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sexta-feira, 5 de agosto de 2022

AS PRIMEIRAS COLÔNIAS DE IMIGRANTES NO LITORAL DO PARANÁ

 AS PRIMEIRAS COLÔNIAS DE IMIGRANTES NO LITORAL DO PARANÁ

AS PRIMEIRAS COLÔNIAS DE IMIGRANTES NO LITORAL DO PARANÁ
As primeiras colônias no litoral paranaense eram de particulares, subvencionados pelo governo Imperial, responsáveis por introduzir e estabelecer os colonos. A idéia de colocar os colonos no litoral veio da esperança de que a proximidade com o porto de Paranaguá propiciaria produtos mais baratos para o mercado europeu crescente. Duas dessas colônias foram marcantes na história da imigração italiana para o Paraná: a colônia Alexandra e a colônia Nova Itália.
A colônia Alexandra foi a mais desastrada de todas. O proprietário da colônia foi o italiano Sabino Tripotti, que ganhou um contrato do governo imperial logo depois que chegou ao Brasil em 1871. Em fevereiro de 1872 foi fundada a colônia Alexandra. O terreno de má qualidade, os aspectos climáticos, muito diferentes do que os imigrantes estavam acostumados, os insetos típicos do clima tropical, que afetavam não somente os colonos, mas também suas plantações, já eram fatores que dificultavam o progresso da colônia. Somado a isso, a principal cláusula do contrato não havia sido cumprida: a construção da estrada que ligava a colônia ao porto não havia sido realizada.
Não bastassem todos esses complicadores, Tripotti alegou que havia algumas falhas no contrato. Entre elas, não estava claro quem pagaria as despesas iniciais até o assentamento dos colonos. Mesmo depois que o contrato foi reescrito, houve um erro de cálculo que diminuía pela metade o reembolso dessas despesas iniciais. Por conta disso, Tripotti racionou, dentre outras coisas, a comida dos colonos que muitas vezes passaram fome. Essa situação precária da colônia, somada às revoltas dos imigrantes ainda na Itália contra os agentes de Tripotti, fez com que, em 1877, o contrato fosse cancelado, além de todos os seus bens confiscados pelo governador.
Para resolver a questão do assentamento das famílias descontentes que estavam abandonadas na colônia Alexandra, os imigrantes foram transferidos para Morretes e Porto de Cima, e lá foi fundada a colônia Nova Itália. O município de Morretes, contava com oito núcleos de assentados: América de Cima, América de Baixo, Sesmaria, Rio do Pinto, Sitio Grande, Anhaia, Rio Sagrado e Nossa Senhora do Porto. Ó município de Porto de Cima, ficou com cinco núcleos de assentados: Marques, Ipiranga, Bananal, Cari e Esperança.
Mesmo assim, os colonos sofriam muito com o clima quente do verão, com a febre amarela, com as moscas, os mosquitos e os bichos-de-pé, com a falta de comida e agasalho, com o mau uso do dinheiro pelos funcionários responsáveis pela colônia, etc. Os abrigos provisórios só começaram a ser construídos quando já havia mais de mil imigrantes na colônia.
Depois de instalados, finalmente, nos lotes prometidos, os imigrantes deveriam plantar e desmatar mil braças quadradas, construir uma morada permanente de pelo menos 400 palmos quadrados, abrir caminho que delimitasse seus lotes e manter um desmatamento periódico até o final dos primeiros seis meses. Caso não cumprissem essas obrigações estabelecidas por contrato, oficialmente, eles perderiam os melhoramentos e as parcelas já pagas.
Como o governo demorava até mais de seis meses para sequer demarcar os lotes, essas exigências não eram cobradas rigorosamente. Além disso, os imigrantes que conseguiram colher alguma coisa o faziam com a ajuda dos negros e caboclos, que ensinavam aos recém-chegados a técnica da queimada, davam-lhes alimentos e os ajudavam na escolha da madeira e na construção de casas.
Por contrato, os imigrantes tinham o direito de trabalhar seis meses na construção de estradas de ferro, o que servia de uma renda alternativa. Em alguns casos os seis meses acabavam e os imigrantes ainda não estavam instalados em seus lotes, e quando tomavam posse definitiva destes, já não tinham mais o direito de trabalhar nas ferrovias. Sem nenhum tipo de renda, eles dedicavam-se exclusivamente para a agricultura de subsistência.
No final de 1877, mais de 800 famílias estavam na miséria na colônia Nova Itália, sem roupas e sem sementes para plantar. Os colonos estavam muito descontentes, alguns queriam voltar para a Itália, outros exigiam serem assentados em outros locais. Buscando alternativa para resolver o problema, a Província do Paraná, disponibilizou carroças para que os imigrantes pudessem subir a serra pela Estrada da Graciosa. Algumas poucas famílias ainda ficaram no litoral, enquanto outras voltaram, de fato, para a Itália.
Chegando em Curitiba, estabeleceram-se como agricultores em vários núcleos coloniais da região, que posteriormente deram origem aos atuais bairros de Pilarzinho, Água Verde, Umbará e Santa Felicidade. Com o passar do tempo adotaram outras atividades, incluindo industriais e comerciais.
Além dos municípios da Microrregião de Paranaguá e a capital, outras cidades no entorno de Curitiba também receberam imigrantes italianos, como São José dos Pinhais, Araucária, Campo Largo, Piraquara, Cerro Azul e Colombo, assim como do interior receberam significativo número de imigrantes. Atualmente representam cerca de 40% da população paranaense, sendo o estado sulista com maior população descendente de italianos.
Paulo Grani

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A primeira Capela construída em tábuas, na Colônia Nova América.

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Registro fotográfico de italianos da região do Veneto, embarcando com destino ao Brasil.

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Estação de Alexandra, em foto da primeira década de 1900, cerca de 30 anos após o êxodo dos imigrantes italianos, em direção à Morretes.