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sexta-feira, 7 de novembro de 2025

1913: Um Diário de Curitiba e Rio de Janeiro — Medicina, Política, Humor e o Cotidiano de uma Era em Transformação

 

1913: Um Diário de Curitiba e Rio de Janeiro — Medicina, Política, Humor e o Cotidiano de uma Era em Transformação



🧪 Página 1: O Mundo dos Remédios — Entre a Ciência e a Fé Popular

🔹 Julio Koch: O Médico das Mulheres

No canto superior direito, um símbolo místico — uma estrela de seis pontas — coroa o anúncio do Dr. Julio Koch, médico formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, com consultório na Rua dos Andradas, nº 27.

Mas o que realmente chama atenção?

  • Ele é descrito como especialista em “doenças das mulheres”, um campo ainda pouco explorado na medicina oficial.
  • O texto menciona que ele trata de “câncer, leucorréia, hemorragias, etc.” — termos médicos que revelam o conhecimento técnico da época, mas também o medo e o tabu em torno da saúde feminina.
  • O uso de ilustrações florais e figuras femininas ao redor do nome do médico mostra que a publicidade já usava estratégias de marketing emocional — associando beleza, delicadeza e confiança à figura médica.

💡 Curiosidade: Em 1913, muitas mulheres ainda evitavam consultar médicos homens por vergonha ou tradição. Dr. Koch, ao se especializar nesse campo, estava abrindo caminho para uma medicina mais humanizada.


🔹 Sabão Ichthyolino: Higiene como Revolução

Abaixo, um anúncio simples, mas revolucionário: Sabão Ichthyolino, vendido por Lannes & C., na Rua Alvarenga, nº 247.

  • O preço? R$ 1$500 por vidro — um valor considerável na época, indicando que era um produto de luxo ou de uso medicinal.
  • O sabão era recomendado para banhos, pancadas e sementes — uma combinação curiosa que revela o uso multifuncional dos produtos de higiene.
  • O fato de ser vendido “em toda parte” sugere que já havia uma rede de distribuição organizada, antecipando o modelo de farmácias modernas.

🧼 Detalhe raro: “Ichthyolino” deriva de ichthyo (peixe), referindo-se ao óleo de peixe usado em sua composição. Era um remédio popular contra eczemas e inflamações.


🔹 Collyrio Moura Brazil: Olhos que Sofrem, Olhos que Curam

À direita, o Collyrio Moura Brazil, aprovado pela Diretoria Geral de Saúde Pública — um selo de qualidade que dava credibilidade ao produto.

  • Destinado a tratar “purgações dos olhos” — termo antigo para irritações, infecções e secreções oculares.
  • O anúncio destaca que o colírio “não arde” e “não causa lacrimejamento”, mostrando que os consumidores já exigiam conforto e eficácia.
  • O depósito geral era na Farmácia Moura Brazil, Rua 23 de Outubro, nº 37 — endereço que ainda pode ser pesquisado em mapas históricos da cidade.

👁️ Contexto histórico: Em 1913, a higiene ocular era crucial, especialmente em ambientes urbanos poluídos e com pouca iluminação. Um colírio eficaz era um bem precioso.


🍷 Página 2: Vinho como Medicina — Quando Beber era Prescrição Médica

🔹 Ha Saude em Vinho: O Fígado de Bacalhau em Garrafa

Um dos anúncios mais intrigantes: “Ha Saude em Vinho”, preparado por Paul J. Christoph Co., no Rio de Janeiro.

  • Trata-se de um “delicioso preparado de figado de bacalhau sem óleo” — uma mistura de vinho com extrato de fígado de peixe, rica em vitaminas e ácidos graxos.
  • Era recomendado para “fortalecer o organismo” e “combater a fraqueza”, especialmente em crianças e adultos debilitados.
  • O texto afirma que é “único no Brasil” — uma estratégia de marketing comum na época, quando a originalidade era sinônimo de superioridade.

🐟 Fato curioso: O fígado de bacalhau era usado como suplemento nutricional desde o século XIX. Em 1913, ainda era visto como um “elixir da saúde”.


🔹 Dynamoginol: O Poder dos Minerais

Ao lado, o Dynamoginol, descrito como “o Rei dos tônics e fortificantes”.

  • Prometia “repor as forças do corpo” e “restaurar a vitalidade”, com base em “minerais e substâncias vegetais”.
  • O anúncio menciona que era “indicado para convalescentes, trabalhadores e estudantes” — mostrando que a fatiga e o estresse já eram problemas reconhecidos.
  • O fabricante era Fábrica de Produtos Químicos e Farmacêuticos Dynamoginol, localizada na Rua São José, nº 10 — endereço que pode ser rastreado em arquivos municipais.

⚖️ Contexto social: Em 1913, o Brasil estava em plena industrialização. Trabalhadores e estudantes enfrentavam longas jornadas — e os tônics eram a “solução mágica” para o cansaço.


🔹 Vinho Biogenico: O Vinho que Dá Vida

Na parte inferior, o Vinho Biogenico, descrito como “vinho que dá vida”.

  • Era recomendado para “anêmicos, debilitados, convalescentes e gestantes” — mostrando que a bebida alcoólica era vista como terapêutica.
  • O texto afirma que “melhora a qualidade do sangue” e “aumenta a resistência orgânica” — conceitos que hoje sabemos serem parcialmente verdadeiros (o vinho tinto tem antioxidantes, mas não substitui tratamentos médicos).
  • O depósito geral era na Farmácia Giffoni & C., Rua 1º de Março, nº 17 — um endereço que ainda existe em Curitiba, preservado como patrimônio histórico.

🍇 Detalhe raro: O termo “biogenico” deriva de bio (vida) e genico (gerador). Era uma palavra de moda na época, usada para produtos que prometiam “regeneração celular”.


💣 Página 3: “A Bomba” — Quando a Política Era Explosiva

🔹 A Explosão na Praça Euphrasio Correa

Esta página é um verdadeiro documento histórico: o jornal “A Bomba” relata um evento que abalou Curitiba — a explosão na Praça Euphrasio Correa.

  • A foto mostra uma multidão reunida em frente ao prédio da Estação do Forno, onde ocorreu o incidente.
  • O texto descreve que a explosão foi causada por “uma planta de gás” — um acidente comum em cidades que começavam a usar gás encanado.
  • O jornal questiona: “Por que não foi feita a inspeção?” — mostrando que já havia preocupação com segurança pública e responsabilidade governamental.

🏙️ Contexto histórico: Em 1913, Curitiba estava se modernizando rapidamente. A instalação de redes de gás e eletricidade trouxe progresso, mas também riscos — e acidentes como este eram frequentes.


🔹 O Quadro que Não Existe

Uma charge intitulada “O Quadro que não existe” mostra um homem falando com outro:

— Por aqui, o quadro é sempre o mesmo: o povo sofre, os políticos se enriquecem.

  • A crítica social é clara: a população estava descontente com a corrupção e a falta de investimentos em infraestrutura.
  • O jornal “A Bomba” era conhecido por sua linha editorial progressista, defendendo os direitos dos trabalhadores e criticando o governo.

Curiosidade: O nome “A Bomba” não era por acaso — era um jornal que “explodia” com verdades incômodas, desafiando o establishment político.


😂 Página 4: Humor Gráfico — Quando o Risco Contava Histórias

🔹 Santo Remédio: A Ironia da Medicina

Duas charges assinadas por “Feijó” mostram o humor da época.

  • Na primeira, um menino pergunta ao pai:

    — Como vai seu pé? Sempre paralítico?
    — Sim, senhor, um automóvel cortou-lhe as pernas.
    — Uma piada sobre a perda de mobilidade, com um toque de absurdo que revela o desconforto com as novas tecnologias (automóveis).

  • Na segunda, um casal passeia com um cachorro:

    — Não brinque, Lala, com esse animal que tu não conheces...
    — Conheço, sim, pois, é um chinês...
    — Uma piada racista, infelizmente comum na época, que revela os preconceitos sociais.

🎭 Análise: O humor gráfico era uma forma de crítica social, mas também refletia os valores e preconceitos da época. É importante ler com olhos críticos, sem glorificar o passado.


🚨 Página 5: Ainda a Polícia... — Quando a Segurança Era um Luxo

🔹 O Franguteiro da Polícia

O texto começa com uma crítica ao Franguteiro da Polícia, um agente que, segundo o jornal, “só aparece quando há tumulto”.

  • O jornal questiona: “Por que não há policiamento preventivo?” — mostrando que a segurança pública era uma preocupação constante.
  • O texto menciona que o agente “faz vistas grossas para os crimes” — uma acusação grave, que revela a desconfiança da população em relação às autoridades.

🛡️ Contexto social: Em 1913, a polícia era vista como uma força repressora, não como um serviço de proteção. A imprensa independentista, como “A Bomba”, desempenhava papel crucial na fiscalização do poder.


🔹 Encobertório Bombástico

Outro trecho denuncia um “encobertório bombástico” — um termo que significa “ocultação exagerada” — relacionado a um caso de roubo na Praça Euphrasio Correa.

  • O jornal afirma que “a polícia tentou esconder o crime”, mas que “a verdade veio à tona” graças à pressão popular.
  • O texto termina com uma frase marcante:

    “A verdade é a única arma que pode derrotar a mentira.”

📢 Legado: Este jornal é um exemplo de como a imprensa podia ser uma ferramenta de mudança social — mesmo em tempos de censura e controle.


🌟 Conclusão: 1913 — Um Ano de Contradições e Esperança

Este jornal de 1913 é muito mais do que um registro de notícias. É um retrato vivo da sociedade brasileira da época: suas prioridades, seus valores, suas formas de entretenimento e sua visão de mundo.

  • Medicina: Entre a ciência e a fé popular, os remédios eram soluções mágicas para todos os males.
  • Política: A violência e a corrupção eram temas centrais, e a imprensa desempenhava papel crucial na fiscalização do poder.
  • Humor: As charges eram uma forma de crítica social, mas também refletiam os preconceitos da época.
  • Cotidiano: Os produtos de beleza, os vinhos medicinais e os sabões eram itens de consumo popular, mostrando que a vida cotidiana já era regida pelo mercado.

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