O BAILARINO POLONÊS QUE MORREU CURITIBANO
O BAILARINO POLONÊS QUE MORREU CURITIBANO
"Yurek Shabelewski, desde os sete anos manifestou predileção pela arte da escultura, até o dia em que moldou seu próprio corpo. Por influência da mãe, iniciou os estudos no Gran Teatro de Varsóvia, onde obteve diversos prêmios e, posteriormente, formou-se bailarino. Aos 18 anos, foi a Paris para aperfeiçoar seus estudos. Lá, foi aluno de Bronislava Nijinska, irmã mais nova de Vaslav Nijinski. Dançou na Companhia de Ida Rubinstein em 1928 e interpretou vários papéis ao lado de seu compatriota Woizikowski.
Bailarino ágil, elegante e atraente, dono de um estilo preciso e agressivo, foi perfeito na interpretação de “Snob” no bailado “Boutique Fantastique” e como o Rei dos Dandies, em “Beau Danube”. É mundialmente aclamado como o maior intérprete, em nosso tempo – desde os dias de Nijinski e Adolf Bolm – dos papéis principais de “Príncipe Igor”, “Sherazade”, “Petrushka”, “Sinfonia Fantástica”, entre outros. Realizou extensas turnês com o “Ballet Russe” pela Europa, Estados Unidos, América do Sul e Austrália.
O seu talento construtivo e criador firmou-se na composição de numerosas coreografias para balés, óperas, obras teatrais e operetas. Algumas de suas obras coreográficas mais importantes são: “Sonata”, de Chopin, “Variações Sinfônicas”, de Schumann, “A Flauta Mágica”, de Mozart, “Orfeu”, de Gluck, “Quinta Sinfonia”, de Tchaikowski e “A História do Soldado”, de Stravinsky. Aliás, trabalhou com maestros de renome, tais como Kleiber, Dorati, Dobroven, Stokowski e o próprio Stravinsky. Foi também diretor do Corpo de Baile de Sodre, no Uruguai (onde foi naturalizado), e do Balé Guaíra, de Curitiba.
Em 1970, Yurek Shabelewski veio para o Brasil e assumiu a direção do Corpo de Baile do Teatro Guaíra de Curitiba, para um período de cinco anos. O corpo de baile amadureceu e alcançou uma estrutura de companhia profissional e desenvolveu personalidade própria, apresentando as seguintes produções: "Luz" (com música de Bach), "Griffon Triunfante" (Rossi), "Paixões Rebeldes" (Bach), "Pastoral de Outono" (Glazunov), "O Mandarim Maravilhoso" (Bartók), "El Amor Brujo" (Falla) e o segundo ato de "O Lago dos Cisnes" (Tchaikovsky) coreografado por Emma Sintani. "El Amor Brujo" apresentou-se no Teatro Municipal de São Paulo com a Orquestra Sinfônica Municipal daquela cidade, regida pelo maestro Henrique Morelenbaum. Depois, trabalhou durante muitos anos no Curso de Danças Clássicas da Fundação Teatro Guaíra, conhecido como CDC.
Após o seu trabalho no Guaíra, Shabelewski manteve-se em Curitiba, provavelmente sentindo-se cansado e com idade passando dos setenta anos, sentia-se um velho anônimo, sem reconhecimento. Desalentado, entregou-se à bebida e, com o corpo maltratado, morou seus últimos anos de vida em uma pensão na rua Tibagí nº 75, nos fundos do Teatro Guaíra.
Essas e outras referências biográficas de Shabelewski – especialmente aquelas sobre a fase em que morou em Curitiba – podem ser encontradas no acervo da memória, no Teatro Guaíra.
Entre uma quantidade razoável de fotografias do artista, pode-se ter em mãos, por exemplo, até mesmo o atestado de óbito original de Shabelewski: “Jorge Szabelewski Kuzma, do sexo masculino, cor branca, falecido aos vinte de dezembro de 1993, às vinte e duas horas e dez minutos, em residência na Rua Tibagi, n° 75, centro, nesta cidade, com 83 anos de idade (30/10/1910), filho de Francisco Szabelewski e Sofia Kuzma, falecidos”.
(Fontes: Wikipedia, Revista Sinuosa, Ary Coelho)
Paulo Grani