Os japoneses que possuíam granjas na Fazendinha foram os únicos a contar com energia elétrica na década de 1960,
Os japoneses da Fazendinha
A população de Araucária configura-se como uma bela mistura étnica formada por diversos povos. Quando o governo brasileiro empreendeu a política imigratória, iniciada no século XIX, que visava à colonização e produção de alimentos - e que no Paraná foi
responsável pela criação das diversas colônias de imigrantes, os japoneses foram uma das últimas levas que chegaram ao Brasil, em 1908.
De início estabeleceram-se no interior de São Paulo, onde trabalhavam com produção de café e algodão, e na década de 1950 algumas famílias se aventuraram até Araucária, instalando-se na região da Fazendinha. Chegando ali encontraram muitas dificuldades. De início apenas duas famílias possuíam caminhão para levar a produção para ser comercializada, porém, as estradas ainda eram carroçáveis, por isso levavam até 3 horas para chegar à cidade de Araucária. Começaram plantando tomates, depois frutas
e acabaram sendo os responsáveis pelas maiores granjas de avicultura do município.
Foram tão bem-sucedidos na produção de frutas que em 1971 organizaram na colônia Fazendinha a Primeira Festa do Pêssego. E, como também se destacavam na produção avícola, em 1974
realizaram a Segunda Festa do Pêssego e a Primeira Festa do Ovo, ambas na colônia Fazendinha. Em 1975 essas festividades se uniram dando origem à Festa do Pêssego e do Ovo, e no ano de 1976 a prefeitura municipal assumiu a parceria com a comunidade e o local da festa deixou de ser a Fazendinha, tornando-se uma grande festividade que passou a identificar Araucária.
Os japoneses que possuíam granjas na Fazendinha foram os únicos a contar com energia elétrica na década de 1960, comprada da Companhia Força e Luz e paga em dez anos. A eletricidade de forma geral só iria começar a chegar à região na década de 1970.
Na colônia também existiu o Araucária Nipon Tinkai ou Clube Nipo-Brasileiro Fazendinha, onde eram realizadas festas com comidas típicas japonesas, brincadeiras e peças teatrais organizadas pelos próprios moradores, além de aulas em japonês e atividades esportivas, como beisebol e atletismo. Com o passar dos anos a maioria de seus descendentes partiu para os centros urbanos em busca de condições melhores de estudo e trabalho, restando a cada “batian” e “ditian” (avó e avô em japonês) as memórias dos tempos passados.
(Texto escrito por Cristiane Perretto e Luciane Czelusniak Obrzut Ono, historiadoras)
(Legendas da fotografias:
1- Irene Midori Seima, rainha da Primeira Festa do Ovo, 1974. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres
2 - Família Tanaka em lavoura de tomates na Fazendinha, em 1958. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres)
Irene Midori Seima, rainha da Primeira Festa do Ovo, 1974. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres
Família Tanaka em lavoura de tomates na Fazendinha, em 1958. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres