15 de agosto de 2013. Consultado em 15 de agosto de 2013