Eduardo Fernando Chaves: Projetista
Denominação inicial: Projecto de Bungalow para o Snr. J. B. da Costa Maia
Denominação atual:
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência de Pequeno Porte
Endereço: Rua Buenos Aires
Número de pavimentos: 1
Área do pavimento: 172,61 m²
Área Total: 172,61 m²
Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos
Data do Projeto Arquitetônico: 06/05/1925
Alvará de Construção: Talão Nº 218; Nº 1586/1925
Descrição: Projeto Arquitetônico pra construção de um bangalô.
Situação em 2012: Demolido
Imagens
1 - Projeto Arquitetônico.
Referências:
GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de Bangalow para Snr. J. Costa Maia. Planta do pavimento térreo, implantação, corte, fachadas frontal e lateral e gradil apresentados em uma prancha.
1 - Projeto Arquitetônico.
Acervo: Casa da Memória/Diretoria do Patrimônio Cultural/FCC (Fundação Cultural de Curitiba) – referência: 0298, PPB.
Bungalow de J. B. da Costa Maia — Rua Buenos Aires — Curitiba, 1925
O lar pequeno que guardou grandes sonhos
Ela não existe mais.
Mas ainda respira.
Não em pedra. Não em tijolo.
Mas nas linhas delicadas de um desenho antigo, nas curvas suaves de uma fachada esquecida, no corte que revela a altura de um teto onde alguém já sonhou, já riu, já chorou.
Foi um bungalow — palavra que soa como música, como nostalgia, como um convite ao descanso.
Era a casa de J. B. da Costa Maia, projetada por Eduardo Fernando Chaves, da renomada firma Gastão Chaves & Cia., em 6 de maio de 1925.
Pequena, sim. Mas cheia de alma. De cuidado. De história.
Detalhes da Casa — O Que Ela Foi
- Uma única planta, com 172,61 m² — espaço generoso para uma residência de pequeno porte, ideal para uma família jovem ou para quem buscava simplicidade sem abrir mão do conforto.
- Construção em alvenaria de tijolos — material nobre, durável, quente no inverno e fresco no verão. As paredes eram grossas, resistentes, capazes de abrigar gerações.
- Projeto arquitetônico completo, datado de 6 de maio de 1925, assinado pelo projetista Eduardo Fernando Chaves — um nome que ecoa na história da arquitetura curitibana, conhecido por sua precisão, funcionalidade e sensibilidade estética.
- Alvará de construção oficial: Talão Nº 218; N° 1586/1925 — emitido pela Prefeitura Municipal, atestando que tudo estava em ordem, conforme as leis urbanísticas da cidade.
- Prancha única, contendo:
- Planta do pavimento térreo — distribuição inteligente dos cômodos, provavelmente com sala, jantar, cozinha, banheiro, quartos e varanda;
- Implantação — mostrando como a casa se posicionava no terreno, com relação à rua e aos vizinhos;
- Corte longitudinal — revelando a estrutura interna, o telhado, os forros, a altura dos ambientes;
- Fachadas frontal e lateral — elegantes, com detalhes que sugerem um estilo moderno para a época, talvez com varanda coberta, janelas amplas e esquadrias de madeira trabalhada;
- Gradil — elemento de proteção e decoração, provavelmente de ferro forjado, com motivos geométricos ou florais, típicos da arquitetura residencial da década de 1920.
Imagine:
A entrada pela fachada frontal, com um pequeno jardim ou calçada de ladrilhos. Um portão de ferro, talvez com um pequeno arco, levando a uma varanda coberta — lugar de conversas, de café da manhã, de contemplação da rua.
Dentro, a sala de estar, ampla, com piso de ladrilho hidráulico ou madeira clara, janelas altas com venezianas de madeira, teto alto com molduras de gesso. A cozinha, funcional, nos fundos, com pia de cerâmica e fogão a lenha. Um banheiro social, talvez com banheira de ferro fundido. E dois ou três quartos — espaçosos, arejados, com janelas voltadas para o sol da manhã.
O gradil — não era apenas uma barreira. Era um gesto de elegância. Um sinal de pertencimento. Um convite silencioso: “Este é meu lar. Este é meu mundo.”
Tudo isso, desenhado com precisão. Medido com régua. Calculado com paixão.
O Fim — Mas Não o Esquecimento
Em 2012, a casa já não estava lá. Demolida. Apagada. Substituída por algo novo — talvez mais alto, mais rápido, mais funcional. Mas sem alma. Sem memória. Sem os ecos das conversas, das risadas, dos passos de quem um dia chamou aquele lugar de lar.
Mas não foi totalmente perdida.
Porque no Acervo da Casa da Memória / Diretoria do Patrimônio Cultural / FCC (Fundação Cultural de Curitiba) — referência 0298, PPB — está preservada a prancha original. O projeto completo. A planta. O corte. As fachadas. O gradil. Tudo.
Essa folha de papel é o último suspiro da casa. Seu testamento. Seu epitáfio vivo.
Quem olhar para ela, hoje, pode ver além do desenho técnico. Pode sentir o cheiro do café da manhã, ouvir o ruído da porta rangendo, imaginar o rosto de J. B. da Costa Maia olhando pela janela, pensativo, contemplando sua cidade, seu futuro, sua vida construída — literalmente — com tijolos e sonhos.
Curitiba cresceu. Mudou. Transformou-se. E muitas casas como essa foram engolidas pelo progresso. Mas algumas — como esta — não morrem. Elas se tornam memória. História. Patrimônio invisível, mas presente.
Para J. B. da Costa Maia, para Eduardo Fernando Chaves, para todos os que viveram ali, ou apenas imaginaram esse lugar:
Este bungalow não foi demolido. Foi eternizado.
E enquanto houver alguém que leia estas linhas, que olhe essa prancha, que sinta o peso da história em cada traço — ele continuará existindo.
Não nas ruas. Mas no coração da cidade.
No espírito da memória.
Nos tijolos da saudade.
Referências:
GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de Bangalow para Snr. J. Costa Maia. Planta do pavimento térreo, implantação, corte, fachadas frontal e lateral e gradil apresentados em uma prancha. Acervo: Casa da Memória/Diretoria do Patrimônio Cultural/FCC (Fundação Cultural de Curitiba) – referência: 0298, PPB.
