Com uma brilhante história por mais de 70 anos, a FENDER tem tocado e transformado a música pelo mundo e em quase todos os gêneros, desde o bom e velho rock and roll até o country, jazz e blues. Todos, de iniciantes e amadores aos mais aclamados artistas, têm usado instrumentos da tradicional marca americana. Guitarras Stratocaster® e Telecaster® e os baixos Precision® e Jazz Bass® já viraram uma lenda entre o mundo da música.
A história
Antes de trabalhar com guitarras elétricas, Clarence Leonidas Fender trabalhou com rádios e fonógrafos. Em 1944, ele e o músico Doc Kaufmann patentearam o captador montado em um corpo sólido único. Esta coisa crua, impossível de se tocar, parecia no máximo um projeto de feira escolar de ciências, mas resultou na empresa K&F (Kaufmann & Fender) Manufacturing. A K&F fabricou as primeiras guitarras lapsteel elétricas (que se toca no colo) e amplificadores (para os músicos de country) em um barracão nos fundos da loja de rádios de Fender na região central de Fullerton, estado da Califórnia. Amparado pelo sucesso da K&F, Leo vislumbrou que poderia aprimorar os instrumentos musicais da época - ainda rústicos e acústicos - usando um inovador, e relativamente simples, design de corpo sólido de guitarra elétrica. Posteriormente, percebeu que esta inovação poderia se tornar rentável, caso entrasse em linha de produção. Com isso, fundou em 1946 na cidade de Fullerton a Fender Electric Instruments Company. No ano seguinte, a linha de produtos da nova empresa incluía os lendários amplificadores com gabinete de madeira e guitarras de madeira dura. No final desta década muitos músicos consideravam Leo Fender um grande inovador em projetos de instrumentos e a empresa obteve endosso das maiores bandas de swing do oeste e dos melhores guitarristas da época.
Em 1949, apresentou o protótipo de um instrumento de corpo sólido, inicialmente batizado de Esquire, depois de Broadcaster e posteriormente chamada de guitarra Telecaster®, em 1951. A Tele, como era e continua sendo conhecida, foi a primeira guitarra estilo espanhol de corpo sólido a ser produzida em massa para comercialização. Naquele mesmo ano, ele apresentou sua revolucionária invenção: o baixo totalmente elétrico Precision Bass®. Ele era tocado como uma guitarra e tinha trastes, por isso podia ser tocado “com precisão” (daí o nome Precision) e ser amplificado, libertando os baixistas dos desconfortáveis baixos acústicos, que eram difíceis de ouvir em orquestras e shows. Esses dois instrumentos históricos sacramentaram a criação de um novo tipo de grupo e uma revolução na música popular - o que nós conhecemos hoje como “rock combo”. Ao oposto das big bands da época, os instrumentos elétricos da FENDER tornaram possível aos pequenos grupos se conhecerem e serem ouvidos.
A primeira aparição da Stratocaster® foi em 1954, incorporando muitas inovações no design baseadas nas opiniões de músicos profissionais, da equipe da empresa, como George Fullerton e Freddie Tavares, e do próprio Leo Fender. O uso de um terceiro captador single ofereceu mais possibilidades de tom, o corpo melhor desenhado deixou a guitarra mais confortável e o design com corte duplo no corpo (acima e abaixo do braço) deixou o acesso a notas mais agudas muito mais fácil. O mais importante, porém, foi a inclusão da nova ponte com vibrato (ou tremolo), uma inovação originalmente criada para permitir que os guitarristas pudessem dar um bend nas cordas, simulando o efeito do pedal das guitarras steel muito populares entre os artistas de country music da época. Originalmente, a Stratocaster® era feita na cor Sunburst de 2 cores, num corpo de Ash, braço em Maple (carvalho americano) de peça única contendo 21 trastes, marcações estilo “bolinha” na escala e tarraxas Kluson. Ninguém podia prever como a Stratocaster® iria revolucionar a música. A Stratocaster® foi imortalizada por Buddy Holly na cor vermelha, posteriormente pelos Beatles com George Harrison e John Lennon ambos usando o modelo na cor azul claro no álbum Rubber Soul e, em seguida, por Jimi Hendrix quando em 1966 ele estraçalhou sua Strat (como ficou apelidada) durante o concerto de sua despedia da Inglaterra. Essencialmente igual desde o primeiro modelo de 1954, essa é a guitarra elétrica mais popular e influente de todos os tempos e guitarristas de todos os níveis e gêneros musicais continuam confiando em seu timbre, versatilidade e ergonomia até hoje.
A guitarra Jazzmaster®, introduzida em 1958, foi originalmente desenvolvida para guitarristas de jazz, mas caiu rapidamente nas graças dos guitarristas de surf music, fato que podemos constatar em fotos de shows de bandas como The Surfaris, The Ventures e The Fireballs. O próprio Leo Fender expressou toda sua criatividade na década seguinte, apresentando muitos modelos de instrumentos, incluindo o baixo Jazz Bass® (introduzido em 1960 com corpo sólido, braço mais fino e curvado, dois captadores e 4 cordas, que rapidamente foi adotado pelos músicos de jazz), as guitarras Jaguar® (que ficou famosa através das mãos de Kurt Cobain) e Electric-XII® (de 12 cordas), além do amplificador Twin Reverb® (com dois falantes). Devido a problemas de saúde, Leo Fender vendeu a empresa por US$ 13 milhões para a CBS no dia 5 de janeiro de 1965. Nesta época, artistas e bandas consagradas como Jimi Hendrix e The Who tocavam com guitarras da marca americana. A Fender Musical Instruments passou por um crescimento tremendo nos 20 anos seguintes, porém a falta de comprometimento e de entendimento em torno dos desejos de músicos da CBS aos poucos foi se tornando aparente. Além disso, as cópias e principalmente as crescentes importações do Japão, minaram os lucros da empresa. E sem contar, que os Estados Unidos entraram em uma recessão e o interesse por guitarras diminuiu; os adolescentes preferiam comprar vídeo games. Era preciso fazer alguma coisa. E para reinventar a FENDER, a CBS recrutou um novo executivo em 1981. William Shultz se tornou o presidente da empresa, apoiado pelo associado William Mendello. Seu plano de negócios de 5 anos era baseado em aumentar a presença da FENDER no mercado com grande aumento de qualidade e um imenso compromisso com pesquisa e desenvolvimento. Com isso, em 1982, a empresa retornou aos modelos originais torneados por Leo Fender e começou a fazer reedições vintages baseadas nas especificações originais.
Quando a CBS encerrou seus negócios que não tinham haver com rádio e televisão, um grupo de funcionários e investidores liderados por Schultz comprou a FENDER em março de 1985. A venda colocou novamente o nome FENDER nas mãos de um pequeno grupo de pessoas dedicadas e compromissadas em criar as melhores guitarras e os melhores amplificadores do mundo. A nova empresa, batizada de Fender Musical Instruments Corporation (FMIC), teve que começar do zero - as instalações e os maquinários não estavam incluídos na venda. A FMIC possuía apenas o nome, as patentes e algumas partes não usadas deixadas para trás. Apoiado por um grupo de leais funcionários, revendedores e fornecedores (alguns que eram parceiros desde a criação), Schultz e sua equipe começaram a reconstruir um ícone americano.
A nova FENDER inicialmente importou suas guitarras de fabricantes estrangeiros com experiência comprovada na produção de instrumentos viáveis e com bom custo benefício, porém o aumento do controle de qualidade levou, em 1985, a inauguração de uma nova fábrica em Corona, estado da Califórnia. Uma segunda fábrica foi inaugurada em 1987, em Ensenada, no México. E o ano de 1987 foi mesmo mágico para a FENDER. Dentre os acontecimentos marcantes desse ano estava o lançamento de uma das mais icônicas, lendárias e tradicionais linhas de guitarras e contrabaixos da marca (American Standard®), que retomou sua tradição e características que definiriam o padrão americano: instrumentos feitos com madeiras selecionadas, acabamentos especiais e detalhes que fazem da linha uma das mais cobiçadas até hoje. A primeira metade da década seguinte trouxe novos modelos de guitarras que venderam muito bem. Em 1998 foi lançada a linha Fender American Deluxe® (substituída em 2016 pela Fender American Elite®), que unia o que havia de mais moderno e atual em um instrumento.
Visual tradicional, timbre mundialmente adorado, minuciosa construção nos padrões americanos e toda a tradição FENDER. Assim é a linha American Special®, lançada em 2010 e cujas guitarras possuem captadores, circuitos, pontes e acabamentos exclusivos. Mais recentemente, em 2016, FENDER lançou sua primeira linha de fones de ouvido para músicos profissionais, seja para usar em estúdios ou nos palcos. Desde o início, a FENDER sempre trabalhou lado a lado com os artistas que empunharam seus instrumentos em nome de sua arte. É uma antiga tradição e que continua até hoje. Os modelos da linha Fender Artist & Signature® são construídos de acordo com as especificações exclusivas de cada músico contando com a participação dos mesmos na elaboração dos projetos para que a sonoridade deles possa vir a ser parte do seu som. A mais famosa de todas as guitarras de Eric Clapton foi a “Blackie”, montada com pedaços de várias Stratocaster®, que ele usou até os anos de 1990. Depois, por medo de danificá-la, Eric a guardou em casa e não a levou mais aos palcos. Em 1988, Eric foi homenageado pela FENDER com o lançamento de uma Stratocaster® feita sob medida para ele e que se tornou o marco inaugural do primeiro modelo para artistas da famosa série “Signature” da Stratocaster®.
A FENDER se tornou líder mundial por definir o som de guitarra que conhecemos, por atender às necessidades dos músicos, por criar produtos de alta qualidade e por assegurar manutenção e estabilidade a todos os seus instrumentos. Afinal, durante sua rica história vários músicos de renome, alguns se tornaram lendas, utilizaram guitarras da marca americana, como por exemplo, David Gilmour (Pink Floyd), Eric Clapton (considerado um dos melhores guitarristas da história do rock), Keith Richards (Rolling Stones), Jeff Beck (um dos maiores guitarristas de todos os tempos), Jim Root (Slipknot), Mark Knopfler (Dire Straits), Ritchie Blackmore (um dos fundadores do Deep Purple), Richie Sambora (por anos o principal guitarrista da banda Bon Jovi), Dave Murray (Iron Maiden), Jimi Hendrix (a lenda), Muddy Waters (considerado o pai do Chicago Blues), Buddy Guy (considerado o 23º melhor guitarrista de todos os tempos pela revista americana Rolling Stone), Janick Gers (Iron Maiden), John Frusciante (ex-membro da banda Red Hot Chili Peppers) e Eric Johnson (um dos guitarristas mais respeitados do mundo).
O máximo em customização
A Fender Custom Shop foi inaugurada em 1987 nas instalações da fábrica de Corona, na Califórnia, para criar instrumentos de sonho para guitarristas profissionais e entusiastas. Inicialmente era uma operação composta por somente dois funcionários: Michael Stevens e John Page, que eram responsáveis por encomendas pontuais e reproduções especiais de modelos vintage da marca. O sucesso da Custom Shop foi tanto que depois de três meses de inauguração, a divisão já tinha aproximadamente 300 encomendas. A marca americana sempre reconheceu a importância de uma política de portas abertas para músicos profissionais, acomodando os seus pedidos de características específicas de forma individual. Unir a tradição da FENDER com as inúmeras possibilidades artísticas de um departamento com os melhores luthiers do mercado americano não poderia resultar em nada a não ser sucesso absoluto. A Custom Shop foi capa de revistas e jornais da época. O êxito era tanto que ninguém menos que Eric Clapton resolveu encomendar sua própria guitarra (e, curiosidade: o modelo Eric Clapton é uma opção contínua de linha da divisão até hoje). Estava iniciada aí uma tradição que persiste até os dias atuais: guitarras customizadas produzidas sob medida para músicos como Sting, Johnny Cash, Ritchie Sambora, Bob Dylan, Keith Richards, Dick Dale, Jeff Beck e David Gilmour, para citar alguns exemplos de artistas que já tiveram suas guitarras fabricadas pela divisão Custom Shop da FENDER.
Essa divisão nasceu da paixão pela fabricação artesanal e, principalmente, pelas inúmeras possibilidades que podem ser exploradas a partir de um único instrumento: um corpo de Stratocaster® com o headstock de uma Telecaster® e captação de uma Jazzmaster®. Na Custom Shop isso é possível. E é por esse motivo que ela foi carinhosamente apelidada de The Dream Factory (“A Fábrica dos Sonhos”, em tradução livre). Já as guitarras da linha Custom Shop Heavy Relic apresentam corpo com marcas de uso, riscos, ferragens oxidadas, as partes plásticas cosmeticamente envelhecidas e riscadas, como se tivessem 50 ou 60 anos de uso intenso. Os instrumentos da linha Custom Shop são produzidos pelos melhores Master Builders e materializam o sonho dos músicos mais exigentes. Utilizando as melhores madeiras - escolhidas criteriosamente pelos próprios Master Builders - os melhores hardwares e componentes eletrônicos, além de feitos de uma forma quase artesanal, o que faz com que cada instrumento seja único. A Fender Custom Shop, uma divisão premium de fabricação de instrumentos, tornou-se conhecida em todo o mundo como uma indústria de artesanato e arte instrumental pura.
A evolução visual
A identidade visual da marca passou, basicamente, por quatro remodelações ao longo da história. O logotipo original da marca pode ter sido baseado na assinatura de Leo Fender, mas com o F invertido. Na década de 1960 ocorreu a primeira modificação: as letras se tornaram mais encorpadas e o tradicional F invertido ganhou um novo design. Em 1968 o logotipo se tornou preto e ganhou uma leve inclinação. O atual logotipo da marca é uma releitura muito próxima do original, mas com a cor vermelha.
Dados corporativos
● Origem: Estados Unidos
● Fundação: 1946
● Fundador: Clarence Leonidas Fender
● Sede mundial: Scottsdale, Arizona, Estados Unidos
● Proprietário da marca: Fender Musical Instruments Corporation
● Capital aberto: Não
● CEO: Andy Mooney
● Faturamento: US$ 800 milhões (estimado)
● Lucro: Não divulgado
● Presença global: 80 países
● Presença no Brasil: Sim
● Funcionários: 2.000
● Segmento: Instrumentos musicais
● Principais produtos: Guitarras, baixos, violões, amplificadores e equipamentos de áudio
● Concorrentes diretos: Gibson, Martin, Ibanez, Music Man, PRS, Jackson e Schecter ● Ícones: A guitarra Stratocaster®
● Slogan: Make History.
A marca no mundo
Atualmente a FENDER, maior fabricante de guitarras, baixos e equipamentos relacionados do mundo, vende seus produtos, que também incluem violões, amplificadores, cordas e acessórios de produtos de áudio profissional, como mesas de mixagem, em mais de 80 países, com faturamento estimado de US$ 800 milhões anuais. As guitarras da marca dominam aproximadamente 50% do mercado americano. Estima-se que a FENDER produza mil guitarras por dia em mais de 100 diferentes cores e acabamentos. A sede mundial da FENDER está localizada em Scottsdale, estado do Arizona, e a gerencia de fabricação em Corona, na Califórnia.
Você sabia?
● A empresa ainda é proprietária de marcas como Charvel, Gretsch, Guild, Jackson, Squier e SWR.
● O fundador de uma das maiores empresas de guitarras e baixos do mundo não sabia sequer afinar uma guitarra. E mesmo assim, ele foi indicado ao Rock and Roll Hall of Fame em 1992, sem nunca ter tocado um instrumento. Nascido em 10 de agosto de 1909, Leo Fender trabalhou até o ultimo dia antes de sua morte, em 21 de março de 1991.
● O solo de Stairway to Heaven foi gravado com uma Telecaster® 1958.
As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek e Exame), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). Agradecimento especial ao músico Marco Maia (www.marcomaia.mus.br).