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domingo, 5 de março de 2023

ALMANAQUE DE “O GAROTO” – UM GIBI CURITIBANO DE 1952

 ALMANAQUE DE “O GAROTO” – UM GIBI CURITIBANO DE 1952

por keyimaguirejunior

   

  Sempre se ouve falar das revistas que circularam em Curitiba nas primeiras décadas do século XX: A Bomba, O Olho da Rua, O Jazz e talvez outras. O “Correio dos Ferroviários” é caso à parte, mas as citadas são a representação local de um tipo de revista comum no Brasil de então. Talvez as mais conhecidas sejam “O Malho” e a “Careta”. A reprodução fotográfica, pelos clichês de zinco, era precária – enquanto que o desenho de traço da caricatura, do cartum e da charge permitem reproduções de boa qualidade – inclusive as cores que, no entanto, raramente se usa no miolo.

Talvez por isso – e porque, num contexto mais amplo, gosto mais dos quadrinhos em seu aspecto narrativo – após descobrir tanta coisa nesta cidade-que-já-teve-muitas-araucárias, achar um tal de “Almanaque de ‘O Garoto” foi surpresa. Trata-se de um gibi mesmo, com predomínio das narrativas desenhadas.

Publicado pela Empresa Editora “O Garoto” Ltda, sediada à av.Sete de Setembro 3622, é todo dominado pelo “bom-meninismo” da época: todas as histórias e matérias têm um fundo moralista explícito e para os dias atuais, ingênuo até os limites.

Os desenhos são igualmente ingênuos, e muito calcados nos gibis nacionais de então. Jack D, Pery de Oliveira, Lovato Machado, OFM, Carlos – não são páreo na comparação com artistas do mesmo período atuando no “eixão” da cultura brasileira. São nomes – ou pseudônimos – que não parecem ter sobrevivido nas artes locais. “Atrevimentos de Dona Mosca”, por exemplo, remete com facilidade a Wilhelm Busch – o alemão inventor dos quadrinhos e bastante conhecido por essas bandas. Os “Wilhelm Busch Album” eram bastante encontráveis pelos sebos até há pouco tempo.

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      O formato horizontal (23 X 32 cm) não seria raro se o grampeamento não fosse do lado menor – dando um visual dos antigos blocos de notas. Como há páginas horizontais e verticais, parece haver aí uma falta de coordenação gráfica.

A publicidade (10 das 60 páginas, incluindo capas) é interessante para a nossa perspectiva atual. Banco do Estado do Paraná, Edições Melhoramentos, Prosdócimo, Moveis Guelmann, a própria “O Garôto” (sic), Loteamento Jardim das Américas (“bairro próximo do centro da cidade”), Toddy, Aerovias Brasil (foto de um DC-3!), Miguel Baduy, Móveis Cimo. O que é paranaense nessa lista, foi engolido pela globalização…

Página notável, única colorida além das capas e, que se tem patrocinador é anônimo, é “Visite o Paraná”. Imagens nem sempre muito fiéis de Vila Velha, Foz do Iguaçú, Ferrovia Curitiba/Paranaguá, Colégio Estadual do Paraná, Universidade Federal do Paraná, Casa do Expedicionário, gráficos do desempenho econômico do Estado… e o convite: “Volte em 1953 para as festas do Centenário!”

No mais, contos, poesias, passatempos – o convencional das congêneres do período.

Tratando-se de almanaque comemorativo de um ano de circulação de uma revista quinzenal, devem existir, perdidas em algum sótão e já meio roídas por traças e baratas, algumas edições desse interessante gibi.

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